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Tecnologia do DNA recombinante, Notas de estudo de Cultura

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Tipologia: Notas de estudo

Antes de 2010

Compartilhado em 21/10/2008

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Biologia Molecular
Prof. Edilson D. Araújo:
O download dessa apostila é disponibilizado pelos autores no site:
http://morpheus.fmrp.usp.br/td/download_apostila.php
TECNOLOGIA DO DNA RECOMBINANTE
Produzido por: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE MEDICINA DE
RIBEIRÃO PRETO
Alexandra A. C. Nascimento
Enilza Maria Espreafico
Maria Luisa Paçó Larson
Nádia Monesi
Nilce Maria Martinez Rossi
Vanderlei Rodrigues
Revisão: Eliana Valéria Patussi
Márcia A. S. Graminha
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Biologia Molecular

Prof. Edilson D. Araújo:

O download dessa apostila é disponibilizado pelos autores no site:

http://morpheus.fmrp.usp.br/td/download_apostila.php

♦♦ TECNOLOGIA DO DNA RECOMBINANTE ♦♦

Produzido por: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE MEDICINA DE

RIBEIRÃO PRETO

Alexandra A. C. Nascimento

Enilza Maria Espreafico

Maria Luisa Paçó Larson

Nádia Monesi

Nilce Maria Martinez Rossi

Vanderlei Rodrigues

Revisão: Eliana Valéria Patussi

Márcia A. S. Graminha

I. CONCEITOS BÁSICOS

1. INTRODUÇÃO

Até a década de 70, o DNA era o componente celular mais difícil de ser

analisado. Sua sequência de nucleotídeos de enorme tamanho e monotonia química era

geralmente analisada por meios indiretos como a sequência de proteínas e análise

genética. A partir da década de 70 novas tecnologias foram desenvolvidas permitindo o

isolamento e a purificação de genes específicos num processo chamado de clonagem

gênica. Na verdade, muitas destas técnicas são provenientes da Microbiologia,

Bioquímica, Imunologia e Genética Microbiana e permitiram que a análise do DNA

ganhasse um novo enfoque. O DNA tornou-se então, a molécula mais fácil de ser

analisada, sendo possível isolar regiões específicas, obtê-las em grande quantidade e

determinar a sua seqüência numa velocidade de milhares de nucleotídeos por dia.

A Tecnologia do DNA recombinante, como se convencionou denominar este

conjunto de técnicas, tem uma ampla aplicação. Ela pode ser usada para estudar

mecanismos de replicação e expressão gênica, na determinação da seqüência de um

gene e conseqüentemente da proteína que ele codifica, ou no desenvolvimento de

culturas microbianas capazes de produzir substâncias úteis tais como a insulina humana,

hormônio de crescimento, vacinas e enzimas industriais em grandes quantidades. Sua

aplicação comercial ou biotecnológica parece ter um potencial inesgotável.

Como conseqüência do desenvolvimento desta tecnologia é atualmente possível

realizar investigação de paternidade e o diagnóstico de doenças genéticas e infecciosas

através da análise de DNA.

2. CONCEITO DE CLONAGEM MOLECULAR

A origem do termo clonagem vem da Genética Bacteriana que considera uma

colônia de bactérias como um clone porque todos os indivíduos são geneticamente

idênticos à bactéria inicial.

A técnica central da metodologia do DNA recombinante é a clonagem molecular,

a qual consiste no isolamento e propagação de moléculas de DNA idênticas. A

clonagem molecular compreende pelo menos dois estágios importantes: primeiro o

Figura 1. Dois tipos de clivagem feitas por enzimas de restrição. As setas indicam os sítios de

clivagem. As linhas pontilhadas representam o centro de simetria da sequência.

