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Pesquisa em enfermagem novas metodologias aplicadas, Notas de estudo de Enfermagem

PESQUISA EM ENFERMAGEM NOVAS METODOLOGIAS APLICADAS

Tipologia: Notas de estudo

2010
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Compartilhado em 19/10/2010

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PESQUISA EM ENFERMAGEM Novas METODOLOGIAS APLICADAS JACQUES HENRI MAURICE GAUTHIER Doutor em Ciências da Educação pela Universidade de Paris VII Mestre em Ciências Políticas e em Linguística Pesquisador do Grupo ESCOL (Education, Socialization et Collectivités Locales) — Universidade de Paris VII Ex-Professor Visitante da EEAN/UFRJ Professor Visitante da Faculdade de Educação da UFBa IVONE EVANGELISTA CABRAL Doutora em Enfermagem — EEAN/UFRJ Mestre em Enfermagem Bolsista da FAPERJ — ano 1996-97 Professora Adjunta do Departamento de Enfermagem Matemno-Infantil — EEAN/UFRJ Pesquisadora do Núcleo de Pesquisa de Enfermagem em Saúde da Criança (NUPESC) — EEAN/UFRJ IRACI DOS SANTOS Doutora em Enfermagem Mestre em Ciências de Enfermagem — Área de Administração — EBAN/UFRJ Livre-Docente em Pesquisa em Enfermagem — UERJ/Faculdade de Enfermagem Professora Titular da Universidade do Estado do Rio de Janeiro/Faculdade de Enfermagem — Área Pesquisa em Enfermagem CLÁUDIA MARA DE MELO TAVARES Doutoranda em Enfermagem — EEAN/UFRJ Mestre em Educação Professora Assistente do Departamento de Enfermagem Materno-Infantil e Psiquiátrica da Universidade Federal Fluminense/Escola de Enfermagem cuanagara A, KOOGAN COLABORADORES ARACI CARMEN CLOS Mestre em Filosofia, Universidade Gama Filho Professora Assistente da Faculdade de Enfermagem — UERJ. Disciplinas: Ética em Enfermagem e Pesquisa em Enfermagem. NÉBIA MARIA ALMEIDA DE FIGUEIREDO Doutora em Enfermagem Livre-docência pela Escola de Enfermagem Alfredo Pin- to (BEAPYUNÍ-RIO Professora Titular do Departamento de Enfermagem Fundamental do EEAP — UNI-RIO ISAURA SETENTA PORTO Professora Adjunta — Departamento de Enfermagem Médico-Cirúrgica Livre-Docência pela Escola de Enfermagem Alfredo Pinto / UNI-RIO Doutoranda em Enfermagem — Escola de Enfermagem Anna Nery / UFRJ Mestre em Enfermagem Pesquisadora do CNPq LELIANA SANTOS DE SOUZA Professora Substituta da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia — FACED-UFBa, Mestre em Educação FACED-UFBa. Professora Pesquisadora do Serviço de Assistência ao Educando da Secretaria de Educação do Estado da Bahia. SAE-SEC-Ba, FÁTIMA HELENA DO ESPÍRITO SANTO Professora Auxiliar do Departamento de Enferma- gem Médico-Cirúrgica — Escola de Enfermagem/ UFF Mestre em Enfermagem MARIA ANTONIETA RUBIO TYRRELL Doutora em Enfermagem Livre-Docência pela Escola de Enfermagem Anna Nery/ UFRJ Professora Titular do Departamento de Enfermagem Materno-Infantil da Escola de Enfermagem Anna Nery/ UFRJ Pesquisadora do Núcleo de Pesquisa de Enfermagem em Saúde da Mulher/UFRJ Pesquisadora do CNPq VERA REGINA SALLES SOBRAL Enfermeira Doutora em Enfermagem Professora Adjunta da Escola de Enfermagem da Uni- versidade Federal Fluminense Pesquisadora do CNPq ENÉAS RANGEL TEIXEIRA Professor do Departamento de Enfermagem Médico- Cirúrgica da Escola de Enfermagem/UFF Mestre em Enfermagem Doutorando em Enfermagem — EEAN/UFRJ PREFÁCIO A quem serve o método? Dizia Lênin que “o método é a alma da teoria”. Proposição essencial e polissêmica que pode suge- rir várias conclusões. A primeira é a de que justa- mente o método distingue a ciência de qualquer outra produção intelectual. Ou seja, dentro de di- mensões históricas imemoriais até nossos dias, re- ligiões e filosofias têm sido poderosos instrumen- tos explicativos dos significados de existência in- dividual e coletiva. A poesia e a arte continuam a desvendar dimensões profundas e insuspeitas do inconsciente coletivo, do cotidiano e do destino humano. A ciência, porém, na sociedade ocidental, ga- nhou forma hegemônica de construção da realida- de, por ter conseguido estabelecer uma linguagem fundamentada em conceitos, métodos e técnicas para compreensão do mundo, das coisas, dos pro- cessos e relações. Essa linguagem é utilizada de forma coerente, padronizada e inistituída, por uma comunidade que controla e administra sua reprodução, Outro moti- vo da hegemonia da ciência como forma de conhe- cimento e explicação do mundo natural e social é a sua potencialidade para responder aos desafios tecnológicos da sociedade moderna. As questões da normatividade da ciência atra- vés do método, no entanto, são permeadas de con- flitos e contradições. Feyerabend, por exemplo, num trabalho denominado “Contra o Método”, observa que o processo da ciência está associado à violação das regras do método. Thomas Kuhn em sua obra clássica “Estruturas das Revoluções