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A Reforma Protestante acontece no mesmo período histórico em que o Brasil está sendo inserido no mapa mundial.
Tipologia: Esquemas
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Compartilhado em 10/11/2017
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O Primeiro Culto Protestante no Brasil e Seus Desdobramentos Introdução Num país de secular hegemonia católica em que os livros didáticos de história apresentavam até pouco tempo atrás como data a ser memorizada pelos alunos a Primeira Missa no Brasil, quem se lembra ou a quem interessa saber quem e quando foi realizado o Primeiro Culto Protestante no Brasil?? Infelizmente os próprios evangélico-protestantes não dão muito (para não dizer quase nenhum) valor à sua própria História – então por que outros valorizaram?
CURIOSIDADE: Você sabia?? Que a Primeira Igreja Presbiteriana de São Paulo Já ocupou um prédio no cruzamento mais famoso da cidade? Av. Ipiranga com a Av. São João! Que o triste cortejo levando o corpo jovem missionário Simonton desceu a rua Cásper Líbero , subiu a São João , entrou na Avenida Ipiranga e subiu a Consolação , para o sepultar no Cemitério dos Protestantes.
O Protestantismo no Brasil e as Academias Somente após a década 1970 se iniciou o Estudo Acadêmico do Protestantismo no Brasil e suas repercussões na História do país. Nas palavras de Júlio Andrade Ferreira, historiador oficial da IPB, a historiografia protestante brasileira ainda que a partir de 1950 fosse quantitativamente crescente, no que tangia a qualidade tornava-se angustiante para os que pretendiam um estudo mais acadêmico, pois segundo ele ― a um simples exame se apercebem do caráter apologético e pouco cientifico, pueril às vezes, da maior parte dessa imensa produção literária‖ (1959, v.1, p. 35).
As Primeiras Produções Acadêmicas sobre o Protestantismo no Brasil A obra clássica de Émile-G. Leonard (professor francês da USP) “O protestantismo brasileiro, estudo de eclesiologia e historia social” (1963) é o marco da nova historiografia protestante. Seu trabalho foi editado em capítulos pela revista da Universidade São Paulo em diversos números. David Gueiros Vieira com seu “O Protestantismo, a maçonaria e a questão religiosa no Brasil ” (1980), é
uma das primeiras obras a ser produzida por brasileiro em um centro universitário brasileiro. Acelerando o processo em seu trabalho acadêmico “Protestantismo e repressão ” (1979) de Rubem Alves (morreu recentemente) encontramos a ressonância da voz daqueles que vivenciaram os desafios de serem minorias dentro de uma denominação fortemente arraigada em uma organização eclesiástica dogmatizadora. Nas obras de Boanerges Ribeiro, mais especificamente “A Igreja Presbiteriana do Brasil - da autonomia ao cisma ” (1987), temos o contraponto às obras de víeis mais critico, pois ele expressa uma perspectiva histórica institucional. Antônio Gouvêia Mendonça em seu pioneiro trabalho “O celeste porvir – a inserção do protestantismo no Brasil ” (1984) é o clássico escrito por um brasileiro em que pesquisa e analisa a forma como o protestantismo se instala no país e suas dificuldades em se desenvolver. É indispensável também a obra complementar “Introdução ao protestantismo no Brasil ” (2002) dele juntamente com Velasquez, onde aprofundam as questões anteriormente abordadas mencionada na obra anterior. Após esse inicio pioneiro inúmeras obras de cunho acadêmico têm sido produzidas em todo o Brasil, resgatando a nossa História Protestante. E qual a IMPORTÂNCIA disso?? “Se não sabemos o que fomos como saberemos o que somos e o que seremos?” Mas o tema deste artigo é bem especifico: O Primeiro Culto Protestante no Brasil. Entretanto, para uma compreensão melhor é preciso que entremos no “Túnel do Tempo”.... A grande Reforma Religiosa ocorrida no século 16, denominada também de Reforma Protestante, e que abalou e transformou o Continente europeu, apenas respigou no Brasil. Ainda que somente algumas décadas após as iniciativas do monge alemão Matinho Lutero (1483-1546) os ideais religiosos reformados aportaram neste lado simultaneamente inserido no contexto mundial. Os dois primeiros contatos dos brasileiros, ainda que mais português do que brasileiro, vieram no velho modelo de invasão e domínio , totalmente estranho ao espírito evangélico proposto por Jesus e preservado nos escritos da Segunda parte da Bíblia cristã. Os primeiros a fazerem este tipo violento de abordagem foram os franceses, que invadiram e ocuparam o Rio de Janeiro entre 1555 e 1560, estabelecendo o que eles chamaram de França Antártica.
