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Vigilância Entomológica e controle de vetores do Dengue, Notas de estudo de Enfermagem

Ecologia de vetores

Tipologia: Notas de estudo

2010

Compartilhado em 04/05/2010

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cristiane-gomes-da-costa-2 🇧🇷

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Rev. Bras. Epidemiol.
Vol. 5, Nº 3, 2002
Vigilância Entomológica e
Controle de Vetores do Dengue
Entomological Surveillance and
Control of Dengue Fever Vectors
Maria Rita Donalísio
Professora Assistente Doutora - Epidemiologia
Departamento de Medicina Preventiva e Social
Faculdade de Ciências Médicas
Universidade de Campinas
Caixa Postal 543 – Botucatu, SP, CEP 18618-970
E-mail: rita@fmb.unesp.br
Carmen Moreno Glasser
Doutora em Epidemiologia - Diretora de Combate a Vetores
Mestre em Saúde Pública
Superintendência de Controle de Endemias
Secretaria de Estado da Saúde – São Paulo, SP
E-mail: carmen@sucen.sp.gov.br
Resumo
O texto discorre sobre a ecologia do
Aedes
aegypti
, apontando questões relevantes para
a transmissão do dengue e para o seu con-
trole. Indica temas a serem investigados na
atual conjuntura epidemiológica da doença
no Brasil, procurando apontar algumas la-
cunas da compreensão da ecologia dos mos-
quitos, que poderiam contribuir para o apri-
moramento e revisão dos programas de
controle desses vetores no país.
Foi abordada a influência das condições cli-
máticas (temperatura, pluviosidade, altitu-
de) no ciclo vital dos vetores, além da adap-
tação das espécies a diferentes contextos
ecológicos e sociais, de relevância para a vi-
gilância entomológica. Também foram re-
vistas as principais investigações sobre a
domiciliação, dispersão, repasto e reprodu-
ção dos vetores do dengue, além da compe-
tência e capacidade vetorial, chaves na com-
preensão da disseminação da doença e na
organização das medidas de controle.
Foi também abordada a resistência do
Aedes
aegypti,
cujo tema tem sido pesquisado em
várias partes do mundo. Ressaltou-se a im-
portância do monitoramento sistemático do
tratamento químico durante as ações de
campo. Foram apresentadas de forma resu-
mida, as alternativas mais comumente utili-
zadas no controle físico, químico e biológi-
co pelos programas de controle de
Aedes
aegypti
no país.
Palavras-chave: Palavras-chave:
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Aedes aegypti
. Dengue. Vi-
gilância entomológica. Programa de contro-
le. Ecologia de vetores.
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259 Rev. Bras. Epidemiol.Vol. 5, Nº 3, 2002

Vigilância Entomológica e

Controle de Vetores do Dengue

Entomological Surveillance and

Control of Dengue Fever Vectors

Maria Rita Donalísio

Professora Assistente Doutora - Epidemiologia Departamento de Medicina Preventiva e Social Faculdade de Ciências Médicas Universidade de Campinas Caixa Postal 543 – Botucatu, SP, CEP 18618- E-mail: rita@fmb.unesp.br

Carmen Moreno Glasser

Doutora em Epidemiologia - Diretora de Combate a Vetores Mestre em Saúde Pública Superintendência de Controle de Endemias Secretaria de Estado da Saúde – São Paulo, SP E-mail: carmen@sucen.sp.gov.br

