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Mapa 2013 Jovens E VIOLENCIA, Notas de estudo de Serviço Social

Mapa 2013 Jovens E VIOLENCIA

Tipologia: Notas de estudo

2013

Compartilhado em 17/10/2013

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josimar-rocha-fernandes-9 🇧🇷

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Julio Jacobo Waiselfisz
HOMICÍDIOS E JUVENTUDE NO BRASIL
MAPA DA VIOLÊNCIA 2013
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Julio Jacobo Waiselfisz

HOMICÍDIOS E JUVENTUDE NO BRASIL MAPA DA VIOLÊNCIA 2013

Julio Jacobo Waiselfisz

MAPA DA VIOLÊNCIA 2013

Homicídios e Juventude no Brasil

Rio de Janeiro

Índice

  • INTRODUÇÃO
    1. NOTAS TÉCNICAS E FONTES
    1. MARCOS DA MORTALIDADE JUVENIL
  • 2.1. Evolução da mortalidade violenta: 1980/2011.
  • 2.2. Significação dos quantitativos.
    1. HOMICÍDIOS NAS UF..................................................................................................
  • 3.1. UF: Homicídios na População Total..................................................................................................
  • 3.2. UF: Homicídios na População Jovem................................................................................................
    1. HOMICÍDIOS NAS CAPITAIS
  • 4.1. Capitais: Homicídios na População Total.
  • 4.2. Capitais: Homicídios Juvenis.
    1. HOMICÍDIOS NOS MUNICÍPIOS.
    1. HOMICÍDIOS: COMPARAÇÕES INTERNACIONAIS
    1. OS NOVOS PADRÕES DA VIOLÊNCIA HOMICIDA.........................................................
  • 7.1. Disseminação da violência...............................................................................................................
  • 7.2. Interiorização da violência...............................................................................................................
  • 7.3. Deslocamento dos polos dinâmicos.
    1. QUESTÕES DE GÊNERO E DE RAÇA/COR
  • 8.1. Gênero.
  • 8.2. Raça/Cor.
    1. FATORES EXPLICATIVOS.
  • 9.1 Dos novos padrões da violência........................................................................................................
  • 9.2 Entraves institucionais.

INTRODUÇÃO

Estamos voltando ao tema da juventude. Esse retorno não é novo. Já o fizemos

em muitas ocasiões, a partir de diversas perspectivas e de múltiplos recortes. Foi assim

com a série de quatro estudos agrupados genericamente sob o título Juventude,

Violência e Cidadania, realizada em fins da década de 1990 pela UNESCO, focando a

situação específica dos jovens a partir de pesquisas de campo em quatro grandes

capitais: Brasília, Curitiba, Rio de Janeiro e Fortaleza. Também foi quando decidimos

construir um Índice de Desenvolvimento Juvenil, seguindo os caminhos do Índice de

Desenvolvimento Humano, para expressar as condições e as dificuldades de nossa

juventude de aceder a benefícios sociais considerados básicos, como educação,

saúde, trabalho e renda. Nesse campo, foram divulgados dois relatórios, um em 2004 e

outro em 2006. Nesta longa série, também devemos contar dois trabalhos elaborados

com foco no Estatuto e Campanha do Desarmamento – 2003/2004: o primeiro Mortes

Matadas por Armas de Fogo e um posterior Vidas Poupadas.

Por último, a já longa série de Mapas da Violência. Desde 1998, ano que veio à

luz o primeiro, com dados que cobriam 1979/1996 até o atual, foram ao todo 21 mapas,

incluindo aqui quatro cadernos complementares. Todos eles tiveram, seja como ator

principal, seja como coadjuvante privilegiado, a nossa juventude.

