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A jornada para vencer o medo da rejeição.
Tipologia: Resumos
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Não perca as partes importantes!
Jia Jiang tinha 30 anos, um bom emprego e um ótimo salário. Mas não estava feliz. Ainda adolescente, saiu da China para os Estados Unidos com o sonho de se tornar o próximo Bill Gates, mas, ao longo dos anos, não teve coragem de se arriscar e se tornar um empreendedor. Foi sua esposa quem o desafiou: por que ele não largava o emprego e tentava dar início a seu próprio empreendimento? Diante desse incentivo, Jia pediu demissão, montou uma equipe e teve boas ideias para um novo aplicativo. Só que, quando seu primeiro pedido de financiamento foi rejeitado, ele foi invadido por um sentimento de fracasso que derrubou sua autoestima e o fez querer desistir de tudo. Mas então percebeu que seu medo de ouvir um “não” era o que de fato o impedia de continuar tentando. Precisava achar um modo de lidar com a rejeição sem que ela o destruísse. Foi assim que nasceu o projeto “100 dias de rejeição”, durante o qual Jia propositalmente buscou a rejeição, fazendo pedidos inusitados como plantar uma flor no quintal de um desconhecido, anunciar as diretrizes de segurança durante um voo e até encomendar donuts customizados na forma de anéis olímpicos (pedido esse que foi aceito e rendeu um vídeo viral na internet). Nessa trajetória, Jia foi desenvolvendo cada vez mais a autoconfiança, criando técnicas para se livrar de seu medo. Aqui, ele revela tudo o que aprendeu a respeito de como fazer um “não” se tornar um “sim”, como saber a quem fazer pedidos e como é importante perguntar “por quê”. Cheio de grandes histórias, Sem medo da rejeição é um livro divertido e instrutivo sobre como superar o medo e se tornar mais corajoso na vida – de uma vez por todas. ©Kevin Saunders Jia Jiang é o criador do popular blog 100 days of rejection. Sua história rendeu matérias em dezenas de veículos da mídia americana, incluindo Bloomberg Businessweek , Yahoo!News, Huffington Post, Forbes , Inc.com , MTV, Daily Mail e Fox News. Nascido em Pequim, na China, Jia foi para os Estados Unidos ainda adolescente. Tem um MBA pela Universidade Duke e é formado em Ciência da Computação pela Universidade Brigham Young. Conheça o site do autor: http://www.fearbuster.com/
Índices para catálogo sistemático:
Para vovó: Como uma eterna professora, você me ensinou algo mais valioso do que qualquer outra coisa que aprendi na escola: a ser uma boa pessoa. Sinto muitas saudades. e Para o tio Brian: Obrigado por ter sido meu segundo pai. Seu apoio e sua orientação significam tudo para mim.
Prólogo 18 de novembro de 2012. Fazia um calor fora de época em Austin, no Texas, mas não era isso que me fazia suar. Naquela tarde, eu dirigia lentamente meu empoeirado RAV4 por um subúrbio qualquer de classe média na parte noroeste da cidade, procurando uma porta na qual pudesse bater. Já tinha passado por centenas de portas, tentando me convencer a escolher uma. Mas, para o que eu estava prestes a fazer, todas as casas pareciam assustadoras. “Muito bem, pare de ser covarde”, resmunguei para mim mesmo, estacionando em frente a uma casa térrea de tijolos vermelhos com um belo jardim. Havia uma pequena cruz fincada em um canteiro de flores. Esperava que isso significasse que ali vivia uma família pacífica que frequentava a igreja, não um integrante da Ku Klux Klan. De qualquer modo, esperava que não fossem violentos em uma tarde de domingo. Saindo do carro, imaginei se alguém espiava pelas frestas da cortina e se deparava com aquela inesperada visão: um adulto usando caneleiras e chuteiras, segurando uma bola de futebol em uma mão e um iPhone na outra, com o qual gravava a ação: “Bem, esta aqui é um pouco arriscada”, disse para o telefone. “Vou pedir a alguém que me deixe usar o quintal para jogar um pouco de bola. Vamos ver o que acontece.” Enquanto me dirigia para a porta, sentia o coração martelando. As travas da minha chuteira esmagavam as folhas secas e os corvos crocitavam nos galhos das árvores próximas. A sensação era de algo sinistro, como o começo de