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Este documento aborda o aleitamento materno, sua importância no desenvolvimento e crescimento da criança, além da duração da amamentação e técnicas para melhorar a experiência. O texto também discute os benefícios adicionais de amamentar crianças gemelas e os riscos de não amamentar. O documento também alerta sobre a importância de evitar fatores que podem prejudicar a produção de leite materno, como o uso de chupetas e mamadeiras.
O que você vai aprender
Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas
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© 2009 Ministério da Saúde Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução total ou parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte e que não seja para venda ou qualquer fim comercial. A responsabilidade pelos direitos autorais de textos e imagens desta obra é da área técnica. A coleção institucional do Ministério da Saúde pode ser acessada, na íntegra, na Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde: http://www.saude.gov.br
Série A. Normas e Manuais Técnicos Cadernos de Atenção Básica, n. 23
Tiragem: 1.ª edição – 2009 – 35.000 exemplares
Elaboração, distribuição e informações: MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica Esplanada dos Ministérios, Bloco G, 6º andar, sala 655 CEP: 70058-900 – Brasília – DF Fone: (61)3315- Fone: (61)3315- Home page: http://www.saude.gov.br/dab
Departamento de Ações Programáticas Estratégicas Esplanada dos Ministérios, Bloco G,6º andar, sala 605 CEP: 70058-900 – Brasília – DF Fone: (61)3315-
Supervisão Geral: Claunara Schilling Mendonça
Coordenação Técnica: Ana Beatriz Pinto de Almeida Vasconcellos Nulvio Lermen Junior
Elaboração Técnica: Antonio Garcia Reis Junior Elsa Regina Justo Giugliani Gisele Ane Bortolini
Colaboradores: Helen Altoé Duar Janaína Rodrigues Cardoso Lílian Cordova do Espírito Santo Lilian Mara Consolin Poli de Castro Lylian Dalete Soares de Araújo Patrícia Chaves Gentil Sérgio Roberto Barbosa de Jesus Revisão Técnica: Armando Henrique Norman Elisabeth Susana Wartchow Fotos: Créditos cedidos ao Departamento de Atenção Básica
Ficha Catalográfica
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da criança: nutrição infantil: aleitamento materno e alimentação complementar / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2009. 112 p. : il. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos) (Cadernos de Atenção Básica, n. 23) ISBN 978-85-334-1561- 1.Saúde Integral da Criança. 2. Aleitamento Materno. 3. Alimentação Complementar Adequada e Oportuna. 4. Atenção Básica. I. Título. II. Série.
CDU 613. Catalogação na fonte – Coordenação-Geral de Documentação e Informação – Editora MS – OS 2009/ 0092
Em inglês: Child Health: Infant nutrition: breastfeeding and complementary feeding Em espanhol: Salud en la Niñez: nutrición del lactante: lactancia materna y alimentación complementaria
EDITORA MS SIA, trecho 4, lotes 540/ Tels.: (61) 3233-1774/ E-mail: editora.ms@saude.gov.br Documentação e Informação CEP: 71200-040, Brasília – DF Fax: (61) 3233- http://www.saude.gov.br/editora
Normalização: Valéria Gameleira da Mota Revisão: Eric Alves e Mara Pamplona Capa e Diagramação: Renato Barbosa
Este Caderno faz parte de um trabalho que o Ministério da Saúde vem desen- volvendo no sentido de sensibilizar e dar subsídio aos profissionais da Atenção Básica. Coincide com novas estratégias de abordagem do aleitamento materno e alimentação complementar num contexto de redes de atenção a partir da Atenção Básica. Dessa for- ma, visa a potencializar ações de promoção da alimentação saudável e de apoio ao alei- tamento materno, numa linha de cuidado integral à Saúde da Criança.
Ministério da Saúde
1 ALEITAMENTO MATERNO
Amamentar é muito mais do que nutrir a criança. É um processo que envolve inte- ração profunda entre mãe e filho, com repercussões no estado nutricional da criança, em sua habilidade de se defender de infecções, em sua fisiologia e no seu desenvolvimento cognitivo e emocional, além de ter implicações na saúde física e psíquica da mãe.
