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Desconstruindo estereótipos do Sertão Nordestino: Documentário sobre Itabi, Sergipe, Slides de Comunicação

Este documentário propõe desconstruir estereótipos negativos sobre o sertão nordestino e seus habitantes, principalmente retratados pela mídia em relação à seca. O projeto foi desenvolvido através de pesquisa bibliográfica, seleção de reportagens e entrevistas em itabi, sergipe. O objetivo é mostrar a realidade complexa e rica do sertão nordestino, além de registrar a natureza, vegetação e animais locais.

O que você vai aprender

  • Como foi realizada a pesquisa para o documentário?
  • Quais são as condições climáticas, regionais e históricas do Estado de Sergipe e do município de Itabi?
  • Qual é o objetivo do documentário sobre o Sertão Nordestino?
  • Quais estereótipos sobre o Sertão Nordestino o documentário busca desconstruir?
  • Qual é a importância da mídia na formação de estereótipos sobre o Sertão Nordestino?

Tipologia: Slides

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Pamela87
Pamela87 🇧🇷

4.5

(98)

226 documentos

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
FACULDADE DE ARQUITETURA, ARTES E COMUNICAÇÃO- UNESP/BAURU
DCSO - DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO SOCIAL - HABILITAÇÃO EM JORNALISMO
CAMILA GABRIELLE OLIVEIRA DE FARIAS
O Sertão entre a flor e os espinhos
BAURU - SP
2018
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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”

FACULDADE DE ARQUITETURA, ARTES E COMUNICAÇÃO- UNESP/BAURU

DCSO - DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO SOCIAL - HABILITAÇÃO EM JORNALISMO

CAMILA GABRIELLE OLIVEIRA DE FARIAS

O Sertão entre a flor e os espinhos

BAURU - SP

CAMILA GABRIELLE OLIVEIRA DE FARIAS

O Sertão entre a flor e os espinhos

Memorial de Projeto Experimental apresentado em cumprimento parcial às exigências do Curso de Jornalismo da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação, do Departamento de Comunicação Social da UNESP- Universidade Estadual “Júlio de Mesquita Filho”, para obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social- Jornalismo. Orientador: Prof. Dr. Francisco Machado Filho BAURU 2018

CAMILA GABRIELLE OLIVEIRA DE FARIAS

O Sertão entre a flor e os espinhos BANCA EXAMINADORA


Prof. Dr. Francisco Machado Filho


Prof. Dr. Maximiliano Martin Vicente


Prof. Ms. Selma Miranda dos Prazeres

AGRADECIMENTOS

Como em todos os projetos realizados, a gratidão a Deus vem em primeiro lugar, pela força e coragem. Em segundo, agradeço minha família. Cursar esta graduação longe dos meus familiares não foi uma tarefa fácil. Em muitos momentos, pensei em desistir e foi a força deles que me manteve em busca do meu sonho. Eles contribuíram para a realização deste projeto, me apoiando financeiramente nas viagens e ajudando no deslocamento entre as cidades. Sempre muito prestativos. Agradeço também ao meu namorado Jonathan e sua família, por sempre me ouvirem e me ajudarem em tudo que faço. Também preciso dar destaque ao meu orientador, Francisco Machado, pelos atendimentos e orientações sobre como desenvolver este projeto da melhor forma e aos professores Maximiliano Vicente e Selma Miranda, que não hesitaram em participar desta banca e que ao longo do curso, contribuíram para minha formação. À Universidade Estadual Paulista, na figura de todos os docentes que contribuíram para minha formação, em especial, na figura do professor Juliano Carvalho, Adriana Nogueira, Maximiliano Vicente, Eli Vagner, Selma Miranda e ao meu orientador. Meus agradecimentos também a todos que me ajudaram na execução deste vídeo. Desde minha chegada em Itabi até o momento presente. A tia Maria, aos entrevistados. Meus sinceros agradecimentos também a Bruno Rossi, Octavio Nascimento e Ana Heloísa Pessotto pelas dicas de edição assim como Ana Massa e Ariel Satie por realizarem a criação da identidade visual do vídeo e do projeto. Todos, que de forma voluntária contribuíram para que este projeto acontecesse. Por fim, ao site “ Meus Sertões” na figura do ilustre jornalista Paulo Oliveira, que me apoiou com a publicação dos textos, galeria de fotos, teaser e do documentário. Minha eterna a gratidão pelas orientações! De modo geral, agradeço a todos amigos que de perto ou longe, me ajudaram a realizar “O Sertão entre a flor e os espinhos”.