Científicas” afirma que o avanço científico só se dá quando há quebra de paradigmas, consagrados, colocando-se em questão teorias e métodos antes reconhecidos. O grande historicista W. Dilthey em “Introducción a las Ciéncias del Espiritu” afir- mava que o método era necessário por causa da nossa “mediocridade”, ou seja, por não sermos gênios, necessitamos de parâmetros para cami- nhar. O segundo sentido que gostaria de explorar na frase de Lênin é o de adequação entre teoria e método, assim como entre alma e corpo, de tal for- ma que um não exista sem o outro. O melhor mé- todo é aquele que pode permitir maior aproxima- ção com o objeto, não havendo, portanto, sentido algum numa defesa de tal ou qual abordagem em detrimento de outras, preferências abstratas, exter- nas às questões em que o investigador se coloca, Entretanto, mais precisamente no âmbito que aqui se aplica, o de saúde, temos ao mesmo tempo que fazer uma avaliação das simplificações teóricas unidisciplinares usualmente empregadas para dar conta de um objeto tão complexo, encontrar for- mas de aproximação que contemplem essa comple- xidade. Dada a especificidade do campo, ser ten- tada a defender o fato de que o método-alma tem que atingir o coração dos objetos sujeitos para cap- tar as dimensões da essenciabilidade do contínuo vida-morte. Para ilustrar essa idéia, tomo aqui o pensamen- to magistral de G. K. Chestenton pela boca de seu detetive espiritual, o padre Brown: “A ciência é uma grande coisa quando está a nossa disposição; no seu verdadeiro sentido é uma das palavras mais formidáveis do mundo. Mas o que pretendem esses homens, em nove entre dez casos, ao pronunciá-la hoje? Ao dizer que a de- tecção é uma ciência? Ao dizer que a criminologia é uma ciência? Pretendem colocar-se no exterior de um homem e estudá-lo como se ele fosse um inseto gigante, sob o que chamariam luz severa e imparcial, e que eu chamaria morta e desumana. Pretendem distanciar-se dele, como se ele fosse um remoto monstro pré-histórico, e fitar a forma de seu “crânio criminoso” como se fosse uma espé- cie sinistra de excrescência, como um chifre de um rinoceronte. Quando o cientista fala de um tipo, nunca está se referindo a si mesmo, mas a seu vi- APRESENTAÇÃO Apresentar este livro ao público significa para mim refletir sobre os laços existentes entre o tra- balho experimental que realizo no campo da enfer- magem e seu desenvolvimento e as novas metodo- logias de pesquisa, fruto das investigações realiza- das pelos autores. De imediato, penso no fato de os(as) pesquisa- dores(as) estarem deixando de lado a objetividade pura da tecnologia e da técnica fortemente vincu- lada à esfera do privado e do consumo para refletir sobre a profissão a partir de uma subjetividade que questiona as vivências humanas em sua multipli- cidade imediata e as ações coletivas pertinentes. Há pouco mais de uma década, venho experi- mentando uma metodologia que considera a enfer- magem uma profissão consistente e em contínuo desenvolvimento sugerindo às enfermeiras que passem a abordar em suas práticas a relação com a clientela sob um prisma teórico-filosófico, tendo em mente que quem cuida faz parte do processo, sente as necessidades do outro e é atingido pelo outro, quer admita ou não, podendo gerar bem-es- tar ou total desconforto por essa atuação. Esse sentimento surgiu em 1985, quando tomei parte de uma pesquisa, realizada na UTI do Hos- pital do Andaraí —INAMPS-— RJ, cujo tema era “As dificuldades encontradas pelas enfermeiras para incorporar os resultados de pesquisa às práti- cas de enfermagem”, apresentada no 4.º Seminá- rio Nacional de Pesquisa em Enfermagem (SEN- PE), realizado em São Paulo e divulgado nos Anais desse Seminário. Desde então, fui delineando a estrutura de uma Oficina de Criação com enfermeiras, que ia sendo retificada após cada experiência (e foram muitas), até o ano de 1991, quando consegui com Cristina Loyola modelar um conjunto completo que foi tes- tado na disciplina “Relações Interpessoais em En- fermagem” do curso de Especialização em Me- todologias de Enfermagem do Departamento de Enfermagem Fundamental da Escola de Enferma- gem Anna Nery/UFRIJ, realizado no espaço da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto/UNI-RIO. Dentre as participantes daquela Oficina estavam Nébia Maria Almeida de Figueiredo e Isaura Se- tenta Porto, colaboradoras da obra que ora apre- sento. O conjunto de dinâmicas de criatividade, sen- sibilidade e espressividade, que aborda entre ou- tras temáticas as identidades sexual, profissional e coletiva, foi desenvolvido em seguida, no 6.