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NO ESCURO E SEM CORRIMÃO, Notas de estudo de História

NO ESCURO E SEM CORRIMÃO Eu já sabia que algumas universidades japonesas haviam suprimido o ensino de Ciências Humanas. Não conheço as razões, mas imagino que o culto da eficiência, da inserção competitiva e da “inovação” tecnológica finalmente destruíram asbases que ainda nos ligavam a um pouco de compreensão sobre a (frágil) “condição humana”.

Tipologia: Notas de estudo

2019

Compartilhado em 29/09/2019

mari-m-11
mari-m-11 🇧🇷

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No escuro e sem corrimão!
(Jornal do Commercio, 2018, Flávio Brayner é profº titular da UFPE)
Eu já sabia que algumas universidades japonesas haviam suprimido o ensino de Ciências Humanas.
Não conheço as razões, mas imagino que o culto da eficiência, da inserção competitiva e da
“inovação” tecnológica finalmente destruíram as bases que ainda nos ligavam a um pouco de
compreensão sobre a (frágil) “condição humana”. Agora, numa entrevista de Sílvio Meira a este JC,
fico sabendo que a Austrália suprimiu o ensino de História e Geografia do Fundamental 2, projeto
que não tardará a chegar por aqui, se levarmos em conta a mentalidade pedagógica dos assessores
do nosso Ministro da Educação e que controlam influentes grupos empresariais. Sílvio Meira acha,
por exemplo, que um professor de Matemática pode tratar de História ao falar dos ângulos das
pirâmides do Egito!
Não me incomoda ser chamado de conservador ou tradicional, desde que me digam em nome de
qual “progresso” ou “inovação” eu estou sendo acusado, mas se supusermos que a História trata de
nossa relação com o tempo e a Geografia com o espaço, e que nós nos definimos como “seres
situados” (num tempo-espaço), qual a razão de suprimi-los?
A História não é um amontoado de “fatos” que os alunos são obrigados a decorar para passar no
vestibular: ela é a narrativa que construímos para dar sentido ao fato de que “vivemos juntos”, que
temos um “passado comum” e que nos assegura uma sensação de pertencer a uma comunidade
(nacional ou outra). Ela não é nem progressiva nem linear, nem nenhuma garantia de finais
felizes. Sem uma narrativa sobre nós mesmos nunca seremos capazes de nos reconciliar nem dar
sentido ao Mundo (que não é “uma sucessão infindável de boletos” como pretende Sílvio Meira em
sua visão “bancária” do mundo), e sim a compreensão do como os homens agem com outros
homens. A Geografia também não é a enfadonha decoreba de acidentes que constituem uma
“paisagem”, mas a compreensão daquilo que os homens fazem com as “coisas”, o quadro chamado
de Natural e que oferece o pano de fundo das relações sociais e históricas, que não são exercidas no
vácuo!
O fim da História não é uma estratégia de esquecimento, mas um meio para que as novas gerações
não disponham mais da experiência anteriores para se conduzir, que caminharão no escuro e sem
corrimão; e o fim da Geografia significa que não precisamos compreender a realidade “natural”,
nem o que fazemos com ela: uma porta aberta para substituí-la por mundos “virtuais” segundo o
gosto de nossos...informatas. Uma modificação radical em nossa relação com a realidade, o sonho
de nossos tecnocratas.
O CESTO DO LIXO
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No escuro e sem corrimão!

(Jornal do Commercio, 2018, Flávio Brayner é profº titular da UFPE) Eu já sabia que algumas universidades japonesas haviam suprimido o ensino de Ciências Humanas.Não conheço as razões, mas imagino que o culto da eficiência, da inserção competitiva e da “inovação” tecnológica finalmente destruíram as bases que ainda nos ligavam a um pouco decompreensão sobre a (frágil) “condição humana”. Agora, numa entrevista de Sílvio Meira a este JC, fico sabendo que a Austrália suprimiu o ensino de História e Geografia do Fundamental 2, projetoque não tardará a chegar por aqui, se levarmos em conta a mentalidade pedagógica dos assessores do nosso Ministro da Educação e que controlam influentes grupos empresariais. Sílvio Meira acha,por exemplo, que um professor de Matemática pode tratar de História ao falar dos ângulos das pirâmides do Egito! Não me incomoda ser chamado de conservador ou tradicional, desde que me digam em nome dequal “progresso” ou “inovação” eu estou sendo acusado, mas se supusermos que a História trata de nossa relação com o tempo e a Geografia com o espaço, e que nós nos definimos como “seressituados” (num tempo-espaço), qual a razão de suprimi-los?

A História não é um amontoado de “fatos” que os alunos são obrigados a decorar para passar novestibular: ela é a narrativa que construímos para dar sentido ao fato de que “vivemos juntos”, que temos um “passado comum” e que nos assegura uma sensação de pertencer a uma comunidade(nacional ou outra). Ela não é nem progressiva nem linear, nem há nenhuma garantia de finais felizes. Sem uma narrativa sobre nós mesmos nunca seremos capazes de nos reconciliar nem darsentido ao Mundo (que não é “uma sucessão infindável de boletos” como pretende Sílvio Meira em sua visão “bancária” do mundo), e sim a compreensão do como os homens agem com outroshomens. A Geografia também não é a enfadonha decoreba de acidentes que constituem uma “paisagem”, mas a compreensão daquilo que os homens fazem com as “coisas”, o quadro chamadode Natural e que oferece o pano de fundo das relações sociais e históricas, que não são exercidas no vácuo! O fim da História não é uma estratégia de esquecimento, mas um meio para que as novas geraçõesnão disponham mais da experiência anteriores para se conduzir, que caminharão no escuro e sem corrimão; e o fim da Geografia significa que não precisamos compreender a realidade “natural”,nem o que fazemos com ela: uma porta aberta para substituí-la por mundos “virtuais” segundo o gosto de nossos...informatas. Uma modificação radical em nossa relação com a realidade, o sonhode nossos tecnocratas.

O CESTO DO LIXO

Você já imaginou o quanto o lixeiro pode saber sobre os moradores de umacasa? Você já imaginou cuidadosamene o conteúdo de um cesto de lixo?Descubra isso a partir de uma lista de itens de um cesto de lixo como este, identificando:Sexo Orientação sexualNúmero de pessoas que residem na casa Características econômicasCaracterísticas culturais

Itens do CESTO DO LIXO

1 vd de café solúvel 1 lata de cenoura e ervilhas 2 caixas de ovos 2 latas de tintas 2 latas de comidas para gato 2 pilhas pequenas 1 bateria de celular 1 vd cheio (porém aberto) de geléia de ameixa 1 litro de abacaxi em calda 1 caixa de preservativo vencido 1 caixa de leite longa vida 2 latas de comida para cachorrro 1 frasco de shampoo vazio

5 maços de cigarro 2 Revistas (1Tititi, 1 Conta mais) 1 pen drive quebrado com as músicas de Mc e as Gêmeas Lacração 1 jornal AQUI PE 1 jornal FOLHA DE PE 1 DVD arranhado de Marília Mendonça 2 latas de milho em conserva 1 receita médica para insonia 1 lata de atum 2 latas de salsicha 1 caixa de anticoncepcionais 1 frasco de condicionador cheio