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Polinizadores do maracujazeiro
Tipologia: Notas de estudo
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Não perca as partes importantes!
Copyright 2014 by Cláudia Inês da Silva, Paola Marchi, Kátia Paula Aleixo, Bruno Nunes-Silva, Breno Magalhães Freitas, Carlos Alberto Garófalo, Vera Lucia Imperatriz-Fonseca, Paulo Eugênio Alves Macedo de Oliveira, Isabel Alves-dos-Santos Reprodução autorizada pelos autores Manejo dos polinizadores e polinização das flores do maracujazeiro São Paulo, Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo, 2014. Co-editor: Ministério do Meio Ambiente - Brasil ISBN: 978-85-63007-06- Direitos em língua Portuguesa reservados ao Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA-USP) Endereço: Rua Praça do Relógio, 109 –Bloco K – 5º andar – Cidade Universitária Caixa Postal 72.012 – 05508-970 – São Paulo-SP E-mail: iea@usp.br | Telefones.: (11) 3091-3919 e 3091-
Foto: Cláudia Inês da Silva
cultivo de maracujá 9
O maracujazeiro pertence a uma família de plantas representada por cerca de 400 espécies amplamente distribuídas na região Neotropical. O Brasil é um dos países que apresenta a maior diversidade, com 4 gêneros e aproximadamente 145 espécies. Dentre essas espécies, as do gênero Passiflora L., onde estão incluídos o maracujazeiro-amarelo e o maracujazeiro- doce, é representado por 135 espécies. O maracujá-amarelo ou azedo ocupa um lugar de destaque na fruticultura brasileira, pois oferece um retorno econômico mais rápido em relação a outros cultivos, bem como a oportunidade de uma renda distribuída na maior parte do ano. A produção é destinada principalmente ao consumo de frutas frescas e à extração da polpa para o preparo de sucos, doces e sorvetes no contexto de agricultura familiar. A produção visando a agroindústria de processamento de suco de maracujá industrializado vem ganhando espaço no mercado consumidor brasileiro e no mercado externo. O maracujá-doce possui uma cotação no mercado de frutas frescas mais elevada que o maracujá-amarelo e também é utilizado como planta ornamental. Os estados brasileiros onde mais se produziu o maracujá-amarelo em 2012 foram: Bahia, Santa Catarina, Espírito Santo, São Paulo e Minas Gerais (Fig. 1).
figura 1: Produção de maracujá no Brasil em 2013. Fonte da figura: Prohort Ceasa (http://dw.prohort.conab.gov.br/pentaho/Prohort). Ufs Quant. (kg) % BA 49.282.525 44, SC 20.901.878 18, ES 11.023.265 9, SP 9.548.517 8, MG 7.845.648 7, CE 3.247.729 2, RJ 3.224.577 2, RS 2.886.184 2, PR 2.462.885 2, PE 570.199 0, Ufs Quant. (kg) % AC 135.608 0, GO 74.204 0, RN 20.199 0, MT 15.607 0, PB 14.100 0, DF 8.944 0, TO 6.955 0, MS 2.486 0, PI 150 0,
O maracujazeiro apresenta flores hermafroditas e auto-incompatíveis, ou seja, o grão de pólen produzido por uma flor não pode fecundá-la ou fecundar as outras flores da mesma planta. Para a formação de frutos é necessário que o pólen seja trocado entre plantas dife- rentes. Este procedimento é denominado polinização cruzada e na natureza é realizado de forma eficiente por abelhas grandes. O maracujazeiro é uma planta exigente quanto à luminosidade, podendo florescer durante o ano todo nas regiões onde a luminosidade ultrapassa 11 horas ao dia. Assim, o período de safra varia de oito meses no sul e no sudeste, dez meses no nordeste e doze meses na região norte. As flores do maracujazeiro-amarelo e do mara- cujazeiro-doce abrem em horários diferentes, e atraem muitos visitantes florais durante as primeiras horas após a abertura. As flores do maracujazeiro-doce abrem por volta de 4 horas da manhã e pode se estender até as 18 horas. Após a abertura total da flor, essa fica posicionada para baixo (Fig. 3). As flores do maracujazeiro-amare- lo abrem quase todas ao mesmo tempo, por volta das 12 horas. Suas flores após abertas ficam voltadas para cima (Fig. 4). Cerca de 20 minutos após a abertura das flores os órgãos reprodutivos iniciam um movimento deixando tanto as anteras como os estigmas na mesma posição, mantendo uma distância de aproximadamente um centímetro entre eles e as pétalas (Fig. 3 e 4). Nesse momento as flores das duas espécies de maracujazeiros já estão exalando um odor perfumado e produzem uma grande quantidade de néctar que atraem os visitantes florais e os polinizadores.