º SENPE-RI, com a participação de Ivone Evange- lista Cabral, uma das autoras desta obra e Vera Regina Salles Sobral, uma das colaboradoras. O resultado do trabalho desenvolvido naquele contex- to encontra-se publicado nos ANAIS do evento. Um desdobramento concreto que podemos regis- trar como uma forma inovadora de pesquisar, cons- tante no pensamento de muitas dessas pesquisa- doras. Em 1993, ocorre outro fato marcante, meu en- contro com Iraci dos Santos, editora da Revista “Enfermagem”, UERJ, que passa a divulgar parte da produção dos textos das conferências que reali- zo pelo Brasil afora, independente ou paralelamen- te com as oficinas de criatividade, sensibilidade e expressividade. No transcurso de nossas atuações no meio acadêmico, no Jornal Brasileiro de Enfer- magem e na Revista “Enfermagem”, Iraci dos San- tos surge como porta-voz dessas pensadoras que estão produzindo inovações no campo da Enferma- gem. Eu sinto que a tônica das novas metodologias de pesquisa em enfermagem inclui uma dimensão política de luta pelo resgate da autoconfiança pro- fissional, erigindo pontes entre nossas potenciali- dades pessoais e as realizações intelectuais no âmbito de Enfermagem. Dessa forma, estamos a exorcizar a visão negativa da profissão, eliminan- do gradativamente “A Síndrome de Pilatos”, pen- sando em oferecer à sociedade metodologias que são indicadores do progresso de cada profissional x Apresentação na área de pesquisa e de experimentação, apesar de reconhecermos que os impasses identificados no sistema de saúde persistem. A produção intelectual também tem o caráter de fortalecer a área do prazer, abrindo a possibilida- de de diálogo com outras categorias profissionais. O desenvolvimento intelectual exercita pela comu- nicação a capacidade de dar e receber afeto, conhe- cimento, estimula um tipo de exercício profissio- nal que incorpora movimento, crescimento, cone- xão e deleite, objetivo concretizado neste livro pela parceria entre Ivone, Iraci e Cláudia Mara com o ex-professor visitante da EEAN-UFRI* — Jacques Gauthier, Doutor em Ciências da Educação pela Universidade de Paris VIH. As novas metodologias estão incorporando uma «linguagem apropriada pata abordar o universo sim- “bólico da enfermagem, enfatizando O CORPO como espaço limite que nos configura, define e nos separa uns dos outros, fora dos parâmetros racio- nais ainda presentes em boa parte da produção ci- entífica da área. É através do próprio corpo que aparecemos ante arealidade, diante da clientela e diante de nós mes- mas. Às pesquisas sobre o exercício profissional têm o compromisso de observar como se dá o con- tato do corpo das/dos profissionais de enfermagem com o corpo da clientela, considerando reações, desejos, pulsões, sem perder de vista que é com nossas mãos que tocamos as outras pessoas, na ten- tativa de aliviar sofrimento, tendo ao mesmo tem- *Nos anos de 1994 e 1995. po a sensibilidade de deixar fluir o movimento do corpo do(a) outro (a) durante nossa atuação. O cor- po humano é um campo de negociações, de praze- res, de conflitos, de sentidos, tendo a alegria ou a dor como mensageira do equilíbrio ou desequilí- brio resultante da dinâmica de forças que, em es- tado de disputa, fluem ou se obstruem e paralisam. Diante de um corpo aprisionado pela dor, os(as) investigadores(as) de enfermagem devem antes de tudo escutar a queixa da pessoa enferma, que ape- sar de doente mantém a unidade corporal que inte- gra o corpo inerte algumas vezes, o corpo em mo- vimento e o corpo espiritual, procurando entender que a dor sentida representa um combate entre ela e seu mundo interior, e que a intervenção de en- fermagem edificante alinha-se do lado da recupe- ração humana e não ao contrário. Nas investigações apresentadas neste livro, os(as) pesquisadores(as) tentam decifrar o sofri- mento humano, lançando mão de uma abordagem flexível e aberta, que procura dar conta da articu- lação das singularidades humanas, reconhecendo as diferenças entre as pessoas, respeitando a esfe- ra íntima de cada ser humano, observando a dinâ- mica intrapsíguica de cada cliente que se manifes- ta mais pela linguagem não-verbal do que pela lin- guagem verbal. Leitoras e leitores, adquiram a obra e formulem vocês também sua própria apreciação... Maria José de Lima xii Conteúdo 10 ApLicação DOS MÉTODOS E NORMAS GERAIS DE PESQUISA, 209 Parte 1 Exemplos de Projetos de Pesquisa, 209 Anexo 1 Anexo 2 Anexo 3 Anexo é Anexo 5 Anexo 6 Estilos Gerenciais das(os) Enfermeiras(os) na Área de Recuperação da Saúde, 209 Traci dos Santos Cuidar com Arte: Descobrindo Possibilidades de Inovação na Prática da Enfermagem Psiquiátrica, 222 Cláudia Maria de Melo Tavares Exemplo de Nota Prévia para Publicação em Periódicos (Anteprojeto de Tese com Aplicação de Análise Institucional), 238 Iraci dos Santos e Jacques Gauthbier Exemplo de Artigo para Publicação em Periódicos (Pesquisa com Aplicação da Abordagem Sociopoética), 244 Iraci dos Santos, Jacques Gauthier, Nébia Maria Almeida Figueiredo e Vera Regina Sailes Sobral A Estudante de Enfermagem e a Mulher- Mãe no Espaço Acadêmico: A Negociação dos Saberes Sobre Estimulação à Criança, 252 Ivone Evangelista Cabral A Organização do Relatório da Dinâmica — Fonte de Dados no Método Criativo e Sensível, 269 Ivone Evangelista Cabral Parte II Normas de Pesquisa em Saúde, 278 Anexo 7 Anexo 8 Resolução n.