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Válvulas de Controle
e Segurança
a
. edição (Revista)
Marco Antônio Ribeiro
Válvulas de Controle e
Segurança
5
a
. edição
Marco Antônio Ribeiro
Dedicado a Elvira Barbosa, a doutora
Quem pensa claramente e domina a fundo aquilo de que fala, exprime-se
claramente e de modo compreensível. Quem se exprime de modo obscuro e
pretensioso mostra logo que não entende muito bem o assunto em questão, ou
então, que tem razão para evitar falar claramente. (Rosa Luxemburg)
Tek, 1991, 1993, 1995, 1999 Salvador, BA, Primavera 1999
Autor
Marco Antônio Ribeiro se formou no ITA, em 1969, em Engenharia de
Eletrônica blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá,
blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá,
blablablá, blablablá.
Durante quase 14 anos foi Gerente Regional da Foxboro, em Salvador, BA,
período da implantação do pólo petroquímico de Camaçari blablablá, blablablá,
blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá,
blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá.
Fez vários cursos nos Estados Unidos e na Argentina e possui dezenas de
artigos publicados nas áreas de Instrumentação, Controle de Processo,
Automação, Segurança, Vazão e Metrologia e Incerteza na Medição blablablá,
blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá,
blablablá, blablablá.
Desde 1987, é diretor da Tek Treinamento & Consultoria Ltda. blablablá,
blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá,
blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, firma que presta
serviços nas áreas de Instrumentação e Controle de Processo.
i
Válvulas de Controle
Conteúdo
iii
Apêndice A – uso das equações de
Apêndice C - variações de pressão
Apêndice D: valores
Conteúdo
Conteúdo REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
- CONSTRUÇÃO Conteúdo
- Objetivos de Ensino
- Introdução
- 1.1. Válvula no Processo Industrial
- 1.2. Definição de Válvula de Controle
- 1.3. Elemento Final de Controle
- 1.4. Funções da Válvula de Controle
- Corpo
- 2.1. Conceito
- 2.2. Elemento de controle
- 2.3. Sede
- 2.4. Plug
- 2.5. Materiais
- 2.6. Conexões Terminais
- 2.7. Entradas e Saída
- Castelo
- 3.1. Conceito
- 3.2. Tipos de castelos
- 3.3. Aplicações especiais
- Métodos de Selagem
- 4.1. Vazamentos
- 4.2. Vazamento entre entrada e saída
- Atuador
- 5.1. Operação Manual ou Automática
- 5.2. Atuador Pneumático
- 5.3. Ação do Atuador
- 5.4. Escolha da Ação
- 5.5. Forças atuantes
- 5.6. Mudança da Ação
- 5.7. Dimensionamento do Atuador
- 5.8. Atuador e Outro Elemento Final
- DESEMPENHO
- Objetivos de Ensino
- Aplicação da Válvula
- 1.1. Introdução
- 1.2. Dados do Processo
- 1.3. Desempenho da Válvula
- Característica da Válvula
- 2.1. Conceito
- 2.2. Características da Válvula e do Processo
- 2.3. Relações Matemáticas
- 2.4. Característica de Igual Percentagem
- 2.5. Característica Linear
- 2.6. Característica de Abertura Rápida
- 2.7. Característica Instalada
- 2.8. Escolha da Característica
- 2.9. Linearização da Característica
- 2.10. Vazão do Corpo
- 2.11. Coeficiente de Resistência K
- 2.12. Coeficiente de Descarga
- 2.13. Resistência Hidráulica
- Rangeabilidade
- Controle da Válvula
- 4.1. Ganho
- 4.2. Dinâmica
- 4.3. Controlabilidade da Válvula
- Vedação e Estanqueidade
- 5.1. Classificação
- Vazamento
- 5.2. Vazamento
- 5.3. Válvulas de Bloqueio
- APLICAÇÕES ii
- Objetivos
- Dados do Processo
- 1.1. Coleta de dados
- 1.2. Condições de Operação
- 1.3. Distúrbios
- 1.4. Tempo de resposta
- 1.5. Tubulação
- 1.6. Fatores ambientais
- 1.7. Documentação
- 1.8. Normas e Especificações
- Válvula para Líquidos
- ideal 2.1. Vazão ideal através de uma restrição - 2.2. Vazão através da válvula - 2.3. Tubulação não padrão
- Válvula para Gases
- 3.1. Fluidos Compressíveis
- 3.2. Fator de expansão
- 3.3. Relação dos calores específicos
- 3.4. Fator de compressibilidade
- DIMENSIONAMENTO
- Objetivos de Ensino
- Introdução
- Coeficiente de vazão
- 2.1. Introdução
- 2.2. Dados para o cálculo
- 2.3. Uso das equações ISA
- Queda de Pressão na Válvula
- 3.1. Introdução
- 3.2. Recomendações
- 3.3. Queda de pressão e vazão
- 3.4. Queda de pressão
- Roteiro de dimensionamento
- 4.1. Vazão através da válvula
- Válvula para líquidos
- 5.1. Líquido
- 5.2. Fatores de correção
- 5.3. Exemplo
- Dados do processo
- Solução
- Válvulas para gases e vapores
- 6.1. Gases e líquidos
- 6.2. Equações de dimensionamento
- 6.3. Vazão crítica ou chocada - 6.4. Fator da relação dos calores específicos - 6.5. Fator de expansão Y - 6.6. Fator de compressibilidade Z - 6.7 Ruído na válvula - 6.8. Exemplo - Dados do processo - Solução - 6. Curso da válvula - 7. Considerações Adicionais
- CONTROLE DIMENSIONAR VÁLVULAS DE - 1. Escopo - 2. Introdução - 3. Nomenclatura
- não volátil 4. Fluido incompressível – vazão de líquido - 4.1. Equações para vazão turbulenta - 4.2. Constantes numéricas - 4.3. Fator de geometria da tubulação - 4.4. Equações para vazão não turbulenta
- líquido volátil 5. Fluido incompressível – vazão chocada de - 5.1. Equações para vazão chocada de líquido
- líquido, FL 5.2. Fator de recuperação de pressão do
- combinado do líquido, FLP 5.3. Fator de recuperação de pressão
- vapor 6. Fluido compressível – vazão de gás e - 6.1. Equações para vazão turbulenta - 6.2. Constantes numéricas - 6.3. Fator de expansão Y - 6.4. Vazão chocada - 6.5. Fator de relação de queda de pressão, xT
- com redutores ou outras conexões, xTP 6.5. Fator de relação de queda de pressão
- Fk 6.7. Fator de relação dos calores específicos, - 6.8. Fator de compressibilidade, Z
- válvulas vazão para dimensionamento de
- Fp e Flp Apêndice B - derivação dos fatores
- tubulação no sistema válvula de controle e
- capacidade da válvula representativos dos fatores de
- Reynolds Apêndice E: fator do número de
- requerido (Seleção do tamanho da válvula) Determinação do coeficiente de vazão - Previsão da vazão - Previsão da queda de pressão
- de líquido não turbulenta Apêndice F: equações para vazão - Problema 1. - Problema - Problema
- pressão crítica do líquido, FF Apêndice G: fator de relação de
- Apêndice H: derivação de xt
- válvula de controle - Notação SI Apêndice I: equações da vazão da - Equações para líquido - Equações para gás e vapor - Apêndice J: referências
- Commmission (IEC) International Electrotechnical - ISA - 5. RUÍDO E CAVITAÇÃO - Objetivos de Ensino - 1. Ouvido humano - 2. Som e ruído - 3. Ruído da Válvula - Vibração mecânica - Ruído hidrodinâmico - Ruído aerodinâmico - 4. Controle do Ruído - Tratamento do caminho - Tratamento da fonte - 5. Previsão do ruído da válvula - Cálculo da ruído na válvula - Exemplos de cálculo de ruído - 6. Cavitação - 6.1. Geral - 1.2. Cavitação na válvula - 4. Velocidade do fluido na válvula - 4.1. Introdução - 4.2. Projeto do trim - 4.3. Erosão por cavitação - 4.4. Erosão por abrasão - 4.5. Ruído - 4.6. Vibração - 3. Golpe de Aríete - 6. INSTALAÇÃO - Objetivos de Ensino - 1. Instalação da Válvula - 1.1. Introdução - 1.2. Localização da Válvula - 1.3. Cuidados Antes da Instalação - 1.4. Alívio das Tensões da Tubulação - 1.5. Redutores - 1.6. Instalação da Válvula - 1.7. Válvula Rosqueada - 1.8. Válvula Flangeada - 2. Acessórios e Miscelânea - 2.1. Operador Manual - 2.2. Posicionador - 2.3. Booster - 2.4. Chaves fim de curso - 2.5. Conjunto Filtro Regulador - 2.6. Transdutor Corrente para Ar - 2.7. Relés de Inversão e de Relação - 3. Tubulação iv - 3.1. Classificação dos Tubos - 3.2. Diâmetros dos Tubos - 3.3. Espessuras Comerciais - 3.4. Aplicações dos Tubos - 3.5. Conexões - 3.6. Velocidade dos Fluidos - 3.7. Dimensionamento da Tubulação - 3.8. Válvula com Redução e Expansão
- MANUTENÇÃO 7. CALIBRAÇÃO, AJUSTE E - 1. Calibração e Ajuste - 1.1. Ajuste de Bancada - 1.2. Ajuste do Curso da Válvula - 1.3. Calibração do Posicionador - 1.4. Montagem e Desmontagem - 2. Manutenção - 2.1. Conceitos gerais - 2.2. Procedimento típico de manutenção - 3. Pesquisa de Defeitos ( Troubleshooting ) - 3.1. Erosão do corpo e dos internos - 3.2. Vazamento entre sede e obturador - 3.3. Vazamento entre anel da sede e o corpo - 3.4. Vazamento na caixa de gaxetas - 3.5. Desgaste da haste - 3.6. Vazamento entre castelo e corpo
- quebrada 3.7. Haste quebrada ou conexão da haste
- pistão 3.8. Vazamento excessivo através do selo do - 3.9. Válvula não responde ao sinal - 3.10. Válvula não atende o curso total - 3.11. Curso da válvula lento e atrasado
- TIPOS DE VÁLVULAS
- Objetivos de Ensino
- Parâmetros de Seleção
- 1.1. Aplicação da Válvula
- 1.2. Função da Válvula
- 1.3. Fluido do Processo
- 1.4. Perdas de Carga
- 1.5. Condições de Operação
- 1.6. Vedação
- 1.7. Materiais de Construção
- 1.8. Elemento de Controle da Vazão
- Tipos de Válvulas
- Válvula Gaveta
- 3.1. Válvula Gaveta
- 3.2. Custo
- 3.3. Característica de vazão
- 3.4. Descrição
- 3.5. Vantagens
- 3.6. Desvantagens
- 3.7. Aplicações
- Válvula Esfera
- 4.1. Válvula Esfera
- 4.2. Custo
- 4.3. Característica
- 4.4. Descrição
- 4.5. Vantagens
- 4.6. Desvantagens
- 4.7. Aplicações
- Válvula Borboleta
- 5.1. Válvula Borboleta
- 5.2. Custo
- 5.3. Característica
- 5.4. Descrição
- 5.5. Vantagens
- 5.6. Desvantagens
- 5.7. Aplicações
- 5.8. Supressão do ruído
- 5.9. Válvula Swing
- Válvula Globo
- 6.1. Válvula Globo
- 6.2. Custo
- 6.3. Característica
- 6.4. Descrição
- 6.4. Trim
- 6.5. Haste
- 6.6. Castelo
- 6.7. Corpo
- 6.8. Conexões
- 6.9. Materiais de construção
- 6.10. Vantagens
- 6.11. Desvantagens
- 6.12. Aplicações
- Válvula Diafragma
- 7.1. Introdução
- 7.2. Custo
- 7.3. Característica
- 7.1. Descrição
- 7.4. Vantagens
- 7.5. Desvantagens
- 7.6. Aplicações
- 7.7. Válvula Pinch
- Válvula Macho (Plug Furado) v
- 8.1. Válvula Macho (Plug)
- 8.2. Custo
- 8.3. Característica
- 8.4. Descrição
- 8.5. Vantagens
- 8.6. Desvantagens
- 8.7. Aplicação
- VÁLVULAS ESPECIAIS
- Objetivos de Ensino
- Introdução
- Válvula de Retenção
- 2.1. Conceito
- 2.2. Válvula de Retenção a Portinhola
- 2.3. Válvula a Levantamento
- 2.4. Válvula de Retenção Tipo Esfera
- 2.6. Válvula de Retenção e Bloqueio
- 2.7. Aplicações
- Válvula de retenção de excesso de vazão
- Válvula Auto-Regulada
- 4.1. Conceito
- 4.2. Vantagens do Regulador
- 4.3. Desvantagens do Regulador
- 4.4. Regulador de Pressão
- 4.5. Regulador de Temperatura
- 4.6. Regulador de Nível
- 4.7. Regulador de Vazão
- Válvula Redutora de Pressão
- 5.1. Conceito
- 5.2. Precisão da Regulação
- 5.3. Sensibilidade
- 5.4. Seleção da Válvula Redutora de Pressão
- 5.5. Instalação
- 5.6. Operação
- 5.7. Manutenção
- Válvula Solenóide
- 6.1. Solenóide
- 6.2. Válvula Solenóide
- 6.3. Operação e Ação
- 6.4. Invólucros da Solenóide
- SEGURANÇA 10. VÁLVULA DE ALÍVIO E
- Princípios básicos
- 1.1. Introdução
- 1.2. Objetivo
- 1.3. Terminologia
- 1.4. Normas
- Projeto e Construção
- 2.1. Princípio de Operação
- 2.2. Válvula com mola
- 2.4. Válvulas com piloto
- 2.5. Operação prática
- Dimensionamento
- Sobrepressão e Alívio
- 4.1. Introdução
- 4.2. Condições de Fogo
- 4.3. Fatores ambientais
- 4.4. Condições de processo
- Instalação
- 5.1. Introdução
- 5.2. Metodologia
- 5.3. Aplicação no Reator
- 5.4. Práticas de instalação
- 5.5. ASME Unfired Pressure Vessel Code
- TERMINOLOGIA
- 1.Escopo
- Classificação
- Ação
- Acessório
- Altura de velocidade (velocity head)
- Amortecedor ( Snubber )
- AOV
- ARC
- Atuador
- Automática
- Av
- Backlash
- Back Pressurre (contrapressão)
- Banda morta
- Bench Set
- Blowdown
- Bomba
- Booster, Relé booster de sinal
- Bucha (Gaxeta)
- Bypass
- Calor específico
- Capacidade de vazão
- Característica da vazão vi
- Carga viva
- Castelo
- Cavidade do corpo
- Cavitação
- Chave
- Ciclos da vida
- Cilindro
- Institute) Classe ANSI (American National Standards
- Coeficiente de Bernoulli
- Coeficiente de descarga
- Coeficiente de resistência
- Coeficiente de vazão (CV )
- Compressível e lncompressível
- Compressor
- Conexão terminal
- Corpo
- Curso ( travel, stroke )
- Desbalanceada, Dinâmica
- Desbalanceada, Estática
- Diafragma
- Disco
- Disco de Ruptura
- Distúrbio
- Drift (desvio)
- Eixo
- Elemento de Fechamento
- Elemento final de controle
- Emperramento ( stiction )
- Entrada
- Equipamento Adjacente
- Equipamento Auxiliar
- Estados correspondentes
- Exatidão (accuracy)
- Falha
- Fator de compressibilidade
- Fator de Recuperação da Pressão (FL)
- Fechamento na extremidade morta
- Fim de curso mecânico
- Flacheamento ( Flashing )
- Flange
- Gaiola
- Ganho da válvula de controle
- Gás ideal
- Gaxeta
- Golpe de Aríete
- Guia
- Haste
- Histerese
- Indicador do curso
- Kv
- Lift
- Linearidade
- Manual
- Modulação
- MOV
- Número de Reynolds
- Obturador
- Orifício de Controle da Vazão
- OSHA
- Override do sinal
- Pedestal (yoke)
- Pistão
- Plaqueta de dados
- Posicionador
- Precisão (precision)
- Pressão
- Queda de pressão
- Rangeabilidade da válvula
- Recuperação
- Redutor e Expansão
- Resistência Hidráulica
- Resolução
- Rosca
- Rotatória
- Ruído
- Schedule da Tubulação
- Sede
- Selos da Haste
- Sensitividade
- Sobrepressão
- Suprimento
- Temperatura crítica
- Tempo de curso
- Transdutor
- Trim
- Troubleshooting
- Tubulação
- Válvula
- Válvula de pé (Foot valve)
- Vazão
- Vazamento (leakage)
- Via ( port )
- Vedação
- Vena contracta
- Volante ( handwheel )
1
- Construção
Objetivos de Ensino
1. Mostrar as principais funções da
válvula na indústria de processo.
2. Listar as principais sociedades
técnicas e associações que
elaboram e distribuem normas sobre
válvulas.
3. Apresentar as funções da válvula de
controle na malha de controle do
processo.
4. Descrever fisicamente as partes
constituintes da válvula de controle
típica.
5. Mostrar todos os tipos disponíveis
de castelo da válvula.
6. Apresentar as características e
aplicações dos principais atuadores
de válvula.
1. Introdução
1.1. Válvula no Processo Industrial
Aproximadamente 5% dos custos totais
de uma indústria de processo químico se
referem à compra de válvulas. Em termos
de número de unidades, as válvulas perdem
apenas para as conexões de tubulação. É
um mercado estável de aproximadamente
US$ 2 bilhões por ano.
As válvulas são usadas em tubulações,
entradas e saídas de vasos e de tanques
em várias aplicações diferentes; as
principais são as seguintes:
1. serviço de liga-desliga
2. serviço de controle proporcional
3. prevenção de vazão reversa
4. controle e alivio de pressão
5. especiais:
a) controle de vazão direcional
b) serviço de amostragem
c) limitação de vazão
d) selagem de saídas de vasos
De todas estas aplicações, a mais
comum e importante se relaciona com o
controle automático e contínuo do processo.
1.2. Definição de Válvula de Controle
Várias entidades e comitês de normas já
tentaram definir válvula de controle, mas
nenhuma definição é aceita universalmente.
Algumas definições exigem que a válvula de
controle tenha um atuador acionado
externamente. Por esta definição, a válvula
reguladora auto-atuada pela própria energia
do fluido manipulado não é considerada
válvula de controle mas inclui válvula
solenóide e outras válvulas liga-desliga.
É polêmico considerar uma válvula liga-
desliga como de controle, pois algumas
definições determinam que a válvula de
controle seja capaz de abrir, fechar e
modular (ficar em qualquer posição
intermediária), mas nem toda válvula de
controle é capaz de prover vedação
completa. Não há consenso do valor do
vazamento que desqualifica uma válvula de
controle.
Outra definição de válvula de controle
estabelece que o sinal para o atuador da
válvula venha de um controlador
automático. Porém, é aceito que o sinal de
atuação da válvula pode vir de controlador,
estação manual, solenóide piloto ou que a
válvula seja também atuada manualmente.
Certamente, não há um limite claro entre
uma válvula de controle e uma válvula de
bloqueio com um atuador. Embora a válvula
de bloqueio não seja usada para trabalhar
em posição intermediária e a válvula de
controle não seja apropriada para dar
vedação total, algumas válvulas de bloqueio
Construção
3
nível, vazão ou controladores mais simples.
Neste caso, a válvula mais usada é a
solenóide, atuada por uma bobina elétrica.
O sinal de controle que chega ao atuador
da válvula pode ser pneumático ou
eletrônico. A válvula de controle com
atuador pneumático é o elemento final de
controle da maioria absoluta das malhas.
Mesmo com o uso cada vez mais intensivo e
extensivo da instrumentação eletrônica,
analógica ou digital, a válvula com atuador
pneumático ainda é o elemento final mais
aplicado. Ainda não se projetou e construiu
algo mais simples, confiável, econômico e
eficiente que a válvula com atuador
pneumático. Ela é mais usada que as
bombas dosadoras, alavancas, hélices,
basculantes, motores de passo e atuadores
eletromecânicos.
Há quem considere o elemento final de
controle o gargalo ou o elo mais fraco do
sistema de controle. Porém, as exigências
do processo químico são plenamente
satisfeitas com o desempenho da válvula
com atuador pneumático.
Fig. 1.2. Malha de controle com válvula
1.4. Funções da Válvula de Controle
Uma válvula de controle deve:
1. Conter o fluido do processo, suportando
todos os rigores das condições de
operação. Como o fluido do processo
passa dentro da válvula, ela deve ter
características mecânicas e químicas
para resistir à pressão, temperatura,
corrosão, erosão, sujeira e
contaminantes do fluido.
2. Responder ao sinal de atuação do
controlador. O sinal padrão é aplicado
ao atuador da válvula, que o converte
em uma força, que movimenta a haste,
em cuja extremidade inferior está o
obturador, que varia a área de
passagem do fluido pela válvula.
3. Variar a área de passagem do fluido
manipulado. A válvula de controle
manipula a vazão do meio de controle,
pela alteração de sua abertura, para
atender as necessidades do processo.
4. Absorver a queda variável da pressão
da linha, para compensar as variações
de pressão a montante ou a jusante
dela. Em todo o processo, a válvula é o
único equipamento que pode fornecer
ou absorver uma queda de pressão
controlável.
Fig. 1.3. Símbolos de uma malha de controle
A válvula de controle age como uma
restrição variável na tubulação do processo.
Alterando a sua abertura, ela varia a
resistência à vazão e como conseqüência, a
própria vazão. A válvula de controle está
ajustando a vazão, continuamente,
( throttling ).
Depois de instalada na tubulação e
para poder desempenhar todas as funções
requeridas à válvula de controle deve ter
corpo, atuador e castelo. Adicionalmente,
ela pode ter acessórios opcionais que
facilitam e otimizam o seu desempenho,
como posicionador, booster , chaves,
volantes, transdutores e relé de inversão.
Atualmente já são comercialmente
disponíveis válvulas inteligentes de
controle, baseadas em microprocessadores.
XIC
XT
XV
XE
XY
Construção
4
O projeto incorpora em um único
instrumento a válvula, atuador, controlador,
alarmes e as portas de comunicação digital.
As interfaces de comunicação incluem duas
portas serial, RS-422, para ligação com
computador digital; Várias (até 16) válvulas
podem ser ligadas ao computador.
Fig.1.4. Válvula com corpo, castelo e atuador
2. Corpo
2.1. Conceito
O corpo ou carcaça é a parte da
válvula que é ligada à tubulação e que
contem o orifício variável da passagem do
fluido. O corpo da válvula de controle é
essencialmente um vaso de pressão, com
uma ou duas sedes, onde se assenta o plug
(obturador), que está na extremidade da
haste, que é acionada pelo atuador
pneumático. A posição relativa entre o
obturador e a sede, modulada pelo sinal
que vem do controlador, determina o valor
da vazão do fluido que passa pelo corpo da
válvula, variando a queda de pressão
através da válvula.
No corpo estão incluídos a sede,
obturador, haste, guia da haste,
engaxetamento e selagem de vedação.
Chama-se trim todas as partes da válvula
que estão em contato com o fluido do
processo ou partes molhadas, exceto o
corpo, castelo, flanges e gaxetas. Em uma
válvula tipo globo, o trim inclui haste,
obturador, assento, guias, gaiola e buchas.
Em válvulas rotatórias, o trim inclui o
membro de fechamento, assento, haste,
suportes e gaxetas. Assim, o trim da válvula
está relacionado com:
1. abertura, fechamento e modulação da
vazão
2. característica da válvula (relação entre a
abertura e a vazão que passa através
da válvula)
3. capacidade de vazão (Cv) da válvula
4. diminuição das forças indesejáveis na
válvula, como as que se opõem ao
atuador, as que tendem a girar ou vibrar
as peças ou as que impõem pesadas
cargas nos guias e suportes
5. fatores para minimizar os efeitos da
erosão, cavitação, flacheamento
( flashing) e corrosão.
2.2. Elemento de controle
As válvulas podem ser classificadas em
dois tipos gerais, baseados no movimento
do dispositivo de fechamento e abertura da
válvula:
1. deslocamento linear
2. rotação angular
Fig. 1.5. Válvula globo com movimento linear do
elemento de controle (haste)
A válvula com elemento linear possui um
obturador (plug) preso a uma haste que se
desloca linearmente em uma cavidade
variando a área de passagem da válvula.
Construção
6
3. revestimentos
4. engaxetamento
5. selo
Corpo
Como a válvula está em contato direto
com o fluido do processo o seu material
interior deve ser escolhido para ser
compatível com as características de
corrosão e abrasão do fluido.
A parte externa do corpo da válvula (em
contato com a atmosfera do ambiente) é
metálica, geralmente ferro fundido, aço
carbono cadmiado, aço inoxidável AISI 316,
ANSI 304, bronze, ligas especiais para altas
temperatura e pressão e resistentes à
corrosão química. O material do corpo de
válvula que opera em baixa pressão pode
ser não metálico: polímero, porcelana ou
grafite.
As partes internas, (aquelas que estão
em contato com o fluido e são o interior do
corpo, sede, obturador, anéis de
engaxetamento e vedação) também devem
ser de material adequado.
Uma válvula de controle desempenha
serviço mais severo que uma válvula
manual, mas os materiais para suportar a
corrosão podem ser os mesmos. Se o
material é satisfatório para a válvula
manual, também o é para a válvula de
controle. A experiência anterior em uma
dada aplicação é o melhor parâmetro para a
escolha do material. A corrosão é um
processo químico complexo, que é afetada
pela concentração, temperatura, velocidade,
aeração e presença de íons de outras
substâncias. Há tabelas guia de
compatibilidade de materiais e produtos
típicos. Como exemplos
1. o aço inoxidável tipo 17 4pH é resistente
à corrosão de água comum mas é
corroído pela água desmineralizada
pura.
2. O titânio é excelente para uso com cloro
molhado mas é atacada pelo cloro seco.
3. O aço carbono é satisfatório para o
cloro seco mas é atacada rapidamente
pelo cloro molhado.
Fig. 1.9. Partes internas ou molhadas da válvula
Por isso, não há substituto para a
experiência real de processos menos
comuns. O pior da corrosão é que o material
corrosivo pode ser também perigoso e não
deve ser vazado para o ambiente exterior. O
sulfeto de hidrogênio (H 2 S) pode causar
quebras em materiais comuns da válvula,
resultando em vazamentos. Porém o H 2 S é
também letal.
Além da corrosão, fenômeno químico,
deve ser considerada a erosão, que é um
fenômeno físico associado com a alta
velocidade de fluidos abrasivos. Um
material pode ser resistente à corrosão de
um fluido com processo, mas pode sofrer
desgaste físico pela passagem do fluido em
alta velocidade e com partículas abrasivas.
Internos
As partes do trim (sede, plug, haste)
estão em contato direto com o fluido do
processo. Pelo seu formato, elas devem ser
de material torneável e o aço inoxidável é o
material padrão para válvulas globo e
gaveta. Para aplicações com alta
temperatura e fluidos corrosivos, são
usadas ligas especiais como aço 17-4pH,
ANSI 410 ou ANSI 440C e ligas
proprietárias como stellite, hastelloy, monel
e inconel.
Revestimento
Às vezes, o material que suporta alta
pressão é incompatível com a resistência à
corrosão e por isso devem ser usados
materiais diferentes de revestimento, como
elastômeros, teflon (não é elastômero),
Construção
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vidro, tântalo e borracha. Estes materiais
são usados para encapsulamento ou como
membros flexíveis de vedação.
A válvula deve ser revestida quando o
material molhado é muito caro, como os
metais nobres e o tântalo. Para ser possível
o revestimento, o corpo da válvula deve ter
um formato simples. Sempre está surgindo
material sintético diferente para suportar
temperaturas e pressões cada vez maiores.
A vida útil de um material de
revestimento depende de vários fatores:
concentração, temperatura, composição e
velocidade do fluido, composição do
elastômero, seu uso na válvula e qualidade
da mão de obra em sua instalação.
O teflon é usado como material de selo
para válvulas rotatórias e globo e para
revestimento e encapsulamento de válvula
esfera e borboleta. O teflon é atacado
somente por metais alcalinos derretidos,
como cloro ou flúor sob condições
especiais. Praticamente, ele não tem
problema de corrosão. As características
notáveis do teflon são:
1. O teflon é um plástico e não é um
elastômero.
2. Quando deformado, ele se recupera
muito lentamente.
3. Ele também não é resiliente como um
elastômero.
4. Ele é pouco resistente à erosão.
5. A sua faixa nominal de aplicação é de –
100 a 200 oC.
Há alguns problemas com o revestimento
de válvulas. O vácuo é especialmente ruim
para o revestimento e raramente se usam
revestimentos com pressão abaixo da
atmosférica. Os revestimentos devem ser
finos e quando sujeitos a abusos, eles são
destruídos rapidamente. Como o diâmetro
da válvulas é tipicamente menor que o
diâmetro da tubulação, as velocidades no
interior da válvula são maiores que a
velocidade na tubulação. Qualquer falha de
revestimento deixa o metal base exposto à
corrosão do fluido da linha, resultando em
falha repentina da linha.
Fig. 1.10. Válvula com revestimento interno
2.6. Conexões Terminais
A válvula é instalada na tubulação
através de suas conexões. O tipo de
conexões terminais a ser especificado para
uma válvula é normalmente determinado
pela natureza do sistema da tubulação em
que a válvula vai ser inserida. Uma válvula
de 4” (100 mm) é a que tem conexões para
ser montada em uma tubulação com
diâmetro de 4” (100 mm). Geralmente o
diâmetro das conexões da válvula é menor
que o diâmetro da tubulação onde a válvula
vai ser montada e por isso é comum o uso
de redutores.
As conexões mais comuns são:
flangeadas, rosqueadas, soldadas. Há
ainda conexões especiais e proprietárias de
determinados fabricantes. Os fatores
determinantes das conexões terminais são:
tamanho da válvula, tipo do fluido, valores
da pressão e temperatura e segurança do
processo.
Conexão rosqueada
As conexões rosqueadas são usadas
para válvulas pequenas, com diâmetros
menores que 2" ou 4". A linha possui a
rosca macho e o corpo da válvula a rosca
fêmea. É econômico e simples e muito
adequado para pequenos tamanhos.
As conexões rosqueadas podem se
afrouxar quando se tem temperatura
elevada com grande faixa de variação ou
quando a instalação está sujeita à vibração
mecânica. As roscas em aço inoxidável
tendem a se espanar, quando conectadas a
outros materiais e isso pode ser evitado
com o uso de graxas especiais.
Construção
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Fig. 1.14. Classes de flange versus temperatura e
pressão para aço carbono
Fig. 1.15. Válvula de 4 vias flangeada
Conexão wafer
Algumas válvulas possuem faces lisas,
em flange e são instaladas sanduíchadas
entre dois flanges da tubulação. São
chamadas de wafer e foram usadas
inicialmente em válvula borboleta estreita.
Atualmente, há válvula com corpo longo e
conexões wafer.
Devem ser tomados cuidados com os
parafusos, gaxetas, compressão, expansão
e contração dos materiais envolvidos.
Recomenda-se o uso de torquímetro para
apertar os parafusos e não se deve usar
este tipo de conexão em processos com
temperatura muito alta, muito baixa ou
grande variação.
A vantagem da conexão tipo wafer é a
ausência de flange na válvula, reduzindo
peso e custo. Também não há problema de
compatibilidade e ela pode ser inserida
entre dois flanges de qualquer tipo.
A desvantagem inclui os problemas
potenciais de vazamento e por isso
equipamentos com conexões tipo wafer são
considerados politicamente incorretos.
Fig. 1.16. Válvula borboleta com tomada tipo wafer
2.7. Entradas e Saída
A válvula de duas vias é a que tem
duas conexões: uma de entrada e outra de
saída. A válvula de duas vias é a mais
usada. Há aplicações de mistura ou divisão,
que requerem válvulas com três vias:
1. duas entradas e uma saída (mistura ou
convergente)
2. uma entrada e duas saídas (divisão ou
divergente)
A diferença na construção é que a força
do fluido é feita para agir em uma direção
tendendo a abrir ambos os obturadores em
cada caso, dando uma estabilidade
dinâmica sem o uso de grande atuador.
Construção
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Fig. 1.17. Válvula liga-desliga de 2 vias
Fig. 1.18. Válvula de controle de 2 vias
Fig. 1.19. Diferentes configurações de válvula de três
vias
Fig. 1.20. Esquema de válvula de 4 vias
Fig. 1.21. Vista de uma válvula de 4 vias
3. Castelo
3.1. Conceito
O castelo ( bonnet ) liga o corpo da
válvula ao atuador e completa o fechamento
do corpo. A haste da válvula se movimenta
através do engaxetamento do castelo. O
castelo também pode fornecer a principal
abertura para a cavidade do corpo para o
conjuntos das partes internas ou ele pode
ser parte integrante do corpo da válvula. É
fundamental que a conexão do castelo
forneça um bom alinhamento da haste,
obturador e sede e que ela seja robusto
suficientemente para suportar as tensões
impostas pelo atuador. Porém, há válvulas
que não possuem castelo.
Normalmente, é necessário remover o
castelo para ter acesso ao assento da
válvula e ao elemento de controle da vazão,
para fins de manutenção.
3.2. Tipos de castelos
Os três tipos básicos de castelo são:
1. aparafusado
2. união
3. flangeado.
O castelo e corpo rosqueados
constituem o sistema mais barato e é usado
apenas em pequenas válvulas de baixa
pressão.
O castelo preso ao corpo por uma
união é usado em válvulas maiores ou para
válvulas pequenas com alta pressão,
permitindo uma vedação melhor que a do
castelo rosqueado.
O sistema com castelo flangeado é o
mais robusto e permite a melhor vedação,
sendo usado em válvulas grandes e em
qualquer pressão.
O engaxetamento no castelo para alojar
e guiar a haste com o plug, deve ser de tal
modo que não haja vazamento do interior da
válvula para fora e nem muito atrito que
dificulte o funcionamento ou provoque
histerese. Para facilitar a lubrificação do
movimento da haste e prover vedação,
usam-se caixas de engaxetamento. Algumas
caixas requerem lubrificação periódica. Os
materiais típicos de engaxetamento incluem: