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Narrativas orais da Ilha de Mosqueiro: memória e significado, Notas de estudo de Literatura

Esta monografia apresenta duas narrativas de dois moradores da Ilha do Mosqueiro, transcritas e analisadas por nós com o escopo de demonstrar que − principalmente na quase total ausência de documentação − a oralidade, a Historia oral, pode ser relevante fonte de dados que preservem e valorizem a memória local, permitindo, assim, a apreensão de fatos e informações acerca do funcionamento da estrutura sócio-histórico-cultural da comunidade da Ilha.

Tipologia: Notas de estudo

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ALCIR DE VASCONCELOS ALVAREZ RODRIGUES
Narrativas orais da Ilha de Mosqueiro: memória e significado
BELÉM
2006
ALCIR DE VASCONCELOS ALVAREZ RODRIGUES
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ALCIR DE VASCONCELOS ALVAREZ RODRIGUES

Narrativas orais da Ilha de Mosqueiro: memória e significado

BELÉM

ALCIR DE VASCONCELOS ALVAREZ RODRIGUES

Narrativas orais da Ilha de Mosqueiro: memória e significado

Monografia apresentada ao curso de Pós-Gradua- ção “lato sensu” do Centro de Ciências Humanase Educação da UNAMA, como requisito para ob- tenção do título de Especialista em Língua Portu-guesa e Análise Literária, sob orientação da Profª Ms. Ivânia Corrêa.

Belém-Pará

Universidade da Amazônia

Narrativas orais da Ilha de Mosqueiro: memória e significado

Dedico este trabalho a todos aqueles que, neste país, jamais tiveram vez e voz. Que um dia pos- sam vir a ter.

Meus agradecimentos extremados aos Srs. José Brígido da Trindade e José Bentes Bahia.

Abstract

This monographic work presents the oral narratives of two Mosqueiro’s residents.

They are transcribed and analyzed with the objective of to demonstrate when there is scarcity of documentation, orality, oral History, can be very important data fountain to preserve and to give value to local memory, permitting, therefore, the apprehension of facts and information about the cultural-historical-social structure of the island’s community.

Sumário

APRESENTAÇÃO 10

Capítulo 1 13 A importância da oralidade 13 1.1 Importância e descaso 13 1.2 A tecnologia e a ressurreição da voz 14 1.3 Narrativas orais: a voz/vez do povo 15 1.3.1 A História oral e Paul Thompson 16 1.3.2 O mito e sua importância dentro da oralidade 13 1.3.3 Malinowski, Geertz, Eliade, McLuhan, etc. 17 Capítulo 2 20 Narrativas orais da Ilha de Mosqueiro 20

2.1 Passos da pesquisa 20 2.1.1 Mosqueiro 20

que há uma enorme diversidade temática nas narrativas orais, sejam elas sobrenaturais ou não, propusemo-nos escrever esta monografia, denominada de Narrativas orais da Ilha de Mosqueiro : memória e significado. Tais narrativas ainda resistem na memória dos mais idosos moradores da Ilha, mas já começam a cair no esquecimento das gerações mais novas. Felizmente, embora de modo esparso, há seus registros gráficos, como é o caso dos livros Mosqueiro, ilhas e vilas (1978), de Augusto Meira Filho; Ilha, capital Vila (1972), de Cândido Marinho Rocha; Mosqueiro: lendas e mistérios (2005), de Claudionor dos Santos Wanzeller, entre outros. Sempre veiculadas de forma oral, essas narrativas − que coletamos por meio de gravações feitas em entrevistas e depoimentos informais − contam histórias/estórias, ainda vívidas na memória de muitos mosqueirenses, e vêm de tempos idos de décadas atrás, da época do transporte fluvial, do bonde puxado a burro, da implantação da Fábrica Bitar (de borracha), do trenzinho “Pata Choca” (como o denominava carinhosa e ironicamente o povo), da lamparina e dos candeeiros, ou mesmo ainda um pouco mais próximo da atualidade, do tempo da usina de força, quando a energia elétrica só era fornecida até às 11h da noite, ou quando, após a construção da ponte sobre o Furo das Marinhas, a energia − “a luz” −, vez por outra, faltava. Nessa época, anterior à construção de Tucuruí, com os freqüentes blackouts , as famílias, e pessoas vizinhas, reuniam-se em frente de suas casas, à espera de voltar a luz. E, para passar o tempo, contavam casos de visagens, assombrações, aparições, fantasmas, matintas, casos de metamorfoses, procissões de almas-penadas, etc. Os mais velhos contavam com extrema vivacidade e imenso prazer esses “fatos”, que causavam nos mais novos um misto de curiosidade e medo, satisfação e tensão. Contudo, as gerações mais novas, atualmente, quase que desconhecem essas narrativas (sobrenaturais ou não; anedotas do cotidiano da Ilha, relacionadas ao trabalho doméstico, à pescaria, à caça − antes de ser proibida −, ao futebol, ao serviço público, aos costumes antigos e já desaparecidos, por exemplo), que poderiam correr o risco de se perder por não serem mais

veiculadas. Porém, essa riqueza cultural pode e deve ser preservada, não obstante os diversos fatores que concorrem negativamente para tal. No Capítulo 1 , para atingir nossos objetivos e analisar narrativas orais, com o intuito de detectar nelas toda uma riqueza de traços sócio-histórico-culturais, que estimulam e preservam a memória espácio-temporal e humana, pautamo-nos em autores como Vladimir Propp (formalismo/funcionalismo), Lévi-Strauss (estruturalismo), Malinowski (‘trabalho de campo’), Paul Tompson (História oral) e Geertz (interpretativismo e etnoconhecimento), todos esses que, de um modo ou de outro, desenvolveram trabalhos teórico-práticos sobre a oralidade, estudo até então negligenciado pela intelligentsia extremamente escriptocentrista. O estudo desses autores e suas obras constituíram para nós relevantíssimo norte, sem o qual não poderíamos desenvolver a trilha pedregosa e espinhenta de nossa pesquisa. No Capítulo 2 partimos para a práxis propriamente dita de nosso trabalho, ou seja, a análise das narrativas de dois informantes. Contudo, primeiramente, sentimos necessidade de discorrer sobre o locus − Ilha de Mosqueiro − em seus aspectos mais relevantes: econômicos, históricos, geográficos e culturais. Também fazemos menção às dificuldades que enfrentamos no transcorrer da pesquisa, além de apresentarmos os entrevistados, em breves biografias. E, acima de tudo, este Capítulo 2 contempla a transcrição e análise − como já mencionamos − de duas narrativas de moradores ilhéus, o que é, de fato, o cerne, o motor, a razão de ser de nossa monografia.

Sem dúvida nenhuma, oralidade e escrita são modalidades específicas de manifestação da linguagem verbal, mas, de maneira alguma, podemos afirmar que são totalmente diferentes, ou que são excludentes em si, ou seja, no contexto de uma, a outra se apagaria. Isso é um contra-senso, pois são modalidades interdependentes. No entanto, temos a absoluta certeza, o ser humano comunica-se com seu(s) outro(s), na maior parte do tempo, oralmente. Então, cabe-nos perguntar: “Por que tanto descaso houve com os estudos de oralidade?” Muitas razões podem ser levantadas. Uma delas é que o etnocentrismo das culturas européias (escriptocentristas) sempre subestimou os povos conquistados, entre outras denominações técnicas, chamados de ágrafos (não-escriptocentristas) ─ povos, portanto, “sem história”, “sem cultura”. Só que, sabemos, o silenciamento sobre a história e a cultura desses povos tem uma perversa razão (dominação econômica, política, bélica, muitas vezes) de ocorrer. É um absurdo científico que prevaleceu durante séculos; contudo, esse “falso mito” (se é que podemos chamá-lo assim) já cai por terra, em face dos estudos científicos cada vez mais aprofundados e divulgados acerca da oralidade. Mais incongruente, ainda, porque “... afinal, as sociedades com cultura escrita surgiram a partir de grupos sociais com cultura oral...”, segundo Eric Havelock, no ensaio “A equação oralidade ─ cultura escrita: uma fórmula para a mente moderna”, contido no livro Cultura, escrita e oralidade (1997: 18).

