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Tecnologia cuidativo-educacional para adolescentes no puerpério Resumo Objetivo : desenvolver e validar cards com mensagens e imagens sobre autocuidado de puérperas adolescentes como tecnologia cuidativo-educacional para uso em grupo de WhatsApp. Método : estudo de desenvolvimento conduzido em duas etapas: elaboração dos cards, através de uma revisão integrativa de literatura e avaliação, realizada com treze especialistas em conteúdo (enfermeiros e médicos) e sete em aparência (profissionais graduados em comunicação social, jornalismo, publicidade e propaganda ou design ). Após elaboração da primeira versão, foram realizados ajustes. Embora a avaliação tenha sido satisfatória, uma segunda versão foi desenvolvida com base nos comentários e sugestões dos especialistas, sendo posteriormente submetida a uma nova fase de avaliação. O Grau de concordância entre especialistas foi calculado por meio do Índice de Validade de Conteúdo e do Índice de Validade de Aparência, sendo considerado concordância mínima de 0,80. Resultados : foram elaborados 25 cards. Avaliações de conteúdo e aparência foram realizadas simultaneamente. Na primeira fase de avaliação, foram obtidos Índice de Validade de Conteúdo de 1,00 e Índice de Validade de Aparência de 0,80. Na segunda fase, obteve-se Índice de Validade de Conteúdo de 1,00 e Índice de Validade de Aparência de 0,93. Conclusão: os cards com imagens e mensagens foram considerados válidos quanto a conteúdo e aparência pelos especialistas. Descritores: Período Pós-Parto; Adolescente; Autocuidado; Tecnologia Educacional; Cuidados de Enfermagem; Educação em Saúde. Descriptors: Postpartum Period; Adolescent; Self-care; Educational Technology; Nursing Care; Health Education.
Descriptores: Periodo Posparto; Adolescente; Autocuidado; Tecnología Educacional; Atención de Enfermería; Educación en Salud Introdução Diversas fontes de conhecimento influenciam as mulheres na adoção de práticas de autocuidado no período pós-parto, incluindo meios de comunicação e orientações de mães, avós, amigos e profissionais de saúde. No entanto, as dificuldades na educação em saúde para adolescentes durante a gestação, na maternidade, na alta hospitalar e no puerpério, podem contribuir para a adoção de comportamentos prejudiciais à saúde da puérpera e do recém- nascido(1-2). Esses desafios incluem a dificuldade em adaptar a linguagem das orientações para adolescentes, o acesso limitado aos serviços de saúde no puerpério, a labilidade emocional da adolescente, os estigmas que envolvem a maternidade nessa fase(3), a insuficiência de educação sexual nas escolas, fatores culturais e as barreiras financeiras e sociais que podem restringir a aplicação das orientações de saúde(1-2).
forma interativa a partir do diálogo e da troca de experiências; despertando a percepção e compreensão do seu autocuidado. Por isso as TCE são importantes meios de promover a educação de forma inovadora(10). Além disso, a familiaridade dos adolescentes com a tecnologia, especialmente com aplicativos de mensagens e redes sociais como WhatsApp e Instagram, representa uma oportunidade valiosa para aproximar informações de saúde de maneira gratuita, direta e interativa. Esse interesse natural dos adolescentes facilita o engajamento com tecnologias educacionais, uma vez que estão habituados ao uso diário dessas plataformas para comunicação, o que assegura maior receptividade e adesão. ADICIONADO-FALTA REFERENCIAR Perante o exposto, torna-se necessária a atuação da enfermagem quando uma puérpera adolescente não pode cuidar de si, por se sentir incapaz ou, até mesmo, por não possuir conhecimento suficiente para o autocuidado(11). O objetivo deste estudo foi desenvolver e validar cards com mensagens e imagens sobre autocuidado de puérperas adolescentes como tecnologia cuidativo-educacional para uso em grupo de WhatsApp. Método Tipo do estudo Trata-se de uma pesquisa de desenvolvimento, realizada em duas etapas, adaptadas a partir da pesquisa de Gaia(12), a primeira etapa constituiu, na elaboração das mensagens sobre autocuidado de puérperas adolescentes para uso em grupo de WhatsApp, através de uma revisão integrativa; e a segunda etapa a avaliação de conteúdo e aparência da tecnologia. O presente estudo está fundamentado pela Teoria do Autocuidado, descrita por Dorothea Elizabeth Orem(13).
A primeira etapa abordou o desenvolvimento dos cards com mensagens e imagens sobre autocuidado de puérperas adolescentes para uso em grupo de WhatsApp, foi realizada correlacionando os conteúdos levantados na revisão integrativa com as áreas práticas de enfermagem de Orem(13). Resultando no planejamento de postagens e na construção dos cards a serem enviados ao grupo. Os cards foram criados no Canva , uma ferramenta on-line gratuita de design gráfico. Foram elaborados 25 cards , divididos em mensagem de boas-vindas e regras de convivência; apresentação da pesquisadora; opinião das participantes sobre autocuidado; definição de autocuidado; autocuidado no pós-parto; autocuidado relacionado à higiene; autocuidado com o períneo; autocuidado com a ferida operatória; visita domiciliar e consulta puerperal; autocuidado relacionado à loquiação; autocuidado no banho; autocuidado relacionado à higiene íntima; autocuidado com as mamas; autocuidado do sono e descanso; autocuidado na alimentação; autocuidado de hidratação; dor no puerpério; medicamentos no puerpério; autocuidado com o corpo-exercício físico; saúde mental; autocuidado na saúde sexual; planejamento reprodutivo e agradecimentos. A segunda etapa consistiu na avaliação do conteúdo e da aparência dos cards com mensagens e imagens sobre o autocuidado de puérperas adolescentes como tecnologia cuidativo-educacional para uso em grupo de WhatsApp e foi realizada em duas rodadas de avaliação.
Figura 1 - Critérios de elegibilidade adaptados para compor o comitê de especialistas de conteúdo e comunicação e mídia. São Luís (MA), Brasil, 2024. Para a avaliação do conteúdo, foram convidados 27 profissionais de saúde do Brasil. Destes, 13 aceitaram participar do estudo. A avaliação do conteúdo foi realizada por especialistas com experiência em ensino em saúde e/ou construção, validação e/ou aplicação/avaliação de TEs e conhecimento em obstetrícia/saúde da mulher. Para a avaliação da aparência, foram convidados 23 especialistas do Brasil, profissionais das áreas de design gráfico, comunicação social e jornalismo; nove responderam ao convite, e sete atenderam aos critérios previamente estabelecidos(15). O convite para participação no estudo ocorreu, inicialmente, via e-mail , localizado a partir de pesquisas na Plataforma Lattes do portal do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). A respeito dos especialistas, foram coletadas as seguintes variáveis: idade, sexo, profissão, tempo de formação em anos, cargo/função e estado brasileiro de atuação. Os dois instrumentos de avaliação contaram com as questões relacionadas especificamente ao objeto de estudo, sendo direcionadas à análise da tecnologia educacional. Instrumentos para coleta de dados Os instrumentos para coleta de dados constaram da caracterização dos especialistas em conteúdo e aparência, arquivo com cards e mensagens sobre o autocuidado de puérperas adolescentes, além do instrumento para avaliação de conteúdo(16)^ e aparência(17). Para a avaliação de conteúdo, utilizou-se o instrumento denominado de Instrumento de Avaliação de Conteúdo Educativo em Saúde(16), organizado em Objetivos: Propósitos, metas e finalidades, com cinco afirmações; Estrutura/apresentação: Organização, estrutura, estratégia,
coerência e suficiência, com dez afirmações; e Relevância: Significância, impacto, motivação e interesse, com três afirmações. Os especialistas avaliaram o conteúdo por meio da escala do tipo Likert, sendo zero para discordo, um para concordo parcialmente e dois para concordo totalmente. O arquivo com planejamento das mensagens sobre o autocuidado de puérperas adolescentes como tecnologia cuidativo-educacional para uso em grupo de WhatsApp foi disponibilizado em formato de Portable Document Format (PDF) por um link no GoogleForms. O instrumento para avaliação de aparência apresentava 12 afirmações, que avaliavam as ilustrações e sua relevância para o entendimento do conteúdo, cores e formas das ilustrações, além das características das figuras(17). Os especialistas avaliaram a aparência por intermédio do instrumento que apresentava uma escala do tipo Likert, sendo um para discordo totalmente, dois para discordo, três para discordo parcialmente, quatro para concordo, cinco para concordo totalmente. Após cada afirmativa, foi acrescentado um espaço para incluir observações e sugestões. Coleta de dados Na primeira fase, as avaliações do conteúdo e da aparência foram realizadas concomitantemente, assim como na segunda fase. Foram enviados por correio eletrônico os instrumentos para coleta de dados via GoogleForms. Para avaliação do conteúdo e aparência foram disponibilizados aos participantes convite para participar da pesquisa e Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Após o consentimento do participante, foram disponibilizados o questionário para caracterização dos especialistas, o arquivo com os cards e as mensagens sobre o autocuidado de puérperas adolescentes em formato de arquivo PDF_._
Aspectos éticos A pesquisa obedeceu às normas referidas pela resolução 466/2012 e a resolução 510/2016 do Conselho Nacional de Saúde (CNS), sendo submetida à aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Maranhão e aprovada sob o parecer 6.455.850. Também está em conformidade com o ofício 01/2022 relativo a pesquisas em ambiente virtual. Todos os participantes foram informados sobre os objetivos e demais aspectos relacionados à pesquisa e convidados a assinar o TCLE. Resultados Na primeira etapa, as mensagens seguiram os seguintes tópicos: mensagem de boas- vindas e regras de convivência no grupo; apresentação da pesquisadora; opinião das participantes sobre autocuidado; definição de autocuidado; autocuidado no pós-parto; autocuidado relacionado à higiene; autocuidado com o períneo; autocuidado com a ferida operatória; visita domiciliar e consulta puerperal; autocuidado com a loquiação; autocuidado de higiene-banho; autocuidado relacionado à higiene íntima; cuidados com as mamas; autocuidado do sono e descanso; autocuidado na alimentação; autocuidado de hidratação; dor no puerpério; medicamentos no puerpério; autocuidado com o corpo-exercício físico; saúde mental; autocuidado na saúde sexual; planejamento reprodutivo e agradecimentos. No planejamento das mensagens, foram estabelecidos: o período/momento da postagem do card e mensagem; o conteúdo a ser abordado; objetivo e desenvolvimento; e os cards com mensagens a serem postados no grupo. No total, foram elaborados 25 cards e mensagens, mantendo o conteúdo de acordo com cada momento do puerpério.
A etapa de avaliação de conteúdo aconteceu em duas fases. Na primeira, participaram 13 especialistas, entre 20 e 30 anos (46,15%), do sexo feminino (92,3%), com formação de 5 a 10 anos (46,15%), e 61,53% eram enfermeiros obstetras. Na segunda fase, participaram 12 dos mesmos especialistas, a maioria entre 20 e 40 anos (83,34%), do sexo feminino (100%), com formação de 5 a 10 anos (50%), sendo 58,33% enfermeiros obstetras. Na primeira e na segunda fase, respectivamente, 30,7 e 33,3% dos especialistas tinham Mestrado acadêmico, enquanto 23 e 25% possuíam Doutorado na área da saúde. Além disso, 76,9 e 75% tinham pós-graduação Lato Sensu em saúde da mulher e/ou obstetrícia. Em relação ao IVC na primeira e segunda fase, todos os itens dos objetivos obtiveram IVC 1. Na primeira fase, no item estrutura/apresentação, o aspecto Linguagem interativa, permitindo envolvimento ativo no processo educativo, recebeu IVC=0,92. Conforme a tabela 1. Tabela 1 - Índice de Validade de Conteúdo dos especialistas quanto a objetivos, estrutura/apresentação e relevância. São Luís (MA), Brasil, 2024 Itens 1ª fase 2ª fase IVC IVC* Objetivos: propósitos, metas ou finalidades Contemplam tema proposto (^1 ) Adequados ao processo de ensino-aprendizagem 1 1 Esclarecem dúvidas sobre o tema abordado 1 1 Proporcionam reflexão sobre o tema (^1 ) Incentivam mudanças de comportamento (^1 ) Estrutura/apresentação: organização, estrutura, estratégia, coerência e suficiência Linguagem adequada ao público-alvo (puérperas) (^1 ) Linguagem apropriada ao material educativo (^1 ) Linguagem interativa, permitindo envolvimento ativo no processo educativo 0,92 1 Informações corretas (^1 ) Informações objetivas 1 1 Informações esclarecedoras 1 1 Informações necessárias 1 1 Sequência lógica das ideias (^1 ) O tema proposto é atual 1 1 Os tamanhos dos textos das mensagens e cards estão adequados 1 1 Relevância: significância, impacto, motivação e interesse Estimula o aprendizado das puérperas 1 1 Contribui para o conhecimento na área (^1 )
mais de 20 anos (28,57%) na primeira fase, enquanto na segunda fase, 33,33% estavam na faixa de 1 a 5 anos. Considerando que os especialistas deveriam atender a pelo menos três critérios de elegibilidade, todos atendiam aos critérios de curso de graduação estabelecido. Na primeira fase, quatro (42,8%) possuíam título de mestrado acadêmico, enquanto na segunda fase esse número foi de quatro (66,67%) e um (14.29%) possuía título de doutor na primeira fase. Na primeira fase, dois (28,57%) e, na segunda, um (16,67%) tinham pós-graduação Lato Sensu ou Stricto Sensu. A maioria dos participantes tinha experiência na área de formação superior a 6 meses (6; 85,71% na primeira fase e 5; 83,35% na segunda). A tabela 2 apresenta o IVA de cada item do instrumento de avaliação de aparência na primeira e segunda fases, além do IVA global. Tabela 2 – Índice de Validade de Aparência dos especialistas em comunicação e mídia, São Luís (MA), Brasil, 2024 Itens 1ª fase 2ª fase IVA IVA
As ilustrações estão adequadas para o público-alvo 0,86 1, As ilustrações são claras e transmitem facilidade de compreensão 1,0 1, As ilustrações são relevantes para compreensão do conteúdo pelo público-alvo 0,86 1, As cores das ilustrações estão adequadas para o tipo de material 0,71 0, As formas das ilustrações estão adequadas para o tipo de material 1,0 1, As ilustrações retratam o cotidiano do público-alvo da intervenção 0,71 1, A disposição das figuras está em harmonia com o texto (^) 0,43 0, As figuras utilizadas elucidam o conteúdo do material educativo 0,86 1, As ilustrações ajudam na exposição da temática e estão em uma sequência lógica 0,86 1, As ilustrações estão em quantidade adequada no material educativo 0,86 1, As ilustrações estão em tamanhos adequados no material educativo 0,71 1, As ilustrações ajudam na mudança de comportamentos e atitudes do público-alvo 0,71 0, IVA Global 0,80 0, *IVA: Índice de Validade de Aparência. Na tabela 2 observa-se que a maioria dos itens na primeira fase da avaliação de aparência obteve IVA> 0,80. Entretanto os itens “as cores das ilustrações estão adequadas para o tipo de material”; “as ilustrações retratam o cotidiano do público-alvo da intervenção”; “as ilustrações estão em tamanhos adequados no material educativo” e as “ilustrações ajudam na mudança de comportamentos e atitudes do público-alvo” receberam IVA de 0,71. Além disso, o item “a disposição das figuras está em harmonia com o texto” que recebeu IVA de 0,43. Apesar do IVA global considerado neste estudo ser de 0,80, entende-se que alguns itens não obtiveram IVA adequado e, após avaliação das sugestões dos especialistas, tornou-se necessário realizar os ajustes necessários para nova fase da avaliação da aparência. Na segunda fase da avaliação, obteve-se IVA global de 0,93, e apenas o item “As ilustrações ajudam na mudança de comportamentos e atitudes do público-alvo” apresentou IVA de 0,50. Na primeira fase da avaliação, alguns especialistas em comunicação e mídia tiveram
Permaneceram 25 cards com mensagens e imagens a serem postadas em grupo de WhatsApp Autocuidado no Puerpério. Discussão A elaboração das mensagens e cards seguiu os requisitos universais de autocuidado segundo Dorothea Orem(13), tendo em vista que, devido às novas demandas na vida da puérpera adolescente, até mesmo atividades cotidianas aparentemente simples podem ser prejudicadas. Por isso, orientações objetivas, baseadas em evidência científica, podem impactar diretamente a maneira como as puérperas vivenciam esta fase(19). A grande quantidade de informações pós-parto pode dificultar a compreensão delas pela mulher, devido ao cansaço e à adaptação ao momento. Além disso, estudo realizado em uma enfermaria de pós-parto de um hospital universitário Suíço observou que, no momento da alta hospitalar, os pais preferiam não ser apressados, ao contrário, desejavam que os profissionais recapitulassem as orientações e fornecessem um resumo das atividades de autocuidado para o domicílio, visando aumentar a sensação de segurança(20). Por vezes, os profissionais de saúde enfatizam aspectos específicos da gestação, como tratamentos de patologias, solicitação de exames, entre outros, dificultando a aquisição de conhecimentos nas mais diversas áreas, como sexualidade e mudanças emocionais no puerpério, por exemplo. Por isso, faz-se necessária a utilização de recursos contínuos após a alta hospitalar para manutenção do autocuidado e detecção precoce de intercorrências(21). Logo, mensagens sobre o autocuidado de puérperas adolescentes para uso em grupo de WhatsApp , pode possibilitar o monitoramento após a alta hospitalar, encorajando as puérperas para realização de atividades de autocuidado e identificação de possíveis complicações para as devidas orientações e encaminhamentos.
Em relação ao IVC, dados similares foram encontrados em estudo de elaboração de cartilha digital sobre práticas sustentáveis para a promoção da saúde do adolescente, no qual atingiu-se IVC global de 0,95(22). A maioria das sugestões para a avaliação de conteúdo baseou-se na necessidade de retirar termos técnicos, como “ingurgitamento mamário” que foi substituído por “mama empedrada” e sua definição; “incisão” substituída por “cortes”, entre outros termos que foram alterados, uma vez que as TEs devem possuir linguagem simples, se de fácil compreensão e retratar o cotidiano do público-alvo(23-28). Em relação às informações sobre manejo não farmacológico de alívio da dor no puerpério, foram incluídos os seguintes conteúdos: “banho morno no chuveiro”, “dor no puerpério” e uso de “absorventes gelados” para minimizar edema e desconforto no períneo. A crioterapia, que consiste na aplicação de materiais frios em áreas que necessitam de tratamento para alívio da dor ou redução do edema, tem sido empregada ao longo de muitos anos e continua uma prática não farmacológica de baixo custo recomendada durante o período pós-parto. A forma de aplicação da técnica é variada, como o uso de bolsa gelo, compressas geladas, almofadas de gel, entre outros(29). Nas mensagens, foi incluída a crioterapia no pós-parto vaginal, para alívio da dor perineal, por meio do uso de compressas geladas ou absorvente gelado, utilizando o tempo recomendado pela literatura de 20 minutos de aplicação, três vezes ao dia, em casos de dor e edema(29). Ressalta-se que é importante manter o uso adequado da crioterapia, pois ela pode causar queimaduras locais, dormência, entre outras complicações(29). Assim, nas mensagens elaboradas, recomendou-se evitar o contato direto da compressa ou do material gelado com a pele. Foi sugerido incluir o Kinesio Taping (KT) no puerpério como método de autocuidado. Este constitui-se de uma técnica terapêutica com o uso de bandagens elásticas sobre tensão
tecnologia educacional(35). Neste estudo, optou-se por realizar melhorias e uma segunda fase da avaliação. No que diz respeito às imagens disponibilizadas nas mensagens, as adequações foram realizadas conforme solicitado. Os especialistas em comunicação e mídia requisitaram ajustes no tamanho e na localização das imagens, além de sugerirem mudanças nas ilustrações por considerá-las genéricas. Uma pesquisa sobre construção educacional de um website também destacou a necessidade de incluir e aperfeiçoar imagens(36), fato igualmente observado em um estudo metodológico sobre elaboração e validação de um aplicativo móvel sobre manejo clínico de infecções sexualmente transmissíveis(37). Foi recomendada a mesclagem com fotos de mulheres reais, mas essa sugestão não foi implementada, pois, para utilização de imagens reais, é necessário obter a autorização da pessoa retratada, como observado em um estudo de que avaliou o uso de imagens de pacientes em redes sociais por fonoaudiólogos e revelou que 5,1% dos participantes relataram ter publicado fotos ou vídeos de pacientes em alguma frequência sem a devida autorização(38). A solicitação dos especialistas para a alteração da coloração de algumas mensagens visou aprimorar a legibilidade e o contraste dos conteúdos apresentados. Essa modificação, aliada ao aumento do tamanho das ilustrações para que ocupassem o campo visual de maneira mais adequada, é considerada fundamental para a qualidade da TCE(39). A maioria das sugestões dos especialistas em comunicação e mídia foi relacionada à formatação textual. Logo, a maior parte dos textos foi alinhada à esquerda, buscando melhorar a estética(40)^ e a legibilidade das mensagens(41), evitando palavras órfãs, mas foi mantida a organização em título, texto e imagens, com intuito de melhorar a legibilidade do material.
Em relação ao papel das ilustrações na mudança de comportamentos e atitudes do público-alvo, alguns especialistas em comunicação e mídia mostram-se hesitantes em suas respostas. Essa indecisão também foi observada em estudo sobre produção e validação de TCE, em que um dos especialistas expressou incerteza sobre essa afirmação. Apesar disso, é amplamente reconhecido que as TCE podem favorecer a mudança de comportamento do público-alvo(42). O planejamento de mensagens de texto destinadas ao grupo de WhatsApp Autocuidado no Puerpério para tecnologia cuidativo-educacional apresentou-se válido como tecnologia educacional que pode ser utilizada por enfermeiros na prestação de cuidados. Esse planejamento é voltado para promoção do autocuidado e manutenção da saúde, por meio do fortalecimento de atividades e do fornecimento de estratégias para enfrentar os desafios(43)^ do puerpério. Estudos realizados em diferentes regiões brasileiras mostram que o autocuidado no puerpério ainda se encontra muito aquém do preconizado(1,43-44). Por isso, as atividades de orientação/educação são importantes para manutenção do autocuidado, não obstante o atendimento individual na consulta puerperal pode estreitar o vínculo entre profissionais e mulheres, priorizando as necessidades individuais(44). Diante disso, o uso dessa TCE pelo enfermeiro no acompanhamento das puérperas na Atenção Primária pode proporcionar orientações sobre autocuidado objetivas e de fácil entendimento, para que esse período seja vivenciado com tranquilidade e conhecimento, de modo que as dificuldades enfrentadas possam ser superadas, com o objetivo de promover a saúde da puérpera adolescente, apoiando o processo de transição e adaptação no puerpério. Esta pesquisa identifica como dificuldade o fato de alguns especialistas não terem compreendido algumas afirmativas do instrumento de avaliação de aparência da TCE em saúde utilizado. Além disso, têm-se como limitações: a ausência da avaliação semântica e de
