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VOCABULARIO DE PSCANÁLISE, Esquemas de Psicanálise

O autor busca as raízes etimológicas para desvendar os mistérios da psicanálise, com suas mudanças culturais e de significados.

Tipologia: Esquemas

2020

Compartilhado em 06/04/2020

lamartine-silva
lamartine-silva 🇧🇷

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VOCABULÁRIO DE PSICANÁLISEVOCABULÁRIO DE PSICANÁLISE

AB-REAÇÃOAB-REAÇÃO – Termo introduzido por Sigmund Freud e Josef Breuer, em– Termo introduzido por Sigmund Freud e Josef Breuer, em 1893, para definir um processo de descarga emocional que, liberando o afeto1893, para definir um processo de descarga emocional que, liberando o afeto ligado à lembrança de um trauma, anule seus efeitos patogênicos.ligado à lembrança de um trauma, anule seus efeitos patogênicos. AFETOAFETO – Termo que a psicanálise foi buscar na terminologia psicológica– Termo que a psicanálise foi buscar na terminologia psicológica alemã e que exprime qualquer estado afetivo, penoso ou desagradável, vagoalemã e que exprime qualquer estado afetivo, penoso ou desagradável, vago ou qualificado, quer se apresente sob a forma de uma descarga maciça, querou qualificado, quer se apresente sob a forma de uma descarga maciça, quer como tonalidade geral. Segundo Freud, toda pulsão se exprime nos doiscomo tonalidade geral. Segundo Freud, toda pulsão se exprime nos dois registros,registros, dodo afafetetoo ee dada rereprpresesenentataçãçãoo.. OO aaffeettoo éé aa expressãoexpressão qualitativaqualitativa da quantidade de energia pulsional e das suas variações. Ada quantidade de energia pulsional e das suas variações. A noção de afeto assume grande importância logo nos primeiros trabalhos denoção de afeto assume grande importância logo nos primeiros trabalhos de Breuer e Freud sobre a psicoterapia da histeria e a descoberta do valorBreuer e Freud sobre a psicoterapia da histeria e a descoberta do valor terapêutico da ab-reação. A origem de umterapêutico da ab-reação. A origem de um sintoma histéricosintoma histérico é procuradaé procurada numnum acontecimentoacontecimento a quea que não correspondeu uma descarga adequadanão correspondeu uma descarga adequada (afe(afetoto coacoartadrtado).o). SomSomente quandoente quando aa evocevocação daação da recorrecordaçãdaçãoo provprovocaoca aa rerevivivevesscêcênnciciaa dodo afafetetoo ququee esestatavava liligagadodo aa elelaa nnaa ororigigemem éé ququee aa rememoração encontra a sua eficácia terapêutica.rememoração encontra a sua eficácia terapêutica. Da consideração da histeria resulta portanto, para Freud, que o afeto não estáDa consideração da histeria resulta portanto, para Freud, que o afeto não está necnecesessasariariamementntee ligligadadoo àà reprepresresenentataçãoção;; aa susuaa sepseparaaraçãçãoo (a(afetfetoo semsem reprerepresensentaçtação,ão, reprrepresenesentaçãtaçãoo semsem afetoafeto)) garagarantente aa cadacada umum diferdiferententeses destinos. Freud indica possibilidades diversas de transformação do afeto:destinos. Freud indica possibilidades diversas de transformação do afeto: “Conheço três mecanismos: 1º. o da“Conheço três mecanismos: 1º. o da conversão dos afetosconversão dos afetos (histeria de(histeria de conversão); 2º. O doconversão); 2º. O do deslodeslocamencamentoto dodo afetoafeto (o(obsebsessssõeões)s);; ee 3º3º.. OO dada transformação do afeto (neurose de angústia, melancolia).”transformação do afeto (neurose de angústia, melancolia).” AGRESSIVIDADEAGRESSIVIDADE – Tendência ou conjunto de tendências que se atualizam– Tendência ou conjunto de tendências que se atualizam em comportamentoem comportamentos reaiss reais ou fantasísticoou fantasísticos ques que visamvisam prejudicar o outroprejudicar o outro,, desdestrutruí-í-lo,lo, coconsnstratrangngê-ê-lo,lo, huhumilmilháhá-lo-lo,, etcetc.. AA agragresessãosão coconhnheceece ououtratrass momodadalilidadadedess alalémém dada açaçãoão momototorara viviololenentata ee dedeststruruididorora;a; nãnãoo exexisistete comportamento, quer negativo (recusa de auxílio, por exemplo) quer positivocomportamento, quer negativo (recusa de auxílio, por exemplo) quer positivo simbólico (ironia, por exemplo) ou efetivamente concretizado, que não possasimbólico (ironia, por exemplo) ou efetivamente concretizado, que não possa funcionar como agressão. A agressividade está em operação desde cedo nofuncionar como agressão. A agressividade está em operação desde cedo no desenvoldesenvolvimento do sujeito evimento do sujeito e sublinhsublinha oa o mecanismecanismo complexo damo complexo da suasua uniãounião com a sexualidade e da sua separação dela. Freud encontracom a sexualidade e da sua separação dela. Freud encontra a resistênciaa resistência com a suacom a sua marca agressiva:marca agressiva: “...o sujeito, até aquele instante tão bom, tão“...o sujeito, até aquele instante tão bom, tão leal, torna-se grosseiro, falso ou revoltado, simulador”. À primeira vista, foileal, torna-se grosseiro, falso ou revoltado, simulador”. À primeira vista, foi comocomo resistência que a transferência surgiuresistência que a transferência surgiu a Freud, e essa resistênciaa Freud, e essa resistência deve-se em grande medida àquilodeve-se em grande medida àquilo a quea que ele chamará transferência negativele chamará transferência negativa.a. A clínica impõe a ideia de que as tendências hostis são particularmenteA clínica impõe a ideia de que as tendências hostis são particularmente importantes em certas afecções (neurose obsessiva, paranoia). A noção deimportantes em certas afecções (neurose obsessiva, paranoia). A noção de ambivalência vem exprimir a coexistência no mesmo plano do amor e doambivalência vem exprimir a coexistência no mesmo plano do amor e do ódio. O chiste pode pôr-se a serviço de duas tendências: ou é um chiste hostilódio. O chiste pode pôr-se a serviço de duas tendências: ou é um chiste hostil (que serve à agressão, à sátira, à defesa), ou então é um chiste obsceno.(que serve à agressão, à sátira, à defesa), ou então é um chiste obsceno.

