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Gentrificação é um processo que afeta uma determinada região que até então não possuía grande valor imobiliário e acaba sofrendo alterações na composição local, como novos pontos comerciais ou construção de novos edifícios, valorizando a região e afetando a população de baixa renda local. Tal valorização acarreta um aumento do custo de vida, influenciando diretamente a permanência dos antigos moradores naquela área. O presente artigo discorre sobre o processo desse fenômeno, caso Vila Cristalina
Tipologia: Trabalhos
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O processo de Gentrificação e seus resquícios locais na cidade de São Luís (MA) ¹
(^1) Paper apresentado à disciplina de Urbanização Brasileira – Desafios e Perspectivas, da Unidade de Ensino Superior Dom Bosco – UNDB. (^2) Aluna do 8° Período do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UNDB. (^3) Professor, Orientador. Tallyta Danyelle Freire Mendes 2 Marcio Rodrigo da Silva Pereira 3 RESUMO Gentrificação é um processo que afeta uma determinada região que até então não possuía grande valor imobiliário e acaba sofrendo alterações dinâmicas e/ou físicas na composição local, como novos pontos comerciais ou construção de novos edifícios, valorizando a região e afetando a população de baixa renda local. Tal valorização acarreta um aumento do custo de vida, afetando diretamente a permanência dos antigos moradores naquela área. O presente artigo discorre sobre o processo desse fenômeno e suas consequências, e tem como objetivo geral analisar como imóveis sobreviventes, ao processo de Gentrificação, ou seja, moradores relutantes em suas casas da dinâmica original da área transformada, podem mudar ou fazer alguma diferença neste cenário. Este documento buscou através de pesquisas em artigos ou outras revisões bibliográficas aprofundar ainda mais sobre o tema, com delimitação da área de estudo da cidade de São Luís – MA, além da vivência do autor nesta localidade. Palavras-chave : Gentrificação. Consequências. Segregação socioespacial. Modificação. São Luís. ESBOÇO DA ESTRUTURA DO PAPER
**1. INTRODUÇÃO
É muito comum a existência de áreas periféricas nas cidades, onde uma infraestrutura e um saneamento de qualidade não costumam chegar, áreas até então esquecidas e desvalorizadas. Até que ocorre um fenômeno conhecido como descentralização, onde as áreas centrais, que detém os principais serviços e atividades econômicas, perde sua unidade e começa a se proliferar em outras subáreas. Essas áreas antes sem grande valor imobiliário, passam a sofrer uma revitalização repentina, tornando o custo de vida para seus antigos moradores bem superior ao que eles mantinham, forçando-os a migrar para outros bairros. Este processo é chamado de Gentrificação. Porém há quem relute a esse processo imposto por essas políticas urbanas, deixando marcas da população original daquela área, e mantendo viva sua história, mesmo com a especulação imobiliária exercendo grande pressão sobre esses imóveis relutantes. Em São Luís, cidade Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade, com seus 407 anos, e oficialmente 38 bairros, há exemplos de áreas que passaram por esse processo mesmo com seu valor histórico, como o bairro do Maranhão Novo. Sendo assim, faz-se o seguinte questionamento, como imóveis sobreviventes ao processo de Gentrificação podem mudar ou fazer alguma diferença neste cenário? O que pode ocorrer é que os imóveis sobreviventes, ou seja, moradores relutantes em suas casas passam a fazer parte daquela nova realidade e tal política urbana acaba os mascarando para a sociedade. Ou estes imóveis permanecem relutantes, porém precisam reorganizar-se socioeconomicamente para se manterem naquela área. Ou então, esses mesmos imóveis conseguem reverter o processo de Gentrificação e a área retoma a suas características originais. Estudar sobre o processo de Gentrificação nos possibilita compreender um dos contextos formadores de políticas urbanas no Brasil, e mais especificamente na cidade de São Luís (MA). Para um estudante de arquitetura, possibilita pensar em técnicas e métodos de urbanização brasileira importantes que amenizem ou tentem não segregar socialmente e urbanamente os espaços que compõem as cidades, e em projetos futuros, adotar um partido que contemplem e respeitem tais diretrizes, explorando a criatividade e eficiência em relação a situação em estudo. Além disso, a sociedade, peça-chave neste estudo, pode compreender ou até mesmo participar dessas modificações que acontecem no processo de urbanização, já que tudo que se planeja e se projeta é para que a cidade cumpra sua função social para e com a população que a usufrui.
