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Método dader na versao em portugues
Tipologia: Notas de estudo
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Compartilhado em 16/06/2010
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Ao Paco Martinez-Romero que foi a primeira pessoa que deu forma a esta ideia. À Marta Parras pela sua dedicação aos doentes Dader e à Marta B. Onate pelo seu desenho dos diagramas de fluxo.
A todos os outros membros do “Grupo de Investigación en Atención Farmacéutica (CTS-131) de la Universidad de Granada” e associados, pelo seu esforço incondicional que permitiu a preparação deste manual e pelo seu entusiasmo.
Tradução: Joana Amaral (Farmacêutica)
Revisão Técnica: Henrique Santos* Paula Iglésias* Fernando Fernández-llimós**
Traduzido do original em espanhol: Método Dáder. Manual de Seguimento Farmacoterapêutico (versão em português europeu) GICUF-ULHT 01/2005 (3ª edição)
Método Dáder. Guia de Seguimento Farmacoterapêutico Machuca, M. Fernández-Llimós, F. Faus, M.J. GIAF-UGR, 2003
© dos textos: dos autores © da edição: Grupo de Investigación en Atención Farmacéutica (CTS-131). Universidad de Granada. ISBN (versão original): 84-600-9866-
Tradução, 2004
I n t r o d u ç ã o
O Seguimento Farmacoterapêutico (SFT) requer um método de trabalho rigoroso por múltiplas razões. Apesar de ser uma actividade clínica e portanto sujeita à decisão livre e responsável de um profissional, esta intervenção deve ser realizada com o máximo de informação possível; ou seja, desejar que algo tão pouco previsível, como a resposta do doente e o benefício de uma acção no próprio, ocorra com a maior probabilidade de êxito. Os profissionais de saúde necessitam de protocolos, de normas de actuação, consensos etc., para sistematizar a parte do seu trabalho que pode realizar-se deste modo.
O SFT como qualquer outra actividade de saúde necessita de procedimentos de trabalho protocolados e validados através da experiência, para ser realizado com a máxima eficiência e permitir avaliar o processo e sobretudo os resultados.
O documento do “Consenso en Atención Farmacêutica”^1 , tutelado pelo “Ministerio de Sanidad y Consumo” define Seguimento Farmacoterapêutico personalizado como uma prática profissional em que o Farmacêutico se responsabiliza pelas necessidades do doente relacionadas com os medicamentos. Esta prática realiza-se mediante a detecção, prevenção e resolução de problemas relacionados com medicamentos (PRM). Este serviço implica um compromisso, que deve ser feito de forma continuada, sistematizada e documentada, em colaboração com o doente e os restantes profissionais de saúde, com o objectivo de alcançar resultados concretos que melhorem a qualidade de vida do doente.
O Método Dáder de SFT foi desenhado pelo “Grupo de Investigación en Atención Farmacéutica de la Universidad de Granada”, no ano de 1999, e actualmente está a ser utilizado em diversos países por centenas de Farmacêuticos Comunitários em milhares de doentes.
O Método Dáder baseia-se na obtenção da História Farmacoterapêutica do doente, isto é, nos problemas de saúde que este apresenta, nos medicamentos que utiliza e na avaliação do seu Estado de Situação numa determinada data, de forma a identificar e resolver os possíveis problemas relacionados com medicamentos (PRM) que o doente apresenta. Após esta identificação realizam-se as intervenções farmacêuticas necessárias para resolver os PRM e posteriormente avaliam-se os resultados obtidos.
O conceito de Problemas Relacionados com Medicamentos (PRM) vem enunciado no Segundo Consenso de Granada^2 como problemas de saúde, entendidos como resultados clínicos negativos, devidos à farmacoterapia que, provocados por diversas causas, conduzem ao
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não alcance do objectivo terapêutico ou ao aparecimento de efeitos não desejados.
Sendo assim, o PRM é uma variável de resultado^3 clínico, uma falha da farmacoterapia que conduz ao aparecimento de um problema de saúde, doença mal controlada ou efeito não desejado^4.
