





























































Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Prepare-se para as provas
Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Prepare-se para as provas com trabalhos de outros alunos como você, aqui na Docsity
Os melhores documentos à venda: Trabalhos de alunos formados
Prepare-se com as videoaulas e exercícios resolvidos criados a partir da grade da sua Universidade
Responda perguntas de provas passadas e avalie sua preparação.
Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Comunidade
Peça ajuda à comunidade e tire suas dúvidas relacionadas ao estudo
Descubra as melhores universidades em seu país de acordo com os usuários da Docsity
Guias grátis
Baixe gratuitamente nossos guias de estudo, métodos para diminuir a ansiedade, dicas de TCC preparadas pelos professores da Docsity
Textos de apoio para as disciplinas de Entomologia, Entomologia Econômica e Entomologia Florestal.
Tipologia: Notas de estudo
1 / 69
Esta página não é visível na pré-visualização
Não perca as partes importantes!
i
Textos de apoio para as disciplinas de Entomologia, Entomologia Econˆomica e Entomologia Florestal. Organizado por professores do Departamento de Zoologia da Universidade de Bras´ılia. A reprodu¸c˜ao destes textos ´e permitida apenas para uso nas disciplinas mencionadas acima.
Cap´ıtulo 1 - R. Constantino e P.C. Motta Cap´ıtulo 2 - R. Constantino e I.R. Diniz Cap´ıtulo 3 - R. Constantino Cap´ıtulo 4 - P.C. Motta Cap´ıtulo 5 - R. Constantino Apˆendices - I.R. Diniz
Vers˜ao 3 (14 de outubro de 2002).
Formatado com LATEX 2ε.
1.3 Insetos nocivos 2
lo homem, embora em geral existe resistˆencia cul- tural contra isso. Povos ind´ıgenas de todo o mundo utilizam v´arios insetos na dieta, como alados de cu- pins e formigas e larvas de besouro. Controle Biol´ogico: v´arios insetos s˜ao impor- tantes no controle de plantas e animais nocivos. Fauna de solo: muitos insetos vivem no solo, exercendo os seguintes efeitos: a) movimenta¸c˜ao de part´ıculas entre horizontes; b) acelera¸c˜ao da decom- posi¸c˜ao e reciclagem de nutrientes, com melhoria da fertilidade; c) agregam part´ıculas e perfuram t´u- neis, melhorando a estrutura e o arejamento. Esses processos biol´ogicos podem ser reduzidos ou elimi- nados com manejo inadequado, especialmente com uso excessivo de inseticidas. Medicina: v´arios insetos produzem substˆancias de interesse m´edico, como por exemplo os venenos de vespas e abelhas, pr´opolis e gel´eia real, que tˆem propriedades medicinais. Larvas de algumas esp´e- cies de moscas da fam´ılia Calliphoridae tˆem sido usadas no tratamento de feridas de dif´ıcil cicatri- za¸c˜ao; elas consomem o tecido morto e mantˆem a ferida limpa, acelerando a cicatriza¸c˜ao. Estudos cient´ıficos: muitos insetos tˆem sido usados em larga escala em experimentos de labo- rat´orio nas ´areas de fisiologia, gen´etica, evolu¸c˜ao, e comportamento. As moscas do gˆenero Drosophila, por exemplo, foram essenciais no desenvolvimento da gen´etica moderna. Valor est´etico: muitos insetos s˜ao valorizados comercialmente devido a sua aparˆencia ex´otica ou padr˜oes de colora¸c˜ao, freq¨uentemente com cores vi- vas e met´alicas. Algumas esp´ecies de borboletas alcan¸cam US$2000 por exemplar entre colecionado- res na Europa devido
a sua raridade e dificuldade de coleta. Em algumas regi˜oes existem cria¸c˜oes de borboletas com objetivo de utiliza¸c˜ao em artesana- to e objetos de arte.
