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Sistemas de Contenção para Áreas Contaminadas: Aplicações e Tipos, Trabalhos de Engenharia Civil

Neste projeto serão apresentadas as aplicações e tipos de sistemas de contenção, observando as vantagens e desvantagens de cada um.

Tipologia: Trabalhos

2019

Compartilhado em 19/08/2019

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IG-207/2016
SISTEMAS DE CONTENÇÃO
(1) Paulo Scarano Hemsi, (2) Paulo Paiva Oliveira Leite Dyer,
(1) Instituto Tecnológico de Aeronáutica São José dos Campos - SP
pauldyer@ita.br
RESUMO
Os sistemas de contenção são obras realizadas com o intuito de conter o fluxo hidráulico horizontal de
águas pluviais, subterrâneas, etc. Atualmente devido às preocupações ambientais quanto a
contaminantes presentes no solo, que são carregados por águas subterrâneas, estes empreendimento
se tornam uma solução para conter este contaminante para que não causem danos maiores ao meio
ambiente. A contenção deste resíduo restringe sua mobilidade, facilitando o processo de remediação
desta área. Na literatura são encontradas algumas aplicações em sistemas de contenção, bem como,
tipologias e métodos diferentes que deverão ser determinados a partir das especificidades do local onde
se se encontram estes passivos, o tempo que se deseja executar o projeto e os recursos disponíveis
para tanto. Neste projeto serão apresentadas as aplicações e tipos de sistemas de contenção,
observando as vantagens e desvantagens de cada um.
PALAVRAS-CHAVE: barreiras de contenção, solo-cimento, solo-bentonita, geomembrana, barreiras
hidráulicas, contaminações.
1. INTRODUÇÃO
Sistemas de contenção são obras de infraestrutura que tem por objetivo controlar ou
estancar fluxos de líquidos no sentido horizontal. Estas obras são normalmente
aplicadas em corpos d’água como rios, lagos, aquíferos, etc. Com o objetivo de isolar
uma determinada área a jusante do fluxo de água para se criar uma zona seca para a
realização de uma determinada obra como uma escavação ou barragem. Porém em
situações onde ocorre algum tipo de contaminação veiculada por meios hídricos como
em águas subterrâneas, estas intervenções se fazem necessário a fim de deter o
avanço desta pluma de contaminação para posterior tratamento do contaminante ou
simplesmente para o encapsulamento deste passivo, ou seja, sua total imobilização.
Neste presente trabalho serão abordados alguns usos de sistemas de contenção
aplicados a áreas de contaminação e os tipos destes sistemas, que dependendo da
região ou tipologia do passivo ambiental é mais recomendado ou não.
2. Contaminação de solos e águas subterrâneas
As contaminações em solos e aguas subterrâneas ocorrem devido a ação de
determinada substância tóxica xenobiótica (decorrente de algum processo
antropogênico) que flui diretamente no solo devido a algum tipo de vazamento em uma
planta industrial ou por disposição incorreta de um resíduo sólido (industrial ou urbano)
no solo quando sofre o processo de lixiviação devido a ação pluviométrica (EPA, 2016).
De acordo com a Norma Brasileira NBR 10004 (2004) os resíduos sólidos podem ser
classificados em classes, as quais definem como classe I os resíduos perigosos, que
são aqueles que oferecem perigo agudo a saúde humana e classe II-A e II-B que
caracteriza os resíduos inertes e não inertes.
Os tipos mais comuns de substâncias tóxicas são aquelas provenientes de disposição
indevida de resíduos sólidos, os chamados “lixões” ou varadouros a céu aberto e de
vazamentos em plantas industriais que sofreram algum tipo de falha ou plantas antigas
e desativadas.
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Baixe Sistemas de Contenção para Áreas Contaminadas: Aplicações e Tipos e outras Trabalhos em PDF para Engenharia Civil, somente na Docsity!