Estas enzimas reconhecem seqüências específicas de 4 a 8 pares de base (pb) na

molécula de DNA e fazem dois cortes, um em cada fita. Há 2 tipos distintos de

clivagens: a) os dois cortes ocorrem no eixo de simetria da seqüência específica,

gerando extremidades abruptas, ou b) os cortes são feitos simetricamente, porém, fora

do eixo de simetria, gerando extremidades coesivas. Estes dois tipos de clivagens e suas

conseqüências estão mostrados na Figura 1.

Atualmente, mais de 1000 enzimas de restrição já foram identificadas. A

nomenclatura desenvolvida foi baseada na abreviação do nome do microrganismo do

qual a enzima foi isolada. A primeira letra representa o gênero e as outras duas a

espécie, seguido de um algarismo romano (ou outra letra) que indica a ordem da

descoberta ou a linhagem da qual ela foi isolada. Por exemplo, a enzima de restrição

denominada de Eco RI é purificada de uma Escherichia coli que carrega um fator de

transferência de resistência RI, enquanto que a Hind III é isolada da Haemophilus

influenzae, linhagem d III.

A Tabela 1 mostra a seqüência palindrômica e o local de clivagem de algumas

enzimas de restrição. Note que algumas enzimas deixam terminações coesivas enquanto

que outras fazem cortes abruptos ou não coesivos.

a) C livage m no eixo de sim etria

M oléculas com extrem ida des a bruptas M oléculas com extrem ida des coe sivas

b) C livage m sim étricam e nte situada ao

redor do eixo de sim etria

...TC GA...

...AG CT...

3 ’

5 ’

3 ’

5 ’

...GAA TTC...

...CTT AAG...

3 ’

5 ’ 3 ’

5 ’

Tabela 1. Algumas endonuclease de restrição: origem e sítios de clivagem. A seta indica

o local de clivagem. Pu e Pi referem-se, respectivamente, a qualquer purina e pirimidina.

O interesse por estas enzimas de restrição aumentou em 1973 quando se

percebeu que elas poderiam ser usadas para fragmentar o DNA deixando extremidades

de fitas simples de DNA que permitiam a ligação dos fragmentos. Isto significava que a

recombinação poderia ser efetuada em tubos de ensaio. Além disto, DNA bacteriano

poderia recombinar com DNA humano ou de qualquer outra espécie, abrindo a

possibilidade de clonar genes humanos ou isolar proteínas de culturas bacterianas.

Uma importante conseqüência da especificidade destas enzimas de restrição é

que o número de clivagens feito por cada uma delas no DNA de qualquer organismo é

definido e permite o isolamento de fragmentos deste DNA. Portanto, cada enzima de

M icro rg an is m o E n zim a

S eq u ên cia A lvo

E sc h e r ic h ia c o li E c o R I

B a c illu s a m y lo liq u e fa c ie n s H

H a e m o p h ilu s a e g y p tiu s

H a e m o p h ilu s a e g y p tiu s

H a e m o p h ilu s a e g y p tiu s

P ro v id e n c ia s tu a rtii

S tre p to c o c c u s a lb u s G

T h e r m u s a q u a tic u s

S e r ra tia m a rc e sc e n s

B re v ib a c te riu m a lb id iu m

B a c illu s g lo b ig ii

B a m H I

B g l I I

P st I

B a l I

S m a I

H a e I II

Ta q I

S a l I

H in d I II

H a e I I

G A A T T C

C T T A A G

G G A T C C

C C T A G G

A G A T C T

T C T A G A

P G C G C P i

P i C G C G P

u

y u

A A G C T T

T T C G A A

C T G C A G

G A C G T C

G T C G A C

C A G C T G

T G G C C A

A C C G G T

A G G C C T

T C C G G A

C C C G G G

G G G C C C

T C G A

A G C T

fragmentos com o mesmo conjunto de extremidades fitas simples. Portanto, fragmentos

de dois diferentes organismos (por exemplo, bactéria e homem) podem ser ligados por

renaturação das regiões de fita simples. Além disto, se a ligação for "selada" com a

enzima DNA ligase, depois do pareamento de bases, os fragmentos serão ligados

permanentemente.