1.2 A tecnologia e a ‘ressurreição da voz’

Conforme Sérgio Augusto 1 , referindo-se a McLuhan, cujos instrumentos mais importantes são a TV, o cinema, o rádio, o telefone e os computadores. Se a[...] a civilização oral está em vias de extinção com o surgimento de uma nova era^ ─^ a tecnológica^ ─ imprensa causou uma explosãoprovocando uma implosão, forçando as massas a um retorno à unidade tribal. Os resultados dessa nova ─ dividindo a sociedade em categorias ─ as médias (sic!) eletrônicas estão revolução são positivos, diz o autor, porque possibilitam a simultaneidade de ação e reação, a mudança dostatus das minorias, do adolescente, envolvidos numa vida simultânea, sem divisões de fronteiras, crenças, línguas e posições sociais.

1 Revista Comunicação e cultura de massa 19/20, sem data, págs. 173/74.

Todavia, apoiando-nos em Lévi-Strauss (1978: 35), contrapomo-nos a essa idéia de ‘unidade tribal’, pois é um contra-senso

Terra. Não creio que[...] conceber uma época futura em que haja apenas uma cultura e uma civilização em toda a superfície da isto venha a acontecer, porque há sempre a funcionar diversas tendências contraditóriasQuanto mais homogênea se tornar uma civilização, tanto mais visíveis se tornarão as linhas internas de ─ por um lado, em direção à homogeneidade e, por outro, a favor de novas diferenciações. separação; e o que se ganhou a um nível perde-se imediatamente no outro. E o antropólogo ainda continua: “... não consigo entender como é que a Humanidade poderá viver sem algum tipo de diversidade interna.” Sem necessitar atermo-nos à problemática da existência dos benefícios e malefícios da globalização ( de fato, cremos convictamente que benefícios há, mas para os componentes do G 7 2 , não para as nações ditas periféricas), queremos fazer contraponto a McLuhan no que diz respeito a avanços na eletrônica, particularmente com os de moderníssimos aparelhos audiovisuais. Por exemplo, o que sabemos do talento de artistas cantores ou atores de teatro dos séculos XVIII e XIX é o que podemos ler da opinião de seus críticos, não podemos saber de vê-los ou ouvi-los. Não é a mesma situação dos da atualidade. No caso específico (e mais relevante para nossa pesquisa), o registro de áudio, seja em disco de vinil, fita magnética cassete, fita de videocassete, CD, DVD, ou seja, de modo analógico ou digital (isso quase não importa), eternizou cantores, realizando o ‘milagre’ da ressurreição da voz. Em vez de se dizer “Ninguém cantava como a Elis!” 3 ─ lógico, para quem a admira ─ , hoje, deve-se dizer ”Ninguém canta como a Elis!” Nunca antes foi possível o que agora se tem feito para preservar a imagem e o som, tanto que pelo mundo inteiro tem proliferado a fundação de museus da imagem e do som. Para nosso estudo, interessa-nos mais o som. Que seja muito bem-vinda esta nova era para a oralidade.

2 determinam as relações de poder no espaço mundial: EUA, Japão, Inglaterra, Alemanha,O bloco organizado das 7 nações economicamente mais ricas e desenvolvidas do planeta, que França, Itália e Canadá. 3 Famosa cantora de Música Popular Brasileira (1945 – 1982).