SISTEMAS DE CONTENÇÃO

(1) Paulo Scarano Hemsi, (2) Paulo Paiva Oliveira Leite Dyer,

(1) Instituto Tecnológico de Aeronáutica – São José dos Campos - SP pauldyer@ita.br

RESUMO

Os sistemas de contenção são obras realizadas com o intuito de conter o fluxo hidráulico horizontal de águas pluviais, subterrâneas, etc. Atualmente devido às preocupações ambientais quanto a contaminantes presentes no solo, que são carregados por águas subterrâneas, estes empreendimento se tornam uma solução para conter este contaminante para que não causem danos maiores ao meio ambiente. A contenção deste resíduo restringe sua mobilidade, facilitando o processo de remediação desta área. Na literatura são encontradas algumas aplicações em sistemas de contenção, bem como, tipologias e métodos diferentes que deverão ser determinados a partir das especificidades do local onde se se encontram estes passivos, o tempo que se deseja executar o projeto e os recursos disponíveis para tanto. Neste projeto serão apresentadas as aplicações e tipos de sistemas de contenção, observando as vantagens e desvantagens de cada um.

PALAVRAS-CHAVE: barreiras de contenção, solo-cimento, solo-bentonita, geomembrana, barreiras hidráulicas, contaminações.

1. INTRODUÇÃO

Sistemas de contenção são obras de infraestrutura que tem por objetivo controlar ou estancar fluxos de líquidos no sentido horizontal. Estas obras são normalmente aplicadas em corpos d’água como rios, lagos, aquíferos, etc. Com o objetivo de isolar uma determinada área a jusante do fluxo de água para se criar uma zona seca para a realização de uma determinada obra como uma escavação ou barragem. Porém em situações onde ocorre algum tipo de contaminação veiculada por meios hídricos como em águas subterrâneas, estas intervenções se fazem necessário a fim de deter o avanço desta pluma de contaminação para posterior tratamento do contaminante ou simplesmente para o encapsulamento deste passivo, ou seja, sua total imobilização.

Neste presente trabalho serão abordados alguns usos de sistemas de contenção aplicados a áreas de contaminação e os tipos destes sistemas, que dependendo da região ou tipologia do passivo ambiental é mais recomendado ou não.

2. Contaminação de solos e águas subterrâneas

As contaminações em solos e aguas subterrâneas ocorrem devido a ação de determinada substância tóxica xenobiótica (decorrente de algum processo antropogênico) que flui diretamente no solo devido a algum tipo de vazamento em uma planta industrial ou por disposição incorreta de um resíduo sólido (industrial ou urbano) no solo quando sofre o processo de lixiviação devido a ação pluviométrica (EPA, 2016).

De acordo com a Norma Brasileira NBR 10004 (2004) os resíduos sólidos podem ser classificados em classes, as quais definem como classe I os resíduos perigosos, que são aqueles que oferecem perigo agudo a saúde humana e classe II-A e II-B que caracteriza os resíduos inertes e não inertes.

Os tipos mais comuns de substâncias tóxicas são aquelas provenientes de disposição indevida de resíduos sólidos, os chamados “lixões” ou varadouros a céu aberto e de vazamentos em plantas industriais que sofreram algum tipo de falha ou plantas antigas e desativadas.

2.1 Varadouros a céu aberto

Anteriormente a normatização de disposição de resíduos sólidos que ocorreu em meados da década de 90 no Brasil (NBR 8119, 1996) os resíduos sólidos urbanos e industriais eram alocados em valas escavadas a céu aberto sem nenhum tipo de proteção ao solo. Este tipo de prática acabava por trazer sérios riscos ambientais em contaminação de solos e logo aquíferos (Figura.1), mas também problemas sociais decorrentes do povoamento irregular do entorno do lixão por populações de baixa renda, como ilustrado na Figura.2.

Figura.1: Ilustração da ação de contaminantes provenientes de um varadouro a céu aberto e a pluma de contaminação. Fonte: Educação Ambiental (2016).

Figura.2: Fotografias ilustrativas de um varadouro a céu aberto localizado no município de Duque de Caxias – RJ. Fonte Revista Superinteressante (2014).

