Docsity
Docsity

Prepare-se para as provas
Prepare-se para as provas

Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity


Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos para baixar

Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium


Guias e Dicas
Guias e Dicas

ORTESES E PROTESES PARA A COLUNA, Notas de estudo de Fisioterapia

DESCREVE AS ORTESES E PROTESES PARA A COLUNA VERTEBRAL

Tipologia: Notas de estudo

2025

Compartilhado em 05/07/2025

ana-lima-po2
ana-lima-po2 🇧🇷

3 documentos

1 / 33

Toggle sidebar

Esta página não é visível na pré-visualização

Não perca as partes importantes!

bg1
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE FISIOTERAPIA
ÓRTESES PARA COLUNA VERTEBRAL
ALICE MAXIMO BEZERRA DE MOURA
ANA MARIA MOURA RODRIGUES DE LIMA
BEATRIZ CECÍLIA VIEIRA DE ABRANTES
LARISSA FERREIRA DE SOUSA
STEFANNY DO AMARAL SOARES
YASMIM OLIVEIRA DE ALBUQUERQUE
JOÃO PESSOA
2025
pf3
pf4
pf5
pf8
pf9
pfa
pfd
pfe
pff
pf12
pf13
pf14
pf15
pf16
pf17
pf18
pf19
pf1a
pf1b
pf1c
pf1d
pf1e
pf1f
pf20
pf21

Pré-visualização parcial do texto

Baixe ORTESES E PROTESES PARA A COLUNA e outras Notas de estudo em PDF para Fisioterapia, somente na Docsity!

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE FISIOTERAPIA

ÓRTESES PARA COLUNA VERTEBRAL

ALICE MAXIMO BEZERRA DE MOURA

ANA MARIA MOURA RODRIGUES DE LIMA

BEATRIZ CECÍLIA VIEIRA DE ABRANTES

LARISSA FERREIRA DE SOUSA

STEFANNY DO AMARAL SOARES

YASMIM OLIVEIRA DE ALBUQUERQUE

JOÃO PESSOA

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE FISIOTERAPIA

ALICE MAXIMO BEZERRA DE MOURA (20220130968)

ANA MARIA MOURA RODRIGUES DE LIMA (20220130940)

BEATRIZ CECILIA VIEIRA DE ABRANTES (20220031217)

LARISSA FERREIRA DE SOUSA (20220134617)

STEFANNY DO AMARAL SOARES (20220031075)

YASMIM OLIVEIRA DE ALBUQUERQUE (20220113395)

ÓRTESES PARA COLUNA VERTEBRAL

Trabalho de pesquisa apresentado ao componente curricular Próteses e Órteses como requisito de avaliação parcial da disciplina. Docente: Profa. Dra. Ligia Raquel Ortiz Gomes Stolt JOÃO PESSOA 2025

1. INTRODUÇÃO

A reabilitação, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é um conjunto de medidas que ajudam pessoas com deficiências ou prestes a adquirir deficiências a terem suas funcionalidades e participação na sociedade restabelecidas. Diante desse processo de inclusão e independência, as Tecnologias Assistivas (TA), por meio do seu vasto campo de equipamentos e serviços, como as Órteses, Próteses e Meios Auxiliares de Locomoção, oferecem o suporte para que os indivíduos tenham suas atividades diárias reintegradas. De acordo com Carvalho (2015), as órteses são dispositivos aplicados externamente em partes do corpo, com a finalidade de oferecer suporte e melhorar a função de um segmento afetado por alguma disfunção ou necessidade de suporte, contribuindo para uma recuperação mais rápida, segura e eficiente. Diante desse cenário, as órteses para a coluna vertebral desempenham um papel fundamental no tratamento conservador de diversas patologias que envolvem danos à coluna. Como citado, as Tecnologias Assistivas incluem uma variedade de dispositivos que buscam auxiliar e manter a independência funcional das pessoas. Dentre esses dispositivos, destacam-se as órteses para a coluna, as quais são projetadas para limitar os movimentos dos segmentos da coluna vertebral, sendo dispositivos externos utilizados no corpo. Suas principais atribuições são: prevenir a progressão de deformidades na coluna, alívio da dor, auxiliar na recuperação de lesões ósseas e ligamentares. Em relação às suas funções terapêuticas, as órteses destinadas à coluna vertebral podem ser classificadas de acordo com o segmento específico, considerando as diferentes regiões anatômicas a serem imobilizadas ou tratadas. Essas regiões são divididas em cinco grupos: cervical, cérvico-torácica, toracolombossacra, lombossacral e sacroilíaca. A aplicação da órtese pode abranger apenas uma dessas regiões ou, quando necessário, envolver dois ou mais segmentos, dependendo da condição clínica do paciente e dos objetivos a serem tratados. Além dessa divisão por localização, as órteses também podem ser divididas com base em sua finalidade funcional, sendo as órteses estáticas, as quais visam alinhar ou limitar as articulações com a finalidade de corrigir desvios, e as órteses dinâmicas, que promovem movimentação articular, estabilidade e fortalecimento da musculatura. O presente trabalho tem como objetivo apresentar o uso e as principais funcionalidades das órteses para a coluna, considerando suas funções, especificidades e tratamento.