Todavia, Paul Thompson é autor bem mais contemporâneo, próximo de nós, da atualidade. Por isso, convém a nós reconhecer o trabalho precursor, inovador do russo Vladimir Propp, que publicou, em 1928, a obra Morfologia do conto maravilhoso , em que sistematiza estudos de oralidade a partir da análise formal e funcionalista dos contos de fadas, em cuja estrutura encontra 150 elementos , 31 funções e 7 personagens constantes. Mais tarde, nos anos de 1950, o antropólogo Claude Lévi-Strauss se valerá da pesquisa do autor russo, dando origem à corrente de pensamento chamada de estruturalismo 5 , para analisar mitos de povos ditos “primitivos”. É relevante enfatizar que tal vocábulo (mito), em nosso idioma, é polissêmico, isto é, engloba inúmeros sentidos (dependendo do contexto em que esteja sendo empregado), dentre os quais destacamos este, do estudioso Mirchea Eliade (2002:11): O mito conta uma história sagrada; ele relata um acontecimento ocorrido no tempo primordial, o tempofabuloso do princípio. Em outros termos, o mito narra como, graças às façanhas dos Entes sobrenaturais, uma realidade passa a existir, seja uma realidade total, o Cosmos, ou apenas um fragmento: uma ilha, umaespécie de vegetal, um comportamento humano, uma instituição. É relevante destacar que Lévi-Strauss, segundo o endereço eletrônico, que mencionaremos, crítica analítica de los mitos. Em su trabajo sobre los sistemas mitológicos de tribus primitivas, realizado[...] adaptó por sua vez primera esta técnica [o formalismo, de Propp] de analisis lingüística a la sobre la analogia com la estructura lingüística, adoptó el términosistema de significado dentro de los mitos tiene es muy análogo al de um sistema lingüístico (http:// mytème , com la afirmación de que el es.wikipedia.org/wiki/mitema, acessado em 03/01/2006).Em outras palavras, o eminente antropólogo francês ( autor de, entre outras obras, Mito

e significado : 1970; Antropologia estrutural dois : 1996; O pensamento selvagem : 1997), supera a formalidade da análise somente das funções proppianas, na busca do sentido para a criação dos mitos em dada cultura, afirmando refletir-se neles a estrutura das relações sociais do povo que deu origem à narrativa mitológica.

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elementos invariantes entre diferenças superficiais” (1978: 20).Segundo o Próprio Lévi-Strauss, estruturalismo seria “[...] a busca de invariantes ou

1.3.3 Malinowski, Geertz, Eliade, McLuhan, etc.

Outro relevantíssimo trabalho é o do polonês Bronislaw Malinowski, antropólogo que, entre outros ensaios, escreveu Magic, science and religion (and other essays), de 1954, de cujo texto nos utilizaremos do excerto “A coleta e a interpretação dos dados empíricos”, importante material de orientação sobre o ‘trabalho de campo’, que tem origem na viagem e permanência desse estudioso durante alguns anos nas ilhas Trobiand (de junho de 1915 a maio de 1916 e depois retorno em 1917), no Pacífico sul, na Oceania, estudando o povo dali, com seus costumes ditos ‘exóticos’. Na esteira dessas obras precursoras, outras surgiram, de autores que se debruçaram sobre o tema da pesquisa da oralidade. Podemos destacar, entre outros, citados no livro Cultura, escrita e oralidade , de David R. Olson e Nancy Torrance: Herbert Marshall McLuhan ( A galáxia de Gutenberg , de 1962), Jack Goody e Ian Watt ( o artigo “As conseqüências da cultura escrita”, 1963) e Eric Havelock ( Prefácio para Platão , de 1963). Não é uma lista exaustiva, portanto. Nossas orientações básicas para o desenvolver de nossas pesquisas advirão dos autores citados em primeiro plano: Propp, Lévi-Strauss e Thompson. De alguma maneira, as idéias do canadense McLuhan, autor polêmico, sevirão de contraponto para reflexão, já que muitas de suas afirmações, atualmente, não se confirmam na realidade presente. Clifford Geertz desperta-nos crucial interesse, também, por seu paradigma hermenêutico, por buscar relativizar o conhecimento, que se transforma, assim, de fato, em etnoconhecimento, já que a ‘interpretação’ dos fatos da cultura de um povo ─ segundo esse autor ─ depende dos dados culturais de quem realiza a tal ‘interpretação’, sendo de vital importância o lugar , o ângulo onde se põe o pesquisador. Seríamos injustos se não confessássemos depender, também, dos estudos do russo Mircea Eliade ( Mito e realidade :

É impossível não fazer menção a dados relevantes sobre o locus onde se deu nossa pesquisa, a não ser que quiséssemos incorrer em erros banais de metodologia de pesquisa. Então, a seção que se segue tratará desses dados relevantes.

