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O lúdico no Cuidado de Enfermagem
Tipologia: Notas de estudo
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Joinville Junho – 2010
Segundo Mitre (2006), no Brasil, a cada ano, mais de um milhão e meio de crianças passam por uma hospitalização e o impacto que essa experiência pode provocar na vida dessas crianças é uma questão que deve estar inclusa nas ações
nos vínculos afetivos da criança com sua família e com o próprio ambiente em que vive” (p.3), e isto se deve ao fato de a criança ver a hospitalização como um abandono por parte dos pais, ou como sendo uma punição pelos seus erros, além de fantasiarem coisas à respeito do hospital, o que gera ansiedade e, por conseguinte, reações emocionais oscilando entre medo e agressividade. No espaço hospitalar a criança vivencia as rotinas do serviço de saúde e o seu processo de desenvolvimento ao mesmo tempo, e quando exposta à situações de medo, torna-se insegura e ansiosa (WONG, 1999). O tratamento da criança, quando hospitalizada, inclui experiências dolorosas como injeções, biópsias, curativos, sondagens, punções, etc. Chaud et al (1999) afirmam que as crianças de 2 à 7 anos são as mais vulneráveis aos efeitos destas experiências, pois, nesta etapa da vida, a criança apresenta uma estrutura cognitiva e psicoemocional em desenvolvimento, o que explica os recursos limitados que ela tem para enfrentar situações dolorosas e a sua “dificuldade” de entender a realidade, por isso recorre freqüentemente à fantasia. O brincar é uma atividade básica da infância, pois funciona como uma linguagem, não verbal, de domínio da criança, que permite a estruturação do pensamento, da linguagem oral e da construção do conhecimento (VYGOTSKY, 1991). O brinquedo é um “mediador” de relações e estreita o contato humano, portanto, utilizar-se deste meio durante a internação hospitalar, propicia um ambiente facilitador do cuidado e das relações entre a criança e a família com a equipe de saúde. O brincar permite que a criança se comunique com o mundo que a rodeia e é uma estratégia muito eficaz para auxiliá-la à superar barreiras, adversidades e acabar com todo o estresse e medo que a hospitalização representa para ela, pois ao se submeter à hospitalização, a criança precisa estabelecer novas relações e adaptar-se à este ambiente (PEDRO; et al, 2007). A criança, através do brinquedo, descobre novas possibilidades que o mundo lhe oferece, através da exploração do mesmo, com essa troca do que é real para o que é imaginário. Esse intercâmbio (entre o real e o imaginário) permite à ela assumir um desempenho ativo em seu tratamento, pois quando ela é capaz de fazer suas escolhas, ela se torna agente de suas transformações (PEDRO; et al, 2007). O brincar, ainda, permite que a criança libere temores, tensões, ansiedade e frustração, possibilitando satisfação, diversão e espontaneidade (MITRE; GOMES, 2004). Exercitam suas potencialidades e podem reviver situações que lhe causaram
enorme alegria, ansiedade, medo ou raiva (PEDRO; et al, 2007). Mitre (2006) afirma que quanto mais estruturado for o brinquedo, menor será seu valor como instrumento de brincar, pois menos oportunidade de criação na brincadeira oferecerá. Por exemplo, o que leva uma criança a brincar de médico, não é o fato de ter em mãos um estetoscópio ou uma seringa, mas sim a vontade dela de “ser outra pessoa”, de exercer outro papel que a “atrai, fascina ou desafia” (p.290). A criança, ao brincar, não reproduz simplesmente a realidade, mas ela imita, cria e reconstrói, de modo único, singular e criativo tudo aquilo que observou (VYGOTSKY, 1991). Assim, ela transpõe limites, pois na brincadeira pode ser o que quiser: mãe ou filho, médico, super-herói, vilão ou mocinho. Quando brinca, não tem medo de se ferir ou de sofrer, pois tudo é “transformável” e pode recomeçar. Na brincadeira ela luta, derruba, reconstrói, cria, morre e já se levanta (MITRE, 2006). Os diferentes tipos de brinquedos permitem que a criança, de acordo com a idade, desenvolva seu potencial nas áreas de socialização, linguagem, psicomotricidade e criatividade (POLETI; et al, 2006). Figueiredo (2003), afirma que o “brincar é tão importante para a criança quanto provê-la de boa alimentação, sono tranquilo, ambiente adequado de moradia, segurança, carinho e respeito” (p.32). Além de estabelecer uma infância saudável, é um alicerce para formar um adulto feliz, criativo, equilibrado, aberto à relações e à vida. Analisando o fato de que a brincadeira descontrai o ambiente fazendo a criança esquecer o motivo pelo qual está no hospital, observa-se a importância de incorporar esta ação no cuidado prestado. Figueiredo (2003) enfatiza esta importância e ainda acrescenta que na enfermagem a brincadeira é terapêutica e tem os objetivos de recuperar a criança, manter seus elos com o sonho e a realidade, amenizar o sofrimento e a dor, juntar as crianças com os outros e possibilitar sua liberdade, mesmo quando hospitalizada.
O brincar/brinquedo proporciona momentos de interação, brincadeiras e estímulos, onde a criança mergulha no seu mundo de fantasias, e tem o controle de
DESLANDES, S. Análise do discurso oficial sobre a humanização da assistência hospitalar. Rev. Ciência & Saúde Coletiva , vol. 9, nº 1, p. 7-14, 2004.
FIGUEIREDO, N. M. A. de. Ensinando a cuidar da criança. São Paulo: Difusão,
MINAYO, M. C. S. Dilemas do setor saúde diante de suas propostas humanistas. Rev. Ciência & Saúde Coletiva , vol. 9, nº 1, p. 17-20, 2004.
MITRE, R. M. A. O brincar no processo de humanização da produção de cuidados pediátricos. IN: DESLANDES, Suely Ferreira (org). Humanização dos cuidados em saúde: conceitos, dilemas e práticas. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2006. cap. 11, p. 283-300.
MITRE, R. M. A; GOMES, R. A promoção do brincar no contexto da hospitalização infantil como ação de saúde. Rev. Ciência e Saúde Coletiva. Vol 9, nº 2, p. 147-154, jan/2004.
PEDRO, I. C. S; et al. O brincar em sala de espera de um ambulatório infantil na perspectiva de crianças e seus acompanhantes. Rev. Latino americana de Enfermagem. Vol 15, nº 2, mar-abr/2007.
POLETI, L.C; et al. Recreação para crianças em sala de espera de um ambulatório infantil. Rev. Brasileira de Enfermagem, vol. 59, n. 02. Brasília: mar-abr, 2006.
VYGOTSKY, L. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
WONG, D. L; Whaley & WONG. Enfermagem Pediátrica – Elementos essenciais à intervenção efetiva. 5 ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1999.