diferenciação, a pulsão sexual abandona o objeto externo e passa progressivamente a funcionar de modo auto-erótico. ASSOCIAÇÃO LIVRE *– Método que consiste em exprimir indiscriminadamente todos os pensamentos que ocorrem ao espírito, quer a partir de um elemento dado (palavra, número, imagem de um sonho, qualquer representação), quer de forma espontânea. ATO-FALHO *– Ato pelo qual o sujeito, a despeito de si mesmo, substitui um projeto ao qual visa deliberadamente por uma ação ou uma conduta imprevistas. Tal como em relação ao lapso, Sigmund Freud foi o primeiro, a partir da Interpretação dos Sonhos, a atribuir uma verdadeira significação ao ato falho, mostrando que é preciso relacioná-lo aos motivos inconscientes de quem o comete. O ato falho ou acidental torna-se equivalente a um sintoma, na medida em que é um compromisso entre a intenção consciente do sujeito e seu desejo inconsciente. AUTO-EROTISMO *– Termo que designa um comportamento sexual de tipo infantil, em virtude do qual o sujeito encontra prazer unicamente com seu próprio corpo, sem recorrer a qualquer objeto externo. BENEFÍCIO PRIMÁRIO E SECUNDÁRIO DA DOENÇA – Benefício da doença designa de um modo geral qualquer satisfação direta ou indireta que um sujeito tira de sua doença. O benefício primário está ligado ao próprio determinismo dos sintomas. O benefício primário consiste na redução de tensão proporcionada pelo sintoma; este, por doloroso que seja, tem por objetivo evitar ao sujeito conflitos às vezes mais penosos: é o chamado mecanismo da “fuga para a doença”. BISSEXUALIDADE – Noção que Freud introduziu na psicanálise onde todo o ser humano teria constitucionalmente disposições sexuais simultaneamente masculinas e femininas que surgem nos conflitos que o sujeito enfrenta para assumir o seu próprio sexo. A teoria da bissexualidade fundamenta-se, em primeiro lugar, em dados da anatomia e da embriologia: “Um certo grau de hermafroditismo anatômico é normal. Em todo o indivíduo, macho ou fêmea, encontram-se vestígios do aparelho genital do sexo oposto...Desses fatos anatômicos, conhecidos já há muito tempo, decorre a noção de um organismo bissexual na sua origem, que, no decurso de sua evolução, orienta-se para a monossexualidade conservando alguns restos do sexo atrofiado”. Existiria um conflito entre as tendências masculinas e femininas que seria recalcado em todos os indivíduos. O sexo que domina na pessoa teria recalcado no inconsciente a representação psíquica do sexo vencido. CANIBALESCO – Termo empregado por referência ao canibalismo praticado por certos povos – para qualificar relações de objeto e fantasias que estão em correlação com a atividade oral. O termo exprime de modo figurado as diferentes dimensões da incorporação oral: amor, destruição, conservação no

