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Este texto discute a complexidade do mercado de saúde no brasil e a falha da ans (agência nacional de saúde suplementar) na regulação do setor. O autor argumenta que a ans excede no zelo na defesa dos interesses do consumidor, chegando a transformar o capital privado em público, e que a falta de consenso na conciliação dos interesses dos atores envolvidos na 'cadeia' de saúde causa confusão. O texto propõe reformas na legislação e na estrutura do setor, incluindo a normalização de preços e a representatividade das operadoras de planos de saúde no conselho nacional de saúde.
O que você vai aprender
Tipologia: Notas de estudo
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Não perca as partes importantes!
SEPS 705/905, Conjunto B, sala 108 – Asa Sul – Brasília – CEP 70.390- 055
Não me canso de ler frases de efeito do tipo: “os sistemas privados de saúde remuneram a doença ao invés da saúde”. No mercado de saúde esta frase explica bem a dificuldade do indivíduo que quer escrever uma carta de amor: começa sem saber o que dizer e termina sem saber o que disse... – Oras, se alguém entra em um hospital resgatado pelo SAMU, tendo ele um Plano de Saúde, o contexto é ainda pior: o Paciente entra sem saber quanto vai gastar e sai sem saber por que continua devendo. O mesmo princípio se aplica a Operadora titular do Plano de Saúde. Se o Hospital for Público, o SUS inexplicavelmente, irá buscar o ressarcimento não pela tabela SUS que regula preços no setor público, mas por uma tabela ainda maior definida pela ANS (TUNEP – Tabela Única Nacional de Equivalência de Procedimentos) que determina que os ressarcimentos não podem ser inferiores aos praticados pela Tabela SUS e tampouco superiores aos praticados pelas operadoras de planos privados, aprovados pela ANS (???) Claro que não é preciso ser muito “especialista” para entender que os Mercados de Saúde não se compõem pelas características de um mercado tido como “perfeito”, no qual a racionalidade de objetos e necessidades além do conhecimento sobre o “uso” por parte do consumidor, sejam os componentes básicos. Ou seja, nenhuma das condições de perfeita competição de mercado estará presente quando se fala em sistemas de saúde, seja público, seja privado. No Sistema de Saúde Suplementar, deveríamos ter Gestores (Operadoras) e Prestadores (Hospitais, Profissionais, Produtores de Insumos, Materiais e medicamentos), atuando com interesses comuns: resolver o problema do consumidor e remunerar o capital, lógica natural do setor privado, no qual todos os atores envolvidos nesta “cadeia” tenham resultados de remuneração justos e atrativos para todos, do contrário ele entra em crise e se desfaz. Então, o que está de fato ocorrendo no setor? Eu não tenho dúvida, a questão é primordialmente regulatória. A ANS, o órgão que deveria assumir o papel de árbitro deste jogo, não sabe como começar o jogo e termina quase sempre sem saber como ele terminou. A função pública de regulação obrigatória em mercados imperfeitos como é o caso, tem pelo menos dois papeis preponderantes: 1) defesa dos interesses do consumidor, e 2) mediador de consenso no relacionamento de oferta e compra de serviços entre os atores envolvidos. No Primeiro caso a ANS se excede no “zelo”, chegando ao ponto de querer transformar o capital privado como se fosse público. Apenas para se dar uma idéia uma multa sobre a negativa de atendimento de uma consulta (fora de contrato) que custa R$ 80,00, se transforma numa multa de R$ 80.000,00! Para não falar das restrições de rentabilidade e decisões unilaterais de exclusão de produtos sem prévio aviso. Na prática a Agencia Reguladora, equivocadamente quer os “bônus” e sucessos do sistema para si, mas também garantir que o “ônus” se aplique potencializado para as Operadoras. Assim, é fácil de entender porque saímos de