Resumo

O texto discorre sobre a ecologia doAedes aegypti, apontando questões relevantes para a transmissão do dengue e para o seu con- trole. Indica temas a serem investigados na atual conjuntura epidemiológica da doença no Brasil, procurando apontar algumas la- cunas da compreensão da ecologia dos mos- quitos, que poderiam contribuir para o apri- moramento e revisão dos programas de controle desses vetores no país. Foi abordada a influência das condições cli- máticas (temperatura, pluviosidade, altitu- de) no ciclo vital dos vetores, além da adap- tação das espécies a diferentes contextos ecológicos e sociais, de relevância para a vi- gilância entomológica. Também foram re- vistas as principais investigações sobre a domiciliação, dispersão, repasto e reprodu- ção dos vetores do dengue, além da compe- tência e capacidade vetorial, chaves na com- preensão da disseminação da doença e na organização das medidas de controle. Foi também abordada a resistência doAedes aegypti, cujo tema tem sido pesquisado em várias partes do mundo. Ressaltou-se a im- portância do monitoramento sistemático do tratamento químico durante as ações de campo. Foram apresentadas de forma resu- mida, as alternativas mais comumente utili- zadas no controle físico, químico e biológi- co pelos programas de controle deAedes aegypti no país.

Palavras-chave:Palavras-chave:Palavras-chave:Palavras-chave:Palavras-chave:Aedes aegypti. Dengue. Vi- gilância entomológica. Programa de contro- le. Ecologia de vetores.

Rev. Bras. Epidemiol.Vol. 5, Nº 3, 2002 260 Vigilância entomológica e controle de vetores do Dengue Donalísio, M.R. & Glasser, C.M.

Após 50 anos, o dengue ressurgiu em Boa Vista, Roraima, em 1981, envolvendo os vírus sorotipos 1 e 4 que circulavam na América Sul e Central na ocasião^1. Porém, foi com a exten- sa epidemia de 1986 no Rio de Janeiro e a dis- seminação para regiões vizinhas que as ações de vigilância e controle dos vetores do dengue tornaram-se prementes no Brasil. Estas ações foram sendo organizadas pelo Ministério da Saúde (MS), Secretarias Estaduais de Saúde e municípios em regiões acometidas, de forma heterogênea e intermitente. A partir de 1997, com o Plano Diretor de Erradicação doAedes aegypti no Brasil (PEAa), seguido pelo Plano de Intensificação das Ações de Controle de Dengue, o MS aumentou o repasse de recur- sos a municípios brasileiros para descentrali- zar e (re)organizar ações de eliminação dos vetores e educação em saúde^2. Entretanto, pouco se conhece sobre o real impacto destas medidas sobre a dissemina- ção da virose no país. Torna-se relevante o incremento da investigação da epidemiologia do dengue e de seus vetores por parte de gru- pos de pesquisa já constituídos, além do in- centivo à pesquisa operacional para respon- der de forma ágil questões específicas dos programas de controle e avaliar o impacto destas ações. Entre as principais linhas de investigação está a ecologia dos vetores, pilar central da vigilância entomológica. Contudo, ainda há muito a ser investigado sobre o comporta- mento doAedes aegypti e de outros vetores. Serão apontadas neste texto algumas ques- tões relevantes da ecologia destes mosqui- tos que influenciam a transmissão do den- gue e o seu controle. Outras investigações igualmente importantes ligadas ao vírus e às populações humanas não foram tratadas neste texto, entre elas: imunidade de grupo, evolução filogenética do vírus, vigilância virológica e epidemiológica e novas aborda- gens educativas e de incentivo à participa- ção da comunidade no controle da doença.

Fatores que Influenciam a Transmissão do Dengue

A disseminação do dengue acompanha

Abstract

This paper is about the ecology ofAedes aegypti and addresses some relevant ques- tions on dengue fever transmission and con- trol. It identifies issues to be investigated, considering the current epidemiological context of dengue fever in Brazil. Another aim of this text was to detect gaps in the un- derstanding of the ecology ofAedes aegypti, which could be important to improve and review vector control programs in the coun- try. This paper reviewed studies that show the influence of climatic conditions (tempera- ture, rainfall, and altitude) in insect file cycle. It also identified scientific investigations on the dispersion, domestic habits, blood feed- ing, reproduction, and vector competence of theAedes aegypti. It discusses the rel- evance of this information on the dissemi- nation of the disease and organization of control measures. Vector insecticide resistance has been stud- ied in many parts of the world, so this study also emphasizes the importance of system- atic monitoring of chemical utilization in the field. It briefly presents some common physi- cal, chemical, and biological alternative con- trol measures used in Brazil.