As técnicas e os procedimentos usados pelos estudiosos com relação a esse processo apresentam-se cada vez mais sistematizadas. Na atualidade, a atenção baseia-se em como a gentrificação se desenvolve em cada caso particular. Deste modo, ficam delimitadas, cada vez mais, áreas de estudo: agora, não somente demarca-se a gentrificação dentro de determinados bairros em uma cidade, mas inclusive, observa-se também acontecer em quarteirões de casas bem delimitadas por sinal. Em geral pode-se afirmar que, para nortear os estudos, é preciso levar em conta as análises da história da cidade e do bairro, o planejamento e o desenvolvimento urbano, considerar a origem do bairro, suas particularidades em relação com a cidade, as características dos habitantes, os espaços públicos, os edifícios etc. Assim, a gentrificação adquire seu próprio desenvolvimento e suas características particulares em cada área onde pode vim ocorrer, todas essas caraterísticas são levadas em conta para análise. Smith (2006) explica que para que a gentrificação aconteça é preciso combinar certos fatores: em primeiro lugar, é necessário que exista segregação social e residencial. Neste sentido, pode-se estudar as propriedades individuais, mas é preciso levar em conta que a gentrificação repercute em toda uma área ou todo um bairro e que em segundo lugar, é necessário partir do requisito de que as moradias e as áreas suscetíveis ao processo de gentrificação devem ter sido inicialmente feitas para serem ocupadas pelas classes médias, que as abandonaram em algum momento e passaram para a mão das classes populares. O fato é que todo mundo, de alguma maneira, é afetado pela gentrificação. Para a classe baixa, no entanto, as consequências são mais dramáticas, porque a valorização imobiliária intensifica a gentrificação, "expulsando-os" para localidades pior servidas de infraestrutura e, portanto, menos valorizadas. Esse tipo de processo está atrelado ao conceito de valorização, de elitização de um espaço. Embora o processo imobiliário seja muito invisível, áreas vão encarecendo até que as pessoas que ali moravam não conseguem mais bancar viver ali. Além dos aspectos socioespaciais urbanos, a gentrificação pode afetar de forma significativa o meio ambiente. Isso porque, ao longo do processo de requalificação ou revitalização urbana, áreas verdes podem ser destruídas para a construção de edifícios ou outros empreendimentos. 2.3. Os resquícios da Gentrificação modificando espaços na cidade de São Luís O processo de gentrificação acontece em diversas cidades, de forma direta, ou de forma mascarada. E atinge preferencialmente bairros ou áreas onde residem pessoas de classe baixa renda, pois não possuem condições financeiras o suficiente para continuar mantendo o
custo de vida numa área revitalizada, seja de forma comercial ou habitacional. Na cidade de São Luís, há alguns exemplos de bairros que passaram por esse processo, como o bairro do Maranhão Novo, que ganhou um shopping na avenida principal, rodeado por comunidades compostas por esse setor social, inclusive há um edifício residencial que ainda reluta no entorno do shopping, dando ao cenário um claro contraste do processo de gentrificação. 3 DISCUSSÃO Segundo Bataller (2012), a palavra gentrificação é um neologismo do inglês da palavra “Gentry”, que vai se traduzir para “aburguesamento” em português. Pela sociologia e pela geografia este conceito está relacionado a área da sociologia urbana, com questões que remetem ambientes das cidades. Os processos de gentrificação aqui no Brasil são mais demorados que nos países desenvolvidos, devido ao capitalismo acelerado desses países, mas isso não quer dizer que não aconteça. Na Inglaterra ocorreu o processo de retirada dessas populações menos favorecidas dos centros das cidades, levando-as ao processo de marginalização e/ou exclusão social. Pela primeira vez a gentrificação era usada como sentido de aburguesar determinados ambientes que eram considerados públicos, criando uma dinâmica ampla de exclusão social, ou seja, não era criação de leis ou normas, mas era uma modificação nos hábitos e costumes da população, associado a um aburguesamento cultural e nos ambientes urbanos, é a gentrificação indireta, ou mascarada. Durante os anos 80, a gentrificação passou por grandes processos de revitalização, que no Brasil, por exemplo foi muito comum na cidade de São Paulo, foi o momento que os centros das cidades deixaram de ser propriamente residenciais e passaram a ser comerciais. E nos anos 90, esses espaços de revitalização e aburguesamento passam a ser espaços mais apropriados a certos grupos sociais, como espaços públicos antes abertos e habitados cotidianamente por pessoas de ruas, passam a sofrer um processo de higienização, por incomodar essa parcela abastada da população e acabar gerando atritos de interesses o Estado e a população. Segundo Smith (2006), dentre os conceitos que o processo de gentrificação detém está o de Higienização Social, como os planos de embelezamento e higienização que aconteceram no Brasil no século XX, Plano de Pereira Passos e o Plano de Saturnino de Brito. E a partir dos anos 70, uma nova revitalização e reorganização dos centros urbanos, que gera