2. DESENVOLVIMENTO

2.1 Anatomia e Biomecânica da Coluna Vertebral

A coluna vertebral é constituída por sete vértebras cervicais, doze torácicas, cinco lombares, cinco estruturadas de forma contínua que compõem o sacro e de três a quatro segmentos coccígeos também estruturados. Os discos intervertebrais estão interpostos entre vértebras adjacentes nos segmentos cervical, torácico e lombar, enquanto nas regiões sacral e coccígea as vértebras encontram-se anatomicamente fundidas, não havendo presença de discos. A unidade funcional espinhal ( Functional Spinal Unit – FSU ) é definida pelo conjunto de duas vértebras adjacentes e o disco intervertebral correspondente. Cada segmento vertebral apresenta contribuições específicas para a amplitude de movimento global da coluna vertebral, refletindo suas variações biomecânicas. Além disso, a coluna vertebral desempenha funções fundamentais, como: sustentação de carga, locomoção, equilíbrio e proteção dos elementos neurais. Diferentes níveis da coluna variam em sua contribuição para a amplitude geral de movimento da coluna. A maior parte da rotação axial na região cervical ocorre no nível de C1 e C2, proporcionada pela configuração anatômica das articulações atlanto-axiais. Já na coluna torácica, a amplitude de movimento apresenta um aumento gradativo no sentido craniocaudal. Os segmentos torácicos superiores permitem, em média, cerca de 4 graus de flexão e extensão por cada nível vertebral, enquanto os segmentos inferiores apresentam aproximadamente 6 graus, alcançando até 12 graus por nível na região da junção toracolombar. A região lombar contribui mais para flexão e extensão da coluna, porém com menor rotação axial. Nesse contexto, as diferenças locais na mobilidade da coluna vertebral estão diretamente relacionadas às diferenças anatômicas, sobretudo quanto ao posicionamento dos processos articulares entre as vértebras torácicas e lombares. Além disso, é importante destacar que os ligamentos que compõem a estrutura vertebral exercem um papel fundamental na biomecânica e na cinemática, contribuindo para sua estabilidade sem comprometer sua flexibilidade.

2.2 Avaliação Física da Coluna Vertebral

A avaliação da coluna vertebral deve ser realizada por meio de uma abordagem integral do paciente, iniciando-se por uma anamnese detalhada. Durante essa etapa, devem ser coletadas informações importantes tais como idade, sexo, peso, altura, fatores psicossociais e estilo de vida. Semelhantemente, é importante identificar a localização dos sintomas, assim como sua intensidade, duração e possível relação com fatores como esforço físico, postura adotada rotineiramente, movimentos específicos, tensão emocional ou histórico de trauma. Além disso, é necessário verificar sinais e sintomas associados, como parestesias, fraqueza muscular,