Apesar de todas as evidências científicas provando a superioridade da amamenta- ção sobre outras formas de alimentar a criança pequena, e apesar dos esforços de diver- sos organismos nacionais e internacionais, as taxas de aleitamento materno no Brasil, em especial as de amamentação exclusiva, estão bastante aquém do recomendado, e o pro- fissional de saúde tem um papel fundamental na reversão desse quadro. Mas para isso ele precisa estar preparado, pois, por mais competente que ele seja nos aspectos técnicos relacionados à lactação, o seu trabalho de promoção e apoio ao aleitamento materno não será bem sucedido se ele não tiver um olhar atento, abrangente, sempre levando em consideração os aspectos emocionais, a cultura familiar, a rede social de apoio à mulher, entre outros. Esse olhar necessariamente deve reconhecer a mulher como protagonista do seu processo de amamentar, valorizando-a, escutando-a e empoderando-a.
Portanto, cabe ao profissional de saúde identificar e compreender o processo do aleitamento materno no contexto sociocultural e familiar e, a partir dessa compreensão, cuidar tanto da dupla mãe/bebê como de sua família. É necessário que busque formas de interagir com a população para informá-la sobre a importância de adotar uma práti- ca saudável de aleitamento materno. O profissional precisa estar preparado para prestar uma assistência eficaz, solidária, integral e contextualizada, que respeite o saber e a his- tória de vida de cada mulher e que a ajude a superar medos, difi culdades e inseguranças. (CASTRO; ARAÚJO, 2006)
Apesar de a maioria dos profissionais de saúde considerar-se favorável ao aleita- mento materno, muitas mulheres se mostram insatisfeitas com o tipo de apoio recebido. Isso pode ser devido às discrepâncias entre percepções do que é apoio na amamentação. As mães que estão amamentando querem suporte ativo (inclusive o emocional), bem como informações precisas, para se sentirem confiantes, mas o suporte oferecido pe- los profissionais costuma ser mais passivo, reativo. Se o profissional de saúde realmente quer apoiar o aleitamento materno, ele precisa entender que tipo de apoio, informação e interação as mães desejam, precisam ou esperam dele.
No segundo ano de vida, o leite materno continua sendo importante fonte de nutrientes. Estima-se que dois copos (500ml) de leite materno no segundo ano de vida fornecem 95% das necessidades de vitamina C, 45% das de vitamina A, 38% das de proteína e 31% do total de energia. Além disso, o leite materno continua protegendo contra doenças infecciosas. Uma análise de estudos realizados em três continentes con- cluiu que quando as crianças não eram amamentadas no segundo ano de vida elas tinham uma chance quase duas vezes maior de morrer por doença infecciosa quando compara- das com crianças amamentadas. (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2000)
Já está devidamente comprovada, por estudos científicos, a superioridade do leite materno sobre os leites de outras espécies. São vários os argumentos em favor do alei- tamento materno.
1.4.1 Evita mortes infantis Graças aos inúmeros fatores existentes no leite materno que protegem contra in- fecções, ocorrem menos mortes entre as crianças amamentadas. Estima-se que o aleita- mento materno poderia evitar 13% das mortes em crianças menores de 5 anos em todo o mundo, por causas preveníveis (JONES et al., 2003). Nenhuma outra estratégia iso- lada alcança o impacto que a amamentação tem na redução das mortes de crianças me- nores de 5 anos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Unicef, em torno de seis milhões de vidas de crianças estão sendo salvas a cada ano por causa do aumento das taxas de amamentação exclusiva.