Keywords:Keywords:Keywords:Keywords:Keywords:Aedes aegypti. Dengue fever. Entomological surveillance. Control pro- gram. Vector ecology.

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cubação extrínseco do que aquelas subme- tidas a baixas temperaturas^19. A altitude também é indicada como um fator limitante na reprodução do vetor, po- rém a epidemia de dengue pelo vírus DEN-1, em 1988, em Taxco, Guerrero, no México, a 1.735m, foi a primeira notificada em altitudes maiores que 1.700m. Outra epidemia de den- gue em altitudes pouco usuais ocorreu no México, em Tlayacapan, Moretos (1.630m). A abundância de reservatórios de água na co- munidade possibilitou a adaptação do vetor e a ocorrência de transmissão em ambiente ecológico, onde se acreditava ser improvável a ocorrência de surtos^20. Desta forma, é estratégica a vigilância entomológica e epidemiológica em situações não usuais, procurando evidenciar adapta- ções das espécies de vetores em diferentes contextos ecológicos regionais e sinalizando períodos de ocorrência/expansão de epide- mias.

Domiciliação, Densidade, e DispersãoDomiciliação, Densidade, e DispersãoDomiciliação, Densidade, e DispersãoDomiciliação, Densidade, e DispersãoDomiciliação, Densidade, e Dispersão dos Vetoresdos Vetoresdos Vetoresdos Vetoresdos Vetores

A densidade e o grau de domiciliação dos vetores de dengue influem na capacidade vetorial das populações do mosquito em di- ferentes regiões e momentos. A seguir serão abordados aspectos da ecologia desses vetores relacionados com essas três variáveis.

Domiciliação O grau de domiciliação de uma popula- ção de vetores é medido pela intensidade da relação entre essa população e a humana. Em uma população em particular, depende do número e das combinações de feições comportamentais controladas geneticamen- te, tais como habilidade de entrar nas edificações, oviposição e desenvolvimento das larvas em recipientes artificiais no intradomicílio, utilização das casas como abrigo para repouso, acasalamento e repasto com sangue humano, também no intra- domicílio 21. Por outro lado, o comportamen- to da população humana exerce pressão se- letiva sobre a população do vetor no pro- cesso de domiciliação.

Trpis e Hausermann identificaram, na África, de onde provavelmente oAedes aegypti é originário, três populações diferen- tes quanto ao grau de domiciliação:a popu- lação doméstica, que utiliza recipientes arti- ficiais localizados no intradomicílio como criadouros preferenciais, local também de repasto sanguíneo e repouso; apopulação peridoméstica, que utiliza recipientes artifi- ciais e naturais no peridomicílio como criadouros onde também realiza o repasto sangüíneo e o repouso; apopulação silves- tre que utiliza recipientes naturais localiza- dos na floresta como criadouros e realiza o repasto e repouso, também na floresta. A população silvestre pode se dispersar e ser encontrada no habitat peridomiciliar, mas nunca no intradomiciliar. Demonstraram também a hereditariedade das característi- cas comportamentais relacionadas ao grau de domiciliação de diferentes populações21,22. No Estado de São Paulo, estudo realizado com as informações referentes ao conjunto dos recipientes pesquisados (2,6 milhões) para avaliação de densidade larvária, durante os anos de 1993 e 1994, mostrou que 88% dos focos larvários deAedes aegypti estavam no peridomicílio^23. Em Santos, três áreas dife- rentes mostraram resultados semelhantes: 91% dos focos no peridomicílio^24. No entan- to, em investigação realizada em cidade endêmica para dengue no oeste paulista, ve- rificou-se que das 185 fêmeas adultas deAedes aegypti capturadas, apenas 12,7% encontra- vam-se no peridomicílio. Ou seja, ao contrá- rio das formas imaturas, as fêmeas adultas predominam no intradomicílio^25. É necessário investigar o comportamen- to das populações deste vetor no domicílio para esclarecer se a distribuição dos focos larvários é conseqüência apenas da peque- na oferta de recipientes com água no intradomicílio ou também da preferência de aAedes aegypti realizar oviposição no peridomicílio.

