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Ameloblastoma Periapical: Um Caso Mimetizante, Notas de estudo de Odontologia

Um caso de ameloblastoma, um tumor odontogênico que pode se manifestar de forma indolente e mimetizar lesões periapicais. O paciente, com 54 anos, apresentou uma lesão radiolúcida unilocular envolvendo o ápice de um dente tratado endodonticamente um ano antes. A remoção cirúrgica e o exame histopatológico confirmaram a diagnóstico de ameloblastoma. O documento enfatiza a importância de realizar exames histopatológicos em todos os materiais coletados da cavidade oral, mesmo diante de imagens clínicas e radiográficas sugestivas de lesões indolentes.

Tipologia: Notas de estudo

Antes de 2010

Compartilhado em 08/07/2009

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juan-valdiviezo-5 🇧🇷

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AMELOBLASTOMA PERIAPICAL MIMETIZANDO LESÃO DE
NATUREZA ENDODÔNTICA
PERIAPICAL AMELOBLASTOMA MIMICKING ENDODONTIC LESION
Rivadávio Fernandes Batista de AMORIM1, Roseana de Almeida FREITAS2
1Doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte UFRN.e-mail: rivadavio@patologiaoral.com.br
2Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte UFRN.e-mail: roseana@patologiaoral.com.br
Recebido em 02 de junho de 2003
Aceito para publicação e revisado em 26 agosto de 2003
Resumo
Dentre os tumores de origem odontogênica, o ameloblastoma se destaca em função de suas características
clínicas, radiográficas e histopatológicas. Apesar de sua natureza benigna, possui grande potencial de
invasão nos tecidos adjacentes e tendência a recidivar. No presente trabalho, relata-se um caso de
ameloblastoma no paciente G.S.M, 54 anos, raça branca, que apresentou lesão radiolúcida unilocular, bem-
delimitada envolvendo o ápice do dente 44 o qual havia sido submetido a tratamento endodôntico 1 ano
anteriormente. Sob suspeita clínica de cisto radicular não responsivo ao tratamento endodôntico, realizou-se
a remoção cirúrgica da lesão e o material foi encaminhado para exame histopatológico que revelou tratar-se
de ameloblastoma. O presente relato fundamenta a necessidade da análise microscópica de todo e qualquer
material coletado da cavidade oral, uma vez que, mesmo diante de imagens clínicas e radiográficas
sugestivas de lesões indolentes, outras condições associadas a comportamentos biológicos mais agressivos,
como o ameloblastoma, podem assim se manifestar.
Palavras-chave: Tumores odontogênicos, ameloblastoma, diagnóstico
Introdução
O ameloblastoma representa um tumor de
epitélio odontogênico dos maxilares que se destaca
pelo seu curso localmente agressivo a despeito de
sua natureza benigna, o que o torna alvo de
numerosas investigações (Medeiros et al. 1997,
Souza et al. 2001, Queiroz et al. 2002, Wakoh et al.
2002, Kumamoto H et al. 2003, Vered et al. 2003).
Corresponde a aproximadamente 1% de todos os
cistos e tumores odontogênicos dos maxilares com
maior incidência na região posterior da mandíbula
(Neville et al. 1998). A histogênese da lesão pode
dar-se a partir de remanescentes do órgão do
esmalte, do revestimento epitelial de um cisto
odontogênico ou das células da camada basal da
mucosa oral (Santos et al. 2000). São reconhecidos
três diferentes padrões clinico-radiográficos dos
ameloblastomas, a saber: sólido convencional ou
multicístico, unicístico e periférico (Martins et al.
1999, Santos et al. 2001). Podem exibir diversos
arranjos histológicos não sendo detectadas
correlações entre o padrão histológico com o
comportamento clínico tumoral (Neville et al 1998).
Em função da grande variedade de modalidades
terapêuticas e variedade clinico-radiográfica, muita
controvérsia existe acerca da abordagem terapêutica
mais apropriada para os ameloblastomas, as quais
destacam-se a ressecção (marginal ou segmental),
enucleação, curetagem, marsupialização, crioterapia
ou a associação de algumas destas. As taxas de
recidiva variam de acordo com a técnica cirúrgica
aplicada e o tipo clinico-radiográfico (Curi et al.
1997, Neville et al. 1998, Nakamura et al. 2002,
Queiroz et al. 2002).
Numerosas lesões radiolúcidas dos maxilares
podem apresentar aspectos radiográficos
semelhantes ao do ameloblastoma (Hollows et al.
2000, Rosenstein et al. 2001). A localização de
uma ameloblastoma na região periapical pode, por
vezes, gerar uma dificuldade diagnóstica com
conseqüentes implicações terapêuticas e
prognósticas. O presente trabalho tem como
objetivo reportar um caso de ameloblastoma
mimetizando lesão periapical de modo a orientar o
clínico em uma correta conduta frente a situações
como esta.
v.2, n.3, p.36-39, jul/set 2003
Relato de Caso
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AMELOBLASTOMA PERIAPICAL MIMETIZANDO LESÃO DE

NATUREZA ENDODÔNTICA

PERIAPICAL AMELOBLASTOMA MIMICKING ENDODONTIC LESION

Rivadávio Fernandes Batista de AMORIM^1 , Roseana de Almeida FREITAS^2

(^1) Doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral da Universidade Federal do Rio Grande do

Norte – UFRN.e-mail: rivadavio@patologiaoral.com.br 2 Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN.e-mail: roseana@patologiaoral.com.br

Recebido em 02 de junho de 2003 Aceito para publicação e revisado em 26 agosto de 2003

Resumo

Dentre os tumores de origem odontogênica, o ameloblastoma se destaca em função de suas características clínicas, radiográficas e histopatológicas. Apesar de sua natureza benigna, possui grande potencial de invasão nos tecidos adjacentes e tendência a recidivar. No presente trabalho, relata-se um caso de ameloblastoma no paciente G.S.M, 54 anos, raça branca, que apresentou lesão radiolúcida unilocular, bem- delimitada envolvendo o ápice do dente 44 o qual havia sido submetido a tratamento endodôntico 1 ano anteriormente. Sob suspeita clínica de cisto radicular não responsivo ao tratamento endodôntico, realizou-se a remoção cirúrgica da lesão e o material foi encaminhado para exame histopatológico que revelou tratar-se de ameloblastoma. O presente relato fundamenta a necessidade da análise microscópica de todo e qualquer material coletado da cavidade oral, uma vez que, mesmo diante de imagens clínicas e radiográficas sugestivas de lesões indolentes, outras condições associadas a comportamentos biológicos mais agressivos,

como o ameloblastoma, podem assim se manifestar.

Palavras-chave: Tumores odontogênicos, ameloblastoma, diagnóstico

Introdução

O ameloblastoma representa um tumor de epitélio odontogênico dos maxilares que se destaca pelo seu curso localmente agressivo a despeito de sua natureza benigna, o que o torna alvo de numerosas investigações (Medeiros et al. 1997, Souza et al. 2001, Queiroz et al. 2002, Wakoh et al. 2002, Kumamoto H et al. 2003, Vered et al. 2003). Corresponde a aproximadamente 1% de todos os cistos e tumores odontogênicos dos maxilares com maior incidência na região posterior da mandíbula (Neville et al. 1998). A histogênese da lesão pode dar-se a partir de remanescentes do órgão do esmalte, do revestimento epitelial de um cisto odontogênico ou das células da camada basal da mucosa oral (Santos et al. 2000). São reconhecidos três diferentes padrões clinico-radiográficos dos ameloblastomas, a saber: sólido convencional ou multicístico, unicístico e periférico (Martins et al. 1999, Santos et al. 2001). Podem exibir diversos arranjos histológicos não sendo detectadas correlações entre o padrão histológico com o comportamento clínico tumoral (Neville et al 1998).

Em função da grande variedade de modalidades terapêuticas e variedade clinico-radiográfica, muita controvérsia existe acerca da abordagem terapêutica mais apropriada para os ameloblastomas, as quais destacam-se a ressecção (marginal ou segmental), enucleação, curetagem, marsupialização, crioterapia ou a associação de algumas destas. As taxas de recidiva variam de acordo com a técnica cirúrgica aplicada e o tipo clinico-radiográfico (Curi et al. 1997, Neville et al. 1998, Nakamura et al. 2002, Queiroz et al. 2002). Numerosas lesões radiolúcidas dos maxilares podem apresentar aspectos radiográficos semelhantes ao do ameloblastoma (Hollows et al. 2000, Rosenstein et al. 2001). A localização de uma ameloblastoma na região periapical pode, por vezes, gerar uma dificuldade diagnóstica com conseqüentes implicações terapêuticas e prognósticas. O presente trabalho tem como objetivo reportar um caso de ameloblastoma mimetizando lesão periapical de modo a orientar o clínico em uma correta conduta frente a situações como esta.

v.2, n.3, p.36-39, jul/set 2003

Relato de Caso

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Relato do Caso Paciente G.S.M., sexo masculino, 54 anos, raça branca procurou serviço odontológico para atendimento de rotina. Exames radiográficos revelaram a presença de imagem radiolúcida na região anterior mandibular. Durante a anamnese, o mesmo informou ter realizado há cerca de um ano uma terapêutica endodôntica do dente 44 a qual não promoveu regressão de lesão periapical. Procedeu- se com a realização de exame clínico intra-oral sendo os achados clínicos compatíveis com aspectos de normalidade da mucosa oral. Realizou-se exame radiográfico panorâmico através do qual identificou-se imagem radiolúcida, unilocular, circunscrita e bem-delimitada, envolvendo o ápice do referido dente, o qual encontrava-se tratado endodonticamente, exibindo, ainda, reabsorção radicular externa do mesmo (Figuras 1 e 2). Sob suspeita clínica de cisto radicular, realizou-se remoção cirúrgica da mesma e o material foi remetido para exame histopatológico na Disciplina de Patologia Oral da UFRN e este revelou tratar-se de ameloblastoma (Figuras 3 a 6), sendo recomendada, então, a reavaliação e a proservação do caso, que até o presente não apresentou recidivas após 3 anos de proservação.

Figuras 1 e 2 - Radiografia panorâmica exibindo imagem radiolúcida, circunscrita, bem- delimitada, envolvendo ápice do 44 que exibe reabsorção externa e deslocamento dentário

Figura 3 - Proliferação de células neoplásicas para o interior de extensa cavidade cística (HE - 40x)

Figura 5 - Ninhos neoplásicos com arranjo frouxo central e células em paliçada na periferia (HE - 100x)

Figura 4 - Proliferação de células neoplásicas delimitando ampla cavidade cística (HE - 40x)

Figura 6 - Detalhe dos epiteliais exibindo degeneração cística (HE - 200x)

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