interior de si mesmo e apropriação das qualidades do objeto. Fala-se por vezes de fase canibalesca como equivalente da fase oral ou, mais especialmente, como equivalente da segunda fase oral de Abraham (fase sádico-anal). CATÁRTICO (MÉTODO)* – Método de psicoterapia em que o efeito terapêutico visado é uma “purgação”, uma descarga adequada dos afetos patogênicos. O tratamento permite ao sujeito evocar e até reviver os acontecimentos traumáticos a que esses afetos estão ligados, e ab-reagí- los.Historicamente, o “método catártico” pertence ao período (1880-1895) em que a terapia psicanalítica se definia progressivamente a partir de tratamentos efetuados sob hipnose. CENA ORIGINÁRIA OU CENA PRIMÁRIA – Cena de relação sexual entre os pais, observada ou suposta segundo determinados índices e fantasiada pela criança, que é geralmente interpretada por ela como um ato de violência por parte do pai. CENSURA – Função que tende a interditar aos desejos inconscientes e às formações que deles derivam o acesso ao sistema pré-consciente-consciente. CLIVAGEM DO EGO – Expressão usada por Freud para designar o fenômeno muito particular – que ele vê operar sobretudo no fetichismo e nas psicoses – da coexistência, no seio do ego, de duas atitudes psíquicas para com a realidade exterior quando esta contraria uma exigência pulsional. Uma leva em conta a realidade, a outra nega a realidade em causa e coloca em seu lugar uma produção do desejo. Estas duas atitudes persistem lado a lado sem se influenciarem reciprocamente. COMPLACÊNCIA SOMÁTICA – Expressão introduzida por Freud para referir a “escolha da neurose” histérica e a escolha do órgão ou do aparelho corporal sobre o qual se dá a conversão. O corpo – especialmente nos histéricos – ou determinado órgão em particular forneceria um material privilegiado à expressão simbólica do conflito inconsciente. COMPLEXO – Conjunto organizado de representações e recordações de forte valor afetivo, parcial ou totalmente inconscientes. Um complexo constitui-se a partir das relações interpessoais da história infantil, pode estruturar todos os níveis psicológicos: emoções, atitudes, comportamentos adaptados. COMPLEXO DE CASTRAÇÃO – Complexo centrado na fantasia de castração, que proporciona uma resposta ao enigma que a diferença anatômica dos sexos (presença ou ausência de pênis) coloca para a criança. Essa diferença é atribuída à amputação do pênis na menina. A estrutura e os efeitos do complexo de castração são diferentes no menino e na menina. O menino teme a castração como realização de uma ameaça paterna em resposta às suas atividades sexuais, surgindo daí uma intensa angústia de castração. Na menina, a ausência do pênis é sentida como um dano sofrido que ela procura negar, compensar ou reparar.