Criadouros preferenciais Para a compreensão das epidemias e direcionamento das ações de controle, é fun- damental conhecer os fatores que influem na

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densidade de mosquitos, tais como a estru- tura urbana de saneamento, os aspectos só- cio-econômicos e culturais das comunidades humanas, pois deles dependerão a estocagem de água, tipos de utensílios utilizados, forma de descarte de materiais inservíveis, caracte- rísticas das edificações, deslocamentos de mercadorias, entre outros. Na África sub-saariana existe grande va- riedade regional no uso de recipientes para armazenamento de água, sendo que em po- pulações nômades do norte, o pequeno armazenamento de água diminui a possibi- lidade de reprodução doAedes aegypti^26. Uma variedade de reservatórios naturais de água como bambus, ocos de árvores e de pedras foram apontados como criadouros deAedes aegypti,Aedes albopictus eAedes vittatus, em Mali^26. No Suriname, as calhas das edificações são apontadas como impor- tantes criadouros deAedes aegypti a serem considerados nos programas de controle 27. No Brasil, vários pesquisadores têm iden- tificado vasos de plantas, pneus, caixas d’água, floreiros em cemitérios, como criadouros preferenciais das espécies de vetores, com diferentes padrões conforme a época do ano investigada 28,29^. Em Santos, após extensas campanhas educativas para eliminação de criadouros “convencionais”, vem se registrando a predominância de fo- cos deAedes aegypti em ralos e canaletas de drenagem pluvial, em bairros residenciais com adequada estrutura urbana, em plena estação epidêmica^24. Há muito que se conhecer sobre os há- bitos das populações humanas às suas ne- cessidades, para facilitar a motivação dos indivíduos e dessa forma obter maior parti- cipação e co-responsabilidade na prevenção de epidemias. Identificar potenciais criadou- ros e estudar alternativas para eliminá-los é parte das tarefas de pesquisadores, particu- larmente em investigações vinculadas aos programas de controle. Por outro lado, é necessário manter permanente vigilância sobre a capacidade do vetor de se adaptar com outros tipos de recipientes, à medida que se diminui a oferta dos criadouros inici- almente preferenciais.

Infestação e produtividade vetorial Já que o controle de vetores tem sido a única opção para reduzir a incidência do dengue, o desenvolvimento de indicadores entomológicos é essencial para o sucesso das ações de campo 30,31. São muitos os métodos para estudo entomológico factíveis de utilização pelos programas de controle de vetores, entre eles, pesquisa larvária direta, armadilhas de lar- vas e ovos, e captura de adultos, este último de difícil operacionalização em campo 32. Há muitas controvérsias sobre o real sig- nificado e as limitações da utilização dos in- dicadores usuais dos programas de controle de vetores, não somente no Brasil31,32^. Mui- tos programas os utilizam em conjunto. Na maioria dos casos, os criadouros estão agre- gados e a positividade de larvas se concentra em poucos imóveis, o que favorece a utiliza- ção do Índice de Breteau. O Índice de Reci- pientes não dá informações sobre a quanti- dade de criadouros existentes e o Índice Pre- dial não dá idéia sobre o número de cria- douros positivos existentes, por domicílio. O problema mais sério desconsiderado pe- los três indicadores é a produtividade dos criadouros 32,^. Outros indicadores entomológicos do nível de infestação têm sido propostos: positividade e número médio de ovos por armadilhas de oviposição, número de larvas ou de pupas por 100 casas inspecionadas, número de criadouros positivos por 1000 pessoas, número de larvas por 1000 pessoas. Estes últimos trazem maiores informações epidemiológicas, porém requerem um cen- so da população humana local, de difícil operacionalização 33. As armadilhas de oviposição têm sido utilizadas em vários pa- íses e testadas no Brasil, revelando-se supe- riores à pesquisa larvária, particularmente em situações com índices de infestação pre- dial menores de 5%, porém não fornecem informações sobre a distribuição e tipos de criadouros predominantes. Focks e colaboradores, em 1997 procu- raram estabelecer correspondência entre os índices usualmente utilizados e o número de pupas por hectare, sugerindo ser este o

