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Metodologia Cientifica. Prof Dr João Candido Fernandes, Teses (TCC) de Engenharia Física

Passo a passo para fazer TCC.Elaborado por doutor na área

Tipologia: Teses (TCC)

2020

Compartilhado em 02/10/2020

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Metodologia Científica
Prof. Dr. João Candido Fernandes
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Metodologia Científica

Prof. Dr. João Candido Fernandes

Universidade Estadual Paulista

Faculdade de Engenharia

UNESP - Câmpus de Bauru

1ª Edição: jan.de 1997. Revisões: fev./1998, fev./2000, ago./2005, ago./2010, abr./2014, ago./2016, ago/2018.

Apostila desenvolvida para a disciplina

“Metodologia do Ensino e da Pesquisa Científica”

dos Programas de Pós-graduação da Unesp

Campus de Bauru.

João Candido Fernandes

Engenheiro Mecânico Especialista em Eng. Segurança do Trabalho

Prof. Mestre e Doutor em Vibrações e Acústica

Prof. Livre-docente em Ruído em Máquinas

Prof. Titular do Departamento de Engenharia Mecânica da

Faculdade de Engenharia de Bauru (Unesp)

Unesp - Câmpus de Bauru - Faculdade de Engenharia

Departamento de Engenharia Mecânica

Av. Luiz E. Coube S/Nº - Bauru - CEP 17.033-360 – Fone: (14) 3103.6119 – SP

Site: wwwp.feb.unesp.br/jcandido - E-mail: jcandido@feb.unesp.br

Figura da capa : Placa de alumínio folheada a ouro de 15 x 23 cm colocada a bordo das naves Pioneer 10 e 11 (lançada em 1974), os primeiros veículos da humanidade a se aventurarem no espaço interestelar. Ela transmite, numa linguagem científica compreensível, algumas informações sobre o local de origem da nave (o 3º planeta de um sistema de 9), a trajetória (foi lançada para o exterior do sistema, usando a gravidade dos dois maiores planetas como motor), a época evolutiva da terra em relação ao big-bang, a forma dos construtores da nave (homem e mulher), as dimensões dos construtores em relação ao tamanho da antena da nave, etc.. É comparável a uma garrafa lançada no oceano cósmico.

Idealizamos um curso para ser ministrado de forma programada, onde cada capítulo desta apostila corresponde a um módulo de aulas. É importante lembrar que o material contido aqui não tem a pretensão de esgotar o assunto, mas dar ao Engenheiro pesquisador, de uma forma prática e objetiva, um guia para reflexão da investigação científica. Lembramos que não existem regras fixas para “bem pesquisar”. Este guia, aliado ao bom senso e criatividade, certamente poderá levar o pesquisador iniciante aos caminhos seguros e precisos da pesquisa científica.

Prof. Dr. João Candido Fernandes (Eng.º) Faculdade de Engenharia Departamento de Engenharia Mecânica UNESP - Câmpus de Bauru

SUMÁRIO

A Ciência

“Nossos ancestrais ansiavam compreender o

mundo, mas não conseguiam encontrar um método.

Imaginaram um universo pequeno, fantástico,

arrumado, nos quais as forças dominantes eram deuses

como Anu, Ea e Shamash. ( ... ) Hoje em dia

descobrimos um modo mais abrangente e distinto para

entender o universo, um método chamado Ciência; ...”

Carl Sagan, Cosmos (1989)

    • Introdução

Podemos definir a ciência como o conjunto organizado dos conhecimentos disponíveis pela humanidade, ou de uma maneira mais particular, o conjunto de conhecimentos relativos a um determinado objeto ou fenômeno. Portanto, existe uma estreita relação entre ciência e conhecimento. A ciência representa um grande patrimônio da humanidade obtido ao longo da evolução numa trabalhosa conquista através do constante aperfeiçoamento do pensamento. Desde o início dos tempos o homem procura interpretar os fenômenos que o rodeiam, busca conhecer o meio em que se insere e tenta explicar os acontecimentos de seu dia a dia. Mas o que é conhecer? É uma relação que se estabelece entre o sujeito que conhece e o objeto ou fenômeno alvo da pesquisa. Os povos da antigüidade faziam “o conhecer” mediante a catalogação de observações feitas, sem uma tentativa de inter-relacionamento dos fatos e sem tentar predizer efeitos invocando as causas que o motivaram. Foram os gregos que deram o próximo passo: foram além da catalogação dos fatos para chegar ao pensamento científico, ou seja, o exercício de atividade intelectual no sentido de procurar conhecer as causas motivadoras dos efeitos anotados. Esta história caracteriza bem a passagem do simples registro de fatos para a determinação do porquê dos dados: No século III a.C., a grande metrópole do Oriente Próximo era a cidade egípcia de Alexandria. A maior riqueza da cidade era a sua biblioteca, que deveria conter meio milhão de volumes de pergaminho e papiro escritos a mão. Vivia nesta cidade um