Preju´ızos a plantas cultivadas: o dano anu- al ´e estimado em US$3 bilh˜oes nos EUA. Insetos fit´ofagos podem causar preju´ızos diretos e tamb´em transmitir doen¸cas das plantas. Produtos armazenados: preju´ızo anual de cer- ca de US$1 bilh˜ao nos EUA. Isso inclui o dano cau- sado por besouros e mariposas a gr˜aos armazena- dos, por mariposas a tecidos e roupas e por cupins
e besouros a madeira e papel. Problemas m´edicos e veterin´arios: danos es- timado em US$670 milh˜oes ao ano nos EUA. Po- dem ser divididos em: transmissores de doen¸cas (mal´aria, febre amarela, Chagas, etc.); insetos ve- nenosos (lagartas de fogo, vespas, abelhas, pot´os); parasitas: berne, bicho-do-p´e, piolhos; insetos incˆo- modos (mutucas, borrachudos, etc.), que incomo- dam o homem e animais dom´esticos podendo por exemplo reduzir a produ¸c˜ao de leite devido `a ir- rita¸c˜ao e conseq¨uente redu¸c˜ao na alimenta¸c˜ao das vacas. M´etodos de controle de pragas: os insetos nocivos podem ser controlados de v´arias maneiras. O controle qu´ımico ´e baseado na aplica¸c˜ao de subs- tˆancias t´oxicas, tanto orgˆanicas como inorgˆanicas, sendo que a maioria tem efeito sobre o sistema ner- voso. O controle biol´ogico consiste na utiliza¸c˜ao de predadores, parasitas e pat´ogenos para controlar as popula¸c˜oes de pragas. O controle baseado em com- portamento ´e feito com substˆancias que provocam respostas comportamentais nos insetos, como os fe- romˆonios sexuais, que s˜ao capazes de atrair alguns insetos para armadilhas. Existem tamb´em v´arios praticas culturais que auxiliam no controle de pra- gas, como a rota¸c˜ao de culturas. O manejo integra- do de pragas consiste no emprego racional de todos os m´etodos de controle do modo mais compat´ıvel poss´ıvel com o objetivo de manter a popula¸c˜ao da praga abaixo do n´ıvel de dano econˆomico.
Os artr´opodes correspondem a grande maioria das esp´ecies animais (cerca de 80%). Al´em do mai- or n´umero de esp´ecies, s˜ao os mais abundantes, os mais diversos, com papel vital em todos os ambi- entes da Terra, e o grupo com maior perspectiva evolutiva. As rela¸c˜oes com o homem s˜ao in´ume- ras, tanto “ben´eficas” quanto “prejudiciais”. Esse sucesso evolutivo (no ambiente terrestre) deve-se a diversos fatores: mecanismos que restringem a perda d’´agua (epicut´ıcula imperme´avel resistente `a desseca¸c˜ao), sistemas excretores e ´org˜aos de trocas gasosas que conservam ´agua, entre outros. O exoes- queleto (talvez a maior caracter´ıstica exclusiva do grupo) fornece prote¸c˜ao f´ısica e contra stress fisi- ol´ogico. A diversidade ´e resultado principalmente da especializa¸c˜ao diferencial de v´arios segmentos ou
1.4 Os Artr´opodes 3
apˆendices. A modifica¸c˜ao dos apˆendices tamb´em ´e encontrada em outro grupo bem sucedido - os ver- tebrados. A especializa¸c˜ao regional de grupos de segmentos `a diferentes fun¸c˜oes (tagmose) resultou nas partes do corpo, como cabe¸ca, t´orax e abdˆo- men. A plasticidade evolutiva da especializa¸c˜ao regional, junto com a variabilidade dos membros, s˜ao de importˆancia fundamental para o estabeleci- mento da diversidade e dom´ınio dos artr´opodos no mundo animal. Al´em dos extintos Trilobita, os artr´opodos se di- videm em trˆens grandes grupos: CRUSTACEA (os crust´aceos), CHELICERATA (aracn´ıdeos e paren- tes) e UNIRAMIA (miri´apodos e insetos). Os apˆen- dices constituem, talvez, a caracter´ıstica morfol´ogi- ca mais importante para separar os grandes grupos. Os apˆendices s˜ao expans˜oes articuladas da parede do corpo, com diversos segmentos. Existem dois tipos b´asicos, os unirremes (um s´o ramo, presen- tes nos quelicerados e unirremes) e birremes (com dois ramos, em forma de Y, presente nos crust´aceos e trilobitas). Estes grupos diferem na estrutura e arranjo de suas pernas e outros apˆendices, embrio- logia e morfologia externa e interna (ver Tabela 2). Se os artr´opodos constituem um filo (uma ´unica linhagem filogen´etica) ou se representam uma cate- goria de organiza¸c˜ao de forma de corpo com mais de uma origem, ainda est´a em debate, mas aqui se- r´a adotada a classifica¸c˜ao mais tradicional, ou seja, Filo Arthropoda com os trˆes subfilos acima.
Apˆendices unirremes. Cabe¸ca com um par de antenas, mand´ıbulas e maxilas, alguns grupos com um 2o. par de maxilas. Tronco com pernas locomo- toras funcionais ou modificadas. Di´oicos, com fer- tiliza¸c˜ao interna via espermat´oforo ou copula¸c˜ao. Exoesqueleto geralmente n˜ao calc´areo. Principal- mente terrestres, v´arios em ´agua doce, mas muito poucos marinhos. Os unirremes s˜ao tradicionalmente divididos em dois grandes grupos, os miri´apodos e os hex´apodos. N˜ao sabemos se os miri´apodos formam um grupo natural, nem se eles s˜ao efetivamente o grupo-irm˜ao dos insetos. Os miriap´odos s˜ao divididos em quatro classes, sendo as mais comuns Chilopoda (centop´ei- as) e Diplopoda (piolho de cobra).
Sistema de trocas gasosas que independe da di- fus˜ao dos gases do ambiente para os tecidos e vice- versa, e ´e portanto mais eficiente em evitar a perda d’´agua do que, por exemplo, daqueles dos tetr´a- podas terrestres, nos quais muito do vapor d’´agua ´e expirado durante a ventila¸c˜ao for¸cada dos seus pulm˜oes. Sistema excretor de t´ubulos de Malpighi compartilhados ´e, devido a sua associa¸c˜ao com o in- testino, tamb´em pelo menos potencialmente capaz de reduzir a perda d’´agua atrav´es da reabsor¸c˜ao da ´agua dos res´ıduos nitrogenosos depois que eles s˜ao descarregados no intestino posterior. A presen¸ca do exoesqueleto ao redor da superf´ıcie externa do corpo ´e uma barreira maior para a perda d’´agua do que os integumentos moles e ´umidos dos anel´ıdeos e moluscos. Entretanto, na maioria das classes unirremes, tal preven¸c˜ao da perda d’´agua ´e apenas parcialmente bem sucedida, e elas permanecem altamente ligadas a micro-habitats ´umidos no ou pr´oximo ao solo. Por exemplo: seus espir´aculos n˜ao podem ser fechados; pouca ´agua ´e recuperada dos res´ıduos nitrogenosos, o qual ´e principalmente em forma de amˆonia; e a cut´ıcula ´e relativamente perme´avel. ´e somente em um grupo que a perda d’´agua tem sido grandemente reduzida pela evolu¸c˜ao de me- canismos de fechamento espiracular, de uma epi- cut´ıcula cerosa imperme´avel, e de um sistema de recupera¸c˜ao de ´agua no reto. Este grupo, o dos in- setos pterigotos, ´e tamb´em de longe o maior e mais diverso dos Uniramia (e de todos os animais). Os mecanismos de reten¸c˜ao de ´agua vistos acima podem explicar porque os unirremes s˜ao t˜ao bem sucedidos quanto os aracn´ıdeos, mas n˜ao explicam o sucesso aparente muito maior. Isto ´e provavel- mente atribu´ıdo principalmente a posse pelos unir- remes de mand´ıbulas capazes de morder e masti- gar. Eles podem por alimento s´olido no intestino, e n˜ao est˜ao confinados a dieta l´ıquida, e portanto
a presas que devem ser externamente pr´e-digeridas. Com efeito, isto significa que os materiais de plan- tas est˜ao dispon´ıveis para os unirremes, e a terra ´e, acima de tudo, caracterizada pela abundˆancia de tecidos de planta relativamente duros que pre- cisam ser cortados e mastigados antes de poderem ser ingeridos. Em contraste marcante com os qua- se completamente predadores aracn´ıdeos, somente um grande grupo dos unirremes, as centop´eias, s˜ao
Hexapoda) Fonte: Gullan & Cranston, 1994, The insects: an outline of Entomology
O n´umero de indiv´ıduos pode ser expresso em fun¸c˜ao de sua densidade, atrav´es dos seguintes tipos de estimativa.
Popula¸c˜ao absoluta ´e o n´umero de indiv´ıduos por unidade de ´area (insetos/ha).
Intensidade de popula¸c˜ao n´umero de indiv´ıdu- os por unidade de habitat (insetos/planta).
Popula¸c˜ao b´asica n´umero de indiv´ıduos por uni- dade de ´area do habitat (insetos/ cm2 de fo- lha).
Popula¸c˜ao relativa n´umero de indiv´ıduos por unidade desconhecida. Permite apenas compa- ra¸c˜oes no espa¸co e no tempo (insetos coletados em armadilhas).
´Indice de popula¸c˜ao quando se estima os pro-
dutos (ex´uvias, fezes, etc) ou os efeitos (danos nas plantas) dos indiv´ıduos
Densidade ´e a rela¸c˜ao entre o n´umero de indiv´ı- duos de uma popula¸c˜ao em uma determinada ´area e a unidade espacial dessa mesma ´area.
Densidade absoluta quando se estima todos os indiv´ıduos de uma ´area
Densidade relativa estimativa de partes da po- pula¸c˜ao, sem conhecer o tamanho real da mes- ma. Permite compara¸c˜oes no espa¸co e no tem- po.
Dada a dificuldade de se conhecer o tamanho real da popula¸c˜ao, os m´etodos de estimativa do tama- nho populacional s˜ao na maioria das vezes relativos, e os principais exemplos dos mesmos s˜ao os seguin- tes. M´etodo do quadrado ´e o m´etodo mais simples, que consiste em se amostrar pequenas ´areas escolhidas ao acaso em uma grande ´area, que cont´em a popula¸c˜ao total. As condi¸c˜oes para seu emprego s˜ao: a) conhecimento exato da popula¸c˜ao do quadrado e b) conhecimento da rela¸c˜ao entre a ´area do quadrado e a ´area total. A densidade da popula¸c˜ao ´e estimada pela f´ormula:
D = A.N q.m
onde A = ´area do local da amostragem, N = n´umero total de indiv´ıduos coletados em todos os quadrados empregados (m) e q = ´area do quadrado. M´etodo da marca¸c˜ao e recaptura ´e um m´etodo relativamente simples e consiste em se coletar atra- v´es de um determinado processo de levantamento um certo n´umero de indiv´ıduos, marc´a-los, solt´a-los e depois recaptur´a-los pelo mesmo processo. Esse m´etodo, no entanto, implica nas seguintes premis- sas.
Os insetos marcados n˜ao s˜ao afetados pela marca- ¸c˜ao e as marcas n˜ao n˜ao se perdem;
Os indiv´ıduos depois de soltos distribuem-se uni- formemente pela popula¸c˜ao natural (n˜ao mar- cada);
A popula¸c˜ao ´e amostrada ao acaso, independente-
2.4 Etiquetagem 8
Gafanhotos, grilos e baratas (Orthoptera e Blat- taria): atrav´es da parte posterior do pronoto (superf´ıcie dorsal do prot´orax), logo `a direita da linha mediana.
Besouros (Coleoptera): atrav´es do ´elitro direito, cerca da metade entre as duas extremidades do corpo. O alfinete deve passar atrav´es do metat´orax e emergir do metasterno, para n˜ao danificar as bases das pernas
Borboletas e mariposas (Lepidoptera): alfinetadas no mesot´orax, entre as asas anteriores (no cen- tro). S˜ao usados esticadores de asas ou t´abuas de distens˜ao para manter as asas na posi¸c˜ao correta. As margens posteriores das asas an- teriores devem ser retas transversalmente, em ˆangulos retos. O corpo e as asas posteriores devem estar suficientemente para a frente pa- ra que n˜ao haja um espa¸co grande lateralmente entre as asas anteriores e posteriores.
Lib´elulas: podem ser alfinetadas horizontalmente atrav´es do t´orax, com o lado esquerdo para ci- ma. Se o esp´ecime tiver as asas reunidas sobre o dorso ou se a alfinetagem for feita com as asas abertas, ela deve ocorrer atrav´es da parte superior do dorso, abaixo da base das asas.
Amolecimento: Todos os insetos devem ser mon- tados, sempre que poss´ıvel, logo ap´os a coleta. Depois de secos, ficam geralmente quebradi¸cos. Se necess´ario, podem ser amolecidos numa cˆa- mara ´umida: fundo do frasco de boca larga coberto com areia ou pano molhado, com fe- nol para impedir o emboloramento; os insetos s˜ao colocados dentro do frasco em caixas rasas abertas, e o frasco deve ser hermeticamente fe- chado com rosca ou rolha. Leva em m´edia de um a dois dias.
Montagem em triˆangulo de cartolina Insetos pequenos podem ser montados em triˆan- gulos de cartolina de 8 ou 10 mm de comprimento e 3 ou 4mm de largura na base. O triˆangulo ´e alfinetado atrav´es da base e o inseto ´e colado na extremidade da ponta. O inseto ´e colado de lado com cola branca comum, evitando cobrir partes importantes do inseto que devem ser examinadas para a sua identifica¸c˜ao.
Montagem dupla com micro-alfinete Tamb´em para insetos pequenos. O inseto ´e alfinetado com um micro-alfinete (000), que por sua vez ´e fixado a uma base (pequeno peda¸co retangular de material macio) presa a um alfinete normal. A etiqueta fica no alfinete grande.
Em meio l´ıquido Geralmente ´alcool 70-80%, para insetos de corpo mole e imaturos. Adultos de cupins, tric´opteros, efemer´opteros, af´ıdeos e plec´opteros, devem ser conservados em l´ıquidos. Muitos insetos podem tamb´em ser preservados temporariamente em ´alcool e depois alfinetados. Boboletas, mariposas, lib´elulas e alguns outros insetos n˜ao podem ser colocados em ´alcool, que remove escamas e altera a cor. E preciso cuidado com a evapora¸´ c˜ao do ´alcool, que deve ser completado ou substitu´ıdo periodicamente.
Lˆaminas de microsc´opio Insetos muito pequenos podem ser montados em lˆaminas de microscopia: pulg˜oes, piolhos, pulgas, tripes, etc.
A etiquetagem correta ´e essencial e insetos sem etiqueta n˜ao tem valor algum. Insetos sem etiqueta enviados a especialistas para identifica¸c˜ao s˜ao ge- ralmente descartados. A informa¸c˜ao m´ınima a ser inclu´ıda na etiqueta ´e: local, data, nome do coletor. O local deve ser indicado de forma a que possa ser localizado num mapa, mesmo por um especialista estrangeiro. A data deve ter o mˆes em romanos e o nome do coletor deve ser abreviado. Outra infor- ma¸c˜ao importante no caso de insetos fit´ofagos ´e a planta hospedeira. Exemplo:
Brasil: DF, Bras´ılia Fazenda Agua Limpa´ 21-VIII- J. R. Silva col.
Insetos alfinetados: dimens˜ao das etiquetas (pa- pel branco relativamente duro): 1, 5 x 0, 8 cm.
2.4 Etiquetagem 9
Devem estar em altura uniforme no alfinete, pa- ralelas ao inseto e embaixo dele. Quando se usa apenas uma etiqueta, ela deve ser colocada cerca de 1, 5 cm acima da ponta do alfinete. Caso for usada mais de uma etiqueta (com Ordem e Fam´ı- lia do esp´ecime), a mais superior deve estar a esta distˆancia acima da ponta. As etiquetas devem ser orientadas para que todas possam ser lidas do mes- mo lado (de preferˆencia, do lado direito). Bloco de madeira: utilizado para garantir a uniformidade da posi¸c˜ao das etiquetas. Consiste em um bloco no qual s˜ao feitos orif´ıcios pequenos de profundidades diferentes, geralmente de 26, 18 e 10 mm. Insetos em meio l´ıquido: as dimens˜oes s˜ao va- ri´aveis, mas tanto o papel como a tinta devem ser resistentes ao ´alcool. Tradicionalmente se usa nan- quim sobre papel vegetal, que tem alta durabilida- de. Lˆaminas de microsc´opio: normalmente s˜ao usa- das etiquetas auto-adesivas coladas numa das pon- tas da lˆamina.
2.4 Etiquetagem 11
Figura 2.2: M´etodos de coleta de insetos. A. armadilha de Malaise; B. armadilha luminosa; C. armadilha tipo pit-fall; D. funil de Berlese
2.4 Etiquetagem 12
Figura 2.3: Montagem de insetos. A. orienta¸c˜ao correta do inseto para alfinetagem; B. ponto de inser¸c˜ao do alfinete em diferentes insetos.
Insetos, como todos os artr´opodes, s˜ao inverte- brados com corpo segmentado e exoesqueleto arti- culado. O exoesqueleto serve de suporte para os tecidos moles, pontos inser¸c˜ao de m´usculos, prote- ¸c˜ao f´ısica, e tamb´em determina a aparˆencia f´ısica do animal.
Segundo as teorias tradicionais sobre a evolu¸c˜ao dos insetos, eles s˜ao derivados de um ancestral ver- miforme, que aos poucos adquiriu pernas e outros apˆendices e um exoesqueleto. Os insetos s˜ao com- postos de cerca de 20 segmentos originais (somitos). Comparados com os miri´apodes (centop´eias e la- craias), os insetos apresentam um grau muito mai- or de tagmose, a coordena¸c˜ao e fus˜ao de segmentos que proporciona muitas vantagens funcionais. O resultado foi a divis˜ao do corpo em 3 partes distin- tas: a cabe¸ca, o t´orax e o abdome, cada um com apˆendices especialmente modificados. A cabe¸ca dos insetos pode ser dividida em 2 par- tes: o proc´efalo, que cont´em os olhos e as antenas, e o gnatoc´efalo, que cont´em as partes bucais. A com- posi¸c˜ao do proc´efalo ´e controversa, mas geralmente admite-se que ´e composto de 3 segmentos. J´a o gna- toc´efalo ´e claramente composto de 3 segmentos: o mandibular, o maxilar e o labial, correspondendo `as diferentes partes bucais. A cabe¸ca seria ent˜ao o resultado da fus˜ao de 6 segmentos ancestrais. De um modo geral, as placas esclerotizadas seg- mentais dorsais s˜ao chamadas de tergos e as ven- trais de esternos. A regi˜ao lateral ´e chamada de
regi˜ao pleural. Quando os tergos ou esternos s˜ao subdivididos, as partes recebem os nomes de tergi- tos e esternitos respectivamente. O t´orax consiste de 3 segmentos distintos: o pro- t´orax, o mesot´orax e o metat´orax. Originalmente o t´orax evoluiu em fun¸c˜ao da ado¸c˜ao do modo de an- dar de seis pernas (hex´apode), mas posteriormente forneceu um ponto de balan¸co a partir do qual as asas poderiam funcionar efetivamente e aumentou de tamanho com o aparecimento dessas no segundo e terceiro segmentos. O abdome consiste de 11 segmentos originais, os quais perderam a maior parte dos apˆendices. Vest´ı- gios de apˆendices abdominais podem ainda ser ob- servados em insetos primitivos e em embri˜oes de insetos mais derivados. Existe um pequeno grau de tagmose nos segmentos terminais, aos quais est˜ao ligadas as estruturas genitais e de oviposi¸c˜ao. Os v´arios apˆendices (pernas, antenas, asas) con- sistem de tubos ou placas, segmentados ou n˜ao, com articula¸c˜oes flex´ıveis nas juntas. V´arias partes do corpo do inseto podem ser cobertas com pelos de diferentes tipos. Muitos desses pelos tˆem fun¸c˜ao sensorial, e o arranjo deles pode ter valor taxonˆo- mico, isto ´e, auxiliar na identifica¸c˜ao das v´arias es- p´ecies.
A cut´ıcula ´e uma secre¸c˜ao da epiderme que co- bre todo o corpo do inseto, e tamb´em reveste as partes anterior e posterior do tubo digestivo e as traqu´eias. A cut´ıcula ´e diferenciada em 3 regi˜oes: a endocut´ıcula, a exocut´ıcula e a epicut´ıcula. A endocut´ıcula e a exocut´ıcula contˆem quitina, um polisacar´ıdeo muito resistente, embora flex´ıvel, que
3.1 Morfologia Externa dos Insetos 15
Figura 3.1: Morfologia externa de um gafanhoto.
forma uma estrutura fibrosa. A dureza do exoes- queleto ´e conferida por um processo chamado de esclerotiza¸c˜ao que resulta da interliga¸c˜ao de mol´e- culas de prote´ına na exocut´ıcula. A endocut´ıcula ´e reabsorvida pelo inseto durante a muda, enquan- to que a exocut´ıcula ´e eliminada na forma de uma ex´uvia. A epicut´ıcula, apesar de ser extremamente fina, ´e composta de v´arias camadas. A parte mais interna ´e formada de lipoprote´ınas, seguida de uma camada de lip´ıdeos polimerizados, uma camada de cera, e finalmente uma fina camada de cimento for- mada por prote´ınas e lip´ıdeos. A camada de cera ´e importante para limitar a perda de ´agua atrav´es da cut´ıcula. Diferentes partes do corpo do inseto s˜ao esclerotizadas ou endurecidas em graus diferen-
tes. Placas endurecidas s˜ao chamadas de escleritos, os quais s˜ao articulados entre si por ´areas flex´ıveis (membranosas). A superf´ıcie da cut´ıcula apresenta estruturas diversas: a) pelos e cerdas: unicelulares e geralmente sensoriais; b) espinhos: multicelula- res e r´ıgidos, sem articula¸c˜ao na base; c) espor˜oes: multicelulares e com articula¸c˜ao na base; d) micro- tr´ıquias: estruturas pequenas e acelulares formadas apenas de cut´ıcula; e) escamas: pelos achatados.
A c´apsula cef´alica de um inseto ´e dura e geral- mente arredondada. E aberta na regi˜´ ao bucal e pos- teriormente no forˆamem occipital, atrav´es do qual