um filme de terror. Aquele caminho parecia o mais longo do mundo. Finalmente diante da porta, bati de leve, temendo dar a impressão errada se golpeasse forte demais. Não houve resposta. Bati de novo, com um pouco mais de firmeza. Ainda sem resposta. Foi só então que notei a campainha. Apertei o botão. Logo depois, a porta se abriu. À minha frente estava um homem grande, de uns 40 anos, usando uma camiseta cinza estampada com uma bandeira enorme do Texas. Da sala de estar atrás dele vinham as vozes dos locutores de futebol americano e o zumbido indistinto da multidão no estádio. O nome dele era Scott, como soube mais tarde. Como muitos texanos, era torcedor fanático do Dallas Cowboys, e eu tinha batido na porta no exato momento em que o jogo entre seu time e o Cleveland Browns ia para a prorrogação. “Olá”, cumprimentei-o, usando meu melhor sotaque texano e reunindo coragem. “Você poderia tirar uma foto minha jogando futebol em seu quintal?” Os olhos do homem se estreitaram por um segundo. Então, ele olhou para minhas chuteiras. “Jogar futebol no meu quintal”, repetiu devagar. “É... hum... para um projeto especial”, falei. Depois do que me pareceu um minuto, mas que provavelmente foram apenas segundos, o torcedor do Cowboys olhou direto nos meus olhos e me deu sua resposta...
Conhecendo a rejeição Você deve estar se perguntando por que fui bater na porta daquele homem e o que quis dizer com “projeto especial”. Era uma nova estratégia de vendas? Um desafio? Um experimento social? Na verdade, era um pouco de tudo isso. Fazia parte de uma jornada de 100 dias que eu havia proposto a mim mesmo a fim de superar meu medo da rejeição – uma jornada que me fez olhar de modo diferente para os negócios e para a humanidade, e que trouxe ferramentas para que eu me tornasse melhor em quase tudo. Ao me obrigar a buscar a rejeição inúmeras vezes seguidas, comecei a vê-la – e a ver o mundo a meu redor – de maneira muito diferente. Esse projeto mudou a minha vida, e espero que, ao ler sobre essa jornada, sua vida mude também. Mas antes de contar o que aconteceu em seguida, talvez seja melhor voltar um pouco no tempo, para o começo. Era 4 de julho de 2012, logo depois do pôr do sol. Milhares de pessoas estavam reunidas no parque de nosso bairro, aguardando o início do espetáculo de fogos de artifício do Dia da Independência americana. Minha esposa, Tracy, estava sentada ao meu lado, sobre um cobertor, acariciando a barriga. Ela estava grávida de oito meses de nosso primeiro filho. À nossa volta, crianças corriam com frisbees e sorvetes de casquinha, famílias esvaziavam as cestas de piquenique, garrafas de cerveja tilintavam e risadas enchiam o ar. Todos pareciam felizes, repletos da alegria do verão. Todos menos eu. De muitas maneiras, eu vivia o sonho americano. Com apenas 30 anos já tinha garantido um emprego com um salário anual de seis dígitos em uma empresa na lista das 500 mais da Fortune. Tracy e eu éramos proprietários de uma casa de 340 metros quadrados com vista para o lago. Tínhamos até mesmo um golden retriever chamado Jumbo – o cão que é a quintessência da rica América suburbana –, e agora estávamos a poucas semanas do nascimento de nosso filho. E o melhor de tudo: minha esposa e eu tínhamos uma relação incrível, e não passava um dia sem que eu pensasse como tinha sorte de ser amado por uma mulher tão extraordinária. Em outras palavras: eu deveria estar pulando de alegria com a situação. Mas a verdade era que estava muito deprimido. Minha infelicidade, no entanto, não era pessoal, era profissional. Cresci em Pequim, na China, em uma época em que toda criança em idade escolar aprendia a ser um trabalhador modelo e uma parte importante do crescimento da nação. Mas ser um trabalhador modelo – na China ou em outra parte – nunca foi meu sonho. Desde pequeno imaginava que seria um empreendedor. Enquanto outras crianças jogavam videogame ou futebol, eu devorava biografias de Thomas Edison e do criador da Panasonic, Konosuke Matsushita, atrás de pistas de como me tornar um grande inventor. Quando eu tinha 14 anos, Bill Gates visitou Pequim, sua primeira viagem à minha cidade natal. E eu fiquei