Um dos casos mais polêmicos que disparou o alerta para este problema foi o que ocorreu no aterro Mantovani no final da década de 80, o qual possuía contaminação de metais pesados, borras oleosas, compostos orgânicos diversos, resíduos de destilação de solventes, sais inorgânicos, ácidos entre outros (RIBEIRO, 2010), descartados por mais de 60 empresas diferentes (Figura.3).

Figura.3: Fotografias ilustrativas do Aterro Mantovani. Fonte: Revista Ambiente Legal (2016).

Atualmente a fonte de contaminação ainda permanece no local e a exigência determinada pela CETESB ainda não se cumpriu em sua totalidade (CETESB, 2011).

Figura.6: Esquemas ilustrativos de um aterro sanitário regulamentado Classe II. Fonte: Educação Ambiental (2016).

2.3 Contaminações industriais

A origem das áreas contaminadas está relacionada ao desconhecimento da origem e aos procedimentos que foram adotados, seguros ou não para o manejo de substâncias perigosas e se ocorreram de acidentes ou vazamentos durante o desenvolvimento dos processos produtivos, de transporte ou de armazenamento de matérias primas e produtos. Uma área contaminada pode gerar problemas, como danos à saúde, comprometimento da qualidade dos recursos hídricos, restrições ao uso do solo e danos ao patrimônio público e privado, com a desvalorização das propriedades, além de danos ao meio ambiente, em maio de 2002, a CETESB divulgou pela primeira vez a lista de áreas contaminadas (CETESB, 2002), registrando a existência de 255 áreas contaminadas no Estado de São Paulo, o registro das áreas contaminadas é frequentemente atualizado e, após a última atualização, ocorrida em dezembro de 2015, foram totalizados 5.376 registros no Cadastro de Áreas Contaminadas e Reabilitadas no Estado de São Paulo (CETESB, 2015). A Figura.7 exibe o gráfico apresentando a evolução do número de áreas contaminadas cadastradas.

Figura.7: Gráfico evolutivo em função do tempo das áreas contaminadas cadastradas no Estado de São Paulo pela CETESB de 2002 a 2015. Fonte: CETESB (2015).

O aumento no número de áreas cadastradas observado nesta atualização demonstra o esforço na identificação de novas áreas, que passou, no último ano, de 5.148 registros para 5.378 considerando as regiões de São Paulo Capital do Estado, região metropolitana e outros 38 municípios da região metropolitana de São Paulo. Outra fonte de incremento da listagem de áreas contaminadas são aquelas consideradas suspeitas, em fase de investigação e que em caso de confirmação de contaminação passam à condição de área contaminada. A contribuição de 74% do número total de áreas registradas atribuídas aos postos de combustíveis é resultado do desenvolvimento do programa de licenciamento que se iniciou em 2001, com a publicação da Resolução CONAMA N°273, de 2000 (CONAMA, 2000). No atendimento à Resolução e contando com o apoio e sugestões da Câmara Ambiental do Comércio de Derivados de Petróleo, fórum que congrega técnicos da CETESB e representantes

do setor de combustíveis, da indústria de equipamentos e das empresas de consultoria ambiental.

Os principais grupos de contaminantes encontrados nas áreas contaminadas refletem o número de áreas contaminadas pela atividade de revenda de combustíveis, destacando-se os solventes aromáticos (basicamente representados pelo grupo dos BETEX: benzeno, tolueno, etilbenzeno e xilenos), combustíveis automotivos, hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (PAHs), metais e solventes halogenados, conforme pode ser observado na Figura.8.

Figura.8: Gráfico quantitativo das áreas contaminadas cadastradas no Estado de São Paulo pela CETESB em função do tipo de contaminante. Fonte: CETESB (2002).

