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Realidade da minha comunidade contribui para mudar o destino da vida Severina?, Notas de estudo de Enfermagem

Como o conhecimento da realidade da minha comunidade contribui para que eu, enquanto enfermeiro possa mudar o destino da vida Severina?

Tipologia: Notas de estudo

2011

Compartilhado em 11/01/2011

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Como o conhecimento da realidade da minha comunidade contribui para que eu,
enquanto enfermeiro possa mudar o destino da vida Severina?
Paulo Rogério Ribeiro de Carvalho1
Um país como o Brasil pouco tempo atrás tinha uma grande falta de
assistência de saúde às pessoas. A expectativa de vida era muito ruim. Entre 1945 e
1964 a expectativa de vida era de 51 anos em Porto Alegre, 49 em Belém e no interior
era ainda pior: o habitante do sertão vivia em torno de 30 anos. A miséria, a fome, a
pobreza era algo espantoso. (BERTOLLI FILHO, 2006)
Pode-se perceber ao ler a obra de João Cabral de Melo Neto, intitulada “Morte e
vida Severina” a situação da população rural do sertão. A falta de alimentação, de
habitação, a falta de saneamento básico colocou o Brasil como um país miserável. Na
obra, o enfoque principal é a vida Severina, esta que é uma vida sofrida. Trata de uma
vida sem expectativas. A busca por condições melhores faz com que muitas pessoas
procurem alternativas. A saída do sertão para a cidade é uma forma de o Severino ser
conhecido e reconhecido como gente. A desigualdade e as injustiças sociais estão em
toda parte.
O indivíduo desconhecido como Severino trás à tona a questão da cidadania e da
democracia. Se eu como individuo da sociedade sou excluído, não tenho como fazer
parte da terra. Conseguinte não sou cidadão e nem se tem a democracia. Outro autor que
vem criticar a sociedade por não reconhecer o individuo, é Pierre Levy. Este autor fala
que a sociedade hoje não valoriza o ser humano como gente, mas sim como números.
Fala também da exclusão dos “invisíveis” da sociedade (o mesmo Severino de Melo
Neto). A exclusão não só no aspecto econômico, mas também no aspecto pessoal, social
e intelectual. Os cientistas trancados em seu laboratório não divulgam nada para a
população, e com isso não se tem democracia. Levy com sua idéia nos faz pensar se
realmente temos democracia. O pobre trabalha na construção de casas, prédio, estradas,
faz parte do todo. Porém não é reconhecido, o invisível de Levy se assemelha com A
vida Severina.
1 Graduando em Enfermagem pela Faculdade AGES. Email:
rogeriocarvalhoribeiro@hotmail.com
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Como o conhecimento da realidade da minha comunidade contribui para que eu, enquanto enfermeiro possa mudar o destino da vida Severina?

Paulo Rogério Ribeiro de Carvalho 1

Um país como o Brasil há pouco tempo atrás tinha uma grande falta de assistência de saúde às pessoas. A expectativa de vida era muito ruim. Entre 1945 e 1964 a expectativa de vida era de 51 anos em Porto Alegre, 49 em Belém e no interior era ainda pior: o habitante do sertão vivia em torno de 30 anos. A miséria, a fome, a pobreza era algo espantoso. (BERTOLLI FILHO, 2006) Pode-se perceber ao ler a obra de João Cabral de Melo Neto, intitulada “Morte e vida Severina” a situação da população rural do sertão. A falta de alimentação, de habitação, a falta de saneamento básico colocou o Brasil como um país miserável. Na obra, o enfoque principal é a vida Severina, esta que é uma vida sofrida. Trata de uma vida sem expectativas. A busca por condições melhores faz com que muitas pessoas procurem alternativas. A saída do sertão para a cidade é uma forma de o Severino ser conhecido e reconhecido como gente. A desigualdade e as injustiças sociais estão em toda parte. O indivíduo desconhecido como Severino trás à tona a questão da cidadania e da democracia. Se eu como individuo da sociedade sou excluído, não tenho como fazer parte da terra. Conseguinte não sou cidadão e nem se tem a democracia. Outro autor que vem criticar a sociedade por não reconhecer o individuo, é Pierre Levy. Este autor fala que a sociedade hoje não valoriza o ser humano como gente, mas sim como números. Fala também da exclusão dos “invisíveis” da sociedade (o mesmo Severino de Melo Neto). A exclusão não só no aspecto econômico, mas também no aspecto pessoal, social e intelectual. Os cientistas trancados em seu laboratório não divulgam nada para a população, e com isso não se tem democracia. Levy com sua idéia nos faz pensar se realmente temos democracia. O pobre trabalha na construção de casas, prédio, estradas, faz parte do todo. Porém não é reconhecido, o invisível de Levy se assemelha com A vida Severina.

