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Meu artigo de conclusão da Especialização em Educação Ambiental.
Tipologia: Notas de estudo
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Trabalho de Conclusão de Curso - Artigo Científico, apresentado ao Programa de Pós- Graduação Lato Sensu do Curso de Especialização em Educação Ambiental das Faculdades Integradas de Patos, em cumprimento às exigências para a obtenção do título de Especialista.
Orientador: Edílson Mendes Nunes, Ms.
Patos - PB 2012
1. Introdução Nos tempos remotos, a qualidade da água era avaliada pelos seus aspectos organolépticos (aparência, sabor, odor). A água pura era aquela limpa, clara, de bom sabor e sem odor. Devido à falta de tecnologia, as pessoas não relacionavam a água impura às doenças, ou seja, não percebiam a presença de microrganismos danosos à saúde. Um aspecto importante da História descrito, em 1981, por Baker e Taras (apud PÁDUA, 2009, p.19) diz: “na Índia, há quase 4.000 anos, foi sistematizado uma metodologia de tratamento da água: orientava as pessoas à fervura ou exposição da água ao sol, ou mergulhada na água uma barra de cobre aquecida, ou purificada pela filtração em areia e pedregulho e posteriormente resfriada em potes cerâmicos”. Foram necessários séculos para o ser humano reconhecer que sua avaliação sensorial não era suficiente para julgar a qualidade da água. No século XVII, Francis Bacon, na Inglaterra, publicou artigos com seus experimentos sobre tratamento da água, incluindo filtração, fervura, destilação e coagulação (PÁDUA, 2009). A evolução do conhecimento científico possibilitou aos cientistas maior entendimento referente à origem e efeito dos contaminantes presentes nas fontes de água, demonstrando a veiculação de doenças pela água. Com o advento da microbiologia, no qual Pasteur é pioneiro apresentando a Teoria Microbiana das Doenças, teve-se impulso ao reconhecimento, em bases científicas, sobre a associação entre qualidade da água e saúde pública e o desenvolvimento das técnicas de tratamento de água. Deu-se então, lugar ao tratamento da água com vistas à proteção à saúde (PÁDUA, 2009). Como pudemos observar somente no século XIX a água foi reconhecida como meio de transmissão de doenças. A Portaria MS n.º 518/2004, em seu artigo 4, inciso I, define água potável como “a água para consumo humano cujos parâmetros microbiológicos, físicos, químicos e radioativos atendam ao padrão de potabilidade e que não oferece riscos à saúde" (BRASIL, 2005). Nem todas as casas são abastecidas por água tratada, por isso, há necessidade que a água passe por processos de tratamentos. Dentre vários, os principais são:
a) cloração Segundo Bazzoli (apud MEYER, 1994) o uso de cloro no tratamento da água pode ter como objetivos a desinfecção (destruição dos microorganismos patogênicos), a oxidação
(alteração das características da água pela oxidação dos compostos nela existentes) ou ambas as ações ao mesmo tempo. A desinfecção é o objetivo principal e mais comum da cloração, o que acarreta, muitas vezes, o uso das palavras “desinfecção” e “cloração” como sinônimos.
b) Fervura O método mais seguro de tratamento para a água de beber, em áreas desprovidas de outros recursos, é a fervura. Ferver a água para beber é um hábito que se deve infundir na população para ser adotado quando sua qualidade não mereça confiança e em épocas de surtos epidêmicos ou de emergência. A água fervida perde o ar nela dissolvido e, em consequência, torna-se de sabor desagradável. Para fazer desaparecer esse sabor, é necessário arejar a água, fazendo-a passar o líquido de um recipiente para outro com agitação suficiente de modo que o ar atmosférico penetre na massa de água (VENANCIO, 2009).
c) Filtração Este processo consiste em fazer a água passar por substâncias porosas capazes de reter e remover algumas de suas impurezas. A filtração permite que a água se torne límpida, com sabor e odor mais agradável(natural). Porém, esse sistema não é suficiente para garantir a sua potabilidade, pois parte dos micróbios é capaz de ultrapassar as camadas de areia dos filtros (NUNES, 2003).
d) Decantação Este método é usado no processo de purificação de água, onde, nas Estações de Tratamento de Água (ETA’s), a água impura fica depositada em grandes tanques para que as impurezas se depositem no fundo (ALVES, sem data).
e) Método SODIS É um método simples e trata pequenas quantidades de água. A metodologia SODIS, (Solar Water Disinfection) ou Desinfecção Solar da Água, faz uso de dois elementos da radiação: a radiação UVA, responsável pela modificação do DNA dos microrganismos e a radiação infravermelha que proporciona a elevação da temperatura da água, considerando-se que os microrganismos são sensíveis ao aquecimento. Este processo é viável às populações de
Figura 1: Bomba captadora de água localizada no Bairro Cabo Branco
Fonte: SILVA (2011).
Segundo Sousa (2008) a tubulação utilizada na encanação era de “Cano de Ferro”, que perdura até hoje, ocasionando uma altíssima concentração de dióxido de ferro, isto é, “ferrugem” na “água de beber” de Coremas. Assim, é grande a incidência de doenças de veiculação hídrica que vitimam muitos Coremenses, devido à falta de água potável. É uma questão, até mesmo, de “Saúde Pública”. Diante disto, é preciso que uma atitude governamental (municipal, estadual e/ou federal) seja tomada. Na opinião de Sousa (2008), o problema da instalação de uma Estação de Tratamento de Água em Coremas é político. Segundo ele, todos os prefeitos de Coremas foram e são “contra” a instalação de uma companhia de água e esgoto para o município, pelo fato do povo não querer pagar pela água tratada (a população coremense não paga taxa alguma de água), sendo assim, para os políticos, o Governo que instalar esse serviço de “Bem Público”, ele e seus correligionários, serão derrotados em seus pleitos eleitorais. Como confirma o atual prefeito do município, em entrevista ao pesquisador Davi Alysson (ANDRADE, 2007), que um dos principais obstáculos para o tratamento da água é a antipatia da população local diante da possibilidade de “pagar“ pelo tratamento da água (o que coloca os governos locais em situação política delicada, pois até então parece ser uma medida que contraria os interesses da população). A respeito do tratamento de água em Coremas, Andrade (2007) relata que a água do abastecimento público não recebe tratamento prévio, sendo distribuído cloro para o tratamento domiciliar. Para o governo municipal atual esta é uma questão bastante delicada,
pois a população se sente “dona” da água dos açudes e acredita que não deve pagar pelo tratamento. A falta de tratamento da água do abastecimento público acaba comprometendo a qualidade de vida da população, vulnerabilizando-a a diversas doenças como hepatite, diarreia, verminoses e enterites. Mesmo assim, a população coremense tem uma antipatia diante da possibilidade de “pagar“ pelo tratamento da água, já que nunca viu uma conta de água e por se sentir “dona” da água do açude. Nas conversas informais, é comum ouvir da população que “a água do açude nunca vai acabar, e que não é justo a população pagar pela água, pois a água é de todos”. Assim, pretendeu-se descobrir como a população coremense realiza o tratamento da água? Quais são os métodos utilizados? Este estudo será de grande relevância, pois proporcionará à população e aos governantes acesso a informações sobre os métodos de tratamento da água que “garante” a sua potabilidade. Bem como, poderá contribuir para que o poder público se sensibilize com o problema e procure apresentar políticas públicas de solução e controle da qualidade da água e, a população, se conscientize da importância de se instalar uma estação de tratamento de água no município. Além disso, permitirá subsidiar novas pesquisas possibilitando um maior conhecimento científico sobre a temática. Diante do exposto, o presente estudo apresentará informações sobre como a população coremense realiza o tratamento da água e quais são os métodos utilizados para tornar a água potável.
2. Metodologia
A presente pesquisa quanto aos objetivos específicos é um estudo exploratório, pois se pretende levantar informações sobre um determinado objeto (SEVERINO, 2007). Primeiro, foi feita uma pesquisa bibliográfica, que segundo Severino (2007) se realiza a partir do registro disponível, decorrentes de pesquisas anteriores, em documentos impressos, artigos, teses, etc. Assim, se permitirá um aprofundamento sobre a temática, a partir de contribuições de autores.
Gráfico 1 - Tratamento de água pela população coremense em 2011
Tratamento de Água
821
26
21
Cloração Filtração Sem tratamento Fervura
Fonte: SIAB, 2011.
Um fato que pode chamar a atenção de todos é a população não utilizar nenhum tratamento, isso é verdade, muitas famílias não tratam a água de nenhuma maneira, muitos acham ruim o gosto da água quando utiliza o hipoclorito de sódio ou acham que ele faz mal à saúde. E muitas famílias não tratam, pois utilizam à água mineral. Outras, pelo fato de utilizarem cisternas ou poços artesianos. Esse fato enfatiza a importância e a urgência da instalação de um Sistema de Tratamento de Água para que a população tenha qualidade de vida.
Para identificar todos os métodos de tratamento de água em Coremas, entrevistaram- se, com aplicação de questionário, 10 (dez) agentes comunitários de saúde, pois eles presenciam e vivenciam a realidade da população de Coremas.
Todos os agentes de saúde entrevistados têm mais de 9 (nove) anos de atuação em sua função. Eles foram categóricos em suas respostas e confirmaram que a água de Coremas é imprópria para o consumo humano e disseram que se precisa urgentemente instalar uma Estação de Tratamento. Uma das entrevistadas disse: “como conhecedora dos problemas existentes em nosso município em decorrência do não tratamento da água, posso afirmar que é lamentável uma cidade riquíssima em água e tantas outras belezas, a população não tenha água tratada para o consumo, isso é inaceitável e nos entristece muito”.
Os agentes ficaram sensibilizados quando se perguntou sobre a água de Coremas. Como pode uma cidade que tem um açude com grande potencial hídrico não ter uma Estação de Tratamento de Água! Por que as autoridades competentes não tomam uma posição?
Segundo os agentes de saúde, o método de tratamento mais utilizado pela população é a cloração. Embora, esta, seja feita com a ajuda de outros métodos, tais como: filtração (uso de filtro de barro e de coador) e decantação (uso do pote). Esse dado é confirmado pelas informações disponíveis no SIAB, até porque é política da Prefeitura, já que ela é responsável pelo tratamento da água, fazer a distribuição do cloro para o tratamento domiciliar.
Com as informações prestadas pelos agentes, podem-se identificar todos os métodos que a população utiliza para tratar a água. São eles:
A cloração (como forma de desinfecção), sendo ela utilizada depois da água ser filtrada;
A filtração simples. Utilizando tanto um pano como coador quanto o recipiente filtro de barro. Constatou-se que têm famílias que apenas coam a água da torneira e a utilizam, outras, coam e em seguida, usam o cloro;
A fervura. O uso é raro, observa-se mais quando na casa tem bebê recém nascido;
A decantação (uso do pote de barro ou baldes). Onde muitas famílias colocam a água direto da torneira no pote ou no balde para consumir e, outras, coam, colocam no pote ou no balde e, em seguida, usam o cloro;
O método SODIS. Muitas famílias estão aderindo a esse método, por ser um método de baixo custo, apenas utilizam garrafas pet.
Cisterna. Na zona rural, utilizam-se muito as cisternas, aonde à água vem direto da chuva. Muitas famílias utilizam a água diretamente da cisterna sem nenhum tratamento, outras, usam o cloro.
Poços artesianos. Também é grande o número de famílias que utilizam na zona rural. Já que a água é oriunda de lençóis freáticos, as famílias não a tratam.
utilizado pela população coremense que é a cloração, isso é explicado devido ser uma política da Secretaria Municipal de Saúde e Prefeitura, já que a Prefeitura é responsável pelo “tratamento” da água em Coremas. Assim, identificaram-se os métodos de tratamento de água pela população coremense que são: cloração, filtração (com pano e uso do filtro), fervura, decantação (uso do pote de barro ou baldes), método SODIS (desinfecção solar, com o uso de garrafas pet), cisternas (água da chuva, utilizadas na zona rural), poços artesianos (água oriunda dos lençóis freáticos, utilizados na zona rural), água mineral (comprada, oriunda de fontes fora da cidade) e sem tratamento (principalmente, as menos instruídas). Além disso, verificamos uma relação entre a água não tratada com diversas doenças diagnosticadas no município, tais como: hepatite A, diarréia e verminoses. A pesquisa contribuiu para identificar todos os métodos que a população coremense utiliza para tornar a água potável. E permitirá chamar à atenção do poder público para o problema ambiental que a cidade enfrenta e que até o presente momento nada está sendo feito. A população tem o direito à saúde, a um ecossistema ecologicamente equilibrado. Sendo assim, urge a necessidade de políticas públicas e intervenções do Ministério Público para que solucione esse problema coletivo. Assim, conclui-se que a população convive com um grave problema ambiental, onde se faz importante e urgente a instalação de uma Estação de Tratamento de Água, pois não sabemos da proporção ou que malefício a água do açude de Coremas está trazendo para a população.
ALVES, Líria. Dissolução Fracionada, Filtração e a Decantação. Equipe Brasil Escola. Disponível em: http://www.brasilescola.com/quimica/dissolucao-filtracao-decantacao.htm. Acesso em: 04 set. 11.
ANDRADE, Davi Alysson da C. A (in)sustentabilidade do turismo no sertão da Paraíba: o município de Coremas, “a terra das águas”, em análise. 2007. 152p.: il.. Tese (Desenvolvimento e Meio Ambiente) – Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa – PB.
BERTHOLINI, Thargus M.; BELLO, Adriana X. da S. Desinfecção de Água para Consumo Humano Através do Método Sódis: Estudo de Caso em Localidade Rural do Município de Cuiabá - Mt. II Congresso Brasileiro de Gestão Ambiental. IBEAS – Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais. 2011.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria MS n.º 518/2004. Brasília, DF: Editora do Ministério da Saúde, 2005.
MEYER, Sheila T. O Uso de Cloro na Desinfecção de Águas, a Formação de Trihalometanos e os Riscos Potenciais à Saúde Pública. Cad. Saúde Públ., Rio de Janeiro, 10 (1): 99-110, Jan/Mar, 1994.
NUNES, Eduardo P. Filtração. 2003. Disponível em: http://amigonerd.net/trabalho/7338- filtracao. Acesso em: 03 set. 11.
PÁDUA, Valter Lúcio de. Remoção de microorganismos emergentes e microcontaminantes orgânicos no tratamento de água para consumo humano. Rio de Janeiro: ABES, 2009.
SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. 23 ed. rev. e atual. São Paulo: Cortez, 2007.
SOUSA, Pedro Severino de. O Saneamento Básico Sofrível de Coremas-Pb. 2008. Disponível em: http://pedroseverinoonline.blogspot.com/2008/10/o-saneamento-bsico- sofrivel-de-coremas.html. Acesso em: 27 ago. 11.
APÊNDICE A - Questionário de pesquisa aplicado aos Agentes Comunitários de Saúde do Município de Coremas)