SUMÁRIO

  • 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................………. ..
  • 2 JUSTIFICATIVA SOBRE ITABI
  • 2.1 Justificativa e problematização da temática .....................................................................
  • 3 OBJETIVOS ....................................................................................................….………
  • 3.1 Geral....................................................................................................………………….
  • 3.2 Específico....................................................................................................…………….
  • 4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA DO FORMATO ....................................................…
  • 4.1 Documentário verdade ………………………………………………………………….
  • 4.2 Eduardo Coutinho: O fim e o princípio ………………………………………………...
  • 4.3 Formato escolhido ………………………………………………………………………
  • 5 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA DO TEMA ......................................................……..
  • 5.1 Identidade e Lugar ......................................................………………………………….
  • 6 METODOLOGIA ..................................................................................................……...
  • 7 DESCRIÇÃO DE CONTEÚDO ............................................................................…….
  • 8 REPERCUSSÃO DO DOCUMENTÁRIO ...............................................................….
  • 9 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...............................................................................……...
  • 10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
  • 11 APÊNDICES .......................................................................................................……….

1 INTRODUÇÃO

O Brasil é o maior país da América do Sul e o quinto em área territorial no mundo. É também o sexto em população, com mais de 200 milhões de habitantes^1. Foi um dos países que também recebeu um grande número de imigrantes e influência do exterior desde a época da Colonização, com início em 1500, fazendo com que cada região apresentasse suas particularidades culturais. É um país que apresenta diversas etnias, raças, gêneros, culturas, hábitos e diferenças. Estas diferenças, por sua vez, podem acabar se tornando um preconceito. Uma das regiões que vivencia isto é a Nordeste. Segunda maior população e o terceiro maior território, quando comparado com as outras regiões, o Nordeste abriga nove estados: Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe. A região Nordeste já foi a principal do país, sendo a mais rica da América Portuguesa durante mais de três séculos, principalmente por conta do Pau-Brasil e os engenhos de açúcar. Mas, após o descobrimento do ouro em Minas Gerais e do crescimento do cultivo de café em São Paulo, associada às questões políticas como a transferência da capital do país para o Rio de Janeiro, a região Centro-Sul concentrou a maioria dos investimentos. De acordo com Garcia, A partir da segunda metade do século passado, a introdução da lavoura do café no Rio e em São Paulo, a chegada maciça de imigrantes europeus a estes estados, trazendo consigo ideias modernizados, a queda dos preços no mercado internacional do açúcar e do algodão e a valorização cada vez maior do café nesse mesmo mercado provocaram a transferência do poder econômico, e consequentemente do poder político, do Nordeste para o Centro-sul. (GARCIA, 1987, p. 30) O autor ainda completa seu pensamento, afirmando que isto fez com que o Centro-Sul passasse a experimentar uma grande modernização, enquanto o Nordeste mantinha sua estrutura rural e sua industrialização limitava-se praticamente às grandes centrais açucareiras e às fábricas de tecidos. 1 Disponível em:<http://www.brasil.gov.br/noticias/cidadania-e-inclusao/2018/08/populacao-brasileira- ultrapassa- 208 - milhoes-de-pessoas-revela-ibge / https://www.ibge.gov.br/apps/populacao/projecao/ https://www.estadosecapitaisdobrasil.com/duvidas/qual-o-maior-pais-da-america-do-sul/> Acesso em: 28/10/2018.