A técnica de DNA recombinante tem um interesse especial se uma das fontes de

DNA clivado for um plasmídeo.

Figura 3. Construção de uma molécula de DNA híbrida a partir de fragmentos de

diferentes organismos obtidos com o uso de enzima de restrição.

A figura 3 mostra uma molécula de DNA de plasmídeo que tem somente um sítio

de clivagem para uma determinada enzima de restrição. A mesma enzima é usada para

clivar DNA humano. Se os fragmentos de DNA humano são misturados com o DNA

plasmidial linearizado, permitindo a ligação entre eles, uma molécula de DNA

plasmidial contendo DNA humano pode ser gerada. Este plasmídeo híbrido pode ser

inserido numa bactéria por transformação e então o inserto será replicado como parte do

plasmídeo. Geralmente antibióticos são acrescentados ao meio da cultura para selecionar

somente as linhagens que portam os plasmídeos (o plasmídeo usado para esta finalidade porta

resistência a pelo menos um antibiótico).

P lasm íd eo

de

E .coli

DN A hum ano

DN A liga se

P lasm íd eo híb rido

E nzim a E nzim a

GCA T

T ACG

TGCA TGCA

ACGT ACGT

T

G

C A

A

C

G T

T

G

C

A

T

G

C

A

A

C

G

T

A

C

G

T

5. DNA LIGASE

Conforme mencionado anteriormente esta enzima promove a ligação dos fragmentos de

DNA em vetores previamente clivados por endonucleases de restrição. A DNA ligase requer

um grupo OH livre na extremidade 3' de uma das cadeias de DNA e um grupo fosfato

na extremidade 5' da outra cadeia (Figura 4). A E.coli e o fago T4 codificam uma DNA

ligase capaz de selar fragmentos de DNA com dupla fita. DNA ligase isolada de E.coli

e de outras bactérias requer NAD

, enquanto que a isolada do bacteriófago T

requer

ATP como cofator.

Figura 4. DNA ligase cataliza a junção de duas fitas de DNA que são partes da molécula da

dupla-hélice.

Tipos de fragmentos de DNA que são ligados pela DNA ligase

a) Fragmentos com extremidades coesivas

As extremidades coesivas produzidas por várias enzimas de restrição permitem

dois fragmentos de DNA ligarem-se facilmente, através da formação de pontes de

hidrogênio pela complementariedade das bases. Finalmente a ligação covalente dos

fragmentos é realizada pela DNA ligase (ver figura 4).

b) Fragmentos com extremidade não coesivas

DNAs portando extremidades não coesivas são ligados com muito menos

eficiência que aqueles que tem extremidades coesivas. Uma concentração muito maior

DNA 3’ DNA

OH

-

O P O 5’

O

-

O

DNA 3’ O O 5’ DNA

O

P

-

O

DNA-Ligase

AT P ou N A D

Figura 5. Fragmentos de DNA com extremidades não coesivas podem ser transformadas em coesivas pela

adição de poli (A) e poli (T).

Figura 6. Fragmentos de DNA com extremidades não coesivas podem ser transformados em coesivas pela adição de

adaptadores e posterior tratamento com a enzima de restrição que reconhece o adaptador.

5’ 5’

3’ 5’ 5’

3’

AAAA TTTT

3’

3’

3’

AAAA TTTT

3’

3’

3’

5’ - E xonuclea se espe cífica

D eoxinucleotídio tran sferase te rm in al

E spaços p re enchido s com D N A P ol I. D N A ligase

para com pletar a ligação

+dATP +dTTP

DNA a ser inserido

GAATTC

CTTAAG

Adaptador

Sintético

T4 DNA ligase

GAATTC

CTTAAG

GAATTC

CTTAAG

Eco RI

AATTC

G

G

CTTAA

GAATTC

CTTAAG

Vetor

Eco RI

G AATTC

CTTAA G

6. TRANSFORMAÇÃO BACTERIANA

6.1.Conceito de transformação induzida

O processo de transformação constitui um evento de alta importância na técnica

de manipulação gênica. A transformação natural descrita por Griffith, em 1928, e por

Avery e colaboradores, em 1944, é um evento raro. No entanto em 1970, Mandel e

Higa encontraram que a E.coli tornou-se marcadamente competente para transformação

com DNA exógeno, quando a bactéria foi suspensa em cloreto de cálcio gelado e

submetida a um curto choque térmico à 42

o

C.

Estes mesmos autores também verificaram que as bactérias crescidas até a fase

log eram mais competentes do que aquelas isoladas de outros estágios do crescimento.

O procedimento do cloreto de cálcio que é usado até hoje produz uma eficiência

de transformação de 10

a 10

transformantes por micrograma de DNA (a eficiência de

transformação é geralmente expressa como o número de células transformadas, obtido a

partir de um micrograma de DNA plasmidial intacto).

O tamanho e a conformação da molécula do DNA, afeta o processo de

transformação. Plasmídeos pequenos são mais facilmente incorporados pela célula

bacteriana competente, DNA linear é pobremente incorporado, talvez pelo fato de

sofrer degradação pelas enxonucleases presentes no espaço periplasmático.

6.2. Mecanismos de captação do DNA

O mecanismo de captação da molécula do DNA pela bactéria competente ainda é

desconhecido. Uma hipótese é que as moléculas do DNA passam através de canais

situados nas chamadas zonas de adesão, que são locais onde a membrana interna e

externa da célula bacteriana se unem formando poros. Estes poros só estão presentes

durante o crescimento bacteriano (fase de crescimento exponencial).

Em condições naturais, a captação do DNA torna-se difícil, devido a repulsão

eletrostática existente entre as cargas negativas da camada de fosfolipídeos da

membrana bacteriana com a carga negativa do grupo fosfato da molécula do DNA.

O papel do cálcio é explicado pela hipótese de que a 0

o

C a fluidez da membrana

celular é cristalizada, estabilizando a distribuição dos fosfatos carregados. Os íons Ca

formam um complexo com este grupamento, cobrindo as cargas negativas, facilitando

Atualmente, os tipos básicos de vetores usados na metodologia do DNA

recombinante apresentam características especiais que os tornam excelentes veículos de

clonagem em diferentes situações.

A seguir, vamos apresentar os principais tipos de vetores atualmente em uso na

biologia molecular.

1. PLASMÍDEO

São pequenas moléculas de DNA dupla fita, contendo os elementos necessários

para a sua replicação e pelo menos um gene que confere resistência a antibiótico. Estes

elementos genéticos extra cromossomais variam de 5 a 400 kilobases e comumente

estão presentes em duas ou mais cópias por célula. Os plasmídeos presentes num grande

número de cópias são usados como veículos de clonagem desde que capacitem a

amplificação do segmento do DNA neles clonado.

Um plasmídeo para ser um bom vetor de clonagem deve conter as seguintes

propriedades:

a) possuir uma

origem de replicação (O), ou seja, uma seqüência de DNA que permita

que o vetor seja replicado na célula hospedeira,

b) apresentar dois ou mais sítios únicos de clivagem para endonucleases de restrição. O

conjunto destes sítios é denominado de Múltiplo Sítios de Clonagem (MSC) é o local

onde o inserto é incorporado ao vetor de clonagem,

c) possuir um gene que codifica um produto que distingue a célula transformada da

célula não transformada. Por exemplo, muitos vetores de clonagem carregam o gene

que confere resistência à ampicilina (Amp

R

). As células transformadas com tais vetores

são capazes de crescer num meio contendo o antibiótico, enquanto que as células não

tranformadas acabam morrendo.

A figura a seguir ilustra as principais características estruturais de um

plasmídeo.

Figura 8. Estrutura molecular de um plasmídeo tipico usado em clonagem molecular

Um dos passos fundamentais no processo de clonagem molecular é o uso de

enzima de restrição que produz extremidades compatíveis durante a clivagem do DNA a

ser clonado (inserto) e a do DNA receptor (vetor).

Uma vez que o DNA foi ligado ao vetor, esta molécula híbrida deverá ser

introduzida numa célula hospedeira geralmente bactérias, por um processo chamado de

transformação, para que o vetor possa sofrer replicações e consequentemente amplificar

o número de cópias do inserto. A bactéria transformada será facilmente reconhecida

pela aquisição de um novo fenótipo dado pelo plasmídeo, ou seja, capacidade de crescer

em meios contendo antibiótico.

2. FAGOS

Um dos vetores mais utilizados nos processos de clonagem molecular é o

denominado bacteriófago λλ, o qual comporta-se como um vírus da E.coli. Antes de

analisarmos o uso deste elemento como veículo de clonagem molecular, vamos mostrar

resumidamente as suas propriedades biológicas e estruturais.

2.1 Biologia do fago λλ

O fago λ é um parasita obrigatório da E.coli , o qual necessariamente deve

injetar o seu DNA na bactéria hospedeira para a sua multiplicação. Após a infecção da

E.coli o genoma do fago pode seguir duas vias:

A m p R

O

M S C

As figuras 9 e 10 ilustram o ciclo biológico do fago λ em uma célula

hospedeira e o genoma do fago λ com alguns dos seus principais genes,

respectivamente.

Figura 9. Replicação do fago λ no interior da célula hospedeira. Após adsorção (1) e injeção

(2) do genoma do fago λ

na bactéria, a via lítica indicada pelos números 3, 4 e 5 leva a

formação de novas partículas virais. Alternativamente, a via lisogênica (6) pode ser ativada

levando à integração do material genético viral ao genoma da bactéria hospedeira .

Figura 10. Genoma do fago λ

2.3 Controle de expressão dos genes do fago λλ

Seja qual for a via a ser seguida pelo fago λ, ou seja via lítica ou lisogênica, a

expressão dos genes envolvidos nestes circuitos começa pelos produtos dos genes

N

e

1

2

6

3

4

5

E m pa cotam e nto R eco m b ina ção R eg u laçã o R ep licaçã o L ise

cos A J

N C ro

p L pr

.cIII cI cII O P S R

in t

Cro , regulados pelos promotores pL e pR respectivamente situados à esquerda ( pL ) e à

direita ( pR ) do gene cI.

Durante o transcurso da via lítica , o produto do gene cro está diretamente

relacionado com a replicação do genoma do fago λ, através da indução da expressão

dos genes

OP

. Por outro lado, o produto do gene

N

está diretamente relacionado com a

expressão dos genes da região de empacotamento ou seja genes A e J , responsáveis pela

síntese das proteínas da cabeça e da cauda do fago λ como também da expressão dos

genes

S

e

R

, diretamente envolvidos com a lise da célula hospedeira.

Durante a via lisogênica , a transcrição também se inicia pelos promotores pL e

pR coordenando a expressão dos genes cII e cIII. O produto destes dois genes

coordena a expressão do gene cI que produz uma proteína repressora inibindo a

expressão dos genes responsáveis pelo empacotamento e a lise. Por outro lado, um

outro gene importante é o int cujo produto relaciona-se com a integração do fago no

genoma bacteriano estabelecendo o estado lisogênico.

2.4 O uso do fago λλ como vetor de clonagem molecular.

Durante o ciclo lítico, os genes envolvidos no processo de lisogênia são

dispensáveis e consequentemente a chamada região de integração do genoma do fago

pode ser totalmente substituída por um outro fragmento de DNA, sem que haja qualquer

alteração nos processos envolvidos na via lítica.

Uma das maiores vantagens de usar o fago λ como vetor de clonagem é que o

DNA inserido no fago é empacotado in vitro. Embora a eficiência de empacotamento

seja cerca de 10%, uma vez que os fagos são empacotados teremos 100% de eficiência

na infecção da E.coli hospedeira.