A classificação das áreas contaminadas foi estabelecida pelo Regulamento da Lei 13.577/2009 (REGULAMENTO, 2009), aprovado pelo Decreto 59.263, (CONAMA,

  1. que estabelece as seguintes classes:
  • Área Contaminada sob Investigação (ACI): área onde foram constatadas por meio de investigação confirmatória concentrações de contaminantes que colocam, ou podem colocar, em risco os bens a proteger (REGULAMENTO, 2009);
  • Área Contaminada com Risco Confirmado (ACRi): área onde foi constatada, por meio de investigação detalhada e avaliação de risco, contaminação no solo ou em águas subterrâneas, a existência de risco à saúde ou à vida humana, ecológico, ou onde foram ultrapassados os padrões legais aplicáveis (REGULAMENTO, 2009);
  • Área Contaminada em Processo de Remediação (ACRe): área onde estão sendo aplicadas medidas de remediação visando a eliminação da massa de contaminantes ou, na impossibilidade técnica ou econômica, sua redução ou a execução de medidas contenção e/ou isolamento (REGULAMENTO, 2009);
  • Área em Processo de Monitoramento para Encerramento (AME): área na qual não foi constatado risco ou as metas de remediação foram atingidas após implantadas as medidas de remediação, encontrando-se em processo de monitoramento para verificação da manutenção das concentrações em níveis aceitáveis (REGULAMENTO, 2009);
  • Área Reabilitada para o Uso Declarado (AR): área, terreno, local, instalação, edificação ou benfeitoria anteriormente contaminada que, depois de submetida às

Figura.9: Estrutura molecular das moléculas que compões o grupo dos HPAs. Fonte: Meire (2007).

Organoclorados: Substâncias amplamente utilizadas em pesticidas e outros derivados, são altamente tóxicas e persistentes apresentando características de substancias carcinogênicas e acumulativas, são mais miscíveis em água, logo tem um fator de mobilidade maior na pluma de contaminação (Figura.11).

Figura.11: Estrutura de algumas moléculas de organoclorados. Fonte: REBELLO et. Al. (2007).

Metais: Decorrentes de processos industriais como produção de tintas, indústrias de couro, produção de fibras, entre outros. Os metais são substâncias nefrotóxicas e carcinogênicas, podem formar íons dissolvidos em água produzindo compostos altamente moveis na pluma de contaminação (Figura.12).

Figura.12: Estrutura de algumas moléculas de metais na forma reativa. Fonte: Ambiente Brasil (2016).

3 Sistemas de contenção

As barreiras hidráulicas, ou também chamadas de sistemas de contenção, são obras de infraestrutura que tem por objetivo barrar ou controlar o fluxo horizontal de líquidos. Estas barreiras físicas agem de maneira a isolar uma região de um aquífero onde será construída uma escavação para deposição de resíduos (aterro sanitário) ou evitar que uma pluma de contaminação avance em direção a um aquífero ou corpo d’água. Tal medida paliativa é realizada após a investigação preliminar onde são caracterizadas as propriedades do solo, do contaminante e sua mobilidade em relação ao tempo para assim se realizar o dimensionamento e o tipo de contenção adequada. Uma vez estagnado o contaminante, deve iniciar o processo de remediação da área, realizando o tratamento deste contaminante.

3.1 Aplicações

Dependendo da situação as barreiras de contenção são aplicadas em determinados casos que serão mais bem descritos a seguir.

3.1.1 Barreiras hidráulicas em aterros

Na construção de um aterro sanitário escavado que se localiza abaixo do nível d’água de um aquífero adjacente, se faz necessária a construção de sistemas de contenção para evitar a infiltração de água dentro da escavação a jusante do fluxo do aquífero em direção à escavação, construindo assim uma barreira a montante, em relação à escavação, de acordo com a Figura.13.

Figura.13: Esquemas de aplicação de sistemas de contenção na construção de aterros sanitários inferiores ao nível d’água do aquífero. Fonte: Adaptado de EPA-Waste Containment Facilities (1984).

Tal procedimento reduz o trabalho de estações de bombeamento montadas no interior da escavação melhorando as condições de trabalho para a construção do aterro, ilustrado na Figura.14.

Figura.14: Fotografias da construção de um aterro sanitário abaixo do nível do lençol freático local, no caso, o projeto conta com uma estação de bombeamento e sistema de contenção. Fonte: Ecossistemas (2016). 3.1.2 Barreiras em aterros sanitários antigos e lixões

De acordo com Milaré (2004), Lixões (varadouros a céu aberto) são locais onde são despejados resíduos sólidos diversos (orgânicos e inorgânicos) sem que haja o tratamento adequado do solo, ocasionando a poluição do ar (pela emissão de gás metano proveniente da decomposição dos resíduos orgânicos), do solo e dos lençóis freáticos (fonte subterrânea de água), tornando estas células um potencial passivo ambiental a aguas subterrâneas. Portanto a construção de barreiras de contenção nestes empreendimentos antigos e muitas vezes inoperantes é uma forma de sanar a contaminação do aquífero de modo a evitar a entrada de água limpa na região onde se localiza os resíduos. Tal aplicação pode ser realizada em áreas contaminadas de forma análoga, de acordo com a Figura.15;

desenvolvimento relativamente recente. Medem aproximadamente 0,5 m de largura, com comprimentos ilimitados (depende do projeto) e cerca de 10 a 15 m de altura.

Figura.17: Esquema do design da parede de estacas. Fonte: Adaptado de EPA-Waste Containment Facilities (1984).

Este tipo de sistema de contenção é diferente dos painéis de geomembrana, sendo relativamente mais espessos (espessura de parede> 3 mm) e rígidos, já os painéis de geomembrana tendem a ter uma espessura menor que 2,5 mm, maior largura e menor rigidez.

São instaladas ao empurrar ou vibrar as lâminas de plástico ou metal entrelaçadas no solo alternativamente, podendo ser necessários dispositivos de instalação especiais, como uma placa de acionamento à qual as estacas estão ligadas para promover uma vedação mais eficiente. Além deste procedimento, pode se inserir nas juntas entre as estacas um cordão de material que se expande quando hidratado, selando as placas entre elas (Sherard et al., 1963).

3.2.2 Paredes de Geomembranas

Paredes de geomembrana (ilustrado na Figura.18) representam um tipo relativamente novo de sistema de contenção que estão rapidamente ganhando popularidade, consistem de uma série de painéis de geomembrana unidos com Inter travamentos especiais ou instaladas como uma única unidade. Se os painéis de geomembrana contêm Inter travamentos, um cabo de expansão de água é usado para selar o bloqueio.

Figura.18: Fotografias ilustrativas da aplicação de Geomembranas em sistemas de contenção. Fonte: Ecossistemas (2016).

A tecnologia tem suas raízes na Europa, onde as paredes de corte de valas são preenchidas com cimento bentonita e tem sido comumente usadas por várias décadas, em que ocorrem problemas de condutividade hidráulica no aterro (maior ou igual a 1x10-7cm/s), exigindo materiais mais impermeáveis como os plásticos, inserindo a geomembrana em uma vala cheia de chorume ou instalada diretamente no solo usando uma placa de inserção especial.

3.2.3 Paredes de corte de valas

Também chamadas de paredes de corte de trincheira de lama, são descritas por Xanthakos (1979), Diappolonia (1980), EPA (1984), Ryan (1987) e Evans (1993) como

uma técnica de escavação feita à profundidade desejada usando uma retroescavadeira ou clamshell (Figura.19) em que a trincheira é cheia com uma suspensão de argila- água, que mantém a estabilidade das paredes laterais através da pressão hidrostática. Quando a trincheira é avançada a pasta tende a fluir para o solo circundante onde as partículas de argila são filtradas, formando uma pele fina de material relativamente impermeável ao longo da parede da trincheira chamada de "bolo de filtragem" (filter- cake), este material tem uma condutividade hidráulica muito baixa e permite que a pressão da pasta mantenha paredes estáveis na vala (Figura.20), no entanto, o nível de suspensão deve geralmente ser maior do que o lençol freático circundante, a fim de manter a estabilidade, caso contrário, um dique deverá ser construído para elevar a elevação da superfície ao longo do alinhamento da vala (Figura.21).

Figura.19: Fotografias ilustrativas dos equipamentos de retroescavadeira e clamshell respectivamente. Fonte: Directindustry e VCV engenharia (2016).

Figura.20: Esquemas ilustrativos dos componentes em um projeto de paredes de corte de valas. Fonte: Adaptado de EPA-Waste Containment Facilities (1984).

Figura.21: Esquemas ilustrativos da construção de diques, quando o nível d´’água esta acima da suspensão em projetos de paredes de corte de valas. Fonte: Adaptado de EPA-Waste Containment Facilities (1984).

Para o preenchimento desta vala, na maioria dos casos, a bentonita de sódio é utilizada, porém este material apresenta um problema que não se comporta como um gel em águas altamente salinas ou muito contaminadas, nesses casos, pode ser utilizado um mineral de argila alternativo tal como attapulgite, ou outros materiais para manter uma pasta viscosa (Figura.22).

1992). Para tanto, a geomembrana é montada em uma armação e a estrutura é rebaixada na pasta, em que a base da geomembrana contém um peso tal que quando a geomembrana é libertada da armação, a estrutura pode ser removida sem que a geomembrana flutue; 2. A geomembrana pode ser conduzida diretamente para o aterro CB ou SB em painéis com larguras da ordem de 0,5 a 1 m que são ligados a uma guia ou perfil de inserção, movido ou vibrado para o interior da vala. Uma metodologia igual à de uma parede de estacas;

- Outros métodos: Concreto estrutural pode ser usado como preenchimento contendo bentonita, concreto plástico (EVANS, 1993) e cinzas volantes.

3.2.4 Cortina de “Jet Grouting” ou poços secantes

A tecnologia de poços secantes é indicada para grandes obras e escavações especiais, onde se deseja imprimir um ritmo de escavação mais rápido e seguro. Não é uma técnica valida para qualquer tipo de solo, sempre é necessário fazer uma campanha de sondagem completa para que se possa traçar o perfil geológico- geotécnico para que se tenha conhecimento de onde passará o eixo do túnel, ou será executado o poço secante para que se possa conhecer os diferentes tipos de solos e alterações de rocha e a rocha sã, definindo a correta escolha para contenção e consolidação da escavação no entorno do poço (Figura.23).

Figura.23: Esquemas ilustrativos da sequencia executiva da execução das colunas para tratamento do poço secante permitindo a escavação e da construção e disposição da cortina. Fonte: Naressi Engenharia, Revista Infraestrutura Urbana e Keller Brasil (2016).

A cortina de Jet Grouting geralmente é mais utilizada para as obras dos poços secantes, são estacas sobrepostas espaçadas de tal sorte que formam colunas de solos cimentos sobrepostas ou secantes, garantindo nova resistência ao terreno, aumentando a sua capacidade de estabilidade, aumentando o seu SPT (Standart Penetration Test) original e oferecendo rapidez na execução e sendo de fácil aplicação. A técnica é especialmente indicada para solos fracos, moles e de baixa resistência, no campo geotécnico, é aplicada na melhoria das propriedades dos solos, para contenções, reforços de fundação, contenções de poços de grande diâmetro, e ate mesmo para trabalhar como fundação e reduções de permeabilidade dos solos, pelo

processo pode-se inclusive eliminar a surgimento de águas subterrâneas. Hoje em dia a técnica e utilizada inclusive para bloqueio de plumas de material contaminante, onde e feita no local que se determina o vazamento tóxico uma execução do fundo de laje com Jet-Grouting e das paredes laterais, impedindo o avanço da pluma de contaminação para o lençol freático e o leito de rios e mares, porém não indicado em obras de aterros sanitários.

- Deep Soil Mixing (DSM) e o Cutter Soil Mixing (CSM): A primeira técnica consiste no tratamento de solos moles por meio da mistura com agentes químicos estabilizantes, podendo-se utilizar cal e/ou cimento, formando coluna de material melhorado. Semelhante ao DSM, o CSM forma, em vez de colunas, painéis de material melhorado e pode suportar cargas mais elevadas, de acordo com a Figura.24;

Figura.24: Esquemas ilustrativos da sequencia executiva da execução das colunas de Jet Grouting. Fonte: Naressi Engenharia (2016).

- Jet Grouting: Nos últimos anos, uma técnica que vem crescendo em aplicações no Brasil é o jet grouting, que permite a melhoria de solos sem escavação prévia. A técnica consiste na injeção de nata de cimento no solo por meio de jatos horizontais ou verticais de alta pressão e velocidade (cerca de 250m/s). De acordo com o engenheiro Luiz Antônio Naressi Júnior, especialista em fundações pesadas e em geotécnica, em função do movimento rotacional que provoca, a calda de cimento desagrega o solo misturando-se a ele para constituir colunas cilíndricas ou painéis de solo-cimento, material que apresenta características mecânicas melhores, além de menor permeabilidade. Tanto o diâmetro quanto a resistência das colunas são funções da característica do terreno e do método de execução. Disponibilizado por algumas empresas no Brasil, o jet grouting vem sendo indicado para todos os casos em que, pela heterogeneidade dos terrenos ou pelas características de permeabilidade, torna- se difícil a execução dos sistemas tradicionais de injeção e de perfuração.

3.3 Regulamentações

Em sistemas de contenção, as paredes de estacas e Geomembranas vêm evoluindo ao longo tempo em relação aos materiais utilizados e ensaios de qualidade como ensaios de tração em materiais plásticos na pré-construção e outros ensaios em materiais enterrados como a exumação de Geomembranas executando ensaios de tração e dureza (HEMSI, 2009), verificando a durabilidade do sistema ao longo do tempo.

São executados com frequência ensaios para verificação da qualidade das juntas em Geomembranas, como ensaios de pressão, em que são aplicadas pressões utilizando ar comprimido em pontos onde foram feitas soldas plásticas entre as folhas de geomembrana.

Em paredes de corte de trincheira nenhum tipo padrão ou frequência de testes evoluíram na indústria para a construção destas paredes de corte vertical, entre as

superfície. Um dos requisitos da construção é se o lençol freático é alto, pode ser necessário construir um dique para garantir que o nível d’água na obra está acima do nível da água subterrânea (Figura.21). Pode haver restrições de grau nas especificações de construção que exigirão alguma regeneração da superfície ou construção de diques em áreas baixas. O trabalho de preparação do local também incluirá tipicamente a preparação de superfícies de trabalho para misturar materiais. Técnicas especiais podem ser necessárias para a exatidão em torno das linhas de utilidade.

4.3 Escolha da tipologia do sistema

Nesta etapa é definido o tipo de sistema de contenção, que na verdade já foi definido nas etapas de projeto, podendo ser paredes de estacas, geomembranas, paredes de corte de valas ou cortina de jet grouting. Definindo também a aplicação, seja para evitar infiltrações em aterros abaixo do nível do aquífero, isolamento em lixões ou zonas contaminadas, encapsulamento em aquitards, entre outros já mencionados neste trabalho.

4.4 Aquisição e preparo de materiais

Dependo da tipologia do sistema de contenção os materiais são adquiridos, nas quantidades necessárias, e levados ao local da obra, sendo então preparados de acordo com suas especificidades.

- Paredes de estacas: As laminas de plástico ou metal são adquiridas nas quantidades necessárias e montadas de forma intercalada, observando-se as juntas entre as placas de modo que garantam uma maior vedação; - Paredes de Geomembranas: As Geomembranas são adquiridas e montadas em molduras ou guias e depois são unidas (as folhas individuais) de forma intercalada e soldadas uma a uma de modo a formar uma “parede” com o tamanho determinado no projeto e com a vedação adequada; - Paredes de corte de valas : A bentonita pode ser misturada com água numa operação de mistura em batelada ou em flash. No sistema de lote são adicionadas quantidades especificadas de água e bentonita num tanque e misturadas a altas velocidades com uma bomba, misturador de pás, ou outro dispositivo que proporcione uma mistura de cisalhamento coloidal de alta velocidade adequada. A água e a argila são misturadas até a hidratação estar completa e as propriedades desejadas da suspensão terem sido alcançadas. A mistura completa é geralmente conseguida em poucos minutos. O tamanho dos misturadores de lote varia, mas tipicamente um misturador de lote produzirá vários metros cúbicos de pasta mista ao mesmo tempo. Já para o cimento, este já vem misturado em caminhões tal como acontece em obras de construção civil; - Cortina de Jet grouting: As misturas utilizadas no Jet Grouting são análogas às utilizadas nas paredes de corte de valas.

4.5 Instalação

Paredes de estacas: As laminas de plástico ou metal montadas são posicionadas no local onde serão instaladas, de acordo com os croquis de projeto e com a ajuda de um GPS, são erguidas por uma retroescavadeira ou equipamento similar até atingirem ficarem ortogonais ao solo, são então encravadas e vibradas utilizando equipamentos hidráulicos até a total inserção no solo;

- Paredes de Geomembranas: São escavadas as trincheiras na profundidade desejada de largura entre 0,5 a 1m, com o comprimento determinado no projeto. As

telas ou geomembranas com guias são baixadas nas valas e os espaços preenchidos com mistura de solos local compactados;

- Paredes de corte de valas: São escavadas valas com larguras, comprimentos e profundidades de acordo com o projeto, as valas são deixadas preenchidas com a suspensão de argila e água local para manter a estabilidade delas. Caso esta estabilidade seja muito fraca, são inseridas escoras. A suspensão é retirada das valas e são despejadas as misturas de SB ou CB deixando as secar em seguida; - Cortina de Jet Grouting: São feitos poços secantes espaçados de acordo com o projeto. O equipamento ao atingir o fundo da profundidade desejada, sobe novamente e neste processo a mistura desejada (seja SB ou CB) já é despejada e misturada ao solo local. Após o endurecimento destes primeiros poços espaçados, são executados poços entre estes, produzindo assim a cortina de contenção (Figuras.23 e 24).

4.6 Limpeza e desmobilização

Após o término do projeto, a área é desmobilizada e limpa e então feitas coberturas sob o projeto, também chamados de “Caps”. Um Cap de parede de corte horizontal representa a tampa superficial final em cima da parede. A tampa pode ser projetada para minimizar a infiltração, suportar cargas de tráfego ou servir a outros propósitos.

4.7 Relatórios de projeto

Para elaboração dos relatórios deverão estar inseridas na sequência do trabalho, com a mesma observação, fotos, definições de figuras e gráficos. Todas as figuras, gráficos e fotos devem ter legenda e possuírem referência no texto. Esses elementos do texto devem ter numeração sequencial, permitindo assim a referencia e citação no texto.

As legendas devem seguir a mesma formatação dos parágrafos, com alinhamento centralizado. Legendas de Figuras e Fotos devem ser colocadas abaixo das mesmas; legendas de Quadros e Tabelas devem estar acima dos mesmos.

5. CONCLUSÕES E DISCUSSÕES

Os sistemas de contenção podem possuir diversas aplicações em áreas contaminadas por resíduos industriais, lixões desativados ou aterros sanitários em construção. Cada uma destas aplicações determina o tipo de sistema, de acordo com as características morfológicas do solo, características hidrodinâmicas do aquífero e recursos para a construção das obras.

As paredes de estacas é uma técnica que oferece uma execução de projeto mais rápida, possui um investimento moderado, porém tem desvantagens quanto a vedação total (garantias de vedação) e depende da resistência do solo (indicado para solos mais moles).

Paredes de Geomembranas são técnicas mais inovadoras, se trata de uma tecnologia que esta em constante evolução, mas necessitam de cuidados mais apurados na instalação das telas ou guias. A vantagem é que oferecem uma vedação mais efetiva e um custo moderado.

Corte de valas de com SB ou CB é de longe a técnica mais utilizada e difundida e também a mais antiga. Se for bem executada possui uma durabilidade e confiabilidade superior às outras técnicas, porém tem um custo mais oneroso e um tempo de execução maior.

E cortinas de jet ground, também são bem difundidas mas mais aplicadas a obras de reforço estrutural, sendo aplicadas a contenção de contaminantes mais recentemente.

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