documentarista.Sem imparcialidade, este trabalho se propõe a mostrar um outro “olhar” sobre o sertão nordestino, ressaltando a identidade e cultura local de um sertanejo que não quer sair de sua terra. Este formato foi apresentado no curso por meio das disciplinas de “Telejornalismo II” e “Roteiros para Comunicação Audiovisual”, trazendo um modelo que não tem uma estrutura ‘fechada’, permitindo à criatividade e a inovação por parte do documentarista. 2 JUSTIFICATIVA SOBRE ITABI O município de Itabi 2 está localizado no Estado de Sergipe, no Nordeste Brasileiro e integra a Mesorregião do Sertão do São Francisco. O local, cujo nome significa “duas pedras”, possui cerca de cinco mil habitantes de acordo com a população estimada feita pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), entre 2017 e 2018. A história do município começou em 1821, quando os caçadores José Ferreira de Gois e Antônio José dos Santos, vindos da Fazenda “Sítios Novos”, atual município de Canhoba, descobriram uma lagoa perto da Pedra da Paciência. A lagoa tinha muitas panelas de barro nas suas proximidades, ainda da época dos indígenas, já que antes a região era ocupada pelos Tupi-Guarani. Por este motivo, o lugar ficou conhecido inicialmente como “ Lagoa das panelas”. Os desbravadores contaram sobre o local descoberto nas feiras de Própria, um município que fica cerca de 30 quilômetros em linha reta de onde atualmente é Itabi. A notícia chegou ao conhecimento de Manoel Quinca Palatem, comerciante de açúcar e senhor de engenho no povoado Cutia, município de Capela, ambos em Sergipe. Ele se deslocou até o local com sua família e servos. Em 1884, foi celebrada a primeira missa, pelo padre Francisco Gonçalves de Lima, que mais tarde, em 1886-após a construção da primeira da capela, a imagem de Nossa Senhora da Conceição seria introduzida. Ela é a padroeira da cidade e considerada pelos católicos como a virgem Maria que trouxe Jesus Cristo ao mundo. Após este evento religioso, o lugar ficou conhecido como “Nossa Senhora da Providência”, se tornando “Itabi” apenas em 1944, pelo poeta sergipano Simeão Sobral. A emancipação só foi realizada no dia 25 de novembro de 1953. (^2) Disponível em:< https://pt.wikipedia.org/wiki/Itabi>. Acesso em: 10/06/2018. Disponível em: < https://www.itabi.se.gov.br> Acesso em: 10/06/2018.

TABELA 1- INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE O MUNICÍPIO DE ITABI

ÁREA TERRESTRE 184,4 km ALTITUDE 100,0 m MUNICÍPIOS LIMÍTROFES: Gararu, Canhoba, Graccho Cardoso e Nossa Senhora de Lourdes COORDENADAS GEOGRÁFICAS Latitude S: 10°07´89” · Longitude W:37º06'20” PRECIPITAÇÃO MÉDIA ANUAL 640,21 mm TEMPERATURA MÉDIA ANUAL 25,2 ºC PERÍODO CHUVOSO Março a agosto SOLO Litólicos Eutróficos e Podzólico Vermelho Amarelo Equivalente Eutrífico BACIAS HIDROGRÁFICAS E PRINCIPAIS MANANCIAIS Bacia do Rio São Francisco e Rio Gararu MESORREGIÃO: Sertão Sergipano MICRORREGIAO Sergipana do Sertão do São Francisco DISTANCIA EM RELAÇÃO A ARACAJU Linha reta: 87 km FONTE: EMDAGRO/ASPLAN IBGE/ SEPLANTEC Em relação à economia, de acordo com o Censo de 2010^3 , a cidade de Itabi possui trinta comunidades existentes. Praticamente metade de sua população é rural (2.220). O lugar, que já foi um dos principais produtores de algodão no estado de Sergipe, atualmente produz feijão, milho e mandioca. Mas, a criação de rebanhos merece destaque no município. A maior produção é de Galos, frangas, frangos e pintos (cerca de 46 mil cabeças), seguida de bovinos (cerca de 13 mil) e outras produções como ovinos e suínos. Além disto, existe a produção de (^3) Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/se/itabi/panorama. Acesso em: 10/06/2018.