Alguns testes específicos também podem ser utilizados durante a avaliação física: ● Teste de compressão: É uma manobra semiológica feita na região cervical que ajuda a repetir as dores irradiadas para os membros inferiores, que são desencadeadas pela compressão radicular. O teste é feito com o examinador aplicando uma compressão na cabeça com as mãos espalmadas, causando dores na região afetada. ● Sinal de Lasègue: É indicado se o paciente referir dores na coluna com irradiação para os membros inferiores, indicando uma compressão radicular. O teste pode detectar comprometimento de L5 e S1. O teste é feito com o paciente em decúbito dorsal e o examinador irá elevar a perna do paciente com o joelho estendido segurando no calcanhar. Essa manobra acarretará o estiramento do nervo ciático e nos casos de compressão, o paciente irá referir dor no trajeto do nervo. ● Teste de Adson: Deve ser indicado nos quadros de cervicobraquialgias, acompanhados por mudanças vasculares dos membros superiores. O teste auxilia a detectar a compressão da artéria subclávia, que pode estar comprimida por uma costela cervical ou até mesmo por retração dos músculos escalenos. O examinador precisa verificar o pulso do braço que deve ser estendido rotacionado externamente, e o paciente deve girar a cabeça para o lado que está sendo testado. O teste é positivo quando há uma diminuição ou ausência de pulso. A avaliação física minuciosa da coluna vertebral é essencial para a definição de estratégias terapêuticas eficazes, incluindo a prescrição adequada de órteses, que devem ser individualizadas conforme a disfunção identificada.

2.3 Deformidades da Coluna

2.3.1 Escoliose

A escoliose é definida como uma deformidade estrutural da coluna vertebral que se manifesta em três dimensões: desvio lateral no plano frontal, rotação das vértebras no plano transversal e alterações nas curvaturas fisiológicas no plano sagital (SCHNEIDER, 2009). Trata-se de uma doença de adaptação, cujo desenvolvimento e fixação estão relacionados à retração assimétrica dos músculos espinhais. A análise da postura deve ser realizada de forma cuidadosa e detalhada, fornecendo dados importantes para a identificação precoce de doenças que afetam o sistema musculoesquelético. Deve-se considerar o alinhamento dos ombros e da pelve, a posição das escápulas, o ângulo de Tales, presença de gibosidades, desvios rotacionais da cintura escapular e pélvica, além da postura dos membros inferiores e alterações nos pés.

A medição do comprimento dos membros inferiores pode ser feita clinicamente ou por escanometria, sendo importante verificar se o desnível pélvico está relacionado a um encurtamento real ou a outras alterações posturais, como anteversão ou retroversão da pelve, pé plano valgo e deformidades nos joelhos. O teste em posição sentada é útil para identificar encurtamentos funcionais, enquanto exames radiográficos em diferentes posições ajudam a confirmar se a discrepância no comprimento dos membros contribui para o surgimento da escoliose. É essencial monitorar a velocidade do crescimento vertebral e o ganho de altura do paciente para avaliar o potencial de progressão da curva escoliótica, pois a relação entre crescimento e alterações posturais é bem estabelecida, tornando crítico o período da menarca em pacientes com desvios posturais. A maturidade esquelética é determinada pela calcificação da epífise de crescimento na borda superior da asa ilíaca, avaliada por meio do exame radiográfico da pelve e classificada pelos graus de Risser de 0 a V que indicam o estágio de calcificação: ● Risser 0 - calcificação não visível; ● Risser I - a linha de calcificação atingiu o primeiro quarto da asa ilíaca (25%); ● Risser II - a calcificação atingiu metade da asa ilíaca (50%); ● Risser III - a calcificação atingiu três quartos da asa ilíaca (75%); ● Risser IV - a calcificação atingiu a borda medial (100%); ● Risser V - fechamento da linha de crescimento. Pacientes com Risser V, já com maturidade óssea, não são mais candidatos ao uso de órteses. A escoliose pode se desenvolver em diferentes regiões da coluna vertebral, sendo classificada conforme a posição do ápice da curva. Quando o ápice da curvatura está entre C1- C6, denomina-se escoliose cervical, as escolioses cervicotorácicas têm o ápice entre C7 e T1, enquanto as torácicas ocorrem entre T2 E T11. Já as toracolombares se situam entre T12 e L1, e as lombares entre L2 e L4. Caso o ápice esteja entre L5 e S1, a curva é denominada lombossacra. Além disso, podem ocorrer curvaturas duplas ou compensatórias, sendo considerada principal a que apresenta uma maior angulação e rotação vertebral. A direção da curva é definida pelo lado da convexidade, podendo ser direita ou esquerda. Por convenção, utiliza-se o termo “dextro” para curvas com convexidade à direita e “sinistro” para as com convexidade à esquerda. Desse modo, a nomenclatura correta inclui a região e o lado da convexidade, essa padronização facilita a identificação e o tratamento adequado da deformidade. O método de Cobb, recomendado pela Scoliosis Research Society, é o padrão para conferir a angulação frontal das escolioses. A medição requer uma radiografia panorâmica digital em posição ortostática (A-P), permitindo a visualização de toda a coluna e do quadril com alta precisão. Mensura-se o ângulo de Cobb traçando-se linhas perpendiculares às vértebras mais inclinadas (superior e inferior), a intersecção dessas retas determina o grau da curvatura.