várias cadeias associativas. Vemos operar a condensação no sintoma e, de um modo geral, nas diversas formações do inconsciente. Foi no sonho que melhor se evidenciou. Traduz-se no sonho pelo fato de o relato manifesto, comparado com o conteúdo latente, ser lacônico: constitui uma tradução resumida. CONFLITO PSÍQUICO – Em psicanálise fala-se de conflito quando, no sujeito, opõe-se exigências internas contrárias. O conflito pode ser manifesto (entre um desejo e uma exigência moral, por exemplo, ou entre dois sentimentos contraditórios) ou latente, podendo este exprimir-se de forma deformada no conflito manifesto e traduzir-se, particularmente, pela formação de sintomas, desordens do comportamento, perturbações do caráter, etc. a psicanálise considera o conflito como constitutivo do ser humano, e isto em diversas perspectivas: conflito entre o desejo e a defesa, conflito entre os diferentes sistemas ou instancias, conflitos entre as pulsões, e por fim o conflito edipiano, onde não apenas se defrontam desejos contrários, mas onde estes enfrentam a interdição. CONSCIÊNCIA PSICOLÓGICA – No sentido descritivo: qualidade momentânea que caracteriza as percepções externas e internas no conjunto dos fenômenos psíquicos. Segundo a teoria metapsicológica de Freud, a consciência seria função de um sistema, o sistema percepção-consciência (Pc-Cs). Do ponto de vista tópico, o sistema percepção-consciência está situado na periferia do aparelho psíquico, recebendo ao mesmo tempo as informações do mundo exterior e as provenientes do interior, isto é, as sensações que se inscrevem na série desprazer-prazer e as revivências mnésicos. Caracteriza-se pelo fato de dispor de uma energia livremente móvel, suscetível de sobre-investir este ou aquele elemento (mecanismo da atenção). CONTEÚDO LATENTE – Conjunto de significações a que chega a análise de uma produção do inconsciente, particularmente do sonho. Uma vez decifrado, o sonho deixa de aparecer com uma narrativa em imagens para se tornar uma organização de pensamentos, um discurso, que exprime um ou vários desejos. CONTEÚDO MANIFESTO – Designa o sonho antes de ser submetido à investigação analítica, tal como aparece ao sonhante que o relata. Por extensão, fala-se do conteúdo manifesto de qualquer produção verbalizada – desde a fantasia à obra literária – que se pretende interpretar segundo o método analítico. CONTRACATEXIA (ou CONTRAINVESTIMENTO) – Processo econômico postulado por Freud como suporte de numerosas atividades defensivas do ego. Consiste no investimento pelo ego de representações, atitudes, etc., suscetíveis de criarem obstáculo para o acesso à consciência e à motilidade das representações e desejos inconscientes.

a) ou pelo caráter consciente da operação e pelo fato de o conteúdo reprimido se tornar simplesmente pré-consciente e não inconsciente; b) Ou, no caso da repressão de um afeto, porque este não é transposto para o inconsciente, mas inibido, ou mesmo suprimido. RESISTÊNCIA *– Chama-se resistência a tudo o que nos atos e palavras do analisando, durante o tratamento psicanalítico, se opõe ao acesso deste ao seu inconsciente. RESTOS DIURNOS – Na teoria psicanalítica do sonho, elementos do estado de vigília do dia anterior que encontramos no relato do sonho e nas associações livres da pessoa que sonha; estão em conexão mais ou menos longínqua com o desejo inconsciente que se realiza no sonho. RETORNO DO RECALCADO – Processo pelo qual os elementos recalcados, nunca aniquilados pelo recalque, tendem a reaparecer e conseguem fazê-lo de maneira deformada sob a forma de compromisso, como por exemplo, nos sintomas. SADOMASOQUISMO – O sadismo e o masoquismo são as duas formas, ativa e passiva, do mesmo prazer proveniente da excitação sexual ligada à crueldade e ao fato de se infligir dor. O registro assim definido reúne, portanto, no mesmo indivíduo essas duas formas de opostos que sempre coexistem. Também representa o vínculo pré- genital estabelecido entre duas pessoas, uma das quais assume o papel sádico e a outra o papel masoquista. Ele é essencialmente inscrito e construído na fase sádico-anal. SEDUÇÃO (CENA DE – TEORIA DA -) – 1. Cena real ou fantasística em que o sujeito (geralmente uma criança) sofre passivamente da parte de outro (a maioria das vezes um adulto) propostas ou manobras sexuais.

  1. Teoria abandonada por Freud entre 1895 e 1897, e ulteriormente abandonada, que atribui à lembrança de cenas reais de sedução o papel determinante na etiologia as psiconeuroses.

TRAUMA ou TRAUMATISMO PSÍQUICO – Acontecimento da vida do sujeito que se define pela sua intensidade, pela incapacidade em que se encontra o sujeito de reagir a ele de forma adequada, pelo transtorno e pelos efeitos patogênicos duradouros que provoca na organização psíquica. Em termos econômicos ( como assim?? Duvidas....), o traumatismo caracteriza-se por um afluxo de excitações que é excessivo em relação à tolerância do sujeito e à sua capacidade de dominar e de elaborar psiquicamente estas excitações. TRÊS ENSAIOS SOBRE A TEORIA DA SEXUALIDADE – Livro de Sigmund Freud publicado pela primeira vez em 1905. A obra é dividida em três partes. Na primeira, dedicada às aberrações sexuais, Freud introduz pela primeira vez a palavra pulsão, a fim de descrever os “desvios em relação ao objeto sexual”, entre os quais inclui a “inversão” e os “imaturos sexuais e animais tomados como objetos sexuais”. Através dessa terminologia, saída do vocabulário corrente, ele designa três formas de comportamento sexual consideradas “taras” pelos médicos do fim do século: a “homossexualidade”, a pedofilia (relação sexual entre um adulto e uma criança pré-púbere) e a zoofilia (relação sexual entre um ser humano e um animal). Para Freud trata-se de mostrar que essas “aberrações”, por mais diferentes que sejam umas das outras, não podem de maneira alguma ser vistas como a expressão da degenerescência, a homossexualidade menos ainda que as outras. Não apenas Freud diversifica as formas possíveis da homossexualidade, como também faz desta um componente “adquirido”, e não “inato”, da sexualidade humana. Assim, ela pode ser diferentemente encarada conforme as culturas e os estágios de civilização. Para ampliar ainda mais sua definição, Freud faz da homossexualidade, no capítulo seguinte, uma inclinação inconsciente e universal presente em todos os neuróticos, isto é, em qualquer sujeito. Daí esta formulação célebre, na qual ele já havia pensado em 1896: “A neurose é, por assim dizer, o negativo da perversão”. Alíás, é a tal ponto o negativo dela que Freud sublinha, em sua recapitulação final, de que maneira, através do recalque, uma pessoa pode passar de uma para a outra. Após uma intensa atividade sexual perversa na infância, frequentemente se produz uma reviravolta, e a neurose substitui a perversão. Nessa mesma perspectiva, Freud faz da pedofilia e da zoofilia comportamentos que se mascaram sob uma aparência de extrema “normalidade”. Essas duas aberrações não estão ligadas, a seu ver, a uma doença mental, mas a um estado infantil da própria sexualidade. Daí o fato de os pedófilos e os zoófilos aparecerem como indivíduos

covardes, mas perfeitamente adaptados à vida social burguesa ou camponesa. A continuação dessa parte é dedicada a uma vasta análise das outras perversões (fetichismo e sadomasoquismo), bem como às formas particulares de práticas eróticas ligadas à boca (felação, cunilíngua). Todas são reintegradas por Freud no quadro geral de um funcionamento pulsional organizado em torno de um conjunto de zonas erógenas. A segunda parte do livro, a mais essencial, consiste numa exposição, a um tempo simples e divertida, das variações da sexualidade infantil. Verdadeira matriz da teoria da libido, essa dissertação magistral, à qual seriam acrescentadas diversas passagens, serve também para a elucidação do complexo de castração, da idéia da inveja do pênis e, por último, da gênese da noção de estádio (oral, anal, fálico e genital) retirada da biologia evolucionista. O componente central da organização da sexualidade infantil continua a ser o que Freud denomina de “disposição-perverso-polimorfa”. Ao mostrar que as atividades infantis – os tipos de sucção, a masturbação, as brincadeiras com o corpo ou com as fezes, a alimentação, a defecação etc. – são fontes de prazer e de auto- erotismo, Freud destrói o velho mito do “paraíso dos amores infantis”. Antes dos quatro anos, a criança é um ser de gozo, cruel, inteligente e bárbaro, que se entrega a toda sorte de experiências sexuais, às quais renunciará ao se transformar em adulto. No que concerne a esse aspecto, a sexualidade infantil não conhece lei nem proibição, e leva em conta, para se satisfazer, todos os objetos e todos os alvos possíveis. Testemunho disso, se necessário, são as “teorias” fabricadas pelas crianças a propósito de sua origem: a teoria da cloaca, segundo a qual os bebês vêm ao mundo pelo reto e são equivalentes às fezes, com sua variação, o parto através do umbigo, e a teoria do caráter sádico-anal do coito parental, que faz do parto um ato de sodomia, acompanhado de uma violência originária semelhante a um estupro. Em 1908, em “Sobre as teorias sexuais das crianças”, Freud acrescentaria diversas outras “teorias” a essas: por exemplo, a idéia de que as crianças são concebidas pela urina ou pelo beijo, ou de nascem logo depois do coito, ou ainda de que os homens, tal como as mulheres, podem ter bebês. No mesmo ano, em “Caráter e erotismo anal” Freud associaria a atividade anal ao desenvolvimento posterior das melhores qualidades espirituais no sujeito. O terceiro ensaio é dedicado a um estudo da puberdade e, portanto, da passagem da sexualidade infantil para a sexualidade adulta, através do Complexo de Édipo e da instauração de uma escolha de objeto fundamentada, de um modo geral, na diferença entre os sexos.