TABELA 3- FONTE DE RENDA NO MUNICÍPIO

FONTE: IBGE / PRODUÇÃO PECUÁRIA MUNICIPAL 2010, 2011 E 2012. 2.1 Justificativa e problematização sobre a temática A imagem da seca começou a ser retratada em alguns veículos de comunicação, tornando-a o principal problema da região. Isto reforça o estereótipo negativo que intensifica uma situação climática e não os aspectos estruturais, voltados às condições sociopolíticas de desigualdade. Visando desconstruir estas preconcepções relacionadas ao sertão nordestino e seus moradores, o projeto “O sertão entre a flor e os espinhos” foi criado, sendo composto principalmente pelo documentário como produto final. Para embasar o aspecto da mídia tradicional como um veículo que reforça um estereótipo, duas reportagens foram apropriadas como exemplo. A primeira da Rede Record (YOUTUBE.COM.BR, 2017), chama-se “Câmera Record mostra dificuldade das famílias que enfrentam a seca” e foi lançada no final de 2017.

A matéria percorre três estados nordestinos (Pernambuco, Piauí e Ceará), e começa com um tom - que é reforçado pela trilha sonora, de suspense e terror, com as seguintes frases: “uma viagem longa”, “paisagens desérticas”, ao mostrar imagens da vegetação, como se estivesse no que eles chamam de um “corredor da morte”. A reportagem se foca em falar de Salitre, município no interior do Ceará. A cidade apresenta o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), mais baixo do estado e condições de vida ruins para alguns moradores. Por exemplo, Francineide, que é agricultora, tem 36 anos e cinco filhos, vive em condições muito ruins devido a casa onde mora, a falta de móveis e alimento, infraestrutura, desemprego e apesar de possuir uma cisterna, ninguém abastece, fazendo-a buscar água com a vizinha. Ela é a principal personagem desta reportagem. A reportagem, no entanto, relaciona apenas a seca como o principal problema vivenciado na vida da agricultora. Por meio de termos como “terra seca”, “ para dar banho nas crianças, cada gota de água é preciosa”, “um hino ao sofrimento nordestino”, associado à canção Asa Branca, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, “terra de coloração alaranjada”, “famílias judiadas pela seca”, “ não tem água para todos”, percebe-se um reforço negativo causado pela mídia. Não se questiona, em nenhum momento, o poder público para descobrir o por que a cisterna de Francineide não tem agua. Outra reportagem, só que dessa vez veiculada pelo programa “Profissão Repórter” da Rede Globo, também reforça o estereótipo (G1.COM.BR, 2017). Lançada em maio de 2017, a matéria “Nordeste brasileiro vive a pior seca dos últimos cem anos”, mostra a história de alguns sertanejos que estão sendo afetados com a seca. Entre eles, “Jusci”, uma mulher que precisa caminhar oito quilômetros porque o carro-pipa não chega na casa dela. Durante a caminhada, a reportagem intensifica a dor da mulher dizendo “ ô meu deus, bota uma nuvem nesse céu – ela reza no caminho”. Ao longo do texto, a reportagem exibe foto de animais mortos por causa da “ seca no Nordeste’’. A matéria chega a citar um programa “ antigo do governo federal no combate à seca” que distribui água, mas não se aprofunda no assunto. Logo em seguida, exibe a transposição do rio São Francisco como sendo algo positivo e uma aparente “solução” dos problemas em relação à seca. A reportagem finaliza com fotos, uma da repórter no meio da vegetação (entre mandacarus, com a legenda: a repórter registra a seca em Tabira), e ainda a repórter ajudando a Jusci, a empurrar o carrinho que ela vai buscar água. Por fim, uma imagem que diz “a

como condição de afirmação de um filme que toma como ponto de partida o registo da realidade; e esse registo não pode deixar de ser, também, um ponto de chegada; ou seja, se o documentário parte da realidade é para sobre ela se pronunciar, comentar, explicar, mas, também, não ficará excluída a possibilidade de a transformar ou alterar os modos como com ela nos relacionamos. E esse relacionamento não se encontra destituído de uma forma estética já que o filme, enquanto mediação, adota formas a partir das quais atinge o espectador com o intuito de o sensibilizar, informar, indagar, etc. (PENAFRIA, 2011, p.8) 3 OBJETIVOS 3.1 Geral