No primeiro dessa série de Mapas destacavamos: “ A realidade dos dados

expostos coloca em evidência mais um de nossos esquecimentos. Jovens só

aparecem na consciência e na cena pública quando a crônica jornalística os tira do

esquecimento para nos mostrar um delinquente, ou infrator, ou criminoso; seu

envolvimento com o trafico de drogas e armas, as brigas das torcidas organizadas ou

nos bailes da periferia. Do esquecimento e da omissão passa-se, de forma fácil, à

condenação, e dai medeia só um pequeno passo para a repressão e punição”^1

Hoje, há 15 anos do primeiro e muitos mapas depois surge, quase por

necessidade, uma pergunta aparentemente simples: será que avançamos? Melhorou o

panorama da violência letal que nos levou a elaborar esse primeiro mapa, e que já

olhávamos naquela época com uma mistura de alarme, indignação e preocupação?

Vejamos:

1 WAISELFIS, J.J. Mapa da Violência. Os Jovens do Brasil. Brtasília. UNESCO/Instituto Ayrton
Senna: 1998.

1. NOTAS TÉCNICAS E FONTES

Em 1979, o Ministério da Saúde – MS – iniciou a divulgação dos dados do

Subsistema de Informação sobre Mortalidade – SIM - cujas bases foram utilizadas

como fonte principal para a elaboração do presente estudo.

Pela legislação vigente no Brasil (Lei nº 15, de 31/12/73, com as alterações

introduzidas pela Lei nº 6.216, de 30/06/75), nenhum sepultamento pode ser feito sem

a certidão de óbito correspondente. Essa certidão deve ser expedida por Cartório de

Registro Civil à vista de declaração ou atestado médico ou, na falta de médico na

localidade, por duas pessoas qualificadas que tenham presenciado ou constatado a

morte. Essas declarações são coletadas posteriormente pelas Secretarias Estaduais de

Saúde, que as compatibiliza e depura, para enviar posteriormente ao Ministério da

Saúde.

A declaração, normalmente, fornece dados relativos à idade, sexo, estado civil,

profissão, naturalidade e local de residência da vítima. A legislação determina

igualmente, que o registro do óbito seja sempre feito “no lugar do falecimento”, isto é,

no local da ocorrência do fato Visando o interesse de isolar áreas ou locais de

"produção" de violência, utilizou-se no presente trabalho este último dado, o do local de

ocorrência, para a localização espacial dos óbitos. Isso, porém, não deixa de trazer

problemas que, no formato atual da certidão de registro, são inevitáveis. São situações

em que o “incidente” causante do óbito aconteceu em local diferente do lugar de

falecimento. Ou seja, feridos em “incidentes” que são levados para hospitais de outros

municípios, ou até de outros estados, aparecem contabilizados no “local do

falecimento”.

Outra informação relevante para o nosso estudo, exigida pela legislação, é a

causa da morte. Todos os países do mundo, incluindo o Brasil, utilizam o sistema

classificatório de morbidade e mortalidade desenvolvido pela Organização Mundial da

Saúde – OMS. Até 1995, tais causas eram classificadas pelo SIM seguindo os

capítulos da nona revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID-9). A partir

daquela data o Ministério da Saúde adotou a décima revisão (CID-10).

Os aspectos de interesse para o presente estudo estão contidos no que o CID-

10, em seu Capítulo XX, classifica como "causas externas de morbidade e

mortalidade". Diferentemente das chamadas causas naturais, indicativas de

deterioração do organismo ou da saúde devido a doenças e/ou ao envelhecimento, as

causas externas remetem a fatores independentes do organismo humano, fatores que

provocam lesões ou agravos à saúde que levam à morte do indivíduo.

Quando um óbito ocorre devido a causas externas ou violentas, também é

necessário um laudo cadavérico geralmente expedido pelo Instituto Médico Legal –

IML.

Assim, para a codificação dos óbitos, foi utilizada a causa básica, entendida

como o tipo de fato, violência ou acidente causante da lesão que levou à morte. Dentre

as causas de óbito estabelecidas pelo CID-10, agrupamos vários capítulos sob a

denominação Causas Violentas , de interesse central para o presente estudo:

 Acidentes de Transporte , como indicativo da violência cotidiana nas vias

públicas e corresponde às categorias V01 a V99 do CID10. Incorpora, além dos

comumente denominados “acidentes de trânsito”, outros acidentes derivados

das atividades de transporte, como aéreo, por água etc.

 Homicídios , como indicador por excelência de formas conflitivas de

relacionamento interpessoal que acaba com a morte de algum dos

antagonistas. Corresponde ao somatório das categorias X85 a Y09, recebendo

o título genérico de Agressões. Tem como característica uma agressão

intencional de terceiros, que utilizam qualquer meio para provocar danos, lesões

que levam à morte da vítima.

 Suicídios , indicador de violência dirigia contra si próprio e corresponde às

categorias X60 a X84, todas sob o título Lesões Autoprovocadas

Intencionalmente.

Não se pode negar que as informações do sistema de registro de óbitos ainda

estão sujeitas a uma série de limitações e críticas, expostas pelo próprio SIM 2 , e

2 SIM/DATASUS/MS. O Sistema de Informações sobre Mortalidade. S/l, 1995.

Para as comparações internacionais, foram utilizadas as bases de dados de

mortalidade da Organização Mundial da Saúde^7 – OMS – em cuja metodologia se

baseou o nosso SIM/MS. Tal fato permite que ambas as séries de dados sejam

totalmente compatíveis, possibilitando comparações internacionais em larga escala. A

partir dessas bases, foi possível completar os dados de mortalidade de 95 países que

utilizam o CID-10. Mas, como os países demoram a atualizar os dados na OMS, não

foi possível emparelhar todos os países para o mesmo ano. Assim, utilizaram-se os

últimos dados disponibilizados pela OMS que, segundo o país, variam de 2007 a 2011.

Para o cálculo das taxas de mortalidade do país, foram utilizadas as estimativas

intercensitárias disponibilizadas pelo DATASUS, baseadas em projeções do IBGE, com

as seguintes especificações:

 1980, 1991, 2000 e 2010: IBGE – Censos Demográficos.

 1996: IBGE – Contagem Populacional.

 1981-1990, 1992-1999, 2001-2006: IBGE – Estimativas preliminares para os

anos intercensitários dos totais populacionais, estratificadas por idade e sexo

pelo MS/SE/Datasus.

 2007-2009: IBGE – Estimativas elaboradas no âmbito do Projeto UNFPA/IBGE

(BRA/4/P31A) – População e Desenvolvimento. Coordenação de População e

Indicadores Sociais.

 2011: IBGE - Estimativas populacionais enviadas para o TCU, estratificadas por

idade e sexo pelo MS/SGEP/Datasus.

Contudo, essas estimativas intercensitárias oficiais não estão desprovidas de

certa margem de erro, que podem afetar as taxas calculadas, embora não seja muito

significativo.

Para o cálculo das taxas de mortalidade dos diversos países do mundo, foram

utilizadas as bases de dados populacionais fornecidas pelo próprio WHOSIS. Contudo,

perante a existência de grandes lacunas, para os dados faltantes foi utilizada a Base

Internacional de Dados do US Census Bureu^8.

7 WHOSIS, World Mortality Databases

(^8) http://www.census.gov/ipc/www/idb/summaries.html.

Uma última ressalva deve ser feita. Refere-se à peculiar situação do Distrito

Federal, cuja organização administrativa específica determina que os parâmetros da

UF coincidam com os de Brasília como capital. Em muitos casos, quando tratada como

UF, apresenta valores relativamente altos, devido a sua peculiar forma de organização.

Estudos históricos realizados em São Paulo e Rio de Janeiro (Vermelho e Mello

Jorge^9 ) mostram que as epidemias e doenças infecciosas, que eram as principais

causas de morte entre os jovens cinco ou seis décadas atrás, foram sendo

progressivamente substituídas pelas denominadas causas externas , principalmente,

acidentes de trânsito e homicídios. Os dados do SIM permitem verificar essa

significativa mudança.

Em 1980 as causas externas já eram responsáveis por pouco mais da metade -

52,9% - do total de mortes dos jovens do país. Já em 2011, dos 46.920 óbitos juvenis

registrados pelo SIM, 34.336 tiveram sua origem nas causas externas , fazendo esse

percentual elevar-se de forma drástica: em 2011 quase 3/4 de nossos jovens - 73,2% -

morreram por causas externas.

Como veremos ao longo deste relatório, o maior responsável por essa

mortalidade são os homicídios a ceifar a vida de nossa juventude, apesar das quedas

observadas entre os anos 2004 e 2007 resultantes do impacto das estratégias de

desarmamento dá época e de políticas pontuais de enfrentamento da violência em

algumas Unidades da Federação, notadamente São Paulo e, em segundo lugar, Rio de

Janeiro.

2.1. Evolução da mortalidade violenta: 1980/2011.

A evolução histórica da mortalidade violenta no Brasil impressiona pelos

quantitativos implicados. Vemos, na tabela 2.1.1 que, segundo os registros do Sistema

de Informações de Mortalidade, entre os anos 1980 e 2011, morreram no país:

 1.145.908 vítimas de homicídio.

 995.284 vítimas de acidentes de transporte.

 205.890 pessoas suicidaram-se.

 As três causas somadas totalizam 2.347.082 vítimas.

Alguns aspectos nessa evolução devem ser ainda destacados por sua

relevância para nosso estudo:

9 VERMELHO, L.L. e MELLO JORGE, M.H.P. Mortalidade de jovens: análise do período de 1930
a 1991 (a transição epidemiológica para a violência). Revista de Saúde Pública. 30 (4). 1996. Apud:
MELLO JORGE, M.H.P. Como Morrem Nossos Jovens. In: CNPD. Jovens Acontecendo na Trilha das
Políticas Públicas. Brasília, 1998.

1. Se as taxas de mortalidade para o conjunto da população caem 3,5% nesse

período, as mortes por causas externas aumentam 28,5%.

2. Quem puxa esses aumentos das causas externas são, fundamentalmente, os

homicídios, que crescem 132,1%, em segundo lugar, os suicídios, que crescem

56,4% e também os óbitos em acidentes de transporte, que aumentam 28,5%.

Tabela 2.1.1. Estrutura da Mortalidade: Número e Taxas de Óbito (por 100mil) segundo Causa. População Total. Brasil. 1980/2011. Ano Número Taxas (por mil habitantes) Total Óbitos Exter- nas Trans- porte (1) Suicí- dios (2) Homi- cídios (3) Violen- tas (1+2+3) Total Óbitos Exter- nas Trans- porte Suicí- dios Homi- cídios Violen- tas (1+2+3) 1980 750.727 70.212 20.365 3.896 13.910 38.171 630,8 59,0 17,1 3,3 11,7 32, 1981 750.276 71.833 19.816 4.061 15.213 39.090 619,3 59,3 16,4 3,4 12,6 32, 1982 741.614 73.460 21.262 3.917 15.550 40.729 599,2 59,3 17,2 3,2 12,6 32, 1983 771.203 78.008 20.636 4.586 17.408 42.630 610,1 61,7 16,3 3,6 13,8 33, 1984 809.825 82.386 22.564 4.433 19.767 46.764 627,6 63,9 17,5 3,4 15,3 36, 1985 788.231 85.845 24.937 4.255 19.747 48.939 598,8 65,2 18,9 3,2 15,0 37, 1986 811.556 95.968 30.172 4.312 20.481 54.965 604,6 71,5 22,5 3,2 15,3 40, 1987 799.621 94.421 28.135 4.701 23.087 55.923 584,6 69,0 20,6 3,4 16,9 40, 1988 834.338 96.174 28.559 4.492 23.357 56.408 599,0 69,1 20,5 3,2 16,8 40, 1989 815.774 102.252 29.423 4.491 28.757 62.671 575,6 72,2 20,8 3,2 20,3 44, 1990 817.284 100.656 29.089 4.845 31.989 65.923 567,2 69,9 20,2 3,4 22,2 45, 1991 803.836 102.023 28.455 5.186 30.750 64.391 547,5 69,5 19,4 3,5 20,9 43, 1992 827.652 99.130 27.212 5.268 28.435 60.915 556,7 66,7 18,3 3,5 19,1 41, 1993 878.106 103.751 27.852 5.555 30.610 64.017 579,4 68,5 18,4 3,7 20,2 42, 1994 887.594 107.292 29.529 5.932 32.603 68.064 577,4 69,8 19,2 3,9 21,2 44, 1995 893.877 114.888 33.155 6.594 37.129 76.878 573,7 73,7 21,3 4,2 23,8 49, 1996 908.883 119.156 35.545 6.743 38.894 81.182 578,6 75,9 22,6 4,3 24,8 51, 1997 903.516 119.550 35.756 6.923 40.507 83.186 566,0 74,9 22,4 4,3 25,4 52, 1998 931.895 117.690 31.026 6.989 41.950 79.965 576,0 72,7 19,2 4,3 25,9 49, 1999 938.658 116.894 30.118 6.530 42.914 79.562 572,5 71,3 18,4 4,0 26,2 48, 2000 946.686 118.397 29.645 6.780 45.360 81.785 557,5 69,7 17,5 4,0 26,7 48, 2001 961.492 120.954 31.031 7.738 47.943 86.712 557,8 70,2 18,0 4,5 27,8 50, 2002 982.807 126.550 33.288 7.726 49.695 90.709 562,8 72,5 19,1 4,4 28,5 51, 2003 1.002.340 126.657 33.620 7.861 51.043 92.524 566,7 71,6 19,0 4,4 28,9 52, 2004 1.024.073 127.470 35.674 8.017 48.374 92.065 571,8 71,2 19,9 4,5 27,0 51, 2005 1.006.827 127.633 36.611 8.550 47.578 92.739 546,6 69,3 19,9 4,6 25,8 50, 2006 1.031.691 128.388 37.249 8.639 49.145 95.033 552,4 68,7 19,9 4,6 26,3 50, 2007 1.047.824 131.032 38.419 8.868 47.707 94.994 553,4 69,2 20,3 4,7 25,2 50, 2008 1.077.007 135.936 39.211 9.328 50.113 98.652 568,0 71,7 20,7 4,9 26,4 52, 2009 1.103.088 138.697 38.469 9.374 51.434 99.277 580,0 72,9 20,2 4,9 27,0 52, 2010 1.136.947 143.256 43.908 9.448 52.260 105.616 596,0 75,1 23,0 5,0 27,4 55, 2011 1.170.498 145.842 44.553 9.852 52.198 106.603 608,4 75,8 23,2 5,1 27,1 55, Total 29.155.746 3.522.401 995.284 205.890 1.145.908 2.347. Crescimento % 1980/90 8,9 43,4 42,8 24,4 130,0 72,7 - 10,1 18,4 18,0 2,7 89,9 42, 1990/00 15,8 17,6 1,9 39,9 41,8 24,1 - 1,7 - 0,2 - 13,5 18,8 20,3 5, 2000/11 23,6 23,2 50,3 45,3 15,1 30,3 9,1 8,7 32,6 28,3 1,6 15, 1980/11 55,9 107,7 118,8 152,9 275,3 179,3 - 3,5 28,5 35,3 56,4 132,1 72, Fonte: SIM/SVS/MS

7. Os homicídios, por sua vez, apresentaram um forte crescimento desde o início

da série, no ano de 1980, quando a taxa foi de 11,7 homicídios por 100mil

habitantes, até o ano 2003, quando a taxa chega a 28,9 com uma gradiente de

4% de crescimento anual. A partir de 2003, resultante das campanhas de

desarmamento e de políticas pontuais em algumas Unidades da Federação de

grande peso demográfico, as taxas de homicídio tendem a cair até 2007, ponto

de reinício da escalada de violência.

Para analisar a estrutura e especificidades evolutivas da mortalidade na faixa

jovem, utilizaremos o seguinte procedimento: dividiremos a população em dois grandes

grupos: os jovens – 15 a 24 anos de idade – e os não jovens: aqueles que ainda não

chegaram a sua juventude - menos de 15 anos de idade, e aqueles que já passaram da

faixa - 25 ou mais anos de idade. Os dados foram sintetizados nas tabelas 2.1.2 a

 Entre os jovens só 26,8% dos óbitos é atribuível a causas naturais, Na

população não jovem esse percentual eleva-se para 90,1%.

 Na população não jovem 9,9% do total de óbitos correspondem às causas

externas. Já entre os jovens, essas causas são responsáveis por 73,2% das

mortes.

 Se na população não jovem só 3,0% dos óbitos foram homicídios, entre os

jovens os homicídios são responsáveis por 39,3% das mortes.

 Essas são as médias nacionais. Em diversos estados, como Alagoas, Bahia,

Paraíba, Rio Grande do Norte, Espírito Santo e Distrito Federal mais da

metade do total de mortes juvenis foram provocados por homicídio.

 Acidentes de Transporte são responsáveis por mais 20,4% dos óbitos

juvenis, e suicídios adicionam ainda 3,7%. Na população não jovem

acidentes de transporte originaram 3,0% e suicídios 0,7%;

 Em conjunto, essas três causas são responsáveis por quase 2/3 (63,4%)

das mortes dos jovens brasileiros. Entre os não jovens : 6,8%

Tabela 2.1.2. Estrutura da Mortalidade: Número de Óbitos segundo Causa. População Jovem e Não Jovem.
Brasil, 1980/2011.

Ano População Não Jovem População Jovem Total Óbitos Causas Exter nas Trans porte (1) Suicí dios (2) Homi cídios (3) Violen tas (1+2+3) Total Óbitos Causas Exter nas Trans porte (1) Suicí dios (2) Homi cídios (3) Violen tas (1+2+3)

1982 709.459^ 55.834^ 16.561 2.868 10.928 30.357 32.155^ 17.626^ 4.701 1.049 4.622 10.
1983 738.035^ 59.301^ 16.151 3.436 12.217 31.804 33.168^ 18.707^ 4.485 1.150 5.191 10.
1984 774.744^ 62.175^ 17.622 3.406 13.624 34.652 35.081^ 20.211^ 4.942 1.027 6.143 12.
1986 773.052^ 72.238^ 23.545 3.296 13.619 40.460 38.504^ 23.730^ 6.627 1.016 6.862 14.
1987 762.276^ 71.341^ 22.171 3.696 15.426 41.293 37.345^ 23.080^ 5.964 1.005 7.661 14.
1988 796.995^ 73.039^ 22.671 3.548 15.766 41.985 37.343^ 23.135^ 5.888 944 7.591 14.
1990 778.085^ 75.392^ 23.159 3.810 21.035 48.004 39.199^ 25.264^ 5.930 1.035 10.954 17.
1991 765.067^ 77.043^ 22.428 4.111 20.658 47.197 38.769^ 24.980^ 6.027 1.075 10.092 17.
1992 790.143^ 75.554^ 21.632 4.163 19.240 45.035 37.509^ 23.576^ 5.580 1.105 9.195 15.
1994 846.028^ 80.493^ 23.085 4.571 21.273 48.929 41.566^ 26.799^ 6.444 1.361 11.330 19.
1995 850.944^ 86.479^ 26.146 5.160 24.526 55.832 42.933^ 28.409^ 7.009 1.434 12.603 21.
1998 887.143^ 87.293^ 24.301 5.534 26.666 56.501 44.752^ 30.397^ 6.725 1.455 15.284 23.
1999 893.946^ 86.240^ 23.447 5.146 27.149 55.742 44.712^ 30.654^ 6.671 1.384 15.765 23.
2003 954.702^ 92.252^ 26.119 6.190 31.312 63.621 47.638^ 34.405^ 7.501 1.671 19.731 28.
2004 977.261^ 93.700^ 27.664 6.339 29.775 63.778 46.812^ 33.770^ 8.010 1.678 18.599 28.
2006 986.000^ 95.317^ 28.824 6.959 31.072 66.855 45.691^ 33.071^ 8.425 1.680 18.073 28.
2007 1.002.314^ 97.806^ 29.644 7.222 30.232 67.098 45.510^ 33.226^ 8.775 1.646 17.475 27.
2008 1.030.853^ 101.953^ 30.317 7.545 31.792 69.654 46.154^ 33.983^ 8.894 1.783 18.321 28.
2010 1.090.163^ 108.827^ 34.320 7.793 33.516 75.629 46.784^ 34.429^ 9.588 1.655 18.744 29.
2011 1.123.578^ 111.506^ 34.980 8.104 33.762 76.846 46.920^ 34.336^ 9.573 1.748 18.436 29.
Total 27.827.917 2.636.317 778.654 162.755 738.739 1.680.148 1.327.829 886.084 216.630 43.135 407.169 666.
Crescimento %

Fonte: SIM/SVS/MS

Tabela 2.1.4. Estrutura da Mortalidade: Participação (%) das diversas causas por UF e Região
População Jovem e Não Jovem. Brasil. 1980/2011.
UF/REGIÃO
População Jovem População não jovem

Natu rais Exter nas Total Trans porte Suicí dios Homi cídios Violen tas Natu rais Exter nas Total Homi cídios Suicí dios Trans porte Violen tas

Acre 36,8 63,2 100,0 21,4 3,8 25,8 51,1 87,5 12,5 100,0 4,2 1,1 4,0 9,
Amazonas 28,2 71,8 100,0 15,0 6,3 41,7 63,1 85,4 14,6 100,0 5,4 1,0 5,3 11,
Amapá 27,4 72,6 100,0 10,1 6,2 48,4 64,7 86,7 13,3 100,0 3,4 0,9 5,8 10,
Pará 28,3^ 71,7^ 100,0^ 13,1^ 2,0^ 49,2^ 64,3^ 86,6^ 13,4^ 100,0^ 3,8^ 0,6^ 6,3^ 10,
Rondônia 25,4 74,6 100,0 30,0 4,6 30,3 64,9 82,8 17,2 100,0 7,6 0,9 5,1 13,
Roraima 33,6 66,4 100,0 21,0 12,6 21,8 55,5 81,3 18,7 100,0 7,7 1,3 4,7 13,
Tocantins 31,7 68,3 100,0 29,6 5,3 26,1 61,1 84,6 15,4 100,0 7,0 1,1 4,0 12,
NORTE 28,6^ 71,4^ 100,0^ 15,7^ 4,0^ 43,8^ 63,4^ 85,9^ 14,1^ 100,0^ 4,6^ 0,8^ 5,7^ 11,
Alagoas 16,9 83,1 100,0 11,2 1,6 66,2 79,0 85,8 14,2 100,0 4,1 0,5 7,7 12,
Bahia 22,9 77,1 100,0 11,7 1,4 51,9 65,0 88,1 11,9 100,0 3,1 0,5 4,5 8,
Ceará 22,5 77,5 100,0 19,6 5,0 44,5 69,0 88,0 12,0 100,0 3,9 0,9 3,7 8,
Maranhão 35,5 64,5 100,0 23,0 3,4 30,6 57,0 88,5 11,5 100,0 4,4 0,6 4,2 9,
Paraíba 23,1 76,9 100,0 15,1 2,8 53,6 71,5 90,6 9,4 100,0 2,7 0,6 4,3 7,
Pernambuco 24,7 75,3 100,0 16,3 2,5 48,7 67,5 89,5 10,5 100,0 2,9 0,4 3,9 7,
Piauí 36,3 63,7 100,0 33,2 5,7 17,9 56,8 90,0 10,0 100,0 4,8 1,1 1,9 7,
Rio Grande do Norte 22,4 77,6 100,0 12,9 4,0 50,1 67,0 89,6 10,4 100,0 3,0 0,8 3,7 7,
Sergipe 25,3 74,7 100,0 25,1 4,6 40,5 70,2 87,8 12,2 100,0 3,9 0,9 4,5 9,
NORDESTE 24,6 75,4 100,0 16,7 2,9 47,3 66,9 88,6 11,4 100,0 3,5 0,6 4,2 8,
Espírito Santo 15,6 84,4 100,0 18,9 1,0 58,8 78,6 86,2 13,8 100,0 4,6 0,8 4,7 10,
Minas Gerais 26,0 74,0 100,0 24,3 5,1 35,3 64,8 90,6 9,4 100,0 3,2 0,9 2,3 6,
Rio de Janeiro 29,2 70,8 100,0 14,3 1,6 38,8 54,7 91,0 9,0 100,0 1,8 0,3 2,5 4,
São Paulo 36,7 63,3 100,0 24,2 5,0 20,4 49,6 92,6 7,4 100,0 2,3 0,6 1,6 4,
SUDESTE 30,5 69,5 100,0 21,5 3,9 31,6 57,0 91,5 8,5 100,0 2,5 0,6 2,1 5,
Paraná 20,3^ 79,7^ 100,0^ 27,1^ 3,3^ 41,7^ 72,2^ 89,3^ 10,7^ 100,0^ 4,0^ 0,8^ 3,3^ 8,
Rio Grande do Sul 29,5 70,5 100,0 21,7 7,0 32,3 61,0 92,7 7,3 100,0 2,1 1,2 1,8 5,
Santa Catarina 23,7 76,3 100,0 41,9 5,4 20,7 68,0 90,3 9,7 100,0 4,4 1,3 1,6 7,
SUL 24,0 76,0 100,0 28,3 4,9 34,4 67,7 91,0 9,0 100,0 3,2 1,0 2,3 6,
Distrito Federal 24,3^ 75,7^ 100,0^ 16,4^ 2,3^ 52,1^ 70,8^ 87,7^ 12,3^ 100,0^ 4,0^ 0,7^ 4,5^ 9,
Goiás 20,4 79,6 100,0 22,9 3,4 45,8 72,1 86,7 13,3 100,0 4,9 0,9 4,8 10,
Mato Grosso do Sul 26,5 73,5 100,0 28,4 3,3 32,8 64,6 84,7 15,3 100,0 6,0 0,9 4,9 11,
Mato Grosso 20,4 79,6 100,0 31,0 8,8 29,9 69,7 87,1 12,9 100,0 4,9 1,1 3,5 9,
CENTRO OESTE 22,5^ 77,5^ 100,0^ 24,3^ 4,0^ 41,5^ 69,8^ 86,6^ 13,4^ 100,0^ 4,9^ 0,9^ 4,5^ 10,
BRASIL 26,8 73,2 100,0 20,4 3,7 39,3 63,4 90,1 9,9 100,0 3,1 0,7 3,0 6,

Fonte: SIM/SVS/MS

Gráfico 2.1.2. Participação % das causas de mortalidade. População

Jovem e Não Jovem. Brasil. 2011

Fonte: SIM/SVS/MS.

2.2. Significação dos quantitativos.

São números tão altos que resulta difícil, ou quase impossível, elaborar uma

imagem mental, uma representação de sua magnitude e significação. Para isso,

deveremos recorrer a outros indicadores, tentado dar uma ideia, uma aproximação, do

que esses números representam.

Em primeiro lugar, as vítimas diretas nos conflitos armados que assolaram o

mundo nestes últimos anos.

Recentemente foi publicado o Relatório sobre o Peso Mundial da Violência

Armada^10. Tomando como base fontes consideradas altamente confiáveis, o Relatório

elabora um quadro de mortes diretas em um total de 62 conflitos armados no mundo,

acontecidos entre os anos 2004 e 2007. Esses dados encontram-se sintetizados na

tabela 2.2.1.

10 Geneva Declaration. Global Burden of Armed Violênce. Geneva Declaration Secretariat,
Geneva, 2008.

26, 73, 20, 3, 39, 63, 90, 9, 3,1 (^) 0,7 3, 6,

Naturais Externas Transporte Suicídios Homicídios Violentas
Participação (%)

Jovem

Não Jovem