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OCORRÊNCIA DA CARPA HÚNGARA,
Tipologia: Notas de estudo
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Biodiversidade Pampeana, PUCRS, Uruguaiana ISSN 1679- 3:21-23, 28 de dezembro de 2005.
NUPILABRU (Núcleo de Pesquisas Ictiológicas, Limnológicas e Aqüicultura da Bacia do Rio Uruguai), Museu de Ciências Naturais, PUCRS, Uruguaiana, RS, BR 472 Km 7, CEP 97500-970.
(LINNAEUS, 1758), in the Arroio Felizardo, in the middle basin of the Uruguay River. This exotic species shows high reproductive adaptation and can represent a risk of disease to the native populations, through the dissemination of parasite Lernaea cyprinacea
Key words: exotic fishes, parasite, southern Brazil.
(LINNAEUS, 1758), no Arroio Felizardo, na bacia do médio Rio Uruguai. Esta espécie exótica mostra alta adaptação reprodutiva e pode representar um risco de doença para as populações nativas, através da disseminação do parasita Lernaea cyprinacea (LINNAEUS, 1758).
Palavras-chave: peixes exóticos, parasita, sul do Brasil.
A piscicultura é considerada um dos principais meios de introdução de espécies exóticas em novos ecossistemas, favorecendo a dispersão de doenças parasitárias entre as espécies nativas, de acordo com WELCOMME (1988). A introdução de espécies exóticas juntamente com a degradação e a fragmentação do habitat é uma das maiores causas de extinção de espécies nativas, pois alteram as cadeias tróficas, descaracterizando os nichos ecológicos (KREBS, 2001).
No Rio Grande do Sul, tornou-se comum o cultivo de espécies exóticas como o Bagre Africano ou “catfish”, Clarias gariepinus (SCOPOLI, 1777), pelas pisciculturas, entretanto AGOSTINHO & JÚLIO (1996), salientam que os benefícios desta introdução, quando existem, são mediatos, em regra, enquanto os efeitos nocivos, na maior parte irreversíveis, ocorrem ao longo do tempo. Além disso, deve ser ponderado que a introdução da espécie em questão pode causar consideráveis prejuízos econômicos, tanto pela redução dos estoques pesqueiros, como para o posterior controle e mitigação dos efeitos sobre a biota nativa, principalmente pela predação das comunidades, incluindo invertebrados aquáticos e peixes.
Os escapes acidentais em pisciculturas, ocorrem durante o manejo e principalmente pelo rompimento de telas de proteção ou transbordamento dos tanques em razão de fortes chuvas, onde a vazão d’água não é suficiente, fazendo com que exemplares de espécies exóticas sejam liberadas dentro ou próximo a cursos d’água naturais, já que as pisciculturas brasileiras têm como prática comum estabelecer-se próximas a esses ambientes (ORSI & AGOSTINHO, 1999).
No Brasil, muitas pisciculturas utilizam a carpa Húngara, Cyprinus carpio , espécie originária da Europa Oriental e da Ásia Ocidental, sendo uma das primeiras espécies a serem cultivadas em Aqüicultura e atualmente seu cultivo ocorre em todos os continentes, devido a sua rusticidade, resistindo a diferentes temperaturas e facilidade de criação, apresentando as
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características desejáveis para uma piscicultura intensiva. Negativamente, a introdução de espécies exóticas pode causar a diminuição de espécies nativas, alterações no ambiente e redução dos locais de desova (WELCOMME, 1988). A introdução de C. carpio poderá exercer uma pressão sobre as outras espécies, seja ela por disseminação parasitária, predação ou competição sobre as espécies nativas, uma vez que a carpa Húngara é onívora, alimentando-se de invertebrados, plantas, algas e preferencialmente, consome larvas de insetos e crustáceos, podendo alimentar-se de pequenos peixes. Este trabalho, registra a captura, através da pesca elétrica de 5 exemplares de C. carpio em ambiente natural (Tab. I), durante diferentes épocas do ano, no curso médio do arroio Felizardo, localizado à 29º 50’ 03” S e 57º 05’ 57’’ W, próximo à estação de piscicultura da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Campus Uruguaiana, entre setembro de 2001 a janeiro de 2003. O arroio Felizardo é um pequeno curso d’água que tem comunicação direta com o rio Uruguai,
desembocando inicialmente no arroio Itapitocai e segundo AZEVEDO (2003) e PESSANO (2004), este córrego apresenta 27 espécies ícticas nativas na sua nascente e 30 espécies ícticas nativas na sua foz, respectivamente, demonstrando significativa representatividade quando comparado a outros ecossistemas existentes na bacia do médio rio Uruguai. No laboratório, os exemplares foram identificados, medidos, pesados e examinados quanto ao sexo e existência de ovócitos no interior das gônadas (Tab. I) e posteriormente conservados em álcool 70% e depositados na coleção científica do NUPILABRU (Núcleo de Pesquisas Ictiológicas, Limnológicas e Aqüicultura da Bacia do Rio Uruguai). As medidas de comprimento foram tomadas em milímetros (mm), com precisão decimal, e a de peso em gramas (g), com precisão milesimal. A determinação do sexo e a identificação dos estádios de maturação gonadal foram realizadas sob lupa, mediante incisão longitudinal do abdômen, com as gônadas expostas e retiradas, seguindo
Exemplar Peso (g) Comprimento (mm)
Sexo Ovígera Estádio de maturação gonadal
Período de captura
01 2.756,5 442 F S Maduro Setembro 2001
02 2.159,5 327 F S Maduro Setembro 2001
03 1.008,0 283 M - Imaturo Maio 2002
04 2.371,5 406 F N Imaturo Maio 2002
05 619,9 121 M - Imaturo Janeiro 2003
FLEMING & GROSS (1993), salientam que na maioria das vezes, as espécies introduzidas demonstram insucesso reprodutivo no ambiente natural, devido que a progênie desses animais não apresenta características genéticas para as situações básicas de sobrevivência, como, por exemplo, estratégias antipredação. Porém, se essa tendência de escapes de populações continuar, modificações genéticas podem ocorrer, tornando todas essas populações viáveis. Entretanto, de acordo com os dados apresentados na Tabela I, os exemplares n.º 01, 02 e 04 são fêmeas, sendo que os exemplares n.º 01 e 02 apresentavam no interior das gônadas, ovócitos prontos para desova em ambiente natural. Os dados demonstram uma possível adaptação reprodutiva da espécie C. carpio fora de seu habitat natural, indicando que esta espécie exótica já possa estar introduzida na
região da Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, na Bacia do médio rio Uruguai. Em outras capturas realizadas no curso médio do mesmo arroio ao longo do ano de 2002, foram coletados exemplares das espécies nativas de Cyphocharax spilotus VARI, 1987, Cyphocharax voga (HENSEL, 1870) e Steindachnerina biornata (BRAGA & AZPELICUETA, 1987), parasitados por Lernaea cyprinacea (LINNAEUS, 1758), este crustáceo parasita, pertence à subclasse COPEPODA e é o agente causador da Lerneose. A Lerneose é uma patologia caracterizada pela presença do parasita L. cyprinacea ao longo do corpo do hospedeiro, ocorrendo hemorragias e desenvolvimento de processos inflamatórios, com posterior necrose do tecido circundante (ALEXANDRINO et al ., 1999). As lesões ulcerosas provocadas pela estrutura em forma de âncora da