distintas: falhas de formação e falhas de segmentação, que podem ocorrer isoladamente ou combinadas, resultando em deformidades mistas. A gravidade varia desde casos leves até extremamente graves, podendo estar associadas a complicações como paraplegia e morte por cor pulmonale. São deformidades desafiadoras devido à alta incidência de curvas rígidas e graves, além de comorbidades associadas, diferenciando- se dos outros tipos de escoliose pela complexidade do manejo (Weiss; Moramarco, 2016). ● Escoliose Traumática: Deformidade espinhal adquirida após lesões vertebrais, caracterizada por desvio lateral e alterações sagitais (cifose e lordose), frequentemente associada a fraturas torácicas ou toracolombares. Entre as principais causas têm-se trauma grave, tratamento inadequado da lesão inicial (como fusões curtas ou laminectomias) e condições como osteonecrose vertebral ou artropatia de Charcot. Os sintomas envolvem dor crônica por biomecânica alterada, déficit neurológico por compressão medular e deformidade progressiva, especialmente em cifoses angulares > 30°. O tratamento cirúrgico é indicado em casos graves, visando alinhamento e descompressão neural, enquanto órteses e reabilitação são opções conservadoras. Pacientes pediátricos demandam acompanhamento rigoroso devido ao risco de progressão acelerada pelo crescimento residual. É uma condição que apresenta alta complexidade, com riscos de complicações neurológicas e necessidade de planejamento individualizado (Wilson et al., 2012).

2.3.2 Hipercifose

A cifose torácica é um tipo de curvatura fisiológica primária encontrada em todos os seres humanos. Porém, alguns indivíduos, ao longo da vida, podem desenvolver um aumento dessa curvatura. A hipercifose, caracterizada por um aumento acentuado da curvatura torácica no plano sagital, é definida como uma deformidade postural ou estrutural que excede os valores fisiológicos (entre 20° e 40°), podendo resultar em comprometimento funcional, dor e alterações estéticas (KISNER; COLBY, 2016). Antes de classificar essa patologia, é necessário considerar dois aspectos importantes: a etiologia e a sintomatologia. Dentre os fatores causais da hipercifose, temos: os fatores posturais, o encunhamento das vértebras, os fatores neuromusculares, as malformações e as condições inflamatórias persistentes, bem como os traumas e a osteoporose. Quanto à flexibilidade e à sintomatologia da curva, deve-se observar se ela é redutível (funcional) ou irredutível (estruturada), e se está associada ou não à presença de dor. Para o diagnóstico clínico da hipercifose, é fundamental considerar três questões básicas. De início, é recomendado analisar, através do exame de perfil com o auxílio da linha de prumo, seguido de algumas medidas, se a cifose é anormal. Em um indivíduo com a cifose dorsal normal, a avaliação em perfil determina que o fio de prumo fique tangente ao tronco do paciente