º 196/96 Sobre Pesquisa Envolvendo Seres Humanos, 278 Noximas Sobre Elaboração e Publicação de Resumos, 292 ÍnDice ALFABÉTICO, 297 PESQUISA QUANTITATIVA E METODOLOGIA TRAcI DOS SANTOS Araci CARMEN CLOS A opção pelo método e técnica de pesquisa depende da natureza do problema que preocupa o inves- tigador, ou do objeto que se deseja conhecer ou estudar. A utilização de técnicas qualitativas e quanti- tativas depende, também, do domínio que o pesquisador tem no emprego destas técnicas. Inexiste supe- rioridade entre ambas desde que haja correção nas utilização e adequação metodológicas: Quanto às situações que são propiciadas pelas técnicas de pesquisa qualitativa a exemplo da entre- vista, reflete Haguette (1992) que estas não garantem a compreensão e a interpretação válidas do fenô- meno observado. À garantia vai depender, portanto, da competência do pesquisador, inclusive quanto à utilização do método escolhido. Assim, diz a autora: “os melhores métodos são aqueles que mais aju- dam na compreensão do fenômeno a ser estudado”. Na pesquisa em enfermagem, tem-se notado que os métodos quantitativos estão sendo pouco utiliza- dos com a justificativa de não se adequarem aos objetos de estudo dessa área do conhecimento. Não se trata aqui da defesa de qualquer um dos métodos, mas de alertar para o fato de que, na enfer- magem, ainda é recente a apropriada utilização do método científico para tratamento dos problemas ou estudo de situações, objetos de pesquisa. Muitas variáveis dos problemas de pesquisa, nessa área, po- dem e devem ser tratadas quantitativamente; um exemplo é o das variáveis demográficas (faixa etária, grau de instrução, sexo, ocupação, estado civil, cor) e socioeconômicas, as quais são investigadas, in- clusive, nas abordagens qualitativas, apenas com finalidade de qualificar os Sujeitos de estudo, sem, contudo, analisar-se a interferência das mesmas no objeto e/ou problemática da pesquisa. Desse modo, deve-se ressaltar que ainda é pouco conhecida a influência das variáveis citadas no desempenho e na qualidade do trabalho dos profissionais de enfermagem. Outra alegação feita pelos iniciantes de pesquisa é a de que certos métodos prendem o pesquisador numa camisa-de-força. Deve-se alertar, no entanto, para a impressão de grande liberdade proporciona- da por alguns métodos a qual encanta os novatos. Nesse caso, muitas vezes, dá-se prioridade ao referen- cial teórico metodológico em detrimento de sua aplicação na análise e na interpretação dos dados cole- tados. É importante, portanto, destacar certas características dos métodos qualitativo e quantitativo, apre- sentadas por Haguette (1994), em termos de situações propícias ao uso das técnicas de pesquisa: A) Qualitativo; * quando a evidência qualitativa substitui a simples informação estatística sobre épocas passadas a exem- plo de estudos históricos; * na captação de dados psicológicos reprimidos e de difícil articulação (aspectos subjetivos do com- portamento, como delinquiência, prostituição, relações sociais); * como indicadores do funcionamento complexo de estruturas e organizações, difíceis de observação direta (análise funcional na etnologia, estratificação, mobilidade social); * os métodos “não estruturados” (qualitativos) destinam-se mais a descoberta de novos rumos e luzes, “muitas vezes redirecionando a linha de investigação, a partir das informações adquiridas ao longo da pesquisa”. (Haguette, 1994). Na Pesquisa Quantitativa e Metodologia 3 delimitado, isto é, especificar os elementos que o compõem: população/ações, as variáveis (aspectos) de maior relevância e suas inter-relações. As idéias para o problema de pesquisa são encontradas principalmente na própria experiência da(o) enfermeira(o), sobretudo nos trabalhos de pesquisa e, entre estes, os que sugerem prosseguimento, teo- rias ou esquemas conceituais visando ao estudo de suas implicações para as pessoas e o mundo em que vivem. É necessário que o problema de pesquisa, razão do trabalho científico, seja relevante para a enferma- gem, que os resultados esperados apresentem cfetiva contribuição para o desenvolvimento desta profis- são. Para tanto, é preciso conhecer as prioridades de pesquisa para cada comunidade, instituição ou área do saber. A experiência tem mostrado que a forma redacional mais simples de apresentação do problema é a interrogativa. Ao serem exposta(s) pergunta(s), torna-se