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Resenha do Livro: A FORMAÇÃO DO MUNDO MODERNO Autores: FRANCISCO FALCON \ ANTONIO RODRIGUES
Tipologia: Notas de estudo
Oferta por tempo limitado
Compartilhado em 07/11/2011
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PROFESSOR: MsC JOSÉ VIEIRA DA CRUZ
relação ao acúmulo de capital. Por fim, a derrocada do Antigo Regime que não mais encontrava espaço dentro dessas novas relações sociais.
IV – DIGESTO
Iniciando a obra os autores tratam logo de identificar qual será o caminho adotado por eles para apresentar as idéias abordadas nos capítulos do livro. E esse caminho fica muito bem delineado quando cravam a passagem da Idade Média para a Idade Moderna como um longo período de transição do feudalismo para o capitalismo.
Avançando para o segundo capítulo nos deparamos com as causas e já algumas conseqüências dessa transição. No primeiro momento são delimitados quatro períodos que compreendem a crise do final da Idade Média dentro dos séculos XIV e XV, o período de expansão econômica que vai do final do século XV ao começo do século XVII, o terceiro período que é o da crise, porém sem crise, do século XVII e o quarto que corresponde ao século XVIII marcado pelas revoluções sociais e econômicas. Essa divisão ajudará muito a compreender os capítulos subseqüentes.
Partindo da mudança nas relações entre senhores e servos a relação entre o campo e a cidade também foi alterada e uma expansão comercial foi iniciada ampliando as relações de comércio local e regional. O homem da idade média enxergou nas cidades a válvula de escape das imposições servis. As cidades cresciam e estimulavam a circulação de mercadorias aumentando os circuitos comerciais.
Um dos efeitos dessa necessidade de expansão comercial foram as grandes navegações que por sua vez forçaram o aumento da produção agrícola e o aparecimento de invenções que permitiam o aumento da produção. Outra conseqüência dessa expansão é o aparecimento do capital comercial precipitando as relações capitalistas. O grande destaque dessa nova relação comercial foi o mercantilismo.
A empresa mercantil era reflexo dos descobrimentos e das grandes navegações e se apresentou de forma diferente em cada um dos Estados que buscavam o comércio ou a descoberta de metais preciosos através das rotas marítimas. Durante todo esse período das navegações os conflitos entre Portugal, Espanha, Holanda, França e Inglaterra estabeleciam a alternância da hegemonia e do poder marítimo.
O mercantilismo pode ser identificado como o sistema comercial próprio dos Estados modernos onde identificamos os dois principais motivos: o econômico e social e o político social. Há uma divisão difundida entre os historiadores que aponta o mercantilismo para quatro tipos que são: o mercantilismo ibérico, o holandês, o francês e o inglês. Contudo os autores afirmam que devido a constante transformação das práticas mercantilistas é “ilusório imaginar que algumas delas tenham fincado raízes definitivas neste ou naquele país durante três séculos”. p 28
Outro ponto abordado ainda no segundo capítulo são as transformações socioeconômicas ao longo desse período de transição. O Antigo Regime é detalhado em todos os seus aspectos identificando suas estruturas sociais onde se destaca as Cortes. A monarquia e república são discutidas segundo a abordagem de outros autores com Jean Bodin e Weber elucidando os pontos dos estados absolutistas e dos estados republicanos até se chegar ao Reformismo Ilustrado e a crise do Antigo Regime.
Falcon e Rodrigues apresentam um conceito de absolutismo diferente do caráter tradicional que a maior parte dos historiadores utilizam. O sombrio absolutismo é revelado agora com a ilustração de reis e príncipes que governavam de forma mecenas afirmando a autoridade real sobre o poder eclesiástico.
O capítulo 3 trata da cultura moderna mostrando as ligações entre a cultura antiga e o novo movimento moderno. Atribuindo às cidades uma grande parte da contribuição para formação do mundo moderno elas são constituídas como centros de referencia e de informação alavancando o comércio e passando a representar a riqueza e o luxo. São os centros urbanos que gerarão o movimento cultural que levaria a descoberta do homem e do mundo: o Renascimento.
Relacionando o Humanismo como um dos principais instrumentos para o entendimento do Renascimento fica evidente o aproveitamento que o período medieval conservou da tradição greco-romana permitindo ao Renascimento uma leitura crítica dos textos clássicos, o que leva a perceber que “a marca do Renascimento é a revisão da sabedoria antiga com a intenção de ampliar o conhecimento do homem e da natureza”. p 78
Em sua obra Falcon e Rodrigues utilizam duas abordagens metodológicas. Utilizam-se do método indutivo para observar os fenômenos da Idade Moderna descobrindo relações entre eles e dessa maneira formulam as opiniões a respeito desse período, segunda metodologia é a dialética valendo-se da unidade dos contrários.