2.1.1 Mosqueiro

Mosqueiro é uma ilha, mas não uma ilha comum, pois, embora banhada pelas águas fluviais (por isso, águas doces) de três baías (Baía de Santo Antônio, Baía do Marajó e Baía do Sol), suas praias recebem ondas de tamanho considerável, fato bastante incomum, só possível na foz do Amazonas, beneficiando a prática do turismo em várias ilhas que servem como balneários de Belém, como Caratateua (conhecida como Outeiro), Cotijuba, além de Mosqueiro, entre outras menos conhecidas. Consideramos relevante lembrar que há três teses acerca da etimologia da palavra Mosqueiro: a primeira de que evoluiu de ‘moqueio’^6 , processo de conservação do pescado, segundo Meira Filho (1978: 31); a segunda hipótese afirma que a origem do nome é Ibérica, visto que existem em Portugal e Espanha lugares assim denominados, conforme informa Brandão^7. Claudionor Wanzeller (2005: 13) afirma, ainda, ter a denominação vindo do nome de um pirata espanhol, chamado Rui de Mosquera, que teria aportado nas praias mosqueirenses no século XVI. Os primeiros habitantes da ilha, muito antes da chegada dos colonizadores, como informa a estudiosa Maria da Paz (2000: 75), foram “[...] os índios Tupinambá da Ilha do Sol, e os índios Morobira da aldeia de Mortiguara”. Salientamos que já existe uma bibliografia razoável sobre a ilha de Mosqueiro, no entanto quase inacessível, em vista de sua raridade, em termos de exemplares disponíveis ao 6 (sic!), sobre uma grelha feita com pau de tucumã e envolta ma folha de guarumã, a carne ficaSegundo a revista Ilhas amazônicas pág.11, ‘moqueio’ significa “[...] técnica tradicional onde exposta a um fumeiro feito com a lenha do murucizeiro ou do maraximbé”. 7 Revista Ilhas amazônicas, pág. 11.

público. Portanto, constitui grande dificuldade ter em mãos livros como os citados em nossas referências bibliográficas, de grande importância pelos dados relevantes por eles registrados, como Mosqueiro, ilhas e vilas , de Meira Filho; Ilha, capital Vila , de Cândido Marinho da Rocha; ou mesmo o livro Ilha do Mosqueiro: cenário de lutas amazônidas na trilha de sua sobrevivência , dissertação de mestrado da professora Maria da Paz, entre outras obras difíceis de encontrar. Mosqueiro se localiza na foz do Rio Amazonas e tem como fonte de sustento para seus habitantes 8 as atividades da pesca, do artesanato, do comércio (com destaque para a informalidade), do serviço público estadual e municipal, da construção civil e, principalmente, do turismo. Na verdade, muitos ilhéus vivem do subemprego como ‘caseiros’. Alguns, bem poucos, vivem do extrativismo, como a população ribeirinha. Balneário, oitavo distrito de Belém 9 , Mosqueiro está ligado ao município de Santa Bárbara, no Furo das Marinhas, pela ponte Sebastião R. de Oliveira, inaugurada em 12. 01.1976. Dista de Belém aproximadamente 60,5 km pelas rodovias BR 316 e PA 391 10. Sua extensão territorial corresponde a “[...] 234 km², segundo a Secretaria de Economia [...]”, consoante informa Maria da Paz (2000: 74), exibindo a ilha um conjunto de belas praias no litoral norte, todas em forma de enseadas de extensão variada, com 17 km de extensão total: Areão, Bispo, Prainha (Praia do Lobato, para alguns), Praia Grande, Prainha do Farol, Farol, Chapéu Virado, Porto Artur, Murubira, Ariramba, São Francisco, Carananduba, Maraú, Caruara, Paraíso, do Sítio Paissandu, do Sítio Conceição, Praia Grande da Baía do Sol, Bacuri e Fazendinha. Há controvérsias entre os autores quanto ao total de praias, suas denominações e seu seqüenciamento, quando listadas. 8 amazônicas, pág. 7).Conforme o IBGE, a população residente é estimada em 30.000 habitantes (Ilhas 9 depois Vila em 1895 e, finalmente, Distrito de Belém, em 1901.Conforme Meira Filho (1978: 37), Mosqueiro foi elevado à categoria de Freguesia em 1868, 10 Ainda segundo a revista Ilhas amazônicas, pág. 20.