um cenário com mais de 1700 operadoras em xxxxxxx para chegarmos a 720 em 2016, números que ainda irão se alterar por conta das operadoras sob intervenção. Já a segunda função da ANS, de ser o árbitro do mercado na conciliação dos interesses dos atores envolvidos na “cadeia”, torna ainda mais confuso o inicio e o fim da “carta de amor”. Confesso que, se amanhã ao abrir os jornais e lá ver a matéria: ANS, fiscaliza e ajusta preços do “ar” a valores de mercado!!!!, teríamos uma revolução inusitada. A notícia que li recentemente, por 24 horas de oxigênio, os melhores hospitais de São Paulo chegam a cobrar R$ 3 mil, o que dá R$ 125,00 a hora! Aqui, preciso finalizar esse texto senão corro o risco de não saber como terminá-lo. É preciso deixar o registro que exigirá pelo menos mais dois artigos, relacionados a questão estrutural e de função regulatória que está por exigir uma agenda de reformas em primeiro lugar na Legislação e em segundo nas regras e procedimentos que deveriam regular o mercado: Tabelas de preços normatizadoras e atrativas para todos, olhar fiscalizador da ANS para a Rede Prestadora de Serviços; ampliar a
SEPS 705/905, Conjunto B, sala 108 – Asa Sul – Brasília – CEP 70.390- 055 representatividade das operadoras de planos e seguros de saúde (Grandes, Médias e Pequenas) no Conselho Nacional de Saúde suplementar que deveria ficar subordinado ao Gabinete do Ministro da Saúde com o papel de normatização do setor; impedir a permanência de intermediários (Administradoras) que atuam livremente no setor sem a fiscalização da Agencia Reguladora (com aquiescência desta); menos conflitos de interesses entre fabricantes de insumos e materiais que descaradamente induzem a rede de serviços a prescrição com preços fora do mercado e incentivos paralelos. As pessoas ainda não se deram conta, que mantida a restrição orçamentária para 2018, vamos caminhar para uma crise sem precedentes no Sistema Público de Saúde. Se o Gestor Federal quer de fato desonerar o Sistema Público de Saúde (SUS), é preciso mexer nos buracos negros da legislação atual: Lei 8080/90 e Lei 9656/06 pelos quais as irregularidades e condutas caminham e especialmente buscar uma grande pacto federativo para garantias de cumprimento não só dos dispositivos legais já existentes, mas especialmente a garantia de cumprimento das regras e contratos pactuados livremente entre consumidores e operadores de saúde, que através da Judicialização, de maneira imprevisível consome uma boa parte dos recursos do setor. Preciso terminar dizendo que a retomada do crescimento do setor suplementar (que nos últimos 5 anos perdeu mais de 3 milhões de usuários), não se dará pela oferta de planos mais acessíveis, mas sim pela oxigenação do mercado, rompendo a relação acomodada entre Operadoras e Prestadores, atuando com políticas regulatórias positivas que possam gerar a expectativa de que todos os atores do mercado sejam ganhadores, mesmo que as soluções não sejam de consenso. Lembrando Mendez (2002), uma instituição que NORMATIZA, FISCALIZA E AUDITA, tudo ao mesmo tempo (como é o caso da ANS, certamente irá se descuidar do seu papel mais nobre de Regulação do Sistema. Norival R Silva Consultor Sênior Febraplan – Federação Brasileira de Planos de Saúde Palestrante e Consultor na área da Saúde e Desenvolvimento Humano, com especialização na área da Promoção da Saúde e Qualidade de Vida; Experiência vivida como Gestor de Sistemas Municipais de Saúde de Municípios de pequeno e grande porte; Idealizador do Programa Bata na Porta Certa – Ensinando a Usar o SUS Corretamente; atual consultor sênior da Gestão Saúde para assuntos relacionados à Regulação, Marketing e Atendimento no âmbito do Sistema Único de Saúde, Mais de 1500 participantes treinados em eventos de Gestão, Regulação e Atendimento, atual Consultor Técnico da Febraplan – Federação Brasileira de Planos de Saúde.