obcecado pela história de como ele tinha fundado a Microsoft. Arranquei das paredes do meu quarto toda a decoração de coisas relativas a esporte e fiz da minha fantasia de empreendedorismo um objetivo de vida. Prometi me tornar o próximo Bill Gates e inventar um produto incrível de tecnologia que conquistaria o mundo. Atormentei minha família até que me compraram um computador novinho, top de linha, e comecei a aprender sozinho a escrever códigos de programação. Cheguei até a escrever uma carta a meus pais (que ainda guardo comigo) prometendo que minha empresa seria tão bem-sucedida que eu compraria a Microsoft quando tivesse 25 anos. Atraído por descrições ofuscantes e hollywoodianas dos Estados Unidos e
como se tivesse criado a Mona Lisa. Claro que não era a ideia mais sensacional que o mundo já tinha visto. Mas era a minha ideia, e eu a achava incrível. Poderia inclusive ser a invenção que daria início a minha carreira de empreendedor. Tenho um tio em San Diego – o irmão caçula de meu pai – que sempre tive em altíssima conta. Enquanto meus pais eram pessoas calmas, meu tio era muito rígido e exigente, o que, de certa maneira, me fazia querer ainda mais sua aprovação. Para ser honesto, tinha medo dele quando criança. Mas sempre soube que ele gostava de mim e queria que eu fosse bem-sucedido. Depois que me mudei para os Estados Unidos, ficamos ainda mais próximos, e eu o via como um segundo pai, tanto que depois daria o nome dele ao meu filho. Sempre me sentia bem mais seguro quando ele gostava de minhas ideias e escolhas. Então, enviei a ele uma cópia de meus desenhos, animado para saber qual seria sua reação à ideia dos “sapatos de rodinhas” e esperando encorajamento. Imagine minha decepção quando, em vez de apoio, recebi uma pancada verbal. Meu tio achou a ideia uma tolice e me recriminou por ficar pensando em algo tão irrelevante quando deveria estar me concentrando na faculdade e em melhorar o inglês. Fiquei tão desanimado que joguei os esboços no fundo de uma gaveta e não levei a ideia adiante. Se meu próprio tio a havia rejeitado, tinha certeza de que o mundo iria detestá-la ainda mais, e eu não queria ser rejeitado em público por estranhos. Em vez disso, me concentrei em tirar boas notas e continuar melhorando o inglês. Usando milhares de cartões de memória, passava muitas horas por dia aprendendo e memorizando novas palavras da nova língua. Ser bem-sucedido na escola era a maneira certa de obter a aprovação da minha família, principalmente do meu tio. E eu não queria apenas a aprovação deles: ansiava por ela. Disse a mim mesmo que tirar apenas notas 10 e ter um vocabulário impressionante também poderiam me tornar um empreendedor melhor um dia. Tirar boas notas realmente valeu a pena, de certa forma. A Universidade Brigham Young me ofereceu uma bolsa de estudos, então me transferi para lá e completei a faculdade. Mesmo assim, sentia que faltava algo muito maior. Dois anos depois, um homem chamado Roger Adams patenteou exatamente a mesma ideia (tênis-patins) e fundou a empresa Heelys. Em 2007, pouco depois de sua oferta pública inicial, a Heelys valia quase um bilhão de dólares. Enquanto isso, meu esboço estava em uma gaveta, acumulando poeira. Infelizmente, não foi o único esboço a parar ali. Ao longo dos anos, tive dezenas de novas ideias que achei que teriam potencial para se tornar produtos de sucesso. Mas, em vez de levá-las adiante, apenas acrescentava-as à pilha, e depois, suavemente, fechava a gaveta. É claro que não há nenhuma garantia de que minha invenção do sapato de rodinhas teria feito o mesmo sucesso do tênis-patins de Adams, ou de que qualquer uma das minhas outras ideias teria se tornado a base de uma empresa de sucesso. Mas nunca dei a elas – ou a mim mesmo – uma chance para descobrir. Rejeitei minhas próprias ideias antes que elas pudessem ser rejeitadas pelo mundo. Desistir ao primeiro sinal de rejeição parecia bem mais seguro do que dar a minhas ideias a chance de serem criticadas. Era muito mais fácil eu mesmo rejeitar tudo. Só que toda vez que eu via a garotada deslizando em um Heelys em shopping centers, calçadas e parques, toda vez que lia um artigo sobre como Adams tinha transformado sua paixão de infância em um modismo da cultura pop, pensava no que poderia ter acontecido comigo. A dor e o arrependimento eram insuportáveis. Achei que me sentiria livre para me tornar um empreendedor depois da minha