governanta, que foram as primeiras mulheres francesas que desembarcaram nas terras sul-americanas. Eram, portanto, ao todo, 290 pessoas, das quais somente 16 seriam classificados de protestantes calvinistas! Então, no dia 19 de novembro 1556 embarcaram para o Brasil no porto de Honfleur, na Normandia. Como de costume, a viagem foi muito penosa. A certa altura, diante da situação em que se achavam, os reformados recitaram o Salmo 107 (vv. 23-30). No dia 7 de março de 1557, os viajantes finalmente entraram no “braço de mar” chamado Guanabara pelos selvagens e Janeiro [Rio de] pelos portugueses. Assim, a colônia francesa no Brasil fora reforçada com mais 280 pessoas. Entre elas estavam o pequeno grupo de calvinistas de Genebra^6 que traziam credenciais do próprio Calvino, entre os quais dois pastores Pierre Richier (50 anos)^7 e Guillaume Chartier (30 anos),^8 e o então jovem Jean de Léry, que haverá de escrever posteriormente um relato destes acontecimentos e que se constitui em fonte ocular primária. Todavia, a verdadeira e provavelmente única intenção de Villegaignon ao fazer a solicitação era a de apaziguar os revoltosos e amansar os índios através da religião – infeliz prática utilizada por todos os dominadores na época – quer católico ou protestante (e até hoje).
A Celebração do Primeiro Culto Protestante O desembarque no forte Coligny deu-se no dia 10 de março , uma quarta- feira (depois de longos e perigosos três meses e meio) e Villegaignon recebeu o grupo afetuosamente e demonstrou alegria porque vinham estabelecer uma igreja reformada. Escrevendo uma carta a Calvino ele expressa isso: “não sei se é possível expressar a alegria que sua carta me trouxe, assim como os irmãos que vieram com elas (...) a chegada dos irmãos me consolou”.^9 No dia seguinte, reunidos
(^6) Entre estes havia quatro carpinteiros, um que trabalhava com couro, um ferreiro, um alfaiate e um sapateiro: Pierre Bourdon, Matthieu Verneuil, Jean de Bourdel, André La Fon, Nicolas Denis, Martin David, Nicolas Raviquet, Nicolas Carmeau, Jacques Rousseau e Jean Gardien (que escreverá um relato desta viagem). 7 Era doutor em teologia e ex-frade carmelita. Convertera-se ao protestantismo e, após haver feito seus estudos em Genebra, dirigiu- se ao Brasil em 1556, de onde voltou no ano seguinte foi enviado à cidade de La Rochelle, onde organizou uma igreja, e morreu em 1580. 8 Era natural de Vitré, na Bretanha, estudou em Genebra e aceitou com ardor o comissionamento para a América. Depois desta expedição, pouco se sabe dele, somente que foi capelão de Jeane d 9 ’Albret. Esta carta foi copilada por Léry em sua obra (p. 25) conforme referências bibliográficas. Por ignorância ou intencionalmente alguns historiadores afirmam que Villegaignon foi alvo de uma conspiração fomentada ou liderada pelos pastores calvinistas (cf. Enciclopédia Miradora Internacional, s.v. “Franceses no Brasil”, 2.1), mas nem o próprio Villegaignon os acusa disto e de
todos em uma pequena sala no centro da ilha, foi realizado um culto de ação de graças, o primeiro culto protestante ocorrido no BRASIL e nas Américas ou Novo Mundo.
A Liturgia O ministro Richier orou invocando a Deus. Em seguida foi cantado em uníssono, segundo o costume de Genebra, o Salmo 5: “ Dá ouvidos, Senhor, às minhas palavras ”. Esse hino constava do Saltério Huguenote , com metrificação de Clement Marot e melodia de Louis Bourgeois, e até hoje se mantém nos hinários franceses. Bourgeois foi diretor de música da Igreja de Genebra de 1545 a 1557 e um dos grandes mestres da música francesa no século 16. A versão mais conhecida em português (“ À minha voz, ó Deus, atende ”) tem música de Claude Goudimel (†1572) e metrificação do Rev. Manoel da Silveira Porto Filho. Em seguida, o pastor Richier pregou um sermão com base no Salmo 27:4: “ Uma coisa peço ao Senhor e a buscarei: que eu possa morar na casa do Senhor todos os dias da minha vida, para contemplar a beleza do Senhor e meditar no seu templo ”. Após o culto, os huguenotes (nome que os protestantes recebiam na França) tiveram sua primeira refeição brasileira: farinha de mandioca, peixe moqueado e raízes assadas no borralho. Dormiram em redes, à maneira indígena. A Santa Ceia segundo o rito reformado foi celebrada pela primeira vez no domingo 21 de março de 1557.
fato houve uma conspiração que ele menciona algumas linhas abaixo nesta mesma carta e que foi um dos motivos pelos quais ele solicita os reforços e fica satisfeito com a chegada dos pastores calvinistas. Portanto, os fatos posteriores e as atitudes belicosas de Villegaignon não foram causados por uma “conspiração” calvinista genebrina.