mais fácil o entendimento da dificuldade esco- Ihida pelo pesquisador para ser investigada. Temos sugerido alguns critérios para a seleção de problemas de investigação, ressaltando a pertinência, aoriginalidade, a exequibilidade, o custo/benefício, a urgência dos resultados é as considerações éticas. A análise da pertinência do problema escolhido é favorecida a partir de perguntas, como: — Qual é a magnitude do problema? — Qual é a gravidade do problema? — Quem está sendo afetado pelo problema? — Quem atribui importância ao problema? Se o problema afetar parte considerável da população ou preocupar os responsáveis por comunida- des ou atividades de saúde e/ou de educação, torna-se mais relevante selecioná-lo do que outro proble- ma vivenciado isoladamente por algumas pessoas. Por exemplo, um dado problema de sarde pode ser apreciado de forma distinta por enfermeira(o) e membros de uma comunidade de baixo poder aquisitivo. Para assegurar a participação das pessoas en- volvidas no problema, é necessário que o mesmo seja definido de forma a motivá-las para a sua resolu- ção. É preciso considerar que as respostas ao problema podem ser encontradas pelo caminho da criativi- dade ou em recentes publicações científicas. Daí a importância da atualização contínua, auxiliada pela leitura de obras e periódicos específicos de enfermagem e de saúde em geral. À exeqiiibilidade evoca os recursos necessários para executar a pesquisa visando à solução do pro- blema ou à resposta para a questão levantada. Há força de trabalho, tempo e recursos financeiros sufi- cientes para o desenvolvimento da pesquisa? O custo/benefício é relação importante a ser pensada, Os recursos de tempo, financeiros e humanos a serem investidos, valem diante dos resultados esperados? Deve-se comparar o custo com os benefíci- os esperados do estudo. É preciso analisar as respostas das seguintes perguntas: — Que modificações os achados da pesquisa produziriam nos programas atuais? — As atividades dos programas continuarão as mesmas, apesar dos novos conhecimentos? A originalidade do tema implícito no problema vai impedir repetições de estudos. Se as respostas para o problema já existem e foram encontradas recentemente não há por que persistir com o mes- mo. Vale destacar que é comum entre os iniciantes a apresentação de problemas a serem investigados e que não merecem tal tratamento. Como, por exemplo, um problema gerencial, que denote desorganiza- ção, merece intervenção administrativa e não investigativa. A urgência dos resultados da pesquisa remete ao nível decisório, Deve-se perguntar: — Qual é a urgência dos resultados para que determinada decisão seja tomada? — Qual é a prioridade deste problema? — Existe outro problema, cuja pesquisa, no momento, é mais necessária? 4 Pesquisa em Enfermagem As considerações éticas devem reportar-se aos direitos humanos e de cidadania e à aceitação das pessoas envolvidas no problema. Pode-se perguntar: — Às pessoas demonstram sensibilidade para investigar o problema? — Há condição de se obter o consentimento das pessoas para se investigar o problema? 1.2. A formulação de hipóteses no trabalho científico O corpo de conhecimento de uma ciência é consolidado como suas teorias, comprovadas através de verificação empírica. As hipóteses — suposições ou proposições explicativas do fenômeno — são testa- das na investigação. Quando bem formulada orienta a pesquisa; sua comprovação gera novo conheci- mento, ampliando determinada parte do saber humano. Se as hipóteses orientam o pesquisador na direção do problema ou objeto de estudo, elas estão rela- cionadas a este objeto e objetivos do trabalho e devem ser congruentes com o marco referencial que o sustenta. Ao mesmo tempo elas determinam a tipologia do estudo a ser realizado e a idéia do modelo metodológico a ser aplicado para sua comprovação. Também as hipóteses são estudadas em diferentes classificações e para facilitar seu entendimento escolhemos as classes gerais e operacionais. ) As hipóteses gerais conhecidas também por conceituais, fundamentais ou de investigação são aque- las suposições (ou proposições explicativas) que abrangem, regulam e classificam as relações que se esperam obter entre as variáveis principais do trabalho (dependente e independente). As hipóteses operacionais ou de trabalho são aquelas que estabelecem relações específicas entre cada uma das categorias ou variáveis secundárias do fenômeno a se estudar. Assim, relacionamos um problema e um objetivo específico de projeto de pesquisa para análise de possíveis hipóteses. A) Problema: — Qual é a influência de características individuais do cliente diabético na aplicação do plano de autocuidados para recuperação da saúde? B) Objetivo Específico: — Analisar a eficácia da execução do plano de autocuidados para cliente diabético, correlacionando-a com seu nível de escolaridade e grupo etário. C) Hipótese Geral: — Há relações entre características individuais do cliente diabético e a eficácia da execução do plano de autocuidados para sua recuperação. > D) Hipóteses Operacionais: 1) - Quanto maior é o nível de escolaridade do cliente diabético, maior é a eficácia da execução do plano de autocuidados. 