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educacao fisica
Tipologia: Notas de estudo
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Por uma Outra Globalização - Do Pensamento Único à Consciência Universal - Milton SANTOS I – Introdução geral O mundo como fábula, como perversidade e como possibilidade O primeiro seria o mundo tal como nos fazem vê-lo: a globalização como fábula; o segundo seria o mundo tal como ele é: a globalização como perversidade; e o terceiro, o mundo como ele pode ser: uma outra globalização. O mundo tal como nos fazem crer: a globalização como fábula A interpretação do mundo globalizado a partir de um certo número de fantasias:
O mundo como é: a globalização como perversidade A globalização como uma fábrica de perversidades: desemprego, pobreza, fome, desabrigo, Aids, mortalidade infantil, analfabetismo, egoísmos, cinismos e corrupção. A perversidade do sistema baseado em comportamentos competitivos.
O mundo como pode ser: uma outra globalização A construção de um outro mundo baseado em uma globalização mais humana. A utilização das bases materiais do período atual: a unicidade da técnica,a convergência dos momentos e o conhecimento do planeta, que ao invés de apoiarem o grande capital, poderiam servir a outros interesses sociais e políticos. Alguns fatores são indicativos da possibilidade de mudança: a enorme mistura de povos, raças, culturas e gostos; a produção de uma população aglomerada em áreas cada vez menores; a existência de uma verdadeira sociodiversidade; a emergência de uma cultura popular que se serve do sistema técnico atual. Diante desses fatos existe a possibilidade da construção de um novo discurso teórico embasando uma outra globalização. II – A produção da globalização A globalização é, de certa forma, o ápice do processo de internacionalização do mundo capitalista. Os fatores que contribuem para explicar a globalização atual são: a unicidade da técnica, a convergência dos momentos, o conhecimento do planeta e a existência de um motor único na história representado pela mais-valia globalizada. III – Uma globalização perversa Os últimos anos do século XX testemunharam grandes mudanças em toda a face da Terra. O mundo torna-se unificado e impõe-se à maior parte da humanidade como uma globalização perversa: a tirania do dinheiro e da informação, a violência estrutural, retrocesso quanto à noção de bem público e de solidariedade, encolhimento das funções sociais e políticas do Estado e ampliação da pobreza. IV – O território do dinheiro e da fragmentação No mundo da globalização, o espaço geográfico ganha novos contornos, novas características, novas definições. Os territórios tendem a uma compartimentação generalizada, onde se associam e se chocam o movimento geral da sociedade planetária e o movimento particular de cada fração, regional ou local, da sociedade nacional. Outro fenômeno a levar em conta é o papel das finanças na reestruturação do espaço geográfico. O dinheiro usurpa em seu favor as perspectivas da fluidez do território, buscando conformar sob seu comando as outras atividades. V – Limites à globalização perversa Cabe, agora, verificar os limites dessa globalização e reconhecer a emergência de certo número de sinais indicativos de que outros processos se levantam, autorizando pensar que vivemos uma verdadeira fase de transição para um novo período. Em primeiro lugar, o denso sistema ideológico que envolve e sustenta as ações determinantes parece não resistir à evidência dos fatos. A velocidade não é um bem que permita uma distribuição generalizada, e as disparidades no seu uso garantem a exacerbação das desigualdades. A promessa de que as técnicas contemporâneas pudessem melhorar a existência de todos caem por terra e o que se observa é a expansão acelerada do reino da escassez, atingindo as classes médias e criando mais pobres.
VI – A transição em marcha No caso do mundo atual, temos a consciência de viver um novo período, mas o novo que mais facilmente apreendemos é a utilização de formidáveis recursos da técnica e da ciência pelas novas formas do grande capital, apoiado por formas institucionais igualmente novas. O processo de globalização não se verifica de modo homogêneo, tanto em extensão quanto em profundidade, e o próprio fato de que seja criador de escassez é um dos motivos da impossibilidade da homogeneização. Os indivíduos não são igualmente atingidos por esse fenômeno, cuja difusão encontra obstáculos na diversidade das pessoas e na diversidade dos lugares. de outra maneira de realizar a globalização. Diante do que é o mundo atual, como disponibilidade e como possibilidade, acreditamos que as condições materiais já estão dadas para que se imponha a desejada grande mutação, mas seu destino vai depender de como disponibilidades e possibilidades serão aproveitadas pela política. Na sua forma material,unicamente corpórea, as técnicas talvez sejam irreversíveis, porque aderem ao território e ao cotidiano. De um ponto de vista existencial, elas podem obter um outro uso e uma outra significação. A globalização atual não é irreversível. Para concluir: a mudança ocorrerá das periferias para os centros formando novos modelos de convergências,numa perspectiva histórica que provirá de um movimento de baixo para cima,tendo como atores principais os paises subdesenvolvidos e não os países ricos. A ênfase central do livro vem da convicção do papel da ideologia na produção,disseminação,reprodução e manutenção da globalização atual. Esse papel é,também,uma novidade do nosso tempo.