Os PRM referidos são de três tipos relacionados com a necessidade do medicamento por parte do doente, com a sua efectividade ou com a sua segurança.
O Segundo Consenso de Granada estabelece uma classificação de PRM em seis categorias, que por sua vez se agrupam em três supra categorias, como se apresenta na tabela seguinte:
Classificação de Problemas Relacionados com Medicamentos (PRM) Segundo o Consenso de Granada
PRM 1 O doente tem um problema de saúde por não utilizar a medicação que necessita.
PRM 2 O doente tem um problema de saúde por utilizar um medicamento que não necessita.
PRM 3 O doente tem um problema de saúde por uma inefectividade não quantitativa da medicação.
PRM 4 O doente tem um problema de saúde por uma inefectividade quantitativa da medicação.
PRM 5 O doente tem um problema de saúde por uma insegurança não quantitativa de um medicamento.
PRM 6 O doente tem um problema de saúde por uma insegurança quantitativa de um medicamento.
Entende-se por Problema de Saúde (PS) a seguinte definição adoptada pela WONCA^5 , “qualquer queixa, observação ou facto que o doente e/ou o médico percepcionam como um desvio à normalidade e que afectou, possa afectar ou afecte a capacidade funcional do doente”.
A Intervenção Farmacêutica (IF) define-se como a acção do Farmacêutico que visa melhorar o resultado clínico dos medicamentos, mediante a alteração da utilização dos mesmos. Esta intervenção enquadra-se dentro de um plano de actuação acordado previamente com o doente.
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Diagrama 1. Fluxograma de Processo do Método Dáder de Seguimento Farmacoterapêutico
Oferta do seviço aceita o SFT?o Doente Saída doserviço
Programação da Primeira entrevista Entrevista
Motivo da consulta
Fase de Estudo
Fase de Avaliação
Suspeitas de PRM
Visitas sucessivas
ExistemPRM? Plano de Actuação Fase de Intervenção
Intervenção Aceite
PS resolvido
PS não resolvido
PS não resolvido
PS resolvido
Novo Estado de Situação
Plano de Seguimento
Estado de situação
Não Sim
Não
Sim
Não Sim
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1. O f e r t a d o S e r v i ç o
O início do processo ocorre quando o doente se dirige à Farmácia por diversos motivos, tais como:
O momento mais adequado para oferecer o serviço ocorre quando o Farmacêutico suspeita que possam existir problemas relacionados com os medicamentos. Como exemplo, apresentam-se os seguintes motivos de consulta:
Contudo, não se poderá afirmar que existe algum PRM até que seja efectuada a fase de avaliação do Estado de Situação e que se constate a existência do resultado clínico negativo revelado pelo PRM.
De qualquer modo o Farmacêutico poderá oferecer o serviço a qualquer doente, sempre que considere necessário.
Nesta fase o Farmacêutico informa o doente sobre a existência do serviço de SFT na Farmácia e deve apresentá-lo da seguinte forma:
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Embora o SFT permita abordar qualquer doente que tome medicamentos, aconselha-se começar com doentes que não tomem muitos medicamentos , que não sofram de doenças psiquiátricas, que não sejam difíceis em termos de comportamento ou manifestem dificuldades de comunicação. Estes doentes poderão ser abordados no futuro, quando houver um melhor domínio de todo o processo.
A própria palavra Seguimento faz referência a uma cooperação entre ambos ao longo do tempo, baseada nas características de qualquer outra relação entre pessoas que se mantenha duradoira, como a lealdade, interesse mútuo, sinceridade, direitos e obrigações e cuja preservação só terá sentido se estas virtudes permanecerem. No entanto, o doente deve manter sempre um papel activo e ser protagonista da maior parte das decisões e portanto deve ter consciência de que... “vamos trabalhar juntos para conseguir os objectivos a que nos propusemos”.^6
Diagrama 2. Fluxograma da Oferta do Serviço
Motivo da Consulta
o Doente aceita o SFT? Saída doserviço
Programação e requisitos da Primeira Entrevista
Não
Sim
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e serve de pasta para todos os documentos que se vão arquivando sobre o doente.