  • Experimentar a produção de um documentário audiovisual em todas as etapas, iniciando pelo roteiro, pré-produção, produção, gravação e edição e, por meio dele desconstruir o estereótipo ou preconceito que possa exibir em relação ao sertão nordestino. 3.2 Específicos
  • Exaltar o povo nordestino, em especial, o que vive no Sertão.
  • Associar questões de identidade e pertencimento com o lugar (espaço físico, estático), trazendo aspectos culturais, como família, tradição.
  • Corroborar as discussões sobre como as “minorias” são discutidas pela mídia, de modo a ser “alternativo”, dando “voz” a estes personagens.
  • Desenvolver técnicas de entrevistas e de empatia com os entrevistados, de modo a respeitar as diferentes histórias.
  • Aperfeiçoar técnicas de edição de vídeo. 4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA RELATIVA AO GÊNERO E FORMATO ESCOLHIDOS O documentário se apresenta como um novo gênero, principalmente ligado à narrativa ficcional, da propaganda e do jornalismo. De acordo com Puccini, A frase clássica de Greison define o documentário como um tratamento criativo das atualidades. Algumas vezes a frase é citada

como a substituição de atualidades por realidade, o que não é de todo fora do campo conotativo do termo actualy. [...]. O documentarismo inglês constitui o primeiro momento no qual o documentário pensa a si mesmo, enquanto forma narrativa particular. (PUCCINI, 2010, p.55) O gênero então surge com a ideia de representar a realidade, que parte da percepção do documentarista e de seus recortes, o que pode se destacar como uma semelhança ao jornalismo, até por ser uma interpretação do mundo. De acordo com Cristina Teixeira Vieira de Melo, autora do artigo “O documentário como gênero audiovisual”, As informações obtidas por meio do documentário ou da reportagem são tomadas como “lugar de revelação” e de acesso à verdade sobre determinado fato, lugar ou pessoa. Diferentemente, portanto, do filme de ficção, no qual aceitamos o jogo de faz-de- conta proposto pelo diretor, não tendo, assim, cabimento discutir questões de legitimidade ou autenticidade; ao nos depararmos com um documentário ou matéria jornalística, esperamos encontrar as explicações lógicas para determinado acontecimento. No entanto, não devemos esquecer que qualquer relato (independentemente de sua natureza) é sempre resultado de um trabalho de síntese, que envolve a seleção e a ordenação de informações. Assim, tanto nas narrativas pessoais como nas jornalísticas, o sujeito-autor cria uma situação nova a partir de um fato que já passou. Essa situação nova não é um espelho fiel da realidade, mas sua representação. Dessa forma, mesmo configurando-se como um discurso sobre o real, documentários e reportagens não são reflexos. Ou seja, no documentário ou na reportagem não estamos diante de uma mera documentação, mas de um processo ativo de fabricação de valores, significados e conceitos. (MELO, 2002, p. 28) Apesar das semelhanças, o documentário se diferencia em alguns aspectos do jornalismo. A autora destaca a questão da polifonia de vozes. Ela explica, embasada em autores, que no telejornalismo trabalha-se no sentido de que as vozes apareçam de forma mais ou menos autônoma, prescindindo de qualquer síntese global (Machado, 2000). No mesmo sentido, Fiske (1987, p. 304), afirma que: "O telejornal é uma montagem de vozes, muitas delas contraditórias, e sua estrutura narrativa não é suficientemente poderosa para ditar a qual voz nós devemos prestar mais atenção, ou qual delas deve ser usada como moldura para, através dela, entender o resto". Já no documentário, podemos supor que a tal síntese se revela no caráter autoral do gênero, traduzido pela relação estabelecida entre o ponto de vista e a maneira como a tese defendida pelo documentarista se materializa no filme. No documentário, a costura de vozes caminha para que, ao final, o espectador chegue a um entendimento claro de qual é o posicionamento do documentarista sobre o tema retratado. Tudo é