No Brasil, em 14 municípios da Grande São Paulo, a estimativa média de impacto da amamentação sobre o Coeficiente de Mortalidade Infantil foi de 9,3%, com variações entre os municípios de 3,6% a 13%. (ESCUDER; VENÂNCIO; PEREIRA, 2003)
A proteção do leite materno contra mortes infantis é maior quanto menor é a crian- ça. Assim, a mortalidade por doenças infecciosas é seis vezes maior em crianças menores de 2 meses não amamentadas, diminuindo à medida que a criança cresce, porém ain- da é o dobro no segundo ano de vida (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2000). É importante ressaltar que, enquanto a proteção contra mortes por diarréia diminui com
a idade, a proteção contra mortes por infecções respiratórias se mantém constante nos primeiros dois anos de vida. Em Pelotas (RS), as crianças menores de 2 meses que não recebiam leite materno tiveram uma chance quase 25 vezes maior de morrer por diar- réia e 3,3 vezes maior de morrer por doença respiratória, quando comparadas com as crianças em aleitamento materno que não recebiam outro tipo de leite. Esses riscos fo- ram menores, mas ainda significativos (3,5 e 2 vezes, respectivamente) para as crianças entre 2 e 12 meses. (VICTORIA et al., 1987) A amamentação previne mais mortes entre as crianças de menor nível socioeconô- mico. Enquanto para os bebês de mães com maior escolaridade o risco de morrerem no primeiro ano de vida era 3,5 vezes maior em crianças não amamentadas, quando com- paradas com as amamentadas, para as crianças de mães com menor escolaridade, esse risco era 7,6 vezes maior (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2000). Mas mesmo nos países mais desenvolvidos o aleitamento materno previne mortes infantis. Nos Estados Unidos, por exemplo, calcula-se que o aleitamento materno poderia evitar, a cada ano, 720 mortes de crianças menores de um ano. (CHEN; ROGAN, 2004) Um estudo demonstrou que a amamentação na primeira hora de vida pode ser um fator de proteção contra mortes neonatais. (EDMOND et al., 2006) 1.4.2 Evita diarréia Há fortes evidências de que o leite materno protege contra a diarréia, principal- mente em crianças mais pobres. É importante destacar que essa proteção pode diminuir quando o aleitamento materno deixa de ser exclusivo. Oferecer à criança amamentada água ou chás, prática considerada inofensiva até pouco tempo atrás, pode dobrar o risco de diarréia nos primeiros seis meses. (BROWN et al., 1989; POPKIN et al., 1992) Além de evitar a diarréia, a amamentação também exerce influência na gravidade dessa doença. Crianças não amamentadas têm um risco três vezes maior de desidrata- rem e de morrerem por diarréia quando comparadas com as amamentadas. (VICTORIA et al., 1992) 1.4.3 Evita infecção respiratória A proteção do leite materno contra infecções respiratórias foi demonstrada em vá- rios estudos realizados em diferentes partes do mundo, inclusive no Brasil. Assim como ocorre com a diarréia, a proteção é maior quando a amamentação é exclusiva nos pri- meiros seis meses. Além disso, a amamentação diminui a gravidade dos episódios de in- fecção respiratória. Em Pelotas (RS), a chance de uma criança não amamentada internar por pneumonia nos primeiros três meses foi 61 vezes maior do que em crianças ama- mentadas exclusivamente (CESAR et al., 1999). Já o risco de hospitalização por bronquio- lite foi sete vezes maior em crianças amamentadas por menos de um mês. (ALBERNAZ; MENEZES; CESAR, 2003) O aleitamento materno também previne otites. (TEELE; KLEIN; ROSNER, 1989)
1.4.7 Melhor nutrição Por ser da mesma espécie, o leite materno contém todos os nutrientes essenciais para o crescimento e o desenvolvimento ótimos da criança pequena, além de ser mais bem digerido, quando comparado com leites de outras espécies. O leite materno é capaz de suprir sozinho as necessidades nutricionais da criança nos primeiros seis meses e con- tinua sendo uma importante fonte de nutrientes no segundo ano de vida, especialmente de proteínas, gorduras e vitaminas.
Ilustração da etnia Guarani/Kaiowá, localizada no Mato Grosso do Sul
1.4.8 Efeito positivo na inteligência Há evidências de que o aleitamento materno contribui para o desenvolvimento cognitivo. A maioria dos estudos conclui que as crianças amamentadas apresentam van- tagem nesse aspecto quando comparadas com as não amamentadas, principalmente as com baixo peso de nascimento. Essa vantagem foi observada em diferentes idades, (ANDERSON; JOHNSTONE; REMLEY, 1999) inclusive em adultos (HORTENSEN et
"A mãe coloca o bebê no colo, da o peito diariamente, sempre que o bebê quiser, passando amor e carinho."
al., 2002). Os mecanismos envolvidos na possível associação entre aleitamento mater- no e melhor desenvolvimento cognitivo ainda não são totalmente conhecidos. Alguns defendem a presença de substâncias no leite materno que otimizam o desenvolvimento cerebral; outros acreditam que fatores comportamentais ligados ao ato de amamentar e à escolha do modo como alimentar a criança são os responsáveis.