automaticamente, um empreendimento de alto padrão, o que faz aquela área ser automaticamente valorizada, e a Vila Cristalina ser (automaticamente) excluída socialmente, primeiro pela elevação no custo de vida e segundo, por esconder literalmente a comunidade dos “olhos da sociedade”, e isso fica claro ser parte da ideia do shopping, primeiro por não considerar a renda da comunidade mais próxima ao empreendimento, e segundo por questões de atratividade para o público alvo que é a classe A e B: no site do shopping fala-se com destaque da charmosa Varanda Gourmet que a área da praça de alimentação possui, porém no próprio book de mídia do empreendimento não há uma vista se quer dessa Varanda, que é justamente voltada para a comunidade. Imagem do 3D da implantação do shopping no terreno. Fonte: Google Imagens (2020) Outro exemplo envolvendo o mesmo empreendimento, é o condomínio Parc de La Touche, que é situado na lateral do Shopping, e que curiosamente não está na foto de implantação acima mesmo com este condomínio ser bem mais antigo que a construção do Da Ilha. Este condomínio provavelmente possuía apartamentos com valores imobiliários bem mais baratos, em conformidade com o bairro e a renda real das pessoas que nele habitam, antes da construção do Shopping. E como podemos ver na implantação o próprio empreendimento cogitava a não mais existência do condomínio naquela área, com a pretensão de atrair empreendimentos de padrão igual ou superior ao shopping.
E aconteceu: um condomínio de alto padrão foi construído ao lado do shopping, chamado Ilha Parque Residence, porém o condomínio Parc de La Touche se mantem, e curiosamente com a mesma aparência externa, que por sinal está bem descuidada. Segundo moradores do bairro, o shopping já tentou comprar esse condomínio, mas os moradores se recusam a sair, ou seja, há um claro contraste entre os padrões destes três personagens, porém mesmo com a elevação no custo de vida devido a construção do shopping, dessa vez o mercado imobiliário através do processor gentrificador não conseguiu mascarar o que restou da originalidade daquela área. A direita da imagem, o condomínio Parc de La Touche, e ao fundo o Condomínio de alto padrão Ilha Parque Residence. Fonte: Google Street View (2020) 4 CONCLUSÃO Vimos que o processo de gentrificação está presente no nosso cotidiano, seja na forma de habitar, seja na forma de usufruir de um determinado local, seja na forma de ter um estilo de vida e levar ele com você, sejamos nós vítimas ou ajudantes para aceleração desse processo. A gentrificação é fruto de uma ação consciente de pessoas e limpeza social, tem sempre um organismo responsável por essa função, seja o governo ou uma especulação imobiliária. Esse processo não é declarado, mas pode se disfarçar no discurso do agente gentrificador como “revitalização”, a pergunta é saber revitalizar para quem. E ele pode até valorizar o espaço no discurso, mas se não for aplicado da forma correta, pode destruir a essencial de um lugar, até mesmo fisicamente.
BATALLER, Maria Alba Sargatal; BOTELHO, Maurilio Lima. O estudo da gentrificação. Revista Continentes, n. 1, p. 9-37, 2012. COSTA, Emannuel. O que é Gentrificação e porque devo me preocupar com isso. Instituto de Urbanismo Colaborativo-COURB. 2016. FICHA TÉCNICA. Shopping da Ilha. Disponível em: http://www.shoppingdailha.com.br/o- shopping/ PENA, Rodolfo Alvez. Gentrificação. Geografia Urbana. Mundo Educação. 2015. PEREIRA, Marcio Rodrigo da Silva. Breve histórico da urbanização brasileira: princípios da urbanização no início do século XX e os planos de embelezamento. Urbanização Brasileira. Curso de Arquitetura e Urbanismo da UNDB. 2020. Notas de aula. Digitado. SMITH, Neil. A gentrificação generalizada: de uma anomalia local à “regeneração” urbana como estratégia urbana global. De volta à cidade: dos processos de gentrificação às políticas de “revitalização” dos centros urbanos. São Paulo: Annablume, p. 59-87, 2006.