em T8 e S2. Já nas regiões cervical (C7) e lombar (L4), o fio de prumo se afasta do tronco em aproximadamente 30 mm. A segunda questão a ser analisada é a redutibilidade da curva cifótica. Para isso, o avaliador deve realizar uma inspeção estática e dinâmica do paciente nas posições sentada, deitada e em pé. A terceira questão a ser respondida diz respeito às compensações que acompanham a curva cifótica presente. Indivíduos com hipercifose geralmente apresentam algumas compensações, como protrusão da cabeça e dos ombros, além de hiperlordose cervical e lombar. Além do exame clínico, temos alguns exames complementares, como o raio X panorâmico, em perfil, que podem ser de grande valia na avaliação desses pacientes. No entanto, é importante ressaltar que o exame clínico sempre deve prevalecer, sendo complementado pelas informações dos exames de imagem. Um tipo de curvatura cifótica patológica é a doença de Scheuermann. Em 1921, Scheuermann descreveu essa condição como uma cifose dolorosa, de difícil redução, com início na puberdade e comprometimento predominante entre as vértebras T7 e T10. Para a classificação como doença de Scheuermann, é necessário considerar detalhes importantes do exame radiológico. Pacientes que apresentam hipercifose com angulação superior a 40° segundo a técnica de Cobb, doença de Scheuermann e Risser abaixo de V, têm indicação para uso de órteses como método complementar de tratamento.

2.3.3 Hiperlordose

A hiperlordose é caracterizada pelo aumento anormal da curvatura lordótica da coluna vertebral, especialmente na região lombar, o que pode ocasionar alterações biomecânicas e funcionais importantes (Kendall et al., 2007). Estudos associam o aumento dessa curvatura ao gênero feminino, raça negra, ortostatismo, aumento do índice de massa corporal, diminuição da atividade física e movimento de extensão da coluna lombar (Barbosa et al., 2011). Segundo a Scoliosis Research Society, a curva da lordose lombar fisiológica pode variar entre 31º e 79º. Assim sendo, indivíduos que apresentam ângulo superior ao fisiológico são diagnosticados com hiperlordose lombar. O aumento dessa angulação é provocado pelo aumento da força e retração do psoas-ilíaco e paravertebrais lombares, pela diminuição da força do glúteo máximo e dos músculos abdominais, e pela retração dos isquiotibiais (Barbosa et al., 2011). Quanto à classificação da hiperlordose lombar, temos:

As órteses são dispositivos ortopédicos externos amplamente utilizados no tratamento de diversas condições que acometem a coluna vertebral, tendo como objetivo principal restringir os movimentos de uma determinada região da coluna e reduzir a carga exercida sobre a área a ser tratada. São muito utilizadas em situações em que há risco de que a carga exercida sobre a coluna resulte em deformidades, como em casos de fraturas instáveis. Também são indicadas quando a coluna necessita de suporte adicional para uma cicatrização adequada, como após procedimentos cirúrgicos ou em casos de osteoporose. Além disso, podem ser utilizadas para aliviar dores lombares, devido à limitação do movimento e à melhoria da sustentação abdominal. Atuam na correção de deformidades existentes na coluna, como a escoliose, e também como um mecanismo de conscientização que orienta o paciente a limitar os movimentos do tronco ou do pescoço, promovendo uma movimentação mais cautelosa. Dessa forma, as órteses desempenham um papel fundamental na reabilitação e no manejo de diversas patologias da coluna vertebral, variando em forma e função conforme a região acometida. A seguir, serão apresentadas as principais órteses utilizadas nas regiões cervical, torácica, toracolombar, lombossacra e sacroilíaca. Serão também exploradas as órteses indicadas para o tratamento de condições específicas, como escoliose, hipercifose, hiperlordose e lombalgia aguda e crônica.

2.4.1 Órteses Cervical

As órteses cervicais (CO) devem ser prescritas sempre que o objetivo do tratamento for estimular o posicionamento adequado da região cervical, reduzir a mobilidade local ou proporcionar total imobilização entre cabeça e tronco. As CO são classificadas em quatro tipos: colares cervicais sem apoio mentoniano, colares cervicais com apoio mentoniano, colares cervicais com apoio occipito-mentoniano-torácico e colares cervicais com halo craniano. Os colares cervicais sem apoio mentoniano, também conhecidos como colares cervicais sem suporte ou colares cervicais maleáveis, podem ser encontrados na forma de modelos prontos, fabricados em espuma revestida com tecido de algodão em forma de tubo, ou ainda em material termoplástico semirrígido com sistema de fixação por velcro. Esses modelos permitem a mobilidade da coluna cervical; entretanto, promovem nos usuários a consciência da necessidade de manter a cabeça em posição neutra por meio da lembrança cinestésica. Consequentemente, os movimentos da coluna cervical são restringidos.