expande-se rapidamente, atingindo seu auge nas décadas seguintes. (PESSOA, 2008, p. 270) Pela proximidade com o público, na figura dos entrevistados, por não ter uma “voz de Deus” e por se embasar mais em uma narrativa construída nas entrevistas, pode-se afirmar que o projeto “O sertão entre a flor e os espinhos”, se encaixa no chamado “cinema direto”. 4.2 Eduardo Coutinho: O fim e o princípio No que se refere à estética do documentário e da forma de abordar aos personagens, o estilo do documentarista Eduardo Coutinho”, em específico, por meio de seu filme “O fim e o princípio” 4 foi utilizado como base. O autor valorizava a entrevista em detrimento dos efeitos de edição e fotografia. Gravado em 2006, no Sertão da Paraíba, durante quatro semanas, o filme foi feito sem pesquisa prévia, sem tema ou personagens definidas. A única pesquisa prévia feita pelo autor foi de hospedagem e a partir disso, a equipe foi conversando com as pessoas na região. Na gravação, o autor não se foca na seca, mas em conhecer a história dos personagens. No filme, ele deixa que os personagens relatem suas histórias, intervindo algumas vezes e tomando, em alguns momentos, outros rumos nos assuntos tratados a partir da fala dos personagens. O autor não se preocupa com uma edição muito elaborada, cheia de efeitos e transições: foca-se mais no conteúdo, por meio de uma montagem de evidência. “Em vez de organizar os cortes para dar a sensação de tempo e espaços únicos, unificados, em que seguimos as ações dos personagens principais, a montagem em evidencia os organiza dentro da cena de modo a dar impressão de um argumento único, convincente, sustentado por uma lógica. ” (NICHOLLS, p. 58,

Ao projeto apresentado, se estimou uma aproximação ao estilo de produção documental do autor Eduardo Coutinho, tanto pela empatia que ele desenvolveu ao longo do projeto, como por desejar abordar questões e temáticas novas que estão fora do convencional, ou por não se ligar muito às questões estéticas. O conteúdo e o entrevistado são os focos principais deste novo estilo documental, que apresenta questões éticas, ligadas ao social. 4 Trailer do documentário “O fim e o Princípio” de Eduardo Coutinho. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Ks51cbDjLu0 >. Acesso em: 24/10/2017.

4.3 Formato escolhido Por meio deste projeto, os personagens puderam contar parte de histórias sobre suas experiências, e o mais interessante é que cada um tem uma forma de “olhar o mundo”. Mas, a intenção foi de uni-los no aspecto do sentimento e identidade pela sua terra. O tipo de documentário se baseou nas definições de Nichols e apresenta traços do modelo expositivo sendo essencialmente participativo. O modo expositivo, de acordo com o autor vai enfatizar uma lógica argumentativa e o participativo, a interação do cineasta com o tema. Toda filmagem aconteceu de forma empática e relacional com os personagens. A ideia foi de causar o mínimo de intervenção por parte da repórter nas respostas dadas e o máximo de espontaneidade dos personagens, como se a câmera não “existisse”, naquele ambiente. Isto, no ponto de vista da autora do projeto, torna o produto muito mais verídico e próximo da realidade. De repente, o documentário poético parecia abstrato demais, e o documentário expositivo, didático demais, pois se provou ser possível filmar acontecimentos cotidianos com um mínimo de encenação e intervenção. (NICHOLS, p. 134, 2010) Durante a montagem, buscou-se construir uma narrativa que se embasasse em um argumento de respeito aos diversos locais e a quebra de preconceitos por meio da exibição de como é viver no sertão. O modo expositivo, presente essencialmente nesta produção tem a intenção de montar uma base de argumentos que convençam ao telespectador do que propriamente a estética do filme, sendo assim uma produção com uma linguagem mais objetiva, com uma argumentação construída. Neste projeto também não se usa “voz over” no sentido de trazer uma certa superioridade. A voz da autora aparece apenas em um momento com a intenção de informar ou situar o ouvinte. Isto será realizado também por meio de caixas animadas explicativas. Outro modo utilizado neste trabalho foi o participativo, que enfatiza a interação de cineasta e tema. O envolvimento no momento da filmagem é mais direto, sem a ideia de afastamento ou de imparcialidade. A participação e observação são muito maiores por parte da cinegrafista.