Docsity
Docsity

Prepare-se para as provas
Prepare-se para as provas

Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity


Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos para baixar

Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium


Guias e Dicas
Guias e Dicas

VARIAÇÃO LINGUÍSTICA EM LÍNGUA DE SINAIS BRASILEIRA, Manuais, Projetos, Pesquisas de Linguística

(…) a comunidade surda não se refere às pessoas pelo nome próprio, mas pelo sinal próprio recebido no “batismo” quando o surdo ingressa na comunidade (…). Fonte ...

Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas

2022

Compartilhado em 07/11/2022

usuário desconhecido
usuário desconhecido 🇧🇷

4.5

(60)

160 documentos

1 / 123

Toggle sidebar

Esta página não é visível na pré-visualização

Não perca as partes importantes!

bg1
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA UnB
INSTITUTO DE LETRAS - IL
DEPARTAMENTO DE LINGUÍSTICA, PORTUGUÊS E LÍNGUAS CLÁSSICAS - LIP
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUÍSTICA PPGL
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA EM LÍNGUA DE SINAIS BRASILEIRA
- FOCO NO LÉXICO -
Gláucio de Castro Júnior
Brasília - DF
2011
pf3
pf4
pf5
pf8
pf9
pfa
pfd
pfe
pff
pf12
pf13
pf14
pf15
pf16
pf17
pf18
pf19
pf1a
pf1b
pf1c
pf1d
pf1e
pf1f
pf20
pf21
pf22
pf23
pf24
pf25
pf26
pf27
pf28
pf29
pf2a
pf2b
pf2c
pf2d
pf2e
pf2f
pf30
pf31
pf32
pf33
pf34
pf35
pf36
pf37
pf38
pf39
pf3a
pf3b
pf3c
pf3d
pf3e
pf3f
pf40
pf41
pf42
pf43
pf44
pf45
pf46
pf47
pf48
pf49
pf4a
pf4b
pf4c
pf4d
pf4e
pf4f
pf50
pf51
pf52
pf53
pf54
pf55
pf56
pf57
pf58
pf59
pf5a
pf5b
pf5c
pf5d
pf5e
pf5f
pf60
pf61
pf62
pf63
pf64

Pré-visualização parcial do texto

Baixe VARIAÇÃO LINGUÍSTICA EM LÍNGUA DE SINAIS BRASILEIRA e outras Manuais, Projetos, Pesquisas em PDF para Linguística, somente na Docsity!

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA – UnB INSTITUTO DE LETRAS - IL DEPARTAMENTO DE LINGUÍSTICA, PORTUGUÊS E LÍNGUAS CLÁSSICAS - LIP PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUÍSTICA – PPGL VARIAÇÃO LINGUÍSTICA EM LÍNGUA DE SINAIS BRASILEIRA

- FOCO NO LÉXICO - Gláucio de Castro Júnior Brasília - DF 2011

Gláucio de Castro Júnior VARIAÇÃO LINGUÍSTICA EM LÍNGUA DE SINAIS BRASILEIRA

- FOCO NO LÉXICO - Dissertação apresentada ao Programa de Pós- graduação do Departamento de Linguística, Português e Línguas Clássicas - LIP como requisito parcial à obtenção do Grau de Mestre em Linguística, pela Universidade de Brasília - UnB. Orientadora: Professora Doutora Enilde Faulstich Brasília - DF 2011

Perdi um amor, mas ganhei um diamante... A maior herança que um educador pode deixar para seus herdeiros é a firmeza de conquistar triunfos e assimilar derrotas.