2) - Quanto mais jovem é o cliente diabético, maior é a eficácia da execução dos cuidados gerais previs- tos no plano. 3) - Quanto maior é a idade do cliente diabético, maior é a eficácia da execução dos cuidados específi- cos previstos no plano. Nos três exemplos, o raciocínio do pesquisador estabelece hipóteses de “relações diretas” entre as variáveis. Em outras situações, o exame do problema e objetivos poderá suscitar hipóteses que determinem “relações inversas” ou “relações proporcionais” entre as variáveis do fenômeno, Vale lembrar alguns aspectos no momento da formulação da hipótese: — Devem ser redigidas de forma clara e simples, favorecendo a sua compreensão. — Devem ser específicas para cada problema. Quanto mais concreta for a relação entre as variáveis mais fácil será sua compreensão e comprovação. — Devem ser redigidas na forma afirmativa (ou negativa, se for o caso), pois expressam explicação do fenômeno. — Evitar juízos de valor na sua formulação. [] Pesquisa em Enfermagem Assim, sem prévia determinação de objetivos, a pesquisa corre o risco de tornar-se inútil, estéril, conforme alerta Asti Vera (1976), o que é reforçado por Trivifios (1987), quando assevera a utilidade dos objetivos na definição dos passos iniciais do processo de investigação; estes delimitam o que se entende da realidade e os princípios teóricos orientadores da ação do pesquisador. Para Seltiz; Jahoda; Deutsch; Cook (1974), cada estudo tem seu objetivo específico. No entanto pode- se pensar que os objetivos de pesquisa se incluem em certo número de agrupamentos tais como os estu- dos: formuladores ou exploratórios, descritivos e experimentais. Afirmam estes autores que se os objetivos não forem especificados com suficiente exatidão, de modo a assegurar que os dados coligidos sejam significativos para a questão apresentada, o estudo pode não apresentar a informação desejada. (p. 78) Dessa forma, o alcance de resultados significativos depende, em grande parte, do objetivo da pesquisa. Ao descrever os pontos fundamentais de um projeto de pesquisa, Rudio (1982) destaca as perguntas- chave: O QUE FAZER? POR QUÊ? PARA QUÊ? E PARA QUEM FAZER? ONDE FAZER? COMO? COM QUÊ? QUANTO? QUANDO? COM QUANTO FAZER E COMO PAGAR? QUEM VAI FAZER? As perguntas POR QUÊ? PARA QUÊ? e PARA QUEM FAZER? são rela- cionadas aos planos dos OBJETIVOS e da justificativa da pesquisa. PARA QUÊ? refere-se aos obje- tivos gerais que definem o que se pretende alcançar com a execução da pesquisa, numa visão global e abrangente, e PARA QUEM? indica a formulação dos objetivos específicos da pesquisa. Ao se res- ponder as referidas perguntas, constrói-se o Projeto de Pesquisa. Gil (1989) aponta a especificação de objetivos como a fase inicial do levantamento em pesquisa, estabelecendo, inclusive, diferença entre os gerais e os específicos. Os primeiros indicam a direção sem possibilitar a partida para a investigação, propriamente dita, pois carecem de redefinição, esclarecimen- to e delimitação; sendo estes, portanto, as características dos segundos, cuja função é esclarecer o que será obtido no levantamento. Enguanto os objetivos gerais são descritos de forma mais ou menos abstrata, os específicos apresen- tam, numa pesquisa, características observáveis e mensuráveis. Ao caracterizar os objetivos no processo de ensino-apredizagem, Esteves (1972) assevera que: £...J uma frase que representa objetivos a serem realizados deve conter conceitos de ação, de movimento, de atividades, atitudes, ou simplesmente modificações que podem ser observadas na criança ou estudante, depois da aprendizagem e como consegitência dela. (pp. 26 e 27) Para a autora, a descrição do objetivo aponta para o produto, isto é, aquilo que aparece no aluno como resultado do processo de aprendizagem, pois Um objetivo bem pensado comunica ao aluno, com clareza e sem ambigiiidade, a intenção do professor, assim como um objetivo bem escrito comunica, exatumente, o que o autor tem em mente, ou o que visualiza. (pp. 28e 29) Ao orientar a redação dos objetivos, Esteves diz que: Um objetivo claro é aquele que comunica, sem ambigitidade, uma intenção. [...] a linguagem em que se expressa é boa ou adequada, sempre que os termos escolhidos correspondam a conceitos específicos, excluindo-se, assim, a possibilidade de interpretuções variadas e vagas. (p. 29) Para a autora, os objetivos