SALMO QUINTO Minhas palavras attende, O’ Senhor, e a meus gemidos Inclina os Teus ouvidos ; O’ meu Deus, meu Soberano, A minha oração Te rende : Tu m’escutas, mal o humano Vê luzir, no ethereo posto, D’aurora o mimoso rosto. Na grandeza confiado De Teu terno coração, Minha humilde adoração Eu irei no templo Teu Offertar-Te, penetrado De respeito e de temor. Ah! Deus meu, vem me guiar Vem meus passos segurar. No peito que em Ti confia, Tu, Senhor, habitarás ; De prazer o embeberás, Sempiterno e sublimado; Nadando em gloria á porfia E por Ti abençoado ; E, qual escudo, o defende Teu braço que tudo rende. (Tradução em poesia portuguesa, feita pelo muito ilustre poeta Padre Caldas).
A Primeira Confissão de Fé Protestante no Brasil Depois de alguns dias no continente vivendo entre os indígenas eles retornam à ilha e se apresentam à Villegaignon que aparentemente os recebe bem, mas na verdade pensa que eles voltaram para colocar os demais contra ele. Procurando um meio de mata-los sem criar uma revolta acusa-os de heresias (1561 - in Thevet 1588
(^12) O historiador Frank Lestringant tem sistematicamente questionado a veracidade do testemunho de Léry (1990).
que Du Bordel, sem outro livro senão uma Bíblia possa escrever um texto usando Santo Agostinho, São Ambrósio, São Cipriano e Tertuliano” (1958: 206, apud OSWARD, 2009, p. 159. Nota 48). Esse documento elaborado por esse grupo de franceses calvinistas, defendendo seus posicionamentos teológicos ficou conhecido como “ Confissão de Fé da Guanabara ou Confissão Fluminense ” (8 de fevereiro de 1558). Mas Villegaignon rejeita o documento apresentado declarando heréticos vários dos artigos e decidindo pela morte dos reformados. No dia seguinte foram executados três – Jean du Bourdel, Matthieu Verneuil e Pierre Bourdon. Eles ficaram conhecidos como os três primeiros mártires evangélicos do Brasil, ainda que não tivessem sido mortos por brasileiros, mas sim por aquele que os havia convidado a virem ao país. Um dos signatários, André Lafon , foi poupado por ser o único alfaiate da colônia e o quinto, Jacques le Balleur conseguiu fugir para São Vicente/SP, mas foi preso e depois enforcado, pelos portugueses, tanto pelo fato de ser um invasor francês como por se negar a renunciar sua fé reformada, tendo por auxiliar do carrasco o conhecido Pe Anchieta. Um dos relatos ocular de toda essa história foi produzido por Jean de Léry ,^13 um jovem cujo oficio era sapateiro e que fez parte da caravana genebrina. Ele conseguiu voltar para a França, tornou-se pastor e escreveu o livro “ História de uma Viagem à Terra do Brasil ” (1578), que se tornou leitura obrigatória para todos os viajantes ao Brasil. Diante destes acontecimentos a liderança de Villegaignon vai sendo drasticamente corroída. Assim, debaixo de suspeitas tanto dos huguenotes, que começaram a chamar-lhe de “Caim da América”, “apóstata” e “assassino”, quanto por parte dos católicos, que suspeitavam de suas inclinações reformadas, em fins de 1558, Villegaignon se retirou do Forte de Coligny, retornando para a França, deixando seu sobrinho Bois-le-Comte no comando do forte. Em 1560 os portugueses liderados por Mém de Sá cercam a Ilha e em apenas dois dias de combate conseguem a rendição dos franceses remanescentes que fogem pela mata
(^13) Jean de Léry (1534-1613) foi cavaleiro maltês antes da conversão, estudante de teologia em Genebra (1555), sapateiro na expedição e ao retornar conclui seus estudos e torna-se ministro do evangelho na França. Para as suas anotações etnográficas usou “d’encre de Brésir”, tinta vermelha feita de pau-brasil. Ele também forneceu as informações sobre os huguenotes martirizados que foram incluídas na obra de Jean Crespin (História dos Mártires).
Reflexão Bíblica http://reflexaoipg.blogspot.com.br/
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O Protestantismo na Capital de São Paulo http://historiologiaprotestante.blogspot.com.br/2013/10/ficheiro-dissertacao-o- protestantismo.html
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