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus e a todas as forças pelo dom da vida, por todas as conquistas e oportunidades. Aos meus pais Gláucio e Maria Rita, pelo constante aprendizado, pela dedicação, esforços e carinho. Às minhas irmãs Ariane e Lauriane pela confiança e reciprocidade. A toda minha família, em especial meus avós: Domingos e Maria D’Abadia e Sebastião pela sabedoria. Amo todos vocês! A professora doutora Enilde Faulstich, pelas experiências acadêmicas, pelo carinho, pelas palavras de incentivo e por acreditar e me fazer acreditar nos estudos para a Comunidade Surda, quando apresentei meu primeiro projeto acadêmico em minha graduação! Muito obrigado por compartilhar suas idéias intelectuais e por ter sido de conspícua importância para minha formação. A minha amiga Daniela Prometi, pela amizade, pelo constante incentivo, pelas conversas e pela paciência e por sempre acreditar que também pode! Ao meu amigo Neemias Gomes, pelo constante aprendizado, pelo apoio e pela companhia. Amigo! Obrigado por ser a minha voz. Minha confiança depositada em ti em aceitar realizar minhas interpretações é um valor inestimável! A minha grande amiga Soraia Rodrigues que me acolheu quando me mudei para Brasília no dia do meu aniversário. Aos meus amigos Quelion Alves, Carla Lima, Raquel Soares, Dalila Rodrigues que mesmo distante sempre estiveram presentes no meu coração e no apoio incondicional. Aos meus amigos do Letras-Libras, em especial Elaine Furtado, Aparecida Rossi, Julio Rossi, Lúcio Cruz e Márcio Silva. Ao Messias Ramos pelas constantes discussões acadêmicas nas aulas de mestrado. Aos amigos do Letras-Libras de outros Estados, em especial Betty Lopes, pelas constantes trocas de experiências. A Aline Bregonci, pela leitura carinhosa e sugestões. Aos professores e colegas do Letras-Libras Patrícia Tuxi, Marcos de Brito, Rosana Cipriano, Edimilson Barbosa, Cristiane Batista por toda amizade, carinho, incentivo, companheirismo e cuidado.

SUMÁRIO

  • Agradecimentos _____________________________________________________________________
  • Sumário
  • Siglas e convenções usadas
  • Resumo
  • Abstract
  • APRESENTAÇÃO
  • CAPÍTULO 1 - DELIMITAÇÃO DA PESQUISA
  • 1.1 Introdução
  • 1.2 A LSB, resgate da História
  • 1.3 Discussões acerca da gramática da LSB
    • 1.3.1 Gramática da datilologia
    • 1.3.2 Processos paramétricos da LSB
  • 1.4 Tema da dissertação e objeto de estudo
  • 1.5 Objetivos
  • 1.6 A LSB e a Língua Portuguesa
  • 1.7 Com as mãos na Linguística da LSB
  • Capítulo 2 - REVISÃO DA LITERATURA
  • 2.1 Introdução
  • 2.2 Discussão em torno de Norma(s)
  • 2.3 Discussão em torno de Erro
  • 2.4 Discussão em torno de Variação
  • 2.5 A variação linguística em LSB
  • Capítulo 3 - DISCUSSÃO TEÓRICA: O FOCO NO LÉXICO
  • 3.1 Introdução
  • 3.2 Lexicologia e Terminologia em LSB: uma visão política
  • 3.3 Reflexões acerca da compreensão de uma política da LSB
  • 3.4 Acerca da variação linguística em LSB
  • 3.5 Variações regionais, sociais e relacionadas a mudanças históricas
  • 3.6 Primeiros passos para a construção da variação em LSB
  • Capítulo 4 METODOLOGIA
  • 4.1 Introdução - na língua de sinais 4.2 Postulados para a pesquisa em LSB e proposta de construção da variação
  • 4.3 O curso Letras-Libras e o espaço para a discussão dos termos
  • 4.4 Metodologia de coleta de dados
    • dados 4.5 Os procedimentos para validação dos postulados e organização dos
  • 4.6 Registro dos sinais e estratégias para divulgação
  • Capítulo 5 ANÁLISE DOS DADOS
  • 5.1 Introdução
  • 5.2 Delimitação da análise e do corpus
  • 5.3 Análise das variantes e escolha da variante-padrão
  • 5.4 Análise dos tipos de variação linguística observadas em LSB
  • 5.5 Variação linguística em LSB
  • SINALIZAÇÕES FINAIS: A TÍTULO DE CONCLUSÃO
  • REFERÊNCIAS
  • APÊNDICE

RESUMO

_____________________________________________________________________

A presente dissertação trata da variação linguística em LSB, com foco no léxico, sob a perspectiva de analisar e identificar variantes e variantes-padrão com base em termos selecionados da terminologia da política brasileira. O objetivo da pesquisa foi investigar as variações linguísticas naturais na LSB e as variações linguísticas que resultam da interferência da LP na LSB. A metodologia consistiu na elaboração dos postulados para a pesquisa em LSB e proposta de construção da variação na língua de sinais. O curso Letras-Libras possibilitou o espaço de discussão e obtenção dos termos. Foram escolhidos seis termos da terminologia política brasileira. Para o registro dos sinais, foi preciso constatar as variações lingüísticas a partir de sinais usados pelos Surdos e por profissionais que atuam nos quadros funcionais dos poderes executivo e legislativo do governo federal e com base nos estudos e considerações de diversos autores sobre diversos temas da pesquisa. Como os dados foram qualitativos e quantitativos, os resultados mostram a ocorrência de variantes, possibilitou a escolha da variante-padrão para cada termo através de diferentes processos lingüísticos e nós permitiu organizar discussões para a variação linguística em LSB. Um efetivo registro nos permitirá analisar dados e estudar estratégias para a elaboração do dicionário terminológico de Língua de Sinais Brasileira. Palavras – Chave : 1. Variação linguística em LSB 2. LSB 3. Letras-Libras 4. Léxico

  1. Terminologia da política brasileira 6. Dicionário terminológico

ABSTRACT

This dissertation deals with linguistic variation in LSB, with a focus on the lexicon, from the perspective of analyzing and identifying variations and variations based on standard terms selected from the terminology of Brazilian politics. The research objective was to investigate the variations in natural language LSB and linguistic variations that result from the interference of LP in LSB. The methodology consisted in the elaboration of postulates for Research in LSB and proposed construction of the variation in sign language. The course Letras-Libras allowed the space to discuss and obtain terms. Six were chosen the terminology in Brazilian politics. To record signals, it was necessary to note the variations from the linguistic signs used by Deaf and by professionals working in the functional domain of executive and legislative branches of federal government and based on studies and considerations of various authors on various topics of research. Because data were qualitative and quantitative results indicate the occurrence of variants, allowed the choice of standard variant for each term by different language processes and allowed us to organize discussions on language variation LSB. An effective registry will allow us to analyze data and study strategies for the development of terminological dictionary of Brazilian Sign Language. Key - words: 1. Linguistic variation in LSB 2. LSB 3. Letras-Libras 4. Lexicon 5. Terminology of Brazilian politics 6. Terminological dictionary

Para auxiliar e contribuir para a educação de Surdos elaborei o Trabalho de Conclusão de Curso – TCC intitulado Ensino de Ciências e Biologia para alunos Surdos em que estudei e analisei discussões acerca de possibilidades didáticas de ciências e biologia para alunos Surdos. Paralelamente a minha graduação em Ciências Biológicas, ingressei no primeiro curso de graduação à distancia licenciatura em Letras-Libras² ofertado pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC no Pólo da Universidade de Brasília

  • UnB, depois de aprovado no vestibular realizado pela UFSC. E, como conhecia e sabia do potencial que a UnB oferecia para o desenvolvimento de pesquisas, conversei com minha coordenadora do curso de Letras-Libras no pólo da UnB, professora doutora Enilde Faulstich, que me incentivou e me inscrevi para concorrer ao processo de seleção de projetos de iniciação científica sob a sua orientação. Tive, então, o meu primeiro projeto de Iniciação Científica aprovado para a pesquisa e o seu desenvolvimento, cujo título era “Psicobiologia na sala de aula: uma mediação didática no ensino de português para Surdos”. Analisei fatores que interferem e podem contribuir para um melhor ensino da disciplina de português para alunos Surdos, e um deles se referia ao estudos da variação linguística na LSB. Antes de concluído, apresentei resultados parciais deste projeto em diversos eventos. Concorri a uma nova bolsa de iniciação científica com um novo projeto intitulado: “A variação lexical regional na Língua Brasileira de Sinais: interiorizando a prática educativa”. Percebi que era necessário aprofundar os estudos da variação linguística em LSB. Assim, a partir dessa percepção, ficou evidente que o estudo da LSB é um fator decisivo na mediação para avançar as políticas linguísticas e contribuir para a educação de Surdos no Brasil. Então me submeti à seleção do mestrado em Linguística do Programa de Pós-graduação em Linguística da UnB e fui selecionado com a proposta de estudo da variação linguística em LSB, sendo um dos três primeiros Surdos a ingressar no mestrado em Linguística na UnB. Em minhas comunicações e interações nos diversos espaços geográficos e sociais, percebi a importância de analisar e descrever o processo de criação e formação de sinais em

² O Curso de Licenciatura e Bacharelado em Letras-Libras é uma iniciativa da Universidade Federal 

de Santa Catarina, com o objetivo de formar professores e tradutores-intérpretes capacitados para o trabalho com a LSB. http://www.libras.ufsc.br Acessado em 11/01/2011.

LSB, bem como o uso de sinais diferentes para um mesmo referente. O que acontece comumente é que os profissionais que se comunicam em LSB utilizam os sinais que alguns pesquisadores supõem que já são convencionados nos manuais didáticos e dicionários de LSB, usados como padrão normativo, e assim, o diferente, ou seja, a variação, outra forma de dizer a “mesma coisa”, é considerada “erro”, por isso não são aceitos como pertencentes à LSB. Outra questão que envolve a variação na LSB diz respeito à falta de estudos e de um núcleo de estudo das variações linguísticas na LSB que apoiarão e auxiliarão nos processos de elaboração da didática da língua, bem como em consultorias na área de elaboração de dicionários e, assim, contribuir para a interação e a comunicação entre usuários de diferentes regiões do Brasil, uma vez que as diferenças geográficas interferem nos processos linguísticos e acarretam um excesso de usos linguísticos quando não são disseminadas as variantes-padrão. Os próprios Surdos, sujeitos participantes de nossa pesquisa contribuíram para as discussões sobre o tema, pois eles identificam as formas variantes, sabem que elas existem, convivem com elas, porque as usam, mas, dependendo da situação, apresentam diferentes justificativas, ou para auxiliar na elaboração e criação do sinal, ou para contribuir para a escolha do que possa ser a variante-padrão. No decorrer do estudo, entendi que não se deve ter como comparação o que muitos pesquisadores, ao tratar do tema, fazem, que é considerar a variação linguística em LSB com base nos estudos já realizados em Língua Portuguesa. Isso é em uma tentativa de estudar ou aproximar a LSB da modalidade da Língua Portuguesa. Acreditam que assim o Surdo, aprenderá, escreverá em português, e justificam a primeira como um estágio para a segunda, como se as duas línguas fossem sistemas equivalentes, e não o contrário. Diante dessa problemática para o estudo de uma língua, o pesquisador linguista necessita estar ciente de alguns mecanismos de domínios e representações de determinadas línguas em suas análises, bem como compreender a evolução de cada língua. Esta realidade, associada aos meus objetivos de estudo, como profissional que atua na educação de Surdos e associada à quase inexistência de pesquisas que registrem, descrevam e explicitem a evolução e os processos linguísticos em LSB, em todos os seus níveis, motiva o (re)conhecimento da variação linguística. Estudar e entender como as línguas estão organizadas e como funcionam

CAPÍTULO 1 – DELIMITAÇÃO DA PESQUISA

1.1 Introdução Neste capítulo, apresenta-se a Língua de Sinais Brasileira – LSB. Sobre esta língua são abordados resgate da história da LSB e algumas discussões acerca da gramática da LSB. Apresentamos ainda algumas propriedades paramétricas que auxiliam no estudo da variação linguística em LSB. Segue-se a exposição dos objetivos dessa pesquisa, que dizem respeito ao estudo da variação linguística em LSB, para, então, percorrer o caminho teórico que embasará esta pesquisa. 1.2 A LSB, resgate da história O português falado no Brasil teve sua origem no Latim, que se derivou em diversas línguas, como: Espanhol, Francês, Italiano, Português, entre outras. Os portugueses, desde o século XV, empreenderam extensas navegações levando a língua portuguesa para a África, Ásia, Oceania e América. No Brasil a mesma sofreu modificações de pronúncia, vocabulário e na sintaxe. (SILVEIRA, 1994). No caso da LSB, para Albres (2005, p. 1) “o canal perceptual é diferente, por ser uma língua de modalidade gestual visual, a mesma não teve sua origem da língua portuguesa, que é constituída pela oralidade, portanto considerada oral-auditiva; mas em uma outra língua de modalidade viso-espacial, a Língua de Sinais Francesa, apesar de a Língua Portuguesa ter influenciado diretamente a construção lexical da Língua de Sinais Brasileira, mas apenas por meio de adaptações por serem línguas em contato.”. As Línguas de Sinais são reconhecidas “cientificamente” como língua, apresenta como qualquer língua os universais linguísticos e os aspectos fonológicos, morfológicos, sintático e semântico-pragmático, mas usualmente são atingidas pelo preconceito linguístico e estereótipo por seus usuários serem principalmente pessoas consideradas deficientes. Esse modo de investigação propiciou a verificação da construção de uma comunidade utente de uma língua viso-espacial, recentemente regulamentada pela Lei N°. 10.436 de 20/04/2002 dispõe que:

“Art. 1: é reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua brasileira de sinais – LIBRAS e outros recursos de expressão a ela associados. Parágrafo único. Entende-se como Língua brasileira de sinais – LIBRAS a forma de comunicação e expressão, em que o sistema lingüístico de natureza viso-espacial, com estrutura gramatical própria, constituem um sistema lingüístico de transmissão de idéias e fatos, oriundos de comunidades surdas do Brasil”. (http://www.oabsp.org.br_noticias, 2002). Após muita luta, os Surdos conquistaram o reconhecimento da língua por meio da regulamentação da Língua de Sinais Brasileira. Contudo esse reconhecimento não modifica de nenhuma maneira o posicionamento dos familiares e educadores. Temos observado uma movimentação, no sentido de divulgação da LSB, como essencial para o desenvolvimento cognitivo lingüístico e psicossocial do sujeito Surdo, como o Programa Nacional de Educação de Surdos que proporcionou a formação de professores/instrutores Surdos para ministrarem cursos de “Libras em Contexto”. O programa tem como objetivo maior a conscientização dos próprios Surdos quanto à LSB. Assim no país, há um movimento de organização de educação bilíngue que no caso da educação de Surdos é o ensino de LSB como L1 e o ensino de português escrito como L2 para pessoas Surdas, mas, para que esta se efetive se faz necessário uma reestruturação na escola que ofereça uma efetiva educação para o Surdo, que o sujeito Surdo seja educado em sua primeira língua, que é a LSB e assim a língua cresce, pois precisa ampliar o léxico da LSB para atender aos novos conceitos que os Surdos tomam consciência no processo de escolarização. Para Goldfeld (1997, p. 108), o ambiente linguístico deve ser o mais adequado possível à criança surda, para facilitar a aquisição da língua de sinais e evitar o atraso da linguagem e todas as suas consequências, em nível de percepção, generalização, formação de conceitos, atenção e memória. E acrescenta que provavelmente “a língua de sinais será a língua mais utilizada na construção da fala interior e exercerá a função planejadora da linguagem, já que esta língua é mais fácil e natural para o surdo”. Alguns pesquisadores mencionam que a LSB é originada a partir da Língua de Sinais Francesa. Mas uma pesquisa mais detalhada é necessária para determinar e aprofundar a pesquisa na LSB sobre a sua origem, bem como a origem das línguas de sinais. Normalmente o que se estabelece como ponto de partida para a explicação da origem das Línguas de sinais é que estas foram originadas da Língua de Sinais

Também, a Língua de Sinais Mexicana difere das muitas línguas de sinais da América Latina. Outros detalhes importantes percebidos pelo grupo de pesquisadores é que, por exemplo, sabemos que em Moçambique a língua falada é o Português e nesse país a Língua de Sinais de Moçambique não está relacionada com o Português e muito menos com a Língua Gestual Portuguesa, quanto se trata de interlíngua, apesar de que o país recebe muitos pesquisadores que, preocupados com a realidade sócio- educacional, apresentam projetos, mas o processo de construção lexical da Língua de Sinais de Moçambique é bastante peculiar, ou seja, apresenta características própria da sua gramática de modalidade viso-espacial. A Língua de Sinais da Nova Zelândia tem em comum com a Língua de Sinais Britânica aspectos gramaticais e configuração de mão sendo, assim, possível de ser caracterizada como língua da família britânica. Outra questão é que a Nicarágua é um país que tem como língua de domínio o espanhol, entretanto os usuários da Língua de Sinais Nicaraguense conhecem pouco o espanhol. Como o Ethnologue não fornece informações detalhadas, esta língua foi descartada, pela necessidade de o pesquisador estudar dados convincentes e não aleatórios para organizar as prováveis famílias de língua de sinais. Na Língua de Sinais da Suíça, não há sinais locais e existe um grande predomínio de sinais franceses. No caso da Língua de Sinais Urubu-kaapor, dados estão disponibilizados no Ethnologue. No Brasil existem muitos pesquisadores que estudam esse sistema, e o Surdo, que utiliza essa língua, é monolíngue. Através das informações disponíveis no Ethnologue, podemos deduzir que é um sistema criado dentro da comunidade residente no Brasil e tem origens das crenças culturais da própria tribo Urubu-kaapor, e nesse sentido acreditamos que este tipo de Língua de Sinais faça parte de uma família com características únicas. Com esses estudos, os pesquisadores perceberam que na LSB, devido ao ambiente de interlíngua, termo criado por Selinker (1972, p.185), para descrever a língua de alguém em processo de aprendizado, a qual não é mais L1 e também não é ainda L2, mas contém elementos próprios das duas, existe uma constante interação entre a língua portuguesa e a LSB. Pelo caráter dinâmico das línguas de sinais, quando não se tem um sinal em LSB correspondente ao termo em língua portuguesa,

os falantes de LSB utilizam a datilologia para sinalizar o termo em língua portuguesa e a datilologia instiga para que se tenha um sinal correspondente. É um processo de construção e formação de sinais na LSB. Durante as aulas das diversas disciplinas do mestrado, formamos um juízo de valor em torno de como as línguas se organizam e se estruturam e, em decorrência, apresentamos nossas reflexões, como seguem. Língua, aqui, é um sistema de conhecimento interiorizados na mente. A gramática interiorizada consiste, de um lado, em uma espécie de dicionário mental das formas da língua e, por outro, de um sistema de princípios e regras atuando de modo computacional sobre essas formas, isto é, construindo representações mentais de combinações categorizadas das formas linguísticas. Essas representações determinariam, explicitamente, as propriedades fonológicas e sintáticas das expressões da língua, assim como aquelas propriedades semânticas derivadas diretamente das propriedades sintáticas. A gramática determina igualmente o modo como essas representações articulam-se com outros sistemas conceituais da mente humana. O estudo da LSB foi realizado inicialmente por Ferreira-Brito (1993; 1995). Para a autora, essa é uma língua natural com estrutura própria regida por princípios universais. No item seguinte, vamos discutir a gramática, no sentido amplo, da LSB. 1.3 Discussões acerca da gramática da LSB A organização das discussões, bem como as diversas pesquisas e os estudos da LSB, na tentativa de se ter uma efetiva gramática da LSB, é importante para que se tenha informações acerca da importância da gramática da LSB. O estudo de diversos assuntos como a gramática da datilologia, a diferença entre a variação regional e a variação lexical, os processos linguísticos que envolvem a comunicação e a conceituação na LSB, a educação lexicográfica para elaboração de dicionários de LSB, dentre outros, ressaltam a importância deste estudo para a investigação dos efeitos da variação linguística nos diversos processos linguísticos. Para que seja teoricamente reconhecida, a pesquisa merece suficiente atenção de pesquisadores de LSB. É muito comum acreditar que saber gramática é decorar um conjunto de regras. No entanto, é bem mais que isso, é dizer e entender frases, é compreender os