Fonte: Google Imagens, 2017. Os colares com apoio mentoniano, ou colares cervicais rígidos, são produzidos com material termoplástico em duas peças superpostas e com regulagem mediante velcros. O prolongamento anterior dessas órteses proporciona apoio ao mento, oferecendo maior suporte à cabeça e menor liberdade de movimento, especialmente nos movimentos de flexo-extensão. Esse modelo é bastante utilizado, durante a noite, por pacientes com síndrome compressivas. Fonte: Google Imagens, 2022. Os colares com apoio occipito-mentoniano-torácico reduzem consideravelmente a mobilidade da região cervical, podendo chegar à total imobilização. São órteses que podem ser confeccionadas em materiais flexíveis com reforço, como espumas de Plastazote, ou em materiais rígidos, como metais ou termoplásticos, variando de acordo com a indicação clínica. Esses modelos serão descritos a seguir. ● O colar tipo Philadelphia é fabricado com espuma de Plastazote, com reforços anterior e posterior em polipropileno. É um modelo composto por duas peças - uma anterior e uma posterior — conhecido como órtese bivalvada e é fixado por velcros. Esse dispositivo oferece grande estabilidade, sendo indicado para pacientes com comprometimento cervical significativo.

Os colares cervicais com halo cranianos são os únicos capazes de garantir uma completa imobilização da região cervical nos três pontos de movimento. Esse modelo é amplamente indicado em casos de fraturas. A órtese é composta por um halo craniano fixo à calota craniana por meio de parafusos e uma estrutura torácica, unidos entre si por hastes metálicas. Fonte: Google Imagens, 2021.

2.4.2. Órteses torácicas, toracolombares e lombossacras

Órteses de Hiperextensão Toracolombar As órteses toracolombares designadas para controlar a flexão do tronco, também chamadas de órteses de hiperextensão, são exemplos clássicos de órteses com sistema de força com três pontos de fixação. São indicadas em casos de fraturas estáveis de vértebras toracolombares ou lombares, sem sinais de comprometimento neurológico, e em casos de osteoporose em estágio avançado com riscos de fratura. O objetivo dessas órteses é estabilizar a região toracolombar em hiperextensão por meio da aplicação de forças anteriores no esterno e no púbis e de apoio posterior na região toracolombar, evitando, portanto, movimentos de flexão na região lombar e toracolombar. Essas órteses, podem ser encontradas em versões pré-fabricadas ajustáveis ou confeccionadas sob medida, e possuem dois modelos: órtese toracolombossacra (TLSO) tipo Jewett e tipo CASH. O colete de Jewett apresenta em seu design uma estrutura anterior única, composta por placa esternal, hastes laterais do tronco e placa suprapubiana. As hastes laterais devem se localizar na linha média do tronco, aproximadamente 4 cm abaixo da axila e 3 cm acima da asa ilíaca, tendo em vista que são responsáveis pelo controle da flexão lateral. Nessa estrutura são fixados tirantes em velcro para fixação da placa anterior. Uma variação dessa órtese consiste em substituir um apoio esternal único por dois apoios nos peitorais.

Fonte: Google Imagens, 2019. O colete tipo cruciform anterior spinal hyperextension (CASH), conhecido também como colete de hiperextensão em cruz, apresenta pontos de apoio anterior, no esterno e no púbis, e um posterior, na região toracolombar. A união desses apoios é realizada por meio de duas hastes metálicas anteriores, sendo uma haste vertical unindo os apoios entre esterno e púbis e uma haste horizontal, que servirá para fixação dos velcros, que estão unidos à placa posterior toracolombar. Fonte: Google Imagens, 2018. O CASH permite movimentos de flexão lateral, portanto não proporciona uma grande estabilidade de tronco. É indicado em casos em que não é possível utilizar o colete de Jewett, como, por exemplo, pacientes com seios muito volumosos ou aqueles que utilizam bolsas de colostomia. Para indivíduos portadores de osteoartrite e intolerância à pressão no apoio esternal que necessitam usar esse tipo de dispositivo, recomenda-se a substituição de um apoio esternal único por dois apoios nos músculos peitorais. Órteses Toracolombares de Contenção e Imobilização As órteses destinadas à coluna toracolombar são recursos importantes para promover a contenção e a imobilização dessa região. Um exemplo é a órtese do tipo Knight (TLSO), que