Este processo é altamente eficiente quando comparado com o da transformação

bacteriana com plasmídeos. Neste caso, os melhores resultados situam-se ao redor de

8

transformantes por μg de DNA o que significa que menos de 1 em 1000 plasmídeos

são transformados na E.coli hospedeira.

Outros derivados do fago λ são os chamados vetores de inserção, neste tipo de

vetor, os fragmentos de DNA que podem ser inseridos devem ter no máximo até 7kb de

tamanho para não alterar os processos de empacotamento do genoma do fago.

Os vetores de inserção derivados do fago

λ mais bem utilizados especialmente

na clonagem de cDNA, são os vetores

λ gt10 e o

λ gt11. Vamos a seguir fazer algumas

considerações sobre estes dois tipos de vetores.

No fago λgt10, o inserto geralmente cDNA é inserido no sítio da EcoRI situado

no gene repressor

cI

. O fago recombinante terá agora o gene

cI obstruído e

consequentemente produzirá durante a cultura, placas de lise com o centro claro

morfologicamente fácil de ser distinguida da placa não recombinante que possue o gene

cI íntegro e por conseguinte uma placa de lise turva.

Por outro lado, o fago λgt11 contém um sítio de restrição Eco RI localizado no

gene Lac Z, 53 pares de bases anterior ao código de término de expressão da enzima β

galactosidase. Quando o cDNA inserido no sítio da Eco RI contém sequências

codificadoras em fase de leitura com as sequências codificadoras do Lac Z, o cDNA

inserido é expresso como uma proteína fundida com a β-galactosidase. Esta expressão é

obtida na presença do IPTG (isopropil-β-D-galactosídeo) que é o indutor do promotor

Lac que juntamente com o substrato cromogênico X-gal irão produzir placas incolores

no caso do inserto estar presente e obstruir a expressão da enzima β-galactosidase, ou

placas azuis quando não há inserto e a enzima é expressa completamente ativa.

3. COSMÍDEO

A clonagem de fragmentos de DNA no fago

λ apresenta uma limitação na qual

o fragmento a ser clonado não ultrapasse cerca de 15kb (Figura 12). Na maioria das

vezes, esta dimensão é suficiente para conter um gene completo, incluindo as

sequências flanqueadoras. Entretanto, muitos genes apresentam dimensões da ordem de

35 a 40 kb e nestes casos, a técnica usada para a clonagem deste tipo de fragmento é a

chamada clonagem em cosmídeos.

Os cosmídeos, são plasmídeos que contém um fragmento de DNA do fago λ

que inclue o sítio cos. Estes cosmídeos podem ser usados como veículos de clonagem

molecular empregando o sistema de empacotamento in vitro. Este sistema, reconstitue a

estrutura do fago (cabeça e cauda) e assim é usado para infectar a célula hospedeira.

As enzimas do sistema de empacotamento do fago

λ reconhecem dois sítios

cos

situados 35 a 49Kb de distância e neste caso, somente fragmentos desta ordem de

tamanho serão convenientemente empacotados.

O DNA genômico é clivado com uma enzima de restrição que produz grandes

fragmentos de DNA, os quais serão ligados ao cosmídeo, também clivado com uma

enzima semelhante.

A situação ideal é que cada fragmento do DNA genômico apresente um sítio

cos nas suas extremidades. Durante o empacotamento, as enzimas do sistema

reconhecem os sítios cos situados a uma distância dentro de 49Kb, clivam estes sítios e

empacotam estas moléculas.

O DNA do cosmídeo é injetado no interior da célula hospedeira, circulariza

igual ao DNA do fago e replica como um plasmídeo normal, sem expressão de qualquer

função do fago. As células infectadas serão selecionadas com base na resistência

adquirida a um determinado antibiótico. A figura ilustra um típico processo de

clonagem em cosmídeo.