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Este artigo apresenta a exploração da temática da violência na literatura por luiz dill em todos contra d@nte, analisando as impressões de leitura de alunos do segundo ano do ensino médio de uma escola privada em maringá, pr. O trabalho se baseia nas teorias da leitura, especificamente na estética da recepção de hans robert jauss e na sociologia da leitura.
O que você vai aprender
Tipologia: Slides
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Não perca as partes importantes!
Camila de Souza Fernandes^1 Tatiana Araujo Severo^2
Introdução
A narrativa contemporânea para jovens tem abordado com bastante frequência temas que falam de perto a seu público. Dentre a variada gama de assuntos, Luiz Dill, em Todos Contra D@nte , aborda a temática da violência, cada vez mais presente em casa, nas escolas e nas ruas. Sob essa perspectiva o autor trabalha com uma forma de violência bastante comentada nos dias de hoje, mas que ainda adolescentes, pais, professores e a própria sociedade não sabe ao certo como lidar com isso: o bullying. Entendemos que o texto literário proporciona o contato com as grandes tensões do pensamento humano, como afirma Candido (1972), podendo desvelar o sentido da realidade que cerca as pessoas. Assim, a literatura se coloca como força humanizadora, atuando na formação do homem. A ficção, então, é um elemento indispensável para a satisfação de suas necessidades básicas. Tendo em vista tais observações, esse artigo tem por foco verificar e relatar aspectos da leitura do livro Todos Contra D@nte , de Luis Dill, por alunos do segundo ano do Ensino Médio de uma escola da rede privada de Maringá, PR. O embasamento teórico para a consolidação do trabalho se constitui das Teorias da Leitura, tanto a Estética da Recepção de Hans Robert Jauss, para quem a obra é condicionada pela relação dialógica entre literatura e leitor, quanto a Sociologia da Leitura, que trata do leitor em sua coletividade. Para atingir nossos objetivos foi aplicado um questionário socioeconômico e cultural e posteriormente um questionário sobre as impressões de leitura. Todo o trabalho foi realizado sem a intervenção da professora quanto à leitura a fim de buscar respostas que refletissem com mais propriedade sentimentos e sensações reais dos leitores. (^1) Universidade Estadual de Maringá (UEM) (^2) Universidade Estadual de Maringá (UEM)
1 O autor, a obra, o público e o local da pesquisa
Luis Dill nasceu em Porto Alegre em abril de 1965 e formou-se em jornalismo pela PUC – RS. Atualmente é Produtor Executivo da Rádio FM Cultura na capital gaúcha onde reside. Como escritor estreou em 1990 com a novela policial juvenil “A Caverna dos Diamantes”. Atualmente tem 25 livros publicados, além de participações em diversas coletâneas. O livro que deu origem a nosso trabalho é baseado em fatos reais e narra a história de Florentino, também conhecido como Dante e apreciador da Divina Comédia. Aluno novo, Florentino é ridicularizado e hostilizado por causa de sua aparência e origem humilde. A perseguição ganha força com a utilização dos meios eletrônicos, cyberespaço, pelos agressores que se mantêm no anonimato. A história tem o final trágico com a morte do jovem após um espancamento. Verificamos que não só o tema, mas também a linguagem e a estrutura do texto buscam proximidade ao universo jovem. O seu diferencial gráfico está na estrutura que se assemelha aos blogs, comunidades, chats e na linguagem utilizada pelos jovens na internet. A narrativa se desenrola a partir de links, nos quais as páginas da esquerda se ligam às páginas da direita, adiantando o desenvolvimento da história. No final do livro há um paratexto, “O motivo sinistro” – Pots Scriptum, no qual o autor faz a ligação entre a história narrada e a realidade. Todos esses elementos são velhos conhecidos para os adolescentes que lidam com o computador. Ao abordar um tema tão delicado, como o bullying , a narrativa também suscita uma série de outras discussões como o respeito ao semelhante, amor, lidar com as diferenças, a dignidade. Isso leva o jovem à reflexão e a uma possível tomada de posição frente a essa problemática da sociedade atual. Assim, ao aplicarmos a leitura do texto com os jovens do Ensino Médio pretendíamos verificar como se daria essa leitura. Participaram da pesquisa vinte e dois alunos entre quinze e dezessete anos, dentre os quais 14 alunos residem em Maringá. Os outros vêem de outros locais: 6 em Paiçandu; 1 em Sarandi e outro em Munhoz de Melo; cidades muito próximas daquela que estudam. A escola onde foi realizada a pesquisa fica na zona central de Maringá próxima ao terminal rodoviário, o que facilita o acesso dos alunos oriundos de outras cidades e até mesmo daqueles que moram em bairros mais afastados.
corporal, Por que os homens mentem e as mulheres choram?, Harry Potter, O pequeno príncipe, Código Da Vinci, gibis, O caçador de pipas, A cabana, Lua nova, Eclipse, Pollyana, Crepúsculo, Mensagem de Deus para as garotas, Romeu e Julieta. Alguns desses livros foram citados várias vezes e em outros casos o aluno citou o nome de autores consagrados como Dostoiévsk, Nietzsche, Clarice Lispector, Caio Fernando Abreu, Manuel Bandeira. Tais dados possibilitam averiguarmos o entorno social desses alunos, seus gostos e sua formação de leitura. Verificamos que a maioria aponta vários livros que leram, mas pouco ligados ao contexto escolar, ou seja, pode revelar que há certa discrepância entre aquilo que desejam ler e aquilo que encontra no ambiente acadêmico.
2 Todos contra d@nte: impressões de leitura
Iniciamos este tópico com a premissa de Jauss (1994) de que a função da literatura deve ser compreendida a partir do relacionamento que ela tem com o leitor. Por isso, na recepção do texto literário, há tanto um envolvimento intelectual, quanto sensorial e emotivo. O leitor, ao se identificar com as normas, passa a adotá-las como modelo de ação, o que corresponde à função social da arte, que implica a possibilidade de influenciar o destinatário. Diante de tais constatações, resta saber como ocorre a relação entre o texto e os leitores do ensino médio, como se dá essa compreensão dos fatos do texto e dos elementos da narrativa em geral. Dos vinte e dois alunos participantes, 15 disseram não terem gostado da história lida e alguns justificam suas respostas do seguinte modo: “é uma história muito triste e ocorre um pouco de preconceito só porque o garoto é feio e pobre” (N.M), “Porque o livro é entediante não dá vontade de ler” (P.M), “Achei muito confuso e chato” (J.F.T), “Não gostei do livro pois embora fosse embasado em fatos reais não possuía uma história aceitável para se transformar em um livro” (R.L), “Por que no final Dante morre (T.M.S), ... prefiro um livro com linguagem mais rebuscada...” (L.R.G). Já aqueles que gostaram, 7 alunos, justificam suas respostas do seguinte modo: “conta uma história brutal que infelizmente acontece no dia a dia das pessoas, além do livro ter um formato gostoso de ler.” (T.S.R), “Pois retrata a realidade vivida por muito...” (R.O), “Mostra a realidade” (G.N.M). Todos os outros alunos dizem ter
gostado pelo mesmo motivo já citado, ou seja, o fato do livro contar uma história real e retratar um problema da atualidade. A morte de Dante e a violência sofrida por ele na escola é ponto praticamente unânime de rejeição. Os leitores não gostaram de ver a morte do personagem principal. Por outro lado, muitos afirmaram gostar de ver o grupo de jovens que espancaram Dante sofrer, ou pelo medo de serem descobertos ou no momento em que Dante consegue bater em um garoto no banheiro da escola. É como se o leitor se sentisse vingado: “nenhum agüenta a pressão da conseqüência, e mostram que a amizade pode durar só até pesar o lado de cada um.”(L.R.G), “Quando Dante faz o garoto beber xixi... ele fez com um garoto o que eles queriam fazer com ele”. (C.N). O fato do livro ter sido ‘rejeitado” por tantos alunos e por eles terem estranhado a maneira como a realidade foi exposta, reforça aquilo que Jauss (1994) afirma sobre a experiência da negatividade. O leitor vai ao encontro daquilo que não conhece e, muitas vezes, acaba se frustrando, pois a experiência da leitura pode
[...] não apenas conservar as experiências vividas, mas também antecipar possibilidades não concretizadas, expandir o espaço limitado do comportamento social rumo a novos desejos, pretensões e objetivos, abrindo, assim, novos caminhos para a experiência futura. (JAUSS, 1994: 52)
Quando os alunos foram solicitados a fazer relação entre o texto e suas vidas, se conheciam alguém que se parecesse com personagens do livro ou se se identificavam com algum deles, constatamos que a maioria foi capaz de estabelecer esse paralelo, que já conheceram alguém que sofreu bullying , que já passaram ou viram alguma situação de violência na escola: “uma amigo, que foi agredido e foi parar no hospital” (G.N.M), “... um menino emo e por isso bateram nele” (T.S.R), “...essa pessoa teve que deixar o colégio ou morreria” (N.P.L), “...olharam torto para ele e ele bateu no cara” (P.M), “...vários meninos bateu nele e deram paulada. Ele foi para o hospital, entrou em coma, quase morreu”. (T.M.S). Verificamos que os indivíduos conseguem resgatar histórias muito similares aquela que eles leram, mesmo não aceitando, mesmo se frustrando diante de tal situação. O texto permitiu que os alunos utilizassem seu conhecimento de mundo, em uma troca de inferências entre a vida deles e o assunto abordado pelo material. Com isso, vemos que,
apenas em descrever qual o tipo de rima de um poema, em que período literário se encaixa e quais características desse período ela pode apresentar, mas envolve também os efeitos que a sua recepção suscita.
Referências
CANDIDO, A. A literatura e a formação do homem. In: Ciência e cultura. São Paulo, v. 24, n. 9, 1972, p. 803-809. CANDIDO, A. O direito à literatura. In: Vários Escritos. 3. ed. São Paulo: Duas cidades, 1995. DILL, Luís. Todos contra Dante. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. JAUSS, Hans Robert. História da literatura como provocação à teoria literária. São Paulo: Ática, 1994.