Foto: Paola Marchi reprodução do maracujazeiro
12 morfologia das flores dos maracujazeiros
Câmara Nectarífera Corona Antera (Órgão Masculino) Estigma (Órgão Feminino)
figura 3: Morfologia da flor do maracujazeiro-doce. Ilustrações: Bruno Nunes Silva. Fotos: Cláudia Inês da Silva.
14 polinizadores do maracujazeiro
Os visitantes florais são atraídos pelo néctar produ- zido e acumulado na câmara nectarífera. Ao buscarem o néctar, as abelhas grandes dos gêneros Xylocopa (Fig. 5A), Centris (Fig. 5B) e Eulaema, conhecidas como mamangavas, tocam as anteras com o seu tórax, deixando o pólen depositado no dorso. Voando para outra flor, essas abelhas contactam o estigma com o seu tórax cheio de pólen, polinizando a flor (Fig. 6 e 7). Quando as visitas das abelhas ocorrem no momento em que os órgãos reprodutivos estão na mesma po- sição, a probabilidade da polinização ser eficiente é maior, mesmo com apenas uma visita dessas abelhas. Assim, o percentual de vingamento e qualidade dos frutos dependem do número de abelhas de grande porte presentes nos cultivos. Se as flores não forem polinizadas, elas murcham e caem no mesmo dia ou no início do dia seguinte.
figura 5: A: Xylocopa visitando flor de maracujazeiro-amarelo. B: Centris sp. visitando flor de maracujazeiro-doce. Foto: A: Fonte Silva et al., Documentos Embrapa on line 2012; B: Cláudia Inês da Silva
Ao visitar a flor, o tórax da abelha entra em contato com as anteras da flor, onde o pólen fica aderido. Ao visitar a próxima flor, o tórax da abelha, que já traz o pólen da flor anterior, entra em contato com os estigmas desta outra flor e dessa forma, realiza-se a polinização, ou seja, a transferência do pólen aos estigmas receptivos. planta a planta b
figura 6: Polinização da flor do maracujazeiro-amarelo. Ilustrações: Bruno Nunes Silva. polinizadores do maracujazeiro
polinizadores do maracujazeiro 17
Embora todas as abelhas grandes de cor preta sejam conhecidas como mamangavas, elas perten- cem a espécies de diferentes gêneros, como por exemplo, Xylocopa frontalis, conhecida como ma- mangava-de-toco, Bombus morio conhecida como mamangava-de-chão, Eulaema nigrita que faz seus ninhos em cavidades preexistentes, Epicharis flava que constrói seus ninhos escavando o solo e Centris scopipes, que constrói seus ninhos em cupinzeiros. Todas essas abelhas são comumente encontradas nas flores do maracujazeiro em muitas regiões do Brasil. Outras abelhas dos gêneros Centris (Fig. 8A) e Oxaea (Fig. 8B), que apresentam o tamanho do corpo médio a grande, podem eventualmente tocar as estru- turas reprodutivas promovendo a polinização nas flores do maracujazeiro, porém essas abelhas visitam as flores em menor frequência.
As abelhas do gênero Xylocopa são abelhas gran- des e robustas. Geralmente as fêmeas são de cor preta, podem apresentar faixas alaranjadas no abdome ou pelos amarelos no tórax, e os machos são amarela- dos ou alaranjados. Os machos não possuem ferrão e também são polinizadores importantes, embora sejam raramente observados visitando as flores do maracuja- zeiro para a coleta de néctar. Observe as características das Xylocopa (Fig. 9): Na cabeça: ӫ o clípeo é quase plano, ӫ os escapos das antenas são longos. No corpo: ӫ a cabeça é tão larga quanto o tórax, ӫ as asas anteriores com três células submarginais, ӫ as pernas posteriores das fêmeas apresentam escopas, ӫ o abdome é alongado e achatado. figura 8: A: Centris visitando flor de maracujazeiro-amarelo. B: Oxaea visitando flor de maracujazeiro-amarelo. Fotos: Cláudia Inês da Silva.
18 polinizadores do maracujazeiro Fêmea de Xylocopa frontalis Macho de Xylocopa frontalis em vista dorsal Cabeça Abdome Tórax Perna posterior com escopa: densa pilosidade para transporte do pólen Células submarginais Escapos Clípeo Células submarginais Fêmea de Xylocopa brasilianorum figura 9: Algumas características morfológicas das Xylocopa. Fotos: Cabeça: Kátia Paula Aleixo; Macho e Fêmea: Paola Marchi.