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humanos como fonte de alimentação. Ou- tras investigações sobre aspectos fisiológi- cos de vetores são importantes para carac- terizar as populações de várias regiões do país. Estudos recentes têm notificado a capa- cidade de neutralização do vírus adquirido em segundo repasto, após o primeiro ser de sangue contendo anticorpos neutrali- zantes^41. Platt e colaboradores (1997) mediram o tempo médio de repasto de fêmeas infec- tadas comparadas com não infetadas e no- taram uma maior duração da refeição em mosquitos infectados, fato que aumenta a sua capacidade vetorial, como transmissor de dengue, pois induz a fêmea à procura de hospedeiros seqüenciais^42.

Adaptação dos Vetores à Infecção Viral,Adaptação dos Vetores à Infecção Viral,Adaptação dos Vetores à Infecção Viral,Adaptação dos Vetores à Infecção Viral,Adaptação dos Vetores à Infecção Viral, Competência e Capacidade VetorialCompetência e Capacidade VetorialCompetência e Capacidade VetorialCompetência e Capacidade VetorialCompetência e Capacidade Vetorial

Possivelmente, o dengue foi uma virose de mosquitos em ciclos silvestres antes de se adaptar a primatas e humanos 3. A provável origem africana doAedes aegypti tem sido reforçada pela presença de numerosas es- pécies do gêneroFlavivirus, tanto na Etiópia como em regiões orientais africanas. O vetor adaptou-se à ecologia peridoméstica de pe- quenas vilas antes do tráfico de escravos^3. Variações na estrutura genética doAedes aegypti foram relacionadas à diferente den- sidade populacional humana e ao uso de in- seticidas em áreas urbanizadas no Taiti e em Moorea, na Polinésia Francesa 43. Também no México, a análise genética de populações deAedes aegypti de 7 cidades sugere que, em distâncias entre 90 a 250 km, populações de vetores se mantém geneticamente uni- formes. Em distâncias maiores que 250 km, foram detectadas diferenças em freqüência e tipos de alelos que afetam a transmissão do dengue, em loci amplificados pela Polimerase Chain Reaction (PCR)^44. A competência vetorial tem sido difícil de se estabelecer em condições de campo. Estudos em laboratório certificaram grande variação na infecção oral dos vetores de di- ferentes cepas deAedes aegypti eAedes

albopictus pelos 4 sorotipos de dengue 45,46. O tamanho do vetor e a origem geográfica de cepas doAedes aegypti estão relaciona- dos com a susceptibilidade de infecção oral pelo vírus do dengue, suspeitando-se de ris- cos diferenciados de disseminação viral de- vido à prevalência de tipos de criadouros^47. OAedes aegypti é reconhecidamente menos susceptível que oAedes albopictus e outras espécies deAedes à infecção oral pelo vírus do dengue45,46. A elevada domesticidade e antropofilia deAedes aegypti e sua maior resistência ao vírus, permitem que essa es- pécie se infecte, principalmente, a partir de pessoas com vírus que produzem altas viremias, ampliando a circulação dessas ce- pas, o que implicaria na ocorrência de casos mais severos41,^. A viremia em pacientes com dengue va- ria segundo os dias de doença (pico nos 3 primeiros dias), a cepa viral e fatores indivi- duais humanos, porém pouco se sabe sobre a magnitude da viremia no homem, neces- sária para infectar as várias espécies de vetores do denguein vivo41,^. Outro aspecto que poderia interferir na dinâmica de transmissão do vírus do den- gue e na sua manutenção durante períodos interepidêmicos é a transmissão transova- riana. Estudos experimentais sobre esse mecanismo têm mostrado que as taxas de transmissão do vírus de fêmeas deAedes aegypti infectadas para seus descendentes são muito menores que as obtidas para Aedes albopictus 49. Estudo de laboratório com cepas doAedes albopictus de vários países (Índia, Cingapura, Japão, USA- Houston), incluindo também a cepa do Aedes aegypti procedente de USA-Houston, mostrou uma variação das taxas de trans- missão do vírus DEN-1 de fêmeas infectadas para seus descendentes de 0,5 a 2,9% para as cepas deAedes albopictus avaliadas e uma taxa de apenas 0,1 % para a cepa USA- Houston doAedes aegypti^49. No entanto, não há comprovação da importância epide- miológica da transmissão vertical do vírus na natureza^50. Além da capacidade do vetor de se infectar pelo vírus, de propiciar sua replica-