1.4.9 Melhor desenvolvimento da cavidade bucal O exercício que a criança faz para retirar o leite da mama é muito importante para o desenvolvimento adequado de sua cavidade oral, propiciando uma melhor conforma- ção do palato duro, o que é fundamental para o alinhamento correto dos dentes e uma boa oclusão dentária.
Quando o palato é empurrado para cima, o que ocorre com o uso de chupetas e mamadeiras, o assoalho da cavidade nasal se eleva, com diminuição do tamanho do es- paço reservado para a passagem do ar, prejudicando a respiração nasal.
Assim, o desmame precoce pode levar à ruptura do desenvolvimento motor-oral adequado, podendo prejudicar as funções de mastigação, deglutição, respiração e articu- lação dos sons da fala, ocasionar má-oclusão dentária, respiração bucal e alteração mo- tora-oral.
1.4.10 Proteção contra câncer de mama Já está bem estabelecida a associação entre aleitamento materno e redução na prevalência de câncer de mama. Estima-se que o risco de contrair a doença diminua 4,3% a cada 12 meses de duração de amamentação. (COLLABORATIVE GROUP ON HORMONAL FACTORS IN BREAST CANCER, 2002) Essa proteção independe de ida- de, etnia, paridade e presença ou não de menopausa.
1.4.11 Evita nova gravidez A amamentação é um excelente método anticoncepcional nos primeiros seis me- ses após o parto (98% de eficácia), desde que a mãe esteja amamentando exclusiva ou predominantemente e ainda não tenha menstruado (GRAY et al., 1990). Estudos com- provam que a ovulação nos primeiros seis meses após o parto está relacionada com o número de mamadas; assim, as mulheres que ovulam antes do sexto mês após o parto em geral amamentam menos vezes por dia que as demais.
1.4.12 Menores custos financeiros Não amamentar pode significar sacrifícios para uma família com pouca renda. Em 2004, o gasto médio mensal com a compra de leite para alimentar um bebê nos primei- ros seis meses de vida no Brasil variou de 38% a 133% do salário-mínimo, dependendo da marca da fórmula infantil. A esse gasto devem-se acrescentar custos com mamadeiras, bicos e gás de cozinha, além de eventuais gastos decorrentes de doenças, que são mais comuns em crianças não amamentadas.
As mulheres adultas possuem, em cada mama, entre 15 e 25 lobos mamários, que são glândulas túbulo-alveolares constituídas, cada uma, por 20 a 40 lóbulos. Estes, por sua vez, são formados por 10 a 100 alvéolos. Envolvendo os alvéolos, estão as células mioepi- teliais e, entre os lobos mamários, há tecido adiposo, tecido conjuntivo, vasos sangüíneos, tecido nervoso e tecido linfático.
O leite produzido nos alvéolos é levado até os seios lactíferos por uma rede de ductos. Para cada lobo mamário há um seio lactífero, com uma saída independente no mamilo.
A mama, na gravidez, é preparada para a amamentação (lactogênese fase I) sob a ação de diferentes hormônios. Os mais importantes são o estrogênio, responsável pela ramificação dos ductos lactíferos, e o progestogênio, pela formação dos lóbulos. Outros hormônios também estão envolvidos na aceleração do crescimento mamário, tais como lactogênio placentário, prolactina e gonadotrofina coriônica. Apesar de a secreção de pro- lactina estar muito aumentada na gestação, a mama não secreta leite nesse período graças a sua inibição pelo lactogênio placentário.