1 Graduando em Enfermagem pela Faculdade AGES. Email: rogeriocarvalhoribeiro@hotmail.com

A vida Severina continua hoje na pele do trabalhador que ganha um salário que mal dar para sustentar sua família. E ainda muitos pobres que não tem uma casa, uma vida digna. Imagine como era e é uma vida sem ter o que comer, sem ter onde morar. A saúde em seu sentido simplista (ausência de doença) não existia quanto mais a saúde em seu sentido mais amplo. A vida do brasileiro foi e continua sendo sofrida. A saúde que é direito de todos não faz parte da maioria da população. Colocam como prioridade a ênfase no remédio-cura. E não se preocupam com a prevenção. O profissional da saúde ainda tem uma visão biomédica, o que dificulta uma nova concepção de saúde. Com isso o que é viabilizado (quando é viabilizado) para as pessoas são apenas remédios. Sabe-se que saúde não é simplesmente ausência de doença, ela é mais amplo que isto.

[...] a saúde tem um caráter social, dinâmico e interativo com os outros aspectos; da mesma maneira, a doença pode ser decorrente do desequilíbrio de áreas importantes da vida, mas, mesmo que se configure como um processo, as duas condições não são contrárias. Saúde não é o contrario de doença, mesmo que possam ser interdependentes, já que para se ter saúde há questões mais amplas do que a inexistência de alteração física (por exemplo, a cultura) ou até mesmo psíquica, que parecem aproximar-se da compreensão do que seja doença. (SANTOS, 2007, p. 05-06) O conceito de saúde é muito amplo e complexo. Como o ser humano é complexo não se pode diminuí-lo a simples ser biológico. É preciso que as pessoas tenham esta visão de mundo, principalmente o Enfermeiro. Este que estará em constante contato com as pessoas. Como Enfermeiro deve-se pensar sistêmico, holístico, em que muitos são os aspectos que influenciam na saúde. Capra em “Teia da vida” vem colocar uma nova forma de se pensar o mundo. O pensar sistêmico valoriza o todo e suas relações existentes. Ele com esta idéia nos faz pensar no que realmente é essencial, que é a relação entre os seres vivos e não-vivos. Todos fazem parte de uma teia em que há troca de saberes e valores. Esta forma de pensar coloca a visão biomédica como mecânica, pois valoriza apenas as partes, e deixa o todo de lado. A ciência mecanicista põe limites onde não há. Reduz o homem a mero conjunto de órgãos a ser explorado, e deixa de valorizar o emocional, espiritual e transcendental.

A forma de ver o mundo como teias vivas, faz o ser humano ter uma visão mais abrangente de mundo. Com isso os valores, a cultura e os saberes são tão importantes quanto a busca de melhores condições de vida através de métodos científicos. A troca de conhecimento e saberes faz com que o Enfermeiro tenha um vinculo com a comunidade. Ele enquanto enfermeiro se colocará como parte do mundo e da comunidade, fazendo com que as pessoas também se sintam parte do mundo. O relacionamento de teias vivas faz do profissional um ser mais digno e participativo. Sua

BERTOLLI FILHO, Claudio. Historia da Saúde Pública no Brasil. 4. ed. São Paulo: ática, 2006.

CAPRA, Fritjof. A teia da Vida : uma nova concepção cientifica dos sistemas vivos. São Paulo: Cultrix, 2006.

HELMAN, Cecil G. Cultura, Saúde e Doença. 4. ed.Porto Alegre: Artmed, 2003.

MELO NETO, Joao Cabral de. Morte e vida Severina : outros poemas para vozes. 34. ed. Rio de Janeiro: nova fronteira, 1944.

LEVY, Pierre. A Inteligência Coletiva. 2007. 5. ed. São Paulo: Edições Loyola, 2007.

SANTOS, Álvaro da Silva; MIRANDA, Sonia Maria Rezende C. de. A enfermagem na gestão em atenção primária à saúde. Barueri, SP: Manole, 2007.

AGES

FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS

BACHARELADO EM ENFERMAGEM

PAULO ROGÉRIO RIBEIRO DE CARVALHO

COMO O CONHECIMENTO DA REALIDADE DA MINHA

COMUNIDADE CONTRIBUI PARA QUE EU, ENQUANTO

ENFERMEIRO, POSSA MUDAR O DESTINO DA “VIDA

SEVERINA”?

Trabalho apresentado no curso de Enfermagem da Faculdade AGES como um dos pré-requisitos para a obtenção da nota parcial da disciplina SI PSD Cuidado na política e Organização dos serviços de saúde no 2° período, sob orientação do professor Ernande.

Paripiranga

Outubro de 2010