A História Farmacoterapêutica do doente, na sua folha de rosto, apresenta um sistema de numeração constituído por três partes que para o caso de Portugal é o seguinte:
O objectivo desta fase é conseguir que o doente refira os problemas de saúde que o preocupam mais. Para atingir este objectivo, começa-se com uma pergunta aberta, que permita ao doente expor estes problemas na sua própria linguagem. Pode começar-se desta forma:
“ Agora vamos falar, se concordar, dos aspectos que mais o preocupam sobre a sua saúde. Quero recordar-lhe que o que vamos comentar ficará entre nós e a restante equipa da Farmácia. Se em qualquer momento for necessário comunicar com o seu médico, para melhorar qualquer aspecto da sua medicação, faremos uma informação e será o/a Sr./Sra., se achar conveniente, a levá-la à consulta. Se me permite, vou tomando notas das coisas que me vai dizer, para que não me esqueça de nada.
Queria agora que me dissesse o que é que mais o/a preocupa sobre a sua saúde.”
Nesta fase é muito importante:
É muito importante identificar os problemas de saúde que mais preocupam o doente já que vão
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condicionar em grande medida a intervenção do Farmacêutico. Ainda que exista solução médica para resolver esses problemas, o doente não deve evitar falar deles, se lhe causam grande preocupação, pois a forma como o faz, como os exprime e os interioriza na sua vida diária e a influência do seu meio poderão ajudar o Farmacêutico a delinear um plano de actuação para resolver os PRM.
O objectivo que se pretende atingir nesta fase é obter informação sobre o grau de conhecimento que o doente possui acerca dos medicamentos que toma e do grau de cumprimento da terapêutica. Esta fase também deve começar, dentro do possível, por uma pergunta aberta, que permita ao doente expressar-se livremente, o que aumentará a sua confiança. Pode iniciar-se com uma frase indicativa, como a que se segue:
“Bem, agora vamos falar sobre os medicamentos que traz e vai contar-me se está a tomá- los, como os toma, para quê, se está melhor ou se nota algo de estranho...”
Pretende-se realizar dez perguntas para cada medicamento que o doente toma, tendo cada uma delas um objectivo definido:
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Esta fase é feita com perguntas fechadas, uma vez que se pretende melhorar a informação obtida. Pode começar-se com frases deste tipo:
“Usa algum medicamento para a cabeça, algum champô especial...?”
Quando se chega a alguma parte onde é preciso aprofundar a informação que foi mencionada numa fase anterior, pode utilizar-se uma frase como a seguinte:
“Disse-me que lhe doía a cabeça com frequência. Como é essa dor de cabeça? Passa-lhe ao fim de quanto tempo?”
Também se anotam outros dados, tais como:
Finaliza-se a entrevista com o registo dos dados demográficos do doente, morada e telefone, data de nascimento, nome dos médicos que o assistem, etc. Toda esta informação regista-se na História Farmacoterapêutica normalizada do doente. Neste momento termina verdadeiramente a Primeira Entrevista com o doente e é conveniente transmitir-lhe uma mensagem sincera e de esperança:
“A entrevista já terminou. Se concordar, telefono-lhe daqui a alguns dias, quando tiver estudado o seu caso. Estou certo que vai valer a pena trabalharmos juntos”.
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Fase de Preocupações e Problemas de Saúde do doente
Nos primeiros doentes deve actuar-se com prudência, especialmente se não dominamos as técnicas de entrevista clínica pois em caso de dúvida, é melhor aprender com a experiência, já que qualquer informação que o doente dê pode ajudar a conhecer melhor o seu ambiente social e a sua cultura, o que irá ser crucial na altura de resolver os problemas relacionados com a sua medicação.