Com o nascimento da criança e a expulsão da placenta, há uma queda acentuada nos níveis sanguíneos maternos de progestogênio, com conseqüente liberação de pro- lactina pela hipófise anterior, iniciando a lactogênese fase II e a secreção do leite. Há tam- bém a liberação de ocitocina durante a sucção, hormônio produzido pela hipófise poste- rior, que tem a capacidade de contrair as células mioepiteliais que envolvem os alvéolos, expulsando o leite neles contido.
A produção do leite logo após o nascimento da criança é controlada principalmente por hormônios e a “descida do leite”, que costuma ocorrer até o terceiro ou quarto dia pós-parto, ocorre mesmo se a criança não sugar o seio.
Após a “descida do leite”, inicia-se a fase III da lactogênese, também denominada galactopoiese. Essa fase, que se mantém por toda a lactação, depende principalmente da sucção do bebê e do esvaziamento da mama. Quando, por qualquer motivo, o esvazia- mento das mamas é prejudicado, pode haver uma diminuição na produção do leite, por inibição mecânica e química. O leite contém os chamados “peptídeos supressores da lac- tação”, que são substâncias que inibem a produção do leite. A sua remoção contínua com o esvaziamento da mama garante a reposição total do leite removido.
Grande parte do leite de uma mamada é produzida enquanto a criança mama, sob o estímulo da prolactina. A ocitocina, liberada principalmente pelo estímulo provocado pela sucção da criança, também é disponibilizada em resposta a estímulos condicionados, tais como visão, cheiro e choro da criança, e a fatores de ordem emocional, como moti- vação, autoconfi ança e tranqüilidade. Por outro lado, a dor, o desconforto, o estresse, a ansiedade, o medo, a insegurança e a falta de autoconfiança podem inibir a liberação da ocitocina, prejudicando a saída do leite da mama.
Nos primeiros dias após o parto, a secreção de leite é pequena, menor que 100ml/ dia, mas já no quarto dia a nutriz é capaz de produzir, em média, 600ml de leite.
Na amamentação, o volume de leite produzido varia, dependendo do quanto a criança mama e da freqüência com que mama. Quanto mais volume de leite e mais ve- zes a criança mamar, maior será a produção de leite. Uma nutriz que amamenta exclusi- vamente produz, em média, 800ml por dia no sexto mês. Em geral, uma nutriz é capaz de produzir mais leite do que a quantidade necessária para o seu bebê.
Apesar de a alimentação variar enormemente, o leite materno, surpreendente- mente, apresenta composição semelhante para todas as mulheres que amamentam do mundo. Apenas as com desnutrição grave podem ter o seu leite afetado na sua qualida- de e quantidade. Nos primeiros dias, o leite materno é chamado colostro, que contém mais proteí- nas e menos gorduras do que o leite maduro, ou seja, o leite secretado a partir do sétimo ao décimo dia pós-parto. O leite de mães de recém-nascidos prematuros é diferente do de mães de bebês a termo. Veja na Tabela 1 as diferenças entre colostro e leite maduro, entre o leite de mães de prematuros e de bebês a termo e entre o leite materno e o leite de vaca. Este tem muito mais proteínas que o leite humano e essas proteínas são diferen- tes das do leite materno. A principal proteína do leite materno é a lactoalbumina e a do leite de vaca é a caseína, de difícil digestão para a espécie humana.
Tabela 1 – Composição do colostro e do leite materno maduro de mães de crianças a termo e pré-termo e do leite de vaca
Nutriente
Colostro (3–5 dias) Leite Maduro (26–29 dias) Leite de vaca A termo Pré-termo A termo Pré-termo
Calorias (kcal/dL) 48 58 62 70 69 Lipídios (g/dL) 1,8 3,0 3,0 4,1 3, Proteínas (g/dL) 1,9 2,1 1,3 1,4 3, Lactose (g/dL) 5,1 5,0 6,5 6,0 4,
A concentração de gordura no leite aumenta no decorrer de uma mamada. Assim, o leite do final da mamada (chamado leite posterior) é mais rico em energia (calorias) e sacia melhor a criança, daí a importância de a criança esvaziar bem a mama. O leite humano possui numerosos fatores imunológicos que protegem a criança contra infecções. A IgA secretória é o principal anticorpo, atuando contra microorganis-