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Guia de morcegos do Brasil
Tipologia: Notas de estudo
Oferta por tempo limitado
Compartilhado em 25/01/2012
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Em oferta
Nelio R. dos Reis Adriano L. Peracchi Wagner A. Pedro Isaac P. de Lima (Editores)
Nelio R. dos Reis Adriano L. Peracchi Wagner A. Pedro Isaac P. de Lima (Editores)
Londrina 2007
M833 Morcegos do Brasil / Nelio Roberto dos Reis ...[et al.]. - Londrina: Nelio R. dos Reis, 2007. 253p. :il.
Vários Colaboradores. Inclui bibliografia e índice. ISBN 978-85-906395-1-
Dados internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP )
Depósito legal na Biblioteca Nacional Impresso no Brasil/ printed in Brazil
Capa e Ilustrações: Oscar Akio Shibatta Design gráfico e Diagramação: Isaac Passos de Lima
Catalogação na publicação elaborada pela Divisão de Processos Técnicos da Biblioteca Central da Universidade Estadual de Londrina.
Dedicatória
Este livro é oferecido aos professores
Valdir Antônio Taddei ( In memoriam ) e
Adriano Lúcio Peracchi
pelas grandes contribuições para o conhecimento da
Ordem Chiroptera no Brasil, pela manutenção de
respeitadas Coleções Zoológicas e pela formação de
um grande número de profissionais nesta área.
A eles o nosso mais profundo respeito.
“Só podemos preservar o que amamos, só podemos amar o que entendemos, só podemos entender o que nos foi ensinado.” (Autor desconhecido)
Agradecimentos Aos revisores
Carlos Eduardo de Alvarenga Julio (Dr.) Biólogo, Professor Adjunto - Zoologia/Invertebrados - Departamento de Biologia Animal e Vegetal - Universidade Estadual de Londrina (UEL). Cibele Rodrigues Bonvicino (Dra.) Bióloga, Instituto Nacional do Câncer, Coordenadoria de Pesquisa, Divisão de genética (INCA). Edson Aparecido Proni (Dr.) Biólogo, Professor associado do Departamento de Biologia Animal e Vegetal da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Enrico Bernard (Ph.D.) Biólogo, York University, Toronto, Canadá/Gerente de Projetos para a Amazônia - Conservação Internacional. Erica Marisa Sampaio-Czubayko (Ph.D.) Bióloga, Pesquisadora Associada doNational Museum of Natural History - Mammals Division/Estados Unidos e Department of Experimental Ecology - University of Ulm/Alemanha. Fabiana Rocha Mendes (M.Sc.) Bióloga, Doutoranda em Ciências Biológicas, Zoologia - Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP - Rio Claro - SP). João Alves de Oliveira (Ph.D.) Biólogo, Professor adjunto do Departamento de Vertebrados, Museu Nacional – Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Marcelo Passamani (Dr.) Biólogo, Prof. Setor de Ecologia, Departamento de Biologia da Universidade Federal de Lavras (UFLA). Marco Aurélio Ribeiro de Mello (Dr.) Biólogo, Departamento de Botânica da Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR). Margareth Lumy Sekiama (Dra.) Bióloga, Ambiência - Klabin Florestal Paraná. Oilton José Dias Macieira (Dr.) Ecólogo, Professor associado do Departamento de Biologia Animal e Vegetal da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Renato Silveira Bérnils (M.Sc.) Biólogo, Doutorando em Zoologia, Departamento de Vertebrados, Museu Nacional – Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Sandra Bos Mikich (Dra.) Bióloga, Pesquisadora da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Unidade Embrapa Florestas. Sérgio Luiz Althoff (M.Sc.) Biólogo, Professor Pesquisador do Departamento de Ciências Naturais da Fundação Universidade Regional de Blumenau (FURB). Valéria Tavares (Dra.) Bióloga, Department of Mammalogy, American Museum of Natural History (AMNH). Wilson Uieda (PhD.) Biólogo, Professor do Departamento de Zoologia no Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP) - Campus de Rubião Junior.
Agradecimentos especiais
À Caixa Econômica Federal ; À Pró-Reitoria de Pesquisa (PROPe), da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP); À Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ). Estas entidades deram total apoio financeiro na impressão desta obra. À Universidade Estadual de Londrina (UEL) na pessoa do Magnífico reitor Dr. Wilmar Sachetin Marçal; Ao Programa de Pós-graduação em Ciências Biológicas (UEL). Por darem apoio logístico e de infra-estrutura para a execução deste livro. Ao CNPq , a CAPES e a FAPERJ pelo apoio e concessão de bolsas aos pesquisadores envolvidos neste projeto. Aos profissionais que cederam as fotos para a composição deste livro.
Morcegos do Brasil
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Morcegos do Brasil
202 gêneros e 1120 espécies (SIMMONS, 2005). Isso representa aproximadamente 22% das espé- cies conhecidas de mamíferos, que hoje totalizam 5416 espécies (WILSON & REEDER, 2005). Tradicionalmente os Chiroptera são divi- didos em duas subordens, os Megachiroptera e os Microchiroptera. Duas hipóteses correntes de re- lacionamento filogenético podem ser destacadas. A primeira, que demonstra o polifiletismo da or- dem, baseada em caracteres do sistema visual (PETTIGREW, 1986), relaciona os Megachiroptera aos Primates. A segunda, baseada em dados morfológicos (SIMMONS, 1994; VAN DEN BUSSCHE et al., 1998) e reforçada recente- mente pelas informações genéticas (MURPHY et al ., 2001), demonstra o monofiletismo do grupo. Os Megachiroptera não ocorrem no Bra- sil e estão representados por apenas uma família, Pteropodidae, com 150 espécies distribuídas pelo Velho Mundo, na região tropical da África, Índia, sudeste da Ásia e Austrália (FENTON, 1992). Devido à similaridade de suas faces com as das raposas, são conhecidos popularmente como ra- posas-voadoras. Apresentam tamanho médio a grande, com Pteropus vampyrus , atingindo aproxi- madamente 1,5 kg e 1,7 m de envergadura. Utili- zam a visão para navegação e, por isso, têm olhos grandes. Além disso, têm as orelhas pequenas e sem o tragus (apêndice membranoso na abertura auricular) e não têm ornamentações faciais e na- sais, pois não apresentam ecolocalização (apenas uma espécie dessa família apresenta esse sistema). A cauda e o uropatágio estão ausentes, as vértebras cervicais não são modificadas e a cabeça fica virada para a região ventral quando estão empoleirados. Não hibernam e nem entram em torpor. As diferentes es- pécies podem apresentar variadas estratégias reprodutivas, desde estacionalmente monoestra até poliestria assazonal (TADDEI, 1976). Os Microchiroptera são compostos por 17 famílias e 930 espécies no mundo (SIMMONS, 2005), não ocorrendo apenas nas regiões polares.
No Brasil são conhecidas nove famílias, 64 gêne- ros e 167 espécies (REIS et al. , 2006; TAVARES et al. , no prelo; presente trabalho). Neste país é a se- gunda ordem em riqueza de espécies, sendo supe- rada somente pela ordem Rodentia, com 235 es- pécies. As famílias brasileiras, com seus respecti- vos números de espécies são: Emballonuridae (15); Phyllostomidae (90); Mormoopidae (4); Noctilionidae (2); Furipteridae (1); Thyropteridae (4); Natalidae (1); Molossidae (26) e Vespetilionidae (24) (PERACCHI et al. , 2006). Eles habitam todo o território nacional, ocorren- do na Amazônia, no Cerrado, na Mata Atlântica, no úmido Pantanal, no árido nordeste, nos pampas gaúchos e até nas áreas urbanas. Mais adiante se- rão apresentadas características gerais dessa subordem.
Origem e evolução dos Chiroptera
A ancestralidade dos morcegos continua obscura. A dificuldade de vincular os morcegos a qualquer outro grupo de mamíferos sugere uma origem muito antiga. É difícil encontrar fósseis com informações sobre o período inicial da evolu- ção dos morcegos por causa do esqueleto delica- do, pequeno e leve, que não se preserva bem. Além disso, nas florestas as condições não são favorá- veis à fossilização. O registro fóssil mais antigo, que remete a alguma característica quiróptera, provém de al- guns dentes descobertos na França, do período Paleoceno, que apresentam caracteres tanto de morcegos quanto de insetívoros (Eulipotyphla, o grupo dos musaranhos), permitindo relacionar filogeneticamente esses dois grupos. Isso foi con- firmado recentemente, em estudo com dados moleculares (MURPHY et al. , 2001), em que os Eulipotyphla se mantiveram como o grupo irmão do clado onde se encontram os morcegos. Mesmo assim, não é possível determinar se esses animais primordiais já apresentavam estruturas alares, ape-
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Reis, N.R.dos; Shibatta, O.A.; Peracchi, A.L. Pedro, W.A. & Lima, I.P. de Capítulo 01 - Sobre os Morcegos Brasileiros
nas pelo exame dos dentes fósseis. O fóssil completo mais antigo de um ver- dadeiro morcego foi encontrado em rochas Eocênicas (60 milhões de anos) da formação Green River do Wyoming, Estados Unidos. Entretanto, esse fóssil, denominado Icaronycteris index , não apre- senta nenhuma característica intermediária, sen- do claramente um Microchiroptera de hábitos insetívoros. A morfologia craniana dessa espécie também indica habilidade para a ecolocalização. Outro fóssil encontrado na Alemanha, o Palaeochiropterys tupaiodon , de 50 milhões de anos atrás, também era um morcego semelhante aos atuais (FENTON, 1992, SIMMONS & GEISLER, 1998). Outra datação da antiguidade do grupo foi realizada com a descoberta de ovos fossilizados de mariposas noctuídeas, que têm a habilidade de detectar sons de morcegos. Eles têm aproximada- mente 75 milhões de anos, sugerindo que os mor- cegos floresceram muito cedo, há cerca de 80 a 100 milhões de anos. Assim, eles permaneceram sem mudanças expressivas na sua arquitetura corpórea, mesmo depois de ter compartilhado o mundo com os dinossauros e de ter presenciado os eventos que os extinguiram no final do Cretáceo (FULLARD, 1987; GALL & TIFFNEY, 1983; BAILEY, 1991). Especula-se que os morcegos evoluíram com o início da diversificação das plantas com flo- res, que trouxe como conseqüência a abundância de insetos. Desta forma, os mamíferos da ordem Insetivora também se estabeleceram e exerceram uma forte pressão de predação contra os ances- trais dos morcegos, pois havia Insetivora que predavam pequenos mamíferos. Por essa razão, presume-se que esses ancestrais dos morcegos fos- sem noturnos, evoluindo de um mamífero peque- no e arborícola. Após milhões de anos saltando atrás de insetos, de árvore para árvore, o processo de seleção natural direcionou para o desenvolvi- mento de membranas, o que possibilitou aos an-
cestrais dos morcegos planarem de modo similar àquele dos modernos colugos (ordem Dermoptera) e esquilos voadores (ordem Rodentia). Deste ponto eles literalmente se lançaram para o vôo, tornan- do-se esses caçadores aéreos altamente bem suce- didos que são conhecidos atualmente. Assim, me- nos energia é gasta com o vôo planado de árvore para árvore do que caminhando ou correndo. Além disso, evita-se contatos com predadores terrestres (ALTRINGHAM, 1996).
Características gerais dos Microchiroptera
Os Microchiroptera geralmente apresen- tam tamanho médio, mas podem ocorrer espécies diminutas como Furipterus horrens com peso médio de 3 gramas e 15 cm de envergadura (NOWAK, 1994). Outras espécies podem ser relativamente maiores, como o filostomídeo Vampyrum spectrum , conhecido como andirá-açu, que pode chegar a 190 g, 15 cm de corpo e 70 cm de envergadura (EMMONS & FEER, 1990). Morcegos em geral apresentam alta longevidade se comparados a mamíferos de mesmo porte: enquanto um rato de 40 g vive até dois anos, um morcego vampiro pode viver até 20 anos na natureza (BERNARD, 2005). Como animais noturnos, têm poucos co- nes na retina, uma estrutura relacionada com a percepção de cores. No entanto, não são cegos e, embora todas as famílias brasileiras usem a ecolocalização para se orientar, alguns frugívoros maiores também se localizam pela visão. Por utili- zar primariamente o sistema de ecolocalização, os olhos são pequenos, as orelhas são grandes, o tragus bem desenvolvido e as ornamentações nasais e faciais muitas vezes estão presentes. Na maior fa- mília brasileira, Phyllostomidae, a folha nasal pro- eminente toma parte importante no direcionamento dos ultrassons que saem pelas narinas (NEUWEILER, 2000). Durante o processo de ecolocalização, eles transmitem sons de alta fre- qüência pela boca ou pelo nariz, que são refleti-