formatura, de posse de meu diploma em Ciência da Computação. Mas aconteceu o oposto. As pressões familiares e sociais não sumiram. Pelo contrário, ficaram mais fortes. Em vez de querer ganhar a aprovação dos outros sendo um bom aluno, agora queria ganhar a admiração deles tendo uma carreira forte e estável. Não tinha começado uma empresa na faculdade, e não comecei depois dela também. Em vez disso, tive um emprego atrás do outro até perceber que não queria ser programador. Temendo ter escolhido o caminho errado, mudei o rumo de minha carreira de maneira a me sentir seguro: voltei ao conforto do universo escolar, dessa vez em busca de um MBA na Universidade Duke. Depois, consegui um emprego em uma empresa que estava na lista das 500 mais da revista Fortune. Achava que os elogios e a aprovação que receberia por ter conseguido um cargo de prestígio e uma renda anual na casa dos seis dígitos iriam satisfazer meu empreendedor interno. Mas eu não poderia estar mais enganado. No primeiro dia no novo emprego, minha chefe pediu que eu redigisse uma breve apresentação. Uma das perguntas era: “O que você faria se não estivesse fazendo isso?” Sem hesitar, escrevi: “Seria um empreendedor”. Alguém perguntou: “Então por que você não é?” Eu não soube o que responder. É incrível como os anos voam, e como surge uma grande lacuna entre a visão que você tem de si mesmo e o que você é na realidade. Em poucas palavras, eu tinha desistido do meu sonho. Aquele adolescente andando na neve não havia se tornado o próximo Bill Gates. Em vez disso, havia se tornado um gerente de marketing tranquilamente instalado em seu confortável degrau na escada corporativa, recebendo um bom salário. Às vezes, a inveja de amigos ou o orgulho da família me inspiravam uma temporária, mas falsa, sensação de que estava me saindo bem. Para mim, porém, o implacável tique-taque do relógio da vida era como o sol derretendo o campo nevado dos meus sonhos e ambições. Lembro-me de um dia voltar do trabalho e me trancar no closet, chorando de soluçar por horas a fio. Fazia muito tempo que eu não chorava. Agora, sentado em nosso cobertor nos festejos de 4 de julho, sentia que meu sonho de empreendedorismo tinha acabado antes mesmo de começar. Se não tivera a coragem de montar uma startup quando era um universitário de 18 anos, ou quando ainda era solteiro aos 20, ou quando concluí o MBA aos 28, como faria isso sendo um gerente de nível médio de 30 anos e a poucas semanas de me tornar pai? Ser pai implicava um novo conjunto de responsabilidades que, a meu ver, me obrigaria a deixar o sonho de lado de uma vez por todas. Uma grande explosão tomou o céu, e a escuridão foi iluminada por cores brilhantes. Sentado ali, contemplando o futuro, era quase como se conseguisse ver no céu uma projeção imaginária de slides do que seria o restante da minha vida. No trabalho, continuaria vendendo mais produtos, treinando mais funcionários e consolidando mais processos. Em casa, teríamos mais um ou dois filhos, enviaríamos todos para a escola e, depois, para a faculdade. A projeção terminava em meu próprio funeral, com alguém fazendo um discurso tocante, mas típico, elogiando minha lealdade e confiabilidade. Era um discurso para outro cara qualquer, não para o empreendedor que mudaria o mundo que eu tinha sonhado ser. Tracy olhou para mim. Ela sabia havia semanas que eu estava infeliz, e também conhecia o motivo. “Você pode ter outro carro, outra casa, outra promoção ou outro emprego. Mas não pode viver com esse tipo de arrependimento”, falou. E então minha esposa – minha esposa prestes a dar à luz – fez algo incrível. Ela me lançou um desafio. Disse que eu deveria largar o emprego, tirar seis meses para começar uma empresa do zero e trabalhar o mais duro possível para que desse certo. Se no final desse prazo eu ainda não tivesse decolado ou atraído algum investimento, voltaria para o mundo corporativo.
das promessas feitas uns aos outros impulsionou nossa produtividade. Claro, uma coisa é os inventores de um aplicativo adorarem o que criaram. Já conseguir que clientes desconhecidos empregassem o novo aplicativo – em um mercado repleto de aplicativos móveis – foi bem mais difícil. Milhares de aplicativos são lançados diariamente, e competíamos por atenção com todos eles. Mesmo assim, era evidente que tínhamos uma boa ideia nas mãos. Poderia não ser um sucesso instantâneo, mas eu sabia que poderíamos fazê-lo funcionar com um pouco mais de tempo. No entanto, precisávamos de dinheiro. Eu estava casado com Tracy havia dois anos na época, e éramos grandes poupadores. Tinha investido a maior parte de nossas economias para dar início a minha nova aventura. Com o aumento dos custos operacionais e de pessoal, esse fundo começou a diminuir. Não poderia investir mais sem sujeitar nossas finanças a uma enorme pressão, principalmente com um recém-nascido. Tracy havia me dado seis meses. Eu precisava começar a mostrar resultados para justificar nosso investimento. Quatro meses depois do início dessa jornada, parecia que minhas preces estavam prestes a ser atendidas. Nosso aplicativo de promessas atraíra o interesse de um investidor externo. Passei horas me preparando e escrevendo sobre o produto. A equipe praticava com o aplicativo sem parar, como se estivéssemos ensaiando para o reality show Shark Tank [2]^. O produto não poderia estar melhor, pelo menos em nossa opinião. Mais tarde nos parabenizamos pelo sucesso. E então começou a espera, a mais agonizante que já experimentei. Não era a primeira vez que eu passava pela tensa experiência de esperar que outras pessoas decidissem meu destino. Aos 15 anos tinha esperado semanas para que a embaixada americana em Pequim decidisse se me concederia o visto para que eu pudesse ir aos Estados Unidos (concedeu). Quando tinha 17 anos, esperei a Universidade Brigham Young decidir se iria me oferecer a bolsa de estudos que me possibilitaria bancar sozinho a faculdade (ofereceu). Quando tinha 25 anos, esperei uma carta de admissão da Faculdade de Administração da Duke (consegui). Quando tinha 28, esperei o “sim” de Tracy depois de pedi-la em casamento na frente de quatro colegas (o melhor “sim” da minha vida). Foram momentos de dar nos nervos, decisões capazes de mudar radicalmente minha vida. Mas, não sei por quê, em termos de nível de ansiedade, não foram nada em comparação com a espera por essa decisão do investidor. Eu ainda acreditava que estava destinado a me tornar um grande empreendedor. Mas tinha apenas mais dois meses para salvar meu sonho, e esse investimento parecia a tábua de salvação. Queria tanto que desse certo que cheguei a sonhar cinco vezes que recebia um “sim” do investidor, e toda vez eu acordava achando que o investimento tinha acontecido. Lembro nitidamente que, nos sonhos, eu pegava o telefone e ligava para minha esposa e minha família para lhes dar a boa notícia. Dias depois, estava em um restaurante, na festa de aniversário de um amigo, quando meu telefone vibrou. Era um e-mail do investidor. Minha mão começou a tremer, e uma sensação nefasta se apoderou de mim. Segurei o telefone por um longo tempo sem abrir o e-mail, tentando canalizar todo tipo de energia mental positiva para o seu conteúdo. Então, cliquei para abri-lo. Era um e-mail muito curto. O investidor tinha dito “não”.
quatro”, ela falou. “Você ainda tem dois meses. Continue em frente e não se arrependa de nada!” Eu estava pronto para desistir, mas Tracy pensava de outro modo. Ela estava determinada, como um quarterback enraivecido que pega o capacete do oponente e grita dentro dele depois de ser derrubado. Foi outro momento em que percebi que tinha casado com a pessoa certa. Concordei que iria continuar por mais dois meses e que, durante esse tempo, faria tudo ao meu alcance para que minha ideia acontecesse e minha empresa decolasse. Mas o fracasso do primeiro financiamento me deixou aterrorizado com uma próxima rejeição. Queria buscar outros investidores, mas estava preso pelo medo de que todos dissessem “não” e meu sonho morresse. Quando me olhava no espelho, via um cara ambicioso que não conseguia lidar com a rejeição. Tinha trabalhado durante anos em um ambiente corporativo seguro, escondido dos riscos no meio de uma equipe. Não estava acostumado a dar a cara a tapa. Se eu realmente queria ser um empreendedor, teria de lidar melhor com o “não”. Será que Thomas Edison, Konosuke Matsushita ou Bill Gates pensaram em desistir depois de apenas quatro meses? De jeito nenhum! Eu tinha dois meses para melhorar o aplicativo e encontrar outro investidor. Mas percebi que também precisava encontrar uma maneira de ficar mais forte diante da rejeição. Precisava não apenas superar meu medo de ouvir um “não”, mas aprender como ter sucesso frente a ele. Se eu fosse Davi, então a rejeição seria meu grande e cabeludo Golias. Precisava encontrar as ferramentas certas, a armadura certa e o estilingue e a pedra certos para derrubá-lo. Comecei com a arma mais high-tech do meu arsenal: o Google. Digitei “superar rejeição” na caixa de buscas e rapidamente examinei os resultados: um artigo sobre como fazer isso, um monte de artigos de psicologia e um punhado de citações inspiradoras. Nada daquilo me pareceu uma solução para meu problema. Não estava interessado em aconselhamento ou doses de inspiração. Queria ação. Após navegar por uma série de links, tropecei em um site dedicado a algo chamado Terapia da Rejeição – um tipo de jogo desenvolvido por um empreendedor canadense chamado Jason Comely, no qual você busca a rejeição de forma proposital, repetidas vezes, para se dessensibilizar em relação à dor da palavra “não”. Por alguma razão, me apaixonei pela ideia. Ela me lembrava da antiga técnica do Punho de Ferro do kung fu, na qual uma pessoa repetidamente dá socos em objetos duros para ganhar resistência à dor. Talvez eu tivesse assistido a muitos filmes de kung fu, mas a ideia de superar a rejeição me lançando contra ela seguidas vezes me atraía de um modo inusitado. Era exatamente disso que precisava: uma postura de Punho de Ferro com relação à rejeição. Então fiz uma jogada extraordinária, que me fazia lembrar de minha promessa adolescente de conquistar a Microsoft: jurei não apenas tentar a terapia da rejeição como repeti-la cem vezes, gravar em vídeo a experiência toda e começar um blog sobre o assunto. Encontrei um domínio chamado FearBuster.com. Ali eu iria começar meu blog, que chamei de “100 dias de rejeição”. Nunca tinha escrito um blog antes, mas gostei ao ver que essa plataforma tinha uma certa confiabilidade embutida. Se conseguisse atrair algum seguidor, seria difícil desistir no meio do caminho. O jogo de Comely envolve um baralho com tarefas predefinidas que os jogadores podem fazer todos os dias e que provavelmente acabarão em um “não”, coisas como “Envie uma solicitação de amizade a um completo estranho no Facebook” ou “Pergunte a alguém na rua como chegar a determinado lugar”. Mas achei muito monótono. Se ia fazer isso, queria que meus experimentos de rejeição fossem criativos, até mesmo um pouco malucos. Também queria que fossem