Identifica-se também traços de dois tipos de metodologia específica que são: o método histórico, pois o texto permite preencher vazios dos fatos e acontecimentos assegurando a percepção da continuidade e do entrelaçamento dos fenômenos e, ainda, o método comparativo à medida que permite ao leitor fazer uma analogia entre os elementos, classificar e apontar vínculos entre os fatores presentes e ausentes.
VI – CRÍTICA DO RESENHISTA
Imagine uma pessoa que é colocada de olhos vendados dentro de um quarto onde ela nunca esteve. Utilizando-se do sentido do tato ela conseguirá identificar uma grande parte dos objetos existentes dentro do cômodo e saberá pela maciez e pelo tamanho que estará tocando em um travesseiro ou pelo comprimento e rigidez em um guarda-roupa. Contudo quando a venda é retirada ela consegue ver exatamente todos os detalhes, como cores e formas, dos mesmos objetos que antes, só tocando, não podiam ser identificados.
É exatamente essa sensação que se tem durante e depois da leitura da obra de Falcon e Rodrigues. As vendas do ensino fundamental são retiradas e é possível ver com tamanha clareza e de forma tão diferente a mesma Idade Moderna aprendida nos tempos de escola. A abordagem que os autores utilizam proporciona ao leitor uma gama de opções que o fazem refletir a cada instante sobre o tema. Dentro dessas opções o leitor pode escolher entre concordar com a opinião dos autores ou escolher outra que os mesmos apresentam e comparam com suas visões e, ainda, há espaço e material para produzir uma opinião própria no desenrolar da leitura. Nas palavras dos autores “nosso intuito foi tão-somente alertar o leitor para a possibilidade de outros caminhos interpretativos e expositivos diferentes daqueles que adotamos aqui”. p 4
Falcon e Rodrigues vão além dos limites historiográficos quebrando vários estereótipos históricos atribuídos à Idade Moderna e criando outros mais. E é apresentando e confrontando as visões de diversos autores sobre esse período que eles vão tornando mais contundente a sua posição em relação ao período moderno conseguindo trazer o leitor para o seu lado.
Nada fica de fora para apresentar, e justificar, a Idade Moderna como o período da transição do feudalismo para o capitalismo. A crise do sistema feudal é dissecada criando a base para compreender os motivos que levaram a expansão comercial e suas conseqüências. O renascimento das cidades e o nascimento da classe burguesa são os dois pilares que sustentam todo o texto, é com eles que essa transição ganha força e torna possível compreender a posição dos autores.
Permita-me uma breve colocação sobre a história da venda lá no início dessa crítica. Quando temos os olhos vendados por um tempo ao retirarmos a venda não voltamos a enxergar imediatamente com clareza, só após alguns instantes a nossa visão vai se normalizando. Destarte há um ponto na obra de Falcon e Rodrigues que desembaça completamente a visão do leitor, o capítulo 3.
Quando os dois autores começam a tratar sobre o que foi o movimento cultural da Idade Moderna é possível, então, elucidar temas que em um primeiro momento estavam turvos. As veredas da Idade Moderna são abertas em quase metade do total da obra. A leitura feita da Renascença dividindo-a em duas e expandindo seus limites para além das cidades italianas e da Europa Ocidental proporciona ao leitor tecer uma rede de ligações entre os marcos do período moderno. Tudo fica mais bem justificado depois de realizada a leitura dos capítulos 3 e 4, a revolução urbana, a expansão comercial, o mercantilismo, a reforma protestante, a crise do absolutismo e as revoluções burguesas cada uma é causa e conseqüência da outra. Essa relação pode ser expressa pelo seguinte gráfico:
América Espanhola e Portuguesa inserido nas políticas mercantilistas de seus Estados e os traços renascentistas identificados na cidade do Rio de Janeiro são exemplos dessa cultura moderna. Contudo é na explanação sobre a colonização da América do Norte que os autores destacam com mais veemência a influência da cultura moderna fora da Europa. Os colonos protestantes, fugidos das perseguições religiosas, aplicam as tradições de acúmulo de capital trazidas da Inglaterra criando uma nova sociedade baseada nos princípios de igualdade e liberdade que culminaria na independência dos Estados Unidos.
Esse livro além de uma fonte para o estudo histórico pode ser lido por uma abordagem filosófica, antropológica ou sociológica. Ao final da obra de Falcon e Rodrigues a sensação que se tem é ter saído do consultório de seu oftalmologista com um novo par de óculos que lhe permitem enxergar as coisas ao seu redor mais claramente.
IX – INDICAÇÕES DO RESENHISTA
A obra pode ser indicada para os mais diferenciados públicos atendendo tanto aos que buscam o entendimento sobre o tema central como, também, pode ser usado para outros temas específicos como, por exemplo, História da América ou em outras áreas das ciências humanas como a antropologia, a filosofia e a sociologia.