devem ser formulados em linguagem clara e compreensível quanto ao que se deseja realizar. Sua descrição deve especificar o resultado a ser alcançado, ou seja, as condições em que este resultado será observado; para tanto, deve-se estabelecer um critério para se determinar a aceitação ou reconhecimento da evidência de sua realização. Assim, o estabelecimento do critério na formação dos objetivos permite a verificação, a interpretação e a avaliação dos resultados a serem atingidos. Esteves (1972) propõe que os objetivos gerais sejam considerados como educacionais, e os relativos ao trabalho do professor, os mais específicos, sejam identificados como objetivos do ensino (ou da ins- trução). tre: Pesquisa Quantitativa e Metodologia 7 Quadro Demonstrativo 1.4.1. — EXEMPLO PARA A FORMULAÇÃO DE OBJETIVO ESPECÍFICO. COMPONENTES DESCRIÇÃO EXEMPLO AÇÃO Ação a ser desenvolvida pelo pesquisador durante a pesquisa, utilizando verbos específicos (operacionais) e/ou gerais. Comunica a intenção do(s) autor(es) para à realização da pesquisa. Responde a questão O QUE FAZER? Identificar. Os termos da descrição excluem a possibilidade de interpretações vagas. OBJETO DO ESTUDOY Indica o que se pretende alcançar com a Terminologia técnica em PESQUISA investigação. Responde a pergunta PARA QUE neonatologia FAZER? A descrição especifica o resultado a ser alcançado. CONDIÇÃO/CRITÉRIO A descrição específica a situação em que o Nos registros de enfermagem. resultado será observado; estabelece um critério para se determinar a aceitação ou o reconhecimento da evidência da realização do objetivo. Responde as perguntas COM QUEM? ONDE FAZER? REDAÇÃO identificar a terminologia técnica utilizada nos registros de enfermagem em neonatologia. Fonre: Santos, Iraci dos. Qualidade dos Resumos de Comunicação Científica em Enfermagem. Tese de Concurso para Professor Titular. Rio de Janeiro: Faculdade de Enfermagem UERJ, 1995. Fazendo uma correlação com o processo de pesquisa, pode-se, também, considerar que os objetivos gerais descrevam a intenção do pesquisador ao realizar a investigação; ao passo que os específicos se- jam aqueles próprios da pesquisa, relativos ao trabalho do pesquisador no desenvolvimento da investi- gação, ou seja, pertinentes à instrumentação da pesquisa. A mesma autora exemplifica a descrição de objetivo específico, destacando: a ação a ser desenvol- vida e a condição do desenvolvimento ou das observações, isto é, o critério a ser adotado na avaliação do.alcance do objetivo; como se segue: — Na área de Ciências, a escola primária tem como um dos seus objetivos tornar o aluno capaz de utilizar o método científico como um instrumento de pesquisa, visando a formar na criança uma atitude de investigação e preferência por conhecimentos que possam ser verificados. (p. 46) Da mesma forma Medeiros (1976) enfatiza a importância da operacionalização dos objetivos com a seguinte citação: [...] São bem mais proveitosos como guia de ação os enunciados que descrevem as operações empregadas para medir os resultados alcançados, isto é, os procedimentos então usados, os quais assim poderão ser fielmente repetidos por outros observadores. Todos conseguirão usar uma linguagem comum, melhorando a comunicação entre os interessados.” (p. 50) Pesquisa Quantitativa e Metodologia Quadro Demonstrativo 1.4.4. — A PARA A FORMULAÇÃO DE PROBLEMA, OBJETIVO E VARIÁVEIS. ORDEM PROBLEMA Na prevenção da infecção urinária em clientes hospitalizados qual é a influência dos procedimentos de proteção universal utilizados pela enfermagem? A terapêutica intensiva de enfermagem relativa a higiene corporal, mobilização no leito, massagens localizadas e hidratação da pele reduz a incidência de escaras de decúbito? As orientações de enfermagem no pré-operatório de cirurgias torácicas contribuem para a diminuição do tempo de permanência hospitalar da clientela? OBJETIVO Verificar a incidência de infecção urinária em clientes submetidos a cateterismo vesical realizados pela equipe de enfermagem. Avaliar a eficácia da terapêutica intensiva e preventiva de escaras de decúbito. Avaliar a eficácia da intervenção (orientação) de enfermagem durante a consulta em pré-operatório, identificando sua contribuição para a recuperação rápida da clientela. VARIÁVEIS INDEPENDENTE A utilização dos procedimentos DEPENDENTE Ocorrência e/ou não de infecção de proteção urinária nos universal clientes. pelo pessoal de enfermagem. Aplicação da Redução de terapêutica ocorrências de preventiva escaras de de escaras de decúbito. decúbito. Orientações de Tempo de enfermagem permanência em consulta no hospitalar. pré-operatório, Quadro 1.4.4.1, — EXEMPLO PARA A FORMULAÇÃO DE HIPÓTESES (GERAIS E OPERACIONAIS). HIPÓTESE OPERACIONAL ORDEM DE PROBLEMAS, HIPÓTESE GERAL OBJETIVOS E VARIÁVEIS 1. Há relações entre a utilização dos procedimentos de proteção universal (PPU) pelo pessoal de enfermagem e a ocorrência de infecção urinária nos clientes cateterizados. 