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ção e de transmiti-lo a novo hospedeiro em condições de laboratório (competência vetorial), discutida acima, é importante es- tudar também a capacidade vetorial^51. Se- gundo Forattini, esta é a propriedade de transmitir a infecção ao homem em condi- ções naturais e depende da combinação de parâmetros relativos à competência vetorial com outros como a densidade, antropofilia, taxa de picada, taxa de sobrevivência diária e tempo de incubação extrínseco do vírus no organismo do vetor 51. Embora a compe- tência vetorial deAedes aegypti para o vírus do dengue seja menor do que a de algumas outras espécies do gêneroAedes, são os de- mais fatores relacionados com a capacidade vetorial que fazem dessa espécie o principal vetor de dengue no mundo. São necessários investimentos para su- perar dificuldades na realização de estudos em laboratório sobre a bioecologia deAedes aegypti e deAedes albopictus, bem como dificuldades em criar colônias dos vetores do dengue, infectá-losin vitro, estabelecer transmissão, determinar duração do ciclo extrínseco, implantar metodologia no cam- po entomológico e virológico sem risco, além de garantir a não contaminação de cultivos celulares. Progressos em genética molecular, cujo alvo seja a competência do vetor em trans- mitir patógenos para populações humanas, tornam possíveis alternativas para o contro- le da doença 52,53.

Resistência a InseticidasResistência a InseticidasResistência a InseticidasResistência a InseticidasResistência a Inseticidas

Em uma população de mosquitos sob pressão de inseticidas, o desenvolvimento de resistência é um processo inevitável, que re- sulta do efeito seletivo de exposição a dosa- gens que matam os indivíduos suscetíveis, sobrevivendo os resistentes, que transferem essa capacidade a seus descendentes. Além dos vários mecanismos de resistência pre- sentes nos insetos, que permitem sua sobre- vivência após contato com o inseticida, há outra forma, chamada de comportamental, que define o processo de seleção de indiví- duos com aptidão para evitar total ou parci-

almente o contato com doses que resultari- am letais^54. A experiência na utilização de inseticidas orgânicos em repetidas aplicações para con- trole de mosquitos vem mostrando que a resistência a esses produtos tem surgido após um período de anos de uso contínuo. As ati- vidades de controle têm requerido, então, o uso de novos inseticidas ou a sua substitui- ção por métodos físicos e agentes biológi- cos, durante o maior período possível^55. A OMS tem divulgado o problema e as formas de retardar os processos de resis- tência, além de padronizar os métodos de detecção e vigilância desses processos. A detecção e o monitoramento de alteração da suscetibilidade em uma população de vetores podem ser realizados por ensaios biológicos, bioquímicos e moleculares. Os biológicos são importantes para detectar a alteração de resposta da população avaliada por meio das taxas de mortalidade obtidas nos ensaios; já os bioquímicos e os molecu- lares podem detectar os mecanismos de re- sistências envolvidos, o que permite deter- minar a resistência cruzada a vários insetici- das, facilitando a escolha dos alternativos 55. Apesar de não ser possível evitar o de- senvolvimento de resistência em populações de insetos expostas a inseticidas, é possível retardar esse processo. Medidas de manejo de resistência devem ser consideradas na construção das estratégias de controle de vetores. Os fatores envolvidos no processo de resistência podem ser agrupados em ge- néticos (genes que conferem resistência), biológicos (duração do ciclo biológico e dis- persão) e operacionais (intensidade da ex- posição da população no tempo e espaço e nas várias fases do ciclo biológico)57,58. A tecnologia atualmente existente res- tringe-se a reduzir o impacto dos fatores operacionais, por meio de dois grupos de medidas: a implementação de estratégia de controle integrado que restrinja o máximo possível o uso de métodos químicos de con- trole vetorial; e o planejamento do compo- nente de controle químico da estratégia, empregando metodologias que retardam o processo de resistência, como o uso de