processos espinhosos. Esse modelo pode ser encontrado no formato bivalvado, ou seja, em duas peças que se sobrepõem lateralmente e são fixadas por velcros, ou pode ser confeccionado em peça única com abertura anterior. Fonte: Google Imagens, 2022. Por oferecerem um sistema de contato total, essas órteses são eficazes em situações que exigem imobilização torácica, como nos casos de fraturas entre as vértebras T7 e T12, reabsorção óssea com risco de fratura ou tratamentos no pós-operatório. Órteses Lombossacral de Contenção e Imobilização Os coletes de contenção lombossacra, também chamados de cintas abdominais, faixas lombossacras, colete tipo Putty e colete de Willians, têm como objetivo diminuir a mobilidade e fornecer suporte local. Essas órteses podem ser confeccionadas com materiais flexíveis, semirrígidos ou rígidos, e a escolha e disposição desses materiais permitirão, ou não, uma limitação completa dos movimentos do tronco. Fonte: Google Imagens, 2023.

Esse dispositivo é indicado para pacientes com lombalgias, lombociatalgias, osteoporose avançada, casos pós-operatórios, traumas locais, entre outros. Já em casos de espondilolistese, recomenda-se o uso da órtese de Willians, que impede o movimento de extensão da coluna lombar. Esse modelo, especificamente, possui duas bandas posteriores rígidas e fixação anterior flexível. Quando há necessidade de imobilização da região lombossacra, utiliza-se um componente pélvico associado ao colete. O principal efeito proporcionado pelo uso dessas órteses é a compressão abdominal. A força aplicada nessa região é transmitida para o interior da cavidade abdominal em todos os sentidos — anterior, posterior, superior, inferior e laterais. Essa ação de compressão, fornecida pelos coletes de contenção lombossacra, resulta em alívio das estruturas musculares, ligamentares e articulares da região lombar e toracolombar.

2.4.3 Órteses Sacroilíacas

As órteses para a região sacroilíaca, também conhecidas como cintas, são indicadas para a redução da diástase sacroilíaca, que consiste na separação entre o osso sacro e o osso ilíaco. Esse dispositivo apresenta sua borda superior posicionada abaixo do nível das cristas ilíacas, enquanto a borda inferior está situada à altura dos ligamentos inguinais.

2.4.4 Órteses para Escoliose

As órteses para tratamento da escoliose visam impedir a progressão das curvaturas e evitar intervenções cirúrgicas. Há vários modelos de órteses indicadas para a correção de escolioses, a prescrição varia conforme a localização e a gravidade da curva, a rotação vertebral e a maturidade esquelética do paciente. Geralmente, são indicadas para curvas entre 20-25° e 40-45°, associadas ao tratamento conservador. Em casos abaixo de 20-25° normalmente requer apenas abordagem conservadora, exceto quando há rápida progressão. Curvas superiores a 45° normalmente necessitam de correção cirúrgica, sobretudo se houver complicações cardiorrespiratórias, dor significativa ou prejuízos à saúde mental devido às assimetrias. Em relação à maturidade óssea, as órteses são recomendadas principalmente em casos de pacientes com esqueleto imaturo, evidenciados pela não fusão das fises de crescimento (Risser 0 a IV). Pacientes com Risser V podem utilizar órteses em situações específicas de escoliose flexível e em progressão, com a escolha do modelo baseado nas características individuais e no potencial de eficácia. Colete de Boston O colete de Boston, conhecido como colete TLSO baixo, é indicado no tratamento de curvaturas toracolombares e lombares. Essa órtese é confeccionada sob medida por meio de um molde em gesso e o material mais utilizado é o polipropileno. A vantagem desse tipo de colete, comparado ao colete de Milwaukee, é o peso reduzido e a estética. Já em relação às