Neste processo, o mais complicado é manter a capacidade de prestar atenção numa dupla vertente, ou seja, anotar dados e perceber atitudes e sensações, assim como escrever e simultaneamente comunicar com o doente. Ainda que tudo isto se consiga com a prática, se tivermos que escolher o mais importante é, sem dúvida, comunicar com o doente, estabelecer vínculos afectivos e transmitir- lhe mediante uma comunicação não verbal, a sensação de cumplicidade e objectivos comuns.
Medicamentos que o doente utiliza
Há uma dupla finalidade para o facto do doente trazer todos os medicamentos à entrevista (incluindo os que não toma e os outros que tem em casa). Por um lado, podemos averiguar se algum medicamento que o doente tenha tomado, em tempos, causou algum problema, quer seja uma falta de segurança ou de efectividade. Esta informação poderá ser útil no futuro. Por outro lado, reduzir o armazenamento de medicamentos em casa que não devem existir, tais como antibióticos pelo facto de necessitarem de prescrição médica ou outros medicamentos que possam estar fora do prazo de validade. Com este procedimento, o Farmacêutico poderá encontrar a resposta à dúvida inicial que levou o doente à primeira visita.
De um modo geral:
Recomenda-se registar o mais rápido possível toda a informação, para ter bem presente todos os aspectos que o doente transmitiu. Se verificarmos que existe alguma informação que nos esquecemos de registar, poderemos obtê-la, quer nas visitas seguintes, quer através de um telefonema. É conveniente anotar toda a informação que falta, podendo ou não esperar-se até ao final da fase de estudo para comprovar se há mais algum dado que seja necessário obter.
É importante guardar o papel original onde se anotou os dados da Primeira Entrevista, pois pode conter informação que inicialmente pareça irrelevante e mais tarde se torne importante ou inclusivamente informação sem significado aparente, como a ordem de prioridades das preocupações do doente e que pode revelar informação sobre aspectos da sua personalidade e cultura, que poderão ser úteis a qualquer momento.
3. E s t a d o d e S i t u a ç ã o
O Estado de Situação (ES) de um doente, define-se como a relação entre os seus problemas de saúde e os medicamentos que toma, numa data determinada (Anexo II). Representa a “fotografia” do doente em relação a estes aspectos. Também é o documento que se utiliza para apresentar casos em sessões clínicas^7.
O primeiro ES resulta da obtenção dos dados da Primeira Entrevista e portanto as datas coincidem.
A parte superior do documento é a que se denomina propriamente “Fotografia do Doente”. Dela constam os aspectos e características próprias do doente que individualizam o Estado de Situação como a idade, o sexo, as alergias a medicamentos e o Índice de Massa Corporal (IMC), que podem influenciar a sua avaliação. Se houver algum outro aspecto a realçar pode utilizar-se o espaço “Observações” situado na zona inferior do documento.
O corpo central do documento é o Estado de Situação propriamente dito, no qual se apresentam os problemas de saúde face aos medicamentos que os tratam, de forma que, por exemplo, para um doente com diagnóstico de hipertensão, os medicamentos que o tratam situam-se na mesma linha à direita.
O corpo central do documento tem quatro zonas, da esquerda para a direita:
**1. Problemas de Saúde
As colunas preenchem-se da seguinte forma:
1. Problemas de Saúde - Problema de saúde - Data do início
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Utiliza-se para anotar as suspeitas de Problemas Relacionados com os Medicamentos (PRM) que possam existir. É constituída pelas seguintes colunas:
Este aspecto será explicado detalhadamente na fase de avaliação.
4. Intervenção Farmacêutica
Anotam-se as datas das intervenções, segundo o Plano de Actuação previsto, para assim as ordenar por prioridades.
É conveniente colocar os problemas de saúde que possam estar relacionados entre si, o mais perto possível uns dos outros (em linhas adjacentes), já que pode existir uma relação entre eles e também irá ajudar a perceber possíveis estratégias terapêuticas delineadas pelo médico.
A partir deste momento, o Estado de Situação do doente é o documento mais importante para
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