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Língua portuguesa
Tipologia: Notas de aula
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Não perca as partes importantes!
2009 – Cursos e Apostilas Aprovação – CNPJ 09.419.622/0001-
1 Compreensão textual.
Interpretar exige raciocínio, discernimento e compreensão do mundo.
A interpretação de textos é de fundamental importância para o concurseiro. Você já se perguntou por quê? Há alguns anos, as provas de Português, nos principais vestibulares do país, traziam uma frase, e dela faziam-se as questões. Eram enunciados soltos, sem conexão, tão ridículos que lembravam muito aquelas frases das antigas cartilhas: "Ivo viu a uva". Os tempos são outros, e, dentro das modernas tendências do ensino de línguas, fica cada vez mais claro que o objetivo de ensinar as regras da gramática normativa é simplesmente o texto. Aprendem-se as regras do português culto, erudito, a fim de melhorar a qualidade do texto, seja oral, seja escrito.
Nesse sentido, todas as questões são extraídas de textos, escolhidos criteriosamente pelas bancas, em função da mensagem/conteúdo, em função da estrutura gramatical.
Dessa maneira, fica clara a importância do texto como objetivo último do aprendizado de língua.
Quais são os textos escolhidos? Textos retirados de revistas e de jornais de circulação nacional têm a preferência. Portanto, o romance, a poesia e o conto são quase que exclusividade das provas de Literatura (que também trabalham interpretação, por evidente). Assim, seria interessante observar as características fundamentais desses produtos da imprensa.
Os Artigos São os preferidos das bancas. Esses textos autorais trazem identificado o autor. Essas opiniões são de expressa responsabilidade de quem as escreveu - chamado aqui de articulista - e tratam de assunto da realidade objetiva, pautada pela imprensa.
Trata-se, em verdade, de texto argumentativo, no qual o autor/emissor terá como objetivo convencer o leitor/receptor. Nessa medida, é idêntico à redação escolar, tendo a mesma estrutura: introdução, desenvolvimento e conclusão.
Exemplo de Artigo
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Os seres humanos que viraram lingüiça
Parece até uma conspiração para mostrar, numa dimensão inédita, os perigos da delinqüência juvenil. Nem superamos ainda a comoção pelo assassinato do casal de namorados, somos tomados de assalto por mais uma selvageria que envolve um adolescente
No prontuário de Leonardo na Febem, está o registro de posse ilegal de arma. Mas ele foi solto e enquadrado na condição de "liberdade assistida": ficaria na rua, longe da prisão, desde que se submetesse a programas oficiais para integrá-lo à sociedade.
Encontrou "assistência" não no poder público, mas numa quadrilha de seqüestradores que manteve refém por 53 dias um homem de 81 anos, alimentado a cada dