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Parte de uma aula de ortopedia e traumatologia básica de início da faculdade
Tipologia: Resumos
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Não perca as partes importantes!
Cenário 2 - 12/09/ 1 – Definir fratura exposta. 2 – Classificar fratura exposta de acordo com a classificação de Gustillo e Anderson. 3 – Identificar os sinais de uma fratura exposta. 4 – Entender o mecanismo que explique a presença de ferimento distante da região fraturada (cinemática do trauma). 5 – Explicar as possíveis complicações de fratura exposta. 6 – Citar os métodos diagnósticos para fraturas expostas. 7 – Compreender o tratamento para as fraturas expostas. FRATURA EXPOSTA INTRO Fratura exposta é toda aquela que se comunica com o meio externo, não necessariamente sendo visível o osso fraturado. Em alguns sítios anatômicos o diagnóstico é óbvio, como nas fraturas da face anterior da tíbia, onde o envelope de tecidos moles é bastante delgado. Entretanto, há situações onde é preciso estar bastante alerta, como nas fraturas que se comunicam com cavidades, como aquelas da pelve em solução de continuidade com as cavidades anal e vaginal. Etiopatogenia A fratura exposta é resultado de um traumatismo que, por sua vez, envolve certa quantidade de energia cinética. As variáveis que interferem com a magnitude da energia cinética no trauma são MASSA e VELOCIDADE, respeitando a seguinte fórmula: Ec = ½ m.v². A mensagem que a fórmula da energia cinética traz é que a velocidade do impacto é mais importante do que a massa do elemento causador da fratura. Por isso, um projétil de arma de fogo, de poucas gramas, disparado em propulsão, é capaz de causar grandes lesões esqueléticas. Quanto maior a energia cinética do trauma, maior o dano das estruturas do aparelho locomotor. Os tecidos moles são essenciais, tanto para a preservação da função do membro, quanto do aporte vascular ao osso. Por isso, há quem considere fratura exposta como sendo uma grave lesão de partes moles que encerra, em si, a perda de continuidade do tecido ósseo. Uma vez que os danos de tecidos moles possam variar desde uma simples lesão cutânea, até a interrupção da vascularização do membro, torna-se necessária uma linguagem universal que permita caracterizar a extensão do dano. Classificação Classificar uma fratura exposta é importante para que, desde o princípio, se estabeleça o prognóstico. Além disso, a utilização de um padrão na comunicação é essencial quando se deseja encaminhar um paciente para outra unidade de atendimento. A classificação de Gustillo e Anderson , pela simplicidade e por sua capacidade de orientar a tomada de decisões no primeiro atendimento é que a que deve ser conhecida por um médico generalista. As variáveis tomadas em consideração pela classificação de Gustillo e Anderson são o TAMANHO DA FERIDA, O GRAU DE CONTAMINAÇÃO E A GRAVIDADE DA LESÃO ÓSSEA. Segundo esta classificação, as fraturas são distribuídas em três grandes grupos: Grau I: são decorrentes de traumatismo de baixa energia, onde ao nível da fratura há uma lesão do tegumento menor que 1 cm em extensão. Esta lesão, em geral, reflete uma exposição de dentro pra fora, podendo ser causada por uma espícula óssea. A contaminação, nestes casos, geralmente é bem pequena. Grau II: são fraturas decorrentes de traumatismos de moderada energia e associadas a ferimentos que tenham entre 1 e 5 cm de extensão. O traço de fratura é geralmente simples e sem cominuição. Não há perda de tecidos moles, sendo a ferida, em geral, passível de simples reconstrução por aproximação. Grau III: aqui estão os traumatismos de maior energia, com feridas lacerantes extensas. Como este é um grupo bastante heterogêneo, com amplo espectro de possibilidades, ele é subdividido em três subgrupos:
III A: são fraturas de alta energia em que a exposição óssea poderá ser restaurada sem necessidade de enxertos. Ou seja, mesmo diante de feridas maiores do que 10 cm, elas apresentam bordos lineares, não há perda tecidual importante, sendo possível prever que, ao longo do tratamento, a cobertura definitiva ocorrerá pela aproximação das bordas dessa lesão. III B: são fraturas de alta energia em que há perda tecidual. Nessa situação, já é possível saber desde o primeiro atendimento que aquela lesão não permitira a cobertura óssea, exceto pela realização de algum procedimento de enxerto. III C: são fraturas associadas à lesão vascular. Neste grupo estão os membros isquêmicos, sem perfusão, que podem estar anexos ao restante do segmento apendicular por um segmento de partes moles, ou podem estar completamente amputados. É importante enfatizar que, independentemente do tamanho da lesão do tegumento, na vigência de um dano vascular, esta fratura passa a ser classificada como grau III C. *A classificação de uma fratura exposta é bastante dinâmica, uma vez que a extensão do dano pode progredir ao longo das horas/dias após o trauma. Assim, há uma classificação estimada no momento da admissão do paciente e uma classificação real, ocorrida após a remoção dos tecidos desvitalizados e ampliação da ferida no centro cirúrgico. * Diagnósticos Embora o exame clínico, forneça dados muitos adequados com respeito à extensão do dano de tecidos moles, grau de contaminação, perfusão distal do membro, sensibilidade e motricidade abaixo do nível de fratura, os exames de imagem são fundamentais para oferecer uma descrição exata do padrão de fratura ocorrido. O exame de imagem mais importante é a radiografia. Um bom exame radiográfico deve mostrar toda a extensão do osso onde se encontra a fratura. É comum, no cenário do pronto-socorro, que radiografias da perna, por exemplo, não incluam o tornozelo, o joelho ou ambas as articulações. Todas as vezes que se solicita uma radiográfica de um segmento diafisário, as articulações das extremidades deste segmento devem ser incluídas, para avaliar se uma fratura ocorrida no “centro” do osso se estende para uma de suas extremidades. Sempre devem ser solicitadas duas incidências ortogonais (AP + P) de cada segmento fraturado. No caso de fraturas articulares, as radiografias sob tração do membro podem ajudar a entender melhor o traço de fratura, especialmente em fraturas complexas com múltiplos fragmentos desviados. A ultrassonografia Doppler é outro exame importante que deve ser realizado todas as vezes em que houver dúvida quanto à perfusão distal do membro fraturado. Da mesma forma, a angiografia pode ser utilizada no centro cirúrgico em casos onde exista ausência de perfusão e se deseje saber o nível da obstrução vascular. *A fratura exposta não deve ser submetida a lavagens exaustivas ou remoções de tecidos desvitalizados na sala de admissão hospitalar. O motivo é que este é um local bastante suscetível a contaminações. Neste ambiente devem-se remover contaminações grosseiras com soro fisiológico e manter a ferida ocluída até que possa ser devidamente tratada em ambiente de centro cirúrgico. * Primeiro atendimento Os objetivos primários no tratamento das fraturas expostas são salvar a vida do paciente e salvar o membro, nesta ordem de prioridades. O tratamento será apresentado de acordo com o momento e o cenário em que se apresente ao médico. Pré-hospitalar: o primeiro atendimento à vítima de traumatismo deve seguir os princípios preconizados pelo ATLS®. Na cena do acidente é importante evitar o aumento da contaminação, ocluindo a ferida com um curativo limpo e estéril. O membro fraturado deve ser gentilmente tracionado, alinhado e, a seguir, imobilizado. A perfusão distal é sempre conferida, antes e após a imobilização do membro. No caso de fraturas diafisárias, a imobilização deve incluir as duas articulações adjacentes. No caso do ombro, uma tipoia deve ser utilizada. Para a coxa e o quadril, a imobilização do paciente é feita em prancha longa, ou podem ser empregados dispositivos de tração provisórios adaptados a férulas especiais, comumente existentes nas unidades de resgate. Na fase de ressuscitação, durante a avaliação primária do ATLS®, a fratura exposta pode contribuir para o desequilíbrio circulatório devido ao sangramento a ela associado, que deve ser contido com curativos compressivos. O uso de torniquetes só é permitido em casos de sangramento profuso e de difícil controle. O tempo de isquemia, nessas situações, deve ser monitorado, sendo o torniquete desinflado intermitentemente. Deve-se evitar a ligadura de vasos sanguíneos no atendimento de emergência.