homem chamado Heratótenes que, durante alguns anos foi diretor da grande biblioteca. Um dia, Heratóstenes, lendo um dos papiros depositados na biblioteca, deparou-se com o seguinte registro: “na fronteira avançada do sul de Siena, próximo à catarata do Nilo, ao meio-dia de 21 de junho, as varetas retas e verticais não produziam sombra.” Era um registro, como milhares que deveriam existir na biblioteca, que qualquer outra pessoa facilmente ignoraria. Que importância poderia ter a sombra de uma vareta nos acontecimentos do dia-a-dia. Mas Heratótenes era um cientista; repetiu a experiência em Alexandria e constatou que ao meio-dia de 21 de abril existia sombra. Perguntou a si mesmo: como uma vareta em Siena não tinha sombra, e em Alexandria, mais ao norte, tinha uma sombra pronunciada? E raciocinou: se admitirmos que as duas varetas não produzam sombra para um mesmo instante, seria perfeitamente compreensível, admitindo-se a Terra como plana. O sol estaria na vertical. Se as duas varetas produzissem sombras iguais, isto também faria sentido em uma terra plana: os raios do sol estariam inclinados no mesmo ângulo. Mas o que fazia com que, num mesmo momento, não houvesse sombra em Siena e sim em Alexandria? A única resposta possível, ele concluiu, era que a superfície da Terra era curva. Calculou também que, pela diferença nos comprimentos das sombras, o ângulo entre Alexandria e Siena deveria ser de sete graus em relação ao centro da Terra. Heratóstenes alugou um homem para medir a distância entre Alexandria e Siena (em passos), resultando em 800 quilômetros, e concluiu que a circunferência da terra era de 40.000 km. Os únicos instrumentos de Heratóstenes eram varetas, olhos, pés e cérebro, além de uma inclinação para experiências. Com eles deduziu a circunferência da Terra com erro de poucos por cento, um feito notável há 2.200 anos. Foi a primeira pessoa a medir com precisão o tamanho do planeta. Sagan, 1989.

    • Os quatro tipos de conhecimento

Segundo Trujillo (1974), o conhecimento humano pode ser classificado em :

POPULAR CIENTIFICO FILOSÓFICO RELIGIOSO (TEOLÓGICO)

valorativo real (factual) valorativo Valorativo reflexivo contingente racional Inspiracional assistemático sistemático sistemático Sistemático verificável verificável não verificável não verificável falível falível infalível infalível inexato aprox. exato exato exato

sistemático: é um conhecimento logicamente ordenado formando teorias (ou sistemas de idéias) e não um corpo disperso e desconexo; ● verificável: em princípio, hipóteses que não podem ser verificadas não são hipóteses científicas; ● falível: está sempre em permanente evolução, não havendo conhecimento científico absoluto ou definitivo; ● aproximadamente exato: pelas razões anteriores. O conhecimento é provisoriamente aceito até que novos fatos e ou técnicas venham a ampliá-lo ou modificá-lo ou substituí-lo (Ex.: na época: átomo = menor partícula indivisível).

    • Conceito de Ciência

Eis algumas definições de Ciência, por vários autores: ◘ acumulação de conhecimentos sistemáticos; ◘ caracteriza-se pelo conhecimento racional, sistemático, verificável e, portanto, falível; ◘ conhecimento sistemático dos fenômenos da natureza e das leis que o regem, obtido através da investigação, pelo raciocínio e pela experimentação; ◘ conjunto de enunciados lógica e dedutivamente justificados por outros enunciados; ◘ forma sistematicamente organizada de pensamento objetivo; ◘ conceito de ANDER-EGG: é um conjunto de conhecimentos racionais, certos ou prováveis, obtidos metodicamente, sistematizados e verificáveis, que se referem a objetos da natureza; ◘ conceito de TRUJILLO: sistematização de conhecimentos, conjunto de proposições logicamente correlacionadas sobre o comportamento de certos fenômenos de interesse. A ciência é todo um conjunto de atitudes e atividades racionais, dirigidas ao sistemático conhecimento, com objetivo limitado, capaz de ser submetido à verificação.

    • Classificação da Ciência

Vários autores já propuseram classificações para a Ciência. Augusto Comte dividiu em matemáticas, físico-químicas, biológicas, morais e metafísicas. Outros autores como Carnap, Bunge, Wundt optaram por classificar a Ciência em dois grupos: formal e factual. z Ciências formais: aquelas cuja verdade se apoia em sua estrutura lógica. Contém apenas enunciados analíticos, apoiados no significado de seus termos. Estudo das idéias. z Ciências factuais: aquelas cuja verdade se apoia em sua estrutura lógica e, também, no significado dos fatos inerentes ao problema. Contém enunciados analíticos e sintéticos, apoiados no significado de seus termos e nos fatos a que se referem. Estudo dos fatos.

LAKATOS E MARCONI (1995) sugerem a classificação do diagrama a seguir: As ciências formais estudam as idéias. Abordam entidades não encontradas na realidade e, portanto, não podem se valer da experimentação ou do contato com a realidade para a convalidação de suas propostas. As ciências factuais estudam os fatos que supostamente ocorrem na realidade e podem, por isso, recorrer à observação e à experimentação para o teste de suas hipóteses. Nas ciências factuais faz-se uso da estrutura lógica, da manipulação de idéias, que são complementados pela observação natural ou controlada dos fatos que ocorrem objetivamente na realidade.

Considerações:

CIÊNCIAS

FACTUAIS

Antropologia Direito Economia Política Sociologia Psicologia

SOCIAIS

Física Química Biologia

NATURAIS

LÓGICA

MATEMÁTICA

FORMAIS

ITEM FORMAL FACTUAL

Objeto ou tema Enunciados baseados em entidades abstratas

Objetos empíricos fenômenos naturais, coisas e processos

Enunciados Relações entre símbolos Relações entre entes, fenômenos, fatos

Método de comprovar enunciados

Uso da lógica dedutiva para demonstrar seus teoremas Dedução: coerência do enunciado com um sistema previamente aceito. Não usa Indução.

Necessita da observação e/ou da experimentação. Manipulação deliberada dos fenômenos e objetos para verificar os fatos. Usa a Indução Grau de suficiência em relação ao conteúdo e ao método de prova

Suficiente quanto ao conteúdo e aos métodos de prova.

Seu conteúdo depende de fatos. Utiliza experimentação (ou observação) para assegurar a validade de suas hipóteses

Grau de coerência para alcançar a verdade

Coerência do enunciado com um sistema prévio de idéias. A verdade não é absoluta, mas sim relativa ao sistema previamente admiti do. Ex.: geometria euclidiana e não euclidianas

A coerência com um sistema previamente aceito é necessária mas não suficiente. A estrutura lógica não é sufi ciente para garantir a verdade. A experiência garante a verdade sem excluir a possibilidade de que esta possa ser melhorada com a evolução do conhecimento

Resultado alcançado

Demonstração ou prova, completa e definitiva

Verificação de hipóteses comprovando ou refutando-as. As hipóteses, comprovadas são provisórias. A verificação é incompleta e, portanto, não definitiva.

    • Referências Bibliográficas

ANDER-EGG, E. Introducción a las técnicas de investigación social : para trabajadores sociales. 7ª edição. Buenos Aires: Humanitas, 1978.

ASTI-VERA, A. Metodologia da Pesquisa Científica. Porto Alegre: Editora Globo, 1978.

CASTRO, M. C. A prática da pesquisa. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1977

CERVO, A. L. e BERVIAN, P. A. Metodologia Científica. 3ª Edição. São Paulo: McGraw- Hill do Brasil, 1993.

FAZENDA, I. (org.) Como fazer uma monografia. 2ª Edição. São Paulo: Editora Cortez, 1991.

HAWKING, S. W. Uma breve história do tempo. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 1988.

HEGENBERG, L. Etapas da Investigação Científica. São Paulo: EDUSP, 1976.

JOHNSON H. H. e SOLSO, R. L. Uma introdução ao planejamento experimental em psicologia : Estudos de casos. São Paulo: EPU, 1975.

LAKATOS, E. M. e MARCONI, M. A. Metodologia Científica. 2ª Edição. São Paulo: Atlas,

POURCHET-CAMPOS, M. A. Metodologia da Investigação Científica. São Paulo: mimeografado, 1980.

RUIZ, J. A. Metodologia Científica. 2ª Edição. São Paulo: Editora Atlas, 1986.

SAGAN, C. Cosmos. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves Editora, 1989.

SAGAN, C. Os dragões do éden. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves Editora, 1987.

SEVERINO, A. J. Metodologia do Trabalho Científico. 20ª Edição. São Paulo: Editora Cortez,

TRUJILLO, F.A. Metodologia da Ciência. 2ª Edição. Rio de Janeiro: Editora Kennedy, 1974.

WEATHERALL, M. Método Científico. São Paulo: EDUSP-Polígono, 1970.

O Método Científico

“Uma publicação científica pode ser comparada a um

pequeno tijolo que depositamos na imensa parede da

Ciência. É a nossa pequena contribuição ao

conhecimento da humanidade. Mas para que este tijolo

se encaixe nos demais, seja assimilado por todos e passe

a fazer parte da parede, ele precisa ter uma forma

apropriada. A Metodologia Científica se encarrega de

dar à pesquisa todos os requisitos necessários para que

ela seja reconhecida como científica.”

Prof. Dr. Paulo C. Razuk Depto Engenharia Mecânica

    • Introdução

Muitos autores identificam a Ciência com o método, pois todas as ciências se utilizam da metodologia científica. Portanto não há ciência sem o emprego de métodos científicos. Pode-se definir Método Científico como o modo sistemático de explicar um grande número de ocorrências semelhantes.

    • Desenvolvimento Histórico do Método

Paralelamente ao desenvolvimento do conhecimento, esta sistematização das atividades, entendida como método, também passou a evoluir e se transformar. Galileu (1564-1642) foi um precursor teórico do método experimental, quando contradizendo os ensinamentos de Aristóteles, preconizou que o conhecimento íntimo das coisas deveria ser substituído pelo conhecimento de leis gerais que condicionam as ocorrências. O método proposto por Galileu Galilei pode ser rotulado de indução experimental pois é a partir da observação de casos particulares que se propõe a chegar a uma lei geral. As etapas propostas foram: observar os fenômenos, analisar seus elementos constitutivos visando estabelecer relações quantitativas entre os mesmos, induzir hipóteses com base na análise

Î formulação de leis gerais para o fenômeno estudado fundamentadas nas evidências experimentais obtidas com posterior generalização destas leis para os fenômenos similares ao que foi estudado. Nesta seqüência experimental é possível aumentar a intensidade daquilo que se presume ser a causa do fenômeno para verificar se a resposta se dá de maneira correspondente. É possível variar a experiência aplicando a mesma causa a diferentes objetos ou aplicando um fator contrário à suposta causa com a finalidade de verificar se o efeito contrário acontece.

Experimentação

Formulação de Hipóteses

Repetição

Testagem das Hipóteses

Formulação de Generalizações e Leis

Portanto, na base do método proposto por Bacon referido como "método das coincidências constantes", está a constatação de que um fenômeno depende, para sua ocorrência, de uma causa necessária e suficiente, em cuja ausência o fenômeno não ocorrerá.

Descartes (1596-1650) propõe um processo que se afasta em essência dos anteriores. Em vez de usar inferência indutiva, utiliza a inferência dedutiva (do geral para o particular). A certeza somente poderá ser alcançada pela razão. As quatro regras clássicas de seu método são: Ö não aceitar jamais como verdadeiro uma coisa que não se reconheça evidentemente como verdadeira, abolindo a precipitação, o preconceito e os juízos subjetivos (EVIDÊNCIA); Ö dividir as dificuldades em tantas partes quantas for possível e necessário para resolvê-las (ANÁLISE); Ö conduzir ordenadamente o pensamento, começando pelos objetos mais simples e mais fáceis de conhecer até culminar com os objetos mais complexos, em uma seqüência natural de complexidade crescente (SÍNTESE); Ö realizar sempre discriminações e enumerações as mais completas e revisões as mais gerais, de forma a se ter certeza de nada haver sido omitido (ENUMERAÇÃO).

No caso das ciências factuais a análise e a síntese podem ser realizadas sobre os fatos e sobre os seres ou coisas materiais ou espirituais. A análise pode ser entendida como o procedimento que permite decompor o todo em suas partes constituintes, indo do mais para o menos complicado. Já com a síntese é feita a reconstituição do todo, após a análise preliminar

(do simples para o complexo). Em ambos deve haver um procedimento gradual sem a omissão de etapas intermediárias. Nas ciências naturais a análise sempre precede a síntese.

    • Conceito Atual de Método

Eis como vários autores definiram o Método Científico:

“Método é o caminho pelo qual se chega a determinado resultado, ainda que esse caminho não tenha sido fixado de antemão de modo refletido e deliberado.” (HEGENBERG, 1976). “Método é uma forma de selecionar técnicas, uma forma de avaliar alternativas para ação científica. Métodos são regras de escolha; técnicas são as próprias escolhas.” (ACKOFF, 1976).

“Método é a forma de proceder ao longo de um caminho. Na ciência os métodos constituem os instrumentos básicos que ordenam o pensamento em sistemas, traçam de modo ordenado a maneira de proceder do cientista ao longo de um percurso para alcançar um objetivo.” (TRUJILLO, 1974).

“Método é a ordem que se deve impor aos diferentes processos necessários para atingir um determinado fim. É o caminho a seguir para chegar à verdade nas ciências.” (JOLIVET, 1979).

“Método, em sentido geral, é a ordem que se deve impor aos diferentes processos necessários para atingir um dado fim ou um resultado desejado. Nas ciências, entende-se por método o conjunto de processos que o espírito humano deve empregar na investigação e demonstração da verdade.” (CERVO e BERVIAN, 1978).

“Método é o conjunto coerente de procedimentos racionais ou prático - racionais que orienta o pensamento para o alcance de conhecimentos válidos.” (NÉRICI, 1978).

“Método é um procedimento regular, explícito e passível de ser repetido para conseguir algo material ou conceitual. Método científico é um conjunto de procedimentos por meio dos quais são propostos os problemas científicos e, a seguir, são colocadas à prova as hipóteses científicas.” (BUNGE, 1974).

Na verdade, não existe divergência entre os diversos conceitos apresentados. Do ponto de vista científico o método engloba a execução de operações ordenadas, de natureza mental e material, cuja finalidade é a obtenção da verdade ou do conhecimento de um fenômeno ou de um objeto. Para se chegar a este fim é necessário propor e testar hipóteses. O conjunto dessas atividades ordenadas constitui o método científico que, com maior segurança e economia permite alcançar o conhecimento científico. O método científico é o arcabouço teórico da investigação que, para ter forma científica deve enfocar um determinado problema explicitando-o de forma precisa e objetiva (tema da pesquisa), utilizar todos os conhecimentos válidos sobre o assunto (revisão da literatura) e todo o instrumental disponível para a resolução do problema (material e técnicas), propor hipóteses que sejam testáveis e que sejam relevantes, conduzir um experimento que permita refutar ou não a hipótese proposta mediante a coleta minuciosa de dados e análise adequada, interrelacionar e

Na indução se todas as premissas são verdadeiras, a conclusão é provável mas não necessariamente verdadeira. A conclusão engloba informação não contida nas premissas. Na dedução se todas as premissas são verdadeiras a conclusão será verdadeira. Toda a informação da conclusão já estava implícita ou, mesmo, explicitamente contida nas premissas. A indução se processa em 3 etapas fundamentais: observação de fatos ou fenômenos para, por meio da análise, descobrir as causas de sua manifestação; descoberta da relação entre eles por meio de comparações; generalização da relação: a relação encontrada na etapa precedente é generalizada para situações supostamente similares, não observadas. Para tentar evitar a falácia do raciocínio indutivo alguns cuidados podem ser considerados. É necessário certificar-se de que é verdadeiramente essencial a relação que se pretende generalizar (distinção entre essencial e acidental). Os fenômenos, sobre os quais se pretende generalizar uma relação, devem ser idênticos. Deve-se dar destaque ao aspecto quantitativo dos fenômenos (sempre que possível) o que proporcionará um tratamento objetivo com o uso da matemática e da estatística. O indutivismo é baseado em leis determinísticas: "nas mesmas circunstâncias, as mesmas causas produzem os mesmos efeitos" e "o que é verdade para muitas partes numeradas de um todo é verdade para o todo". O determinismo exposto nestas duas leis funciona, por exemplo, na física e na química. Resta perguntar se, também, funciona sempre nas ciências biológicas. Os argumentos dedutivos somente serão incorretos no caso de partir de premissa falsa. Não há gradações intermediárias: o raciocínio dedutivo é correto ou incorreto. Por outro lado, os argumentos indutivos admitem graus de coerência, dependentes do grau de capacidade das premissas sustentarem a conclusão. Assim, os argumentos indutivos aumentam o conteúdo das premissas, com sacrifício da precisão, enquanto os argumentos dedutivos sacrificam a ampliação do conteúdo para que seja alcançada a certeza. Quando um pesquisador experimenta um tratamento em um conjunto de indivíduos e conclui que este tratamento é benéfico, estará procedendo de maneira indutiva. Ou seja, a relação entre a evidência observacional e a generalização científica é do tipo indutivo.

  1. O Método Hipotético-Dedutivo

A proposta de Método Hipotético-Dedutivo coube a Popper, que o define um método que procura uma solução, através de tentativas (conjecturas, hipóteses, teorias) e eliminação de erros. Esse método pode ser chamado de “ método de tentativas e eliminação de erros ”.

Conjecturas ou conhecimento prévio

Problema Hipóteses Falseamento

Este esquema denominado Hipotético-Dedutivo é admitido, pela maioria, como logicamente válido e tem o grande mérito de simplificar muitos aspectos do método científico. Portanto, a base da metodologia científica se assenta em reunir observações e hipóteses ou fatos e idéias. O processo é cíclico e evolui por meio do aperfeiçoamento das técnicas usadas para realizar observações e do reexame das hipóteses. O aperfeiçoamento das observações pode ser conseguido com experimentos previamente planejados que utilizem os meios técnicos mais

modernos e eficientes. As hipóteses se aperfeiçoam quando se tornam mais simples, quantitativas e gerais. No entanto, é preciso deixar claro que estes aperfeiçoamentos não levam a verdade absoluta, mas a conhecimentos progressivamente melhor fundamentados das ciências factuais, mais especialmente, das ciências biológicas.

Vamos analisar a seguinte descoberta (Curi, 1991): No início do Séc. XX, W. M. Bayliss e E. H. Starling, descobriram que o pâncreas libera enzimas digestivas no momento em que o alimento passa do estômago para o intestino delgado. Mas, qual seria o mecanismo que estimularia esta liberação? Foram formuladas duas hipóteses para a explicação: I) o estímulo é transmitido das paredes do duodeno ao pâncreas por um agente químico do sangue; II) os alimentos que entram no duodeno estimulam nervos que transmitem o impulso ao SNC que envia estímulos ao pâncreas para a liberação do suco digestivo. Sendo verdadeira a primeira hipótese bastaria a presença do agente químico para provocar secreção. Bayliss e Starling, abriram o abdome de um animal anestesiado, removeram todos os nervos duodenais e cortaram as ligações nervosas com o pâncreas. Injetaram, a seguir, ácido hidroclorídrico no duodeno e verificaram que o pâncreas liberava suco digestivo como na condição normal. Concluíram, assim, pela validade de (I) e, conseqüentemente, pela negação de (II).

Popper propõe 3 etapas para o método hipotético-dedutivo:

1 - Problema - formulação de uma ou mais hipóteses a partir das teorias existentes; 2 - Solução - dedução de conseqüências na forma de proposições; 3 - Testes de falseamento - tentativas de refutação ou aceitação das hipóteses.

Portanto, o método hipotético dedutivo consiste na construção de conjecturas (hipóteses) que devem ser submetidas a testes, os mais diversos possíveis, à crítica intersubjetiva, ao controle mútuo pela discussão crítica, à publicidade (sujeitando o assunto a novas críticas) e ao confronto com os fatos, para verificar quais são as hipóteses que persistem como válidas resistindo as tentativas de falseamento, sem o que seriam refutadas. É um método de tentativas e eliminação de erros, que não leva à certeza, pois o conhecimento absolutamente certo e demonstrável não é alcançado. É plenamente aceito pelos pesquisadores que não se pode postular o conhecimento como pronto e acabado, pois isto contraria a característica básica da ciência que é a de contínuo aperfeiçoamento por meio de alterações na teoria e na área de métodos e técnicas de investigação. O método hipotético-dedutivo propõe inferir conseqüências preditivas das hipóteses, com o teste, a seguir, dessas inferências preditivas, com base em experimentos. É dada ênfase para a tentativa de falseamento das hipóteses, para a descoberta de erros, com vistas a progressiva tentativa de aproximação da verdade.

    • Leituras Recomendadas