exclusivamente meus. Achei que isso poderia injetar um pouco de diversão em uma tarefa que me aterrorizava. No dia seguinte, comecei minha jornada de rejeição. 100 DIAS DE REJEIÇÃO : 1o^ DIA Passei quase o dia todo sem fazer nenhuma jogada. Começar não era nada fácil, primeiro porque a rejeição era algo que me assustava, e depois porque eu não tinha uma ideia clara do que deveria estar tentando alcançar. Então, naquela tarde, quando andava pelo saguão do prédio onde ficava meu escritório, reparei no segurança atrás da mesa. Tive uma ideia. O que aconteceria se eu lhe pedisse para me emprestar 100 dólares? Assim que me fiz essa pergunta, senti os pelos da minha nuca se eriçando. Parecia óbvio que o guarda diria “não” – e, na verdade, essa era a questão. Mas como ele diria “não”? Será que ele me xingaria? Riria na minha cara? Tiraria o cassetete e começaria a me bater? Será que ele pensaria que eu era um maluco e ligaria para o hospício mais próximo perguntando se algum paciente asiático de 1,80 metro tinha desaparecido – tudo isso enquanto me imobilizava com um golpe de gravata? Espere aí: será que esse cara era do tipo que carregava uma pistola ou uma arma de choque? Todas essas perguntas, que a cada segundo ficavam mais loucas e sombrias, enchiam minha cabeça. Então, antes que morresse de medo, decidi fazer a maldita pergunta e ver o que aconteceria. Peguei o celular, apertei o botão de gravação de vídeo e apontei a câmera para mim mesmo: “OK, esta é minha primeira tentativa. Vou pedir 100 dólares a um estranho. Ah... isso é realmente difícil, mas vamos tentar”. Com o celular gravando, comecei a andar em direção ao segurança, que lia o jornal. “Com licença”, falei, com o coração martelando como se tivesse acabado de engolir cinco xícaras de café. Ele levantou os olhos e, antes que pudesse dizer qualquer coisa, fiz a pergunta: “Será que poderia me emprestar 100 dólares?” Ele franziu a testa. “Não. Por quê?” “Não? Tudo bem. Não? OK, obrigado!”, falei, tropeçando nas palavras. Um zumbido indistinto me tapou os ouvidos e me afastei o mais rápido que pude, sentindo-me algum tipo de presa correndo de um predador que ainda decidia se me perseguiria ou me deixaria fugir. Fui até um canto do prédio e me sentei para me acalmar. Algumas pessoas devem estar se perguntando qual era o grande problema nisso tudo. É que, para mim, ser rejeitado por dinheiro era uma mistura épica de fracasso e vergonha. Eu tinha vindo para os Estados Unidos na condição de imigrante, tinha frequentado boas escolas e trabalhado em boas empresas. Tinha orgulho do status social que adquirira ao longo dos anos. Pedir dinheiro a um estranho era bem difícil; ser rejeitado era quase demais para mim, mesmo que fosse um experimento de rejeição proposital. Cara, que droga , falei para mim mesmo. Esperava que meu pai não visse o vídeo – ou, pior, meu tio. Não queria que me vissem fingindo esmolar. Mas essa era a terapia da rejeição, afinal de contas, e supõe-se que terapias sejam dolorosas. Saí do prédio esperando lidar melhor com a situação da próxima vez. Naquela noite, enquanto editava o vídeo antes de postá-lo no YouTube e no meu videoblog, tive uma perspectiva totalmente nova da experiência. Pude ver no vídeo como estava aterrorizado. Quando falava com a câmera antes de fazer o pedido, parecia aquele cara do quadro O grito , de Edvard Munch, só que com um sorriso