2. Existe relação entre a aplicação da terapêutica preventiva de enfermagem e a ocorrência de escaras de decúbito nos clientes. 3. Há relações entre as características (quantitativas e qualitativas) das orientações de enfermagem ao cliente em pré-operatório de cirurgia torácica e o tempo de permanência hospitalar. Quanto mais frequente é a utilização dos PPU, pelo pessoal de enfermagem, menor é a ocorrência de infecção urinária nos clientes. Quanto mais correta é a execução dos PPU pelo pessoal de enfermagem menor é o índice de infecção urinária nos clientes cateterizados. Quanto menor é o intervalo de aplicação da terapêutica preventiva, menor é o Índice de escaras de decúbito. Quanto mais corretos são os procedimentos da terapêutica preventiva, menor é o índice de escaras. Quanto maior é a qualidade das orientações de enfermagem seguidas pelo cliente, menor é o tempo de permanência hospitalar. Quanto maior é o quantitativo de orientações de enfermagem seguidas pelo cliente, menor é 0 tempo de permanência hospitalar. 10 Pesquisa em Enfermagem 1.5. O referencial teórico Um trabalho de pesquisa deve estar apoiado no conhecimento disponível, daí a relevância da Tevisão completa de literatura sobre o tema e da seleção do referencial teórico ou conceitual mais adequado para orientar o rumo da pesquisa em direção à resolução do problema e orientar a discussão dos resuj. tados. Segundo Polit e Hungler (1995), os termos teoria, referencial teórico e marco teórico têm sido utili. zados com o significado de literatura de pesquisa. Assim a teoria consiste em um conjunto de proposições, cada uma delas referindo-se a uma relação, Esta é conhecida por expressões como “A está associada a B”, “C varia diretamente com DE varia inversamente a PF” e “H depende de G”. Nas teorias, estas proposições formulam um sistema dedutivo, logicamente estruturado. Assim as teorias se constituem em generalizações que apresentam explicações sistemáticas sobre as relações entre os fenômenos. São compreendidas como a materialização dos princípios que explicam, fazem preyi. sões e controlam fenômenos. Para Polite Hungler (1995), os termos referencial conceitual ou esquema conceitual têm sido EMPregados ] com o significado de mecanismo menos elaborado do que as teorias para organização dos fenômenos ; Os referenciais conceituais reúnem abstrações (conceitos) que são relevantes a um tema comum, Não representam um sistema dedutivo de proposições que garanta as relações entre os conceitos. O referencial teórico ou conceitual reúne a base do conhecimento que deve apoiar a investigação a ser desenvolvida. Isto posto, o Marco Teórico ou Marco Referencial pode ser constituído de: a) Teoria b) Fatos já classificados, organizados e analisados em pesquisas anteriores e) Fragmentos de teorias ou conceitos inter-relacionados de teorias. Lembre-se de que a revisão da literatura é um meio para o desenvolvimento do Marco Teórico ou Marco Referencial. Convém salientar que a busca exaustiva de bibliografia sobre o tema e a leitura dessas obras Contri. buem para o pesquisador: — evitar a repetição de um trabalho realizado recentemente, — atualizar conhecimentos no eixo temático escolhido, — modificar, por vezes, o enunciado do problema, — ampliar conhecimento sobre novas metodologias que possam ser aplicadas de imediato e — identificar especialistas cujos estudos possam reforçar a nova proposta de investigação. Após a seleção das obras pertinentes ao estudo, seguem-se a Jeitura e a elaboração do Tesumo (fichamento) dos textos para uso posterior na revisão da literatura e composição do referencial teórico ou conceitual. Para a elaboração de fichamentos e resumos, recomenda-se o estudo da obra de Salomon (1991). O resumo dos textos selecionados deve concentrar as idéias principais e relevantes para o Projeto, Deve ser redigida uma análise breve do conteúdo de cada texto com comentários como: . — adequação da metodologia ao estudo, — itens.básicos da pesquisa e — eomo esse conhecimento pode ser aplicado ao novo projeto. Atenção! É preciso estar atento às informações tendenciosas encontradas nos textos. As colocações tendenciosas podem ser interpretadas como distorção do conhecimento, podendo revelar, portanto, idéias ou conclusões que não expressem a realidade do fenômeno analisado. Vale acrescentar que a diversidade das tendências de estudos sobre um dado problema Contribui com a postura crítica em relação à bibliografia existente. As idéias devem ser discutidas criticamente e sem reservas. Esta atitude crítica também ajuda a impedir posições tendenciosas no trabalho que se inicia.