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película monomolecular sobre a superfície da água 61 e a utilização de água quente. Para Aedes aegypti, temperaturas de 49 o^ C são suficientes para matar os ovos em menos de 2 minutos e larvas e pupas em 5 minutos^62. Esses métodos precisam ser melhor estuda- dos para a sua adequação.

Controle biológicoControle biológicoControle biológicoControle biológicoControle biológico

Entre as medidas de controle biológico, os predadores do tipo peixes larvófagos são os mais recomendados por sua fácil obten- ção e manutenção, especialmente para be- bedouros de grandes animais, fossos de ele- vador de obras, espelhos d’água/fontes or- namentais, piscinas abandonadas e depósi- tos de água não potável. Predadores como os copépodos também vêm sendo utiliza- dos por alguns programas e culicídeos não hematófagos do gêneroToxorhinchites não têm mostrado fácil aplicabilidade 56,61,63,64^. As bactérias do tipoBacillus thuringiensis var israelensis (Bti) e oBacillus sphaericus são específicos para o controle de larvas de culicídeos, sendo que o primeiro apresenta melhores resultados contra oAedes aegypti. Sua ação tóxica é causada por uma toxina presente no corpo paraesporal do bacilo 60,64,65. O Bti vem sendo utilizado no Brasil em substituição ao temephos em re- giões onde foi detectada resistência doAedes aegypti a esse organofosforado^64. Hormô- nios miméticos (reguladores de crescimen- to “sintéticos”) têm mostrado bons resulta- dos para controle de larvas de culicídeos. Atualmente, estão disponíveis no mercado formulações de methoprene, diflubenzuron, pyripropixyfen e triflumuron, sendo que para oAedes aegypti, o primeiro é o mais utilizado 60,63^. A incorporação do seu uso em programas de controle desse vetor exige adequação na metodologia de vigilância entomológica para estimar indicadores de densidade larvária.

Controle genéticoControle genéticoControle genéticoControle genéticoControle genético

Vários métodos genéticos de controle de culicídeos vêm sendo estudados em labora-

tório. A utilização de machos estéreis, visan- do reduzir a fertilidade da população local, foi objeto de testes em campo. Outro méto- do é a produção de cepas não suscetíveis a agentes de doenças, visando substituir as populações locais por essas cepas refratári- as. No entanto, ainda não foi possível incor- porar nenhum desses métodos em progra- mas de controle53,60,66.

Controle químicoControle químicoControle químicoControle químicoControle químico

Medidas de controle químico com ação larvicida em formulação de liberação lenta vem sendo empregada mundialmente, des- tacando-se o temephos como o larvicida de mais ampla utilização (tratamento focal). A maioria dos programas de controle de Aedes aegypti empregam duas modalidades de controle químico adulticida: a borrifação de inseticida de ação residual denominada de tratamento perifocal, indicada para uso ro- tineiro específico em imóveis que, além con- centrarem muitos recipientes em condições que favorecem a proliferação de formas imaturas, contribuem para a dispersão pas- siva do vetor2,60,64^ e a aplicação espacial de inseticida a ultra baixo volume (UBV), indi- cado para situações de transmissão. Embo- ra se tenha conhecimento de que a susten- tabilidade do programa aumenta com a in- tensidade de incorporação das ações de con- trole físico e biológico, especialmente daque- las que possam ser implementadas com a participação da comunidade e de vários seg- mentos produtivos, o controle químico ain- da assume papel importante na estratégia desenvolvida no Brasil, inclusive em perío- dos interepidêmicos 64. Visando maior sustentabilidade do programa, desde 2000 a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo (SSESP) vem discutindo com os municípios, formas de restringir o controle químico e, ao mesmo tempo, aumentar o envolvimento da sociedade no controle do vetor. Normas técnicas estaduais foram alteradas,,,,, como a eliminação do tratamento focal no período interepidêmico, restrições ao uso do trata- mento perifocal e à aplicação espacial - UBV com equipamento pesado56,^.

Vigilância entomológica e controle de vetores do Dengue Donalísio, M.R. & Glasser, C.M. 269 Rev. Bras. Epidemiol.Vol. 5, Nº 3, 2002

Para dimensionar o impacto das medi- das de controle e orientar ajustes das ações prescritas pelos programas para controle de vetores e epidemias, é fundamental que se- jam realizadas, periodicamente, atividades de vigilância entomológica. Muitas questões básicas ainda não são respondidas adequadamente pelos progra- mas de controle de vetores, tais como:

  • Que áreas ou bairros da cidade possuem maiores níveis de infestação?
  • Quais tipos de imóveis apresentam mai- or freqüência de recipientes com formas imaturas do vetor?
  • Que tipos de recipientes predominam no conjunto daqueles positivos para o vetor?
  • Qual a sazonalidade do vetor nas regi- ões? A insuficiência e inconsistência das in- formações sobre o vetor em função dos da- dos precários disponíveis e a supervalo- rização da cobertura obtida nas atividades de controle, atribuindo-se muitas vezes ape- nas a esse aspecto os resultados insatisfa- tórios, resulta na idéia simplista de que, para solucionar o problema, é suficiente intensi- ficar o trabalho que está sendo realizado, e assim pouco se avança no aprimoramento da estratégia de controle. A complexidade da vida moderna, entremeada com a miséria e a falta de infra- estrutura urbana mínima na maioria dos municípios brasileiros, tem dificultado a or- ganização das ações de controle dos vetores, mesmo em ocasiões com disponibilidade de recursos. A disseminação de incontáveis criadouros artificiais, a urbanização desor-

denada e a convivência com tantos outros problemas mais graves que o dengue, dei- xam a população alheia a mais esta mazela da saúde pública brasileira. Embora muitos sejam os determinantes envolvidos na ocorrência do dengue, a pre- cariedade da vida nas cidades dificulta a atu- ação da área da saúde. A continuidade dos recursos repassados aos municípios, ações combinadas com envolvimento pluri- institucional e articuladas regionalmente podem dar maior racionalidade ao controle da infestação nos vários cantos do país. Nes- se sentido as instâncias regionais/estaduais têm um papel estratégico na condução e avaliação das medidas de campo, acompa- nhando indicadores de infestação e o im- pacto das ações, facilitando a representação dos municípios e o intercâmbio de experi- ências locais, conduzindo a integração das ações com o Sistema Único de Saúde, além de otimizarem o uso de equipamentos e os meios de comunicação de massa necessári- os às estratégias de saúde pública 5. Os modelos de organização dos serviços de saúde pública para o controle de vetores e da transmissão viral são importante cam- po de reflexão e experimentação científica, em plena epidemia de dengue no país. Fica evidente a necessidade de se avaliar novas tecnologias e estratégias de prevenção, de ações de rotina do campo e de medidas emergenciais em épocas epidêmicas. Há modelos técnico-assistenciais novos ou re- visados da área da saúde pública a serem testados e avaliados para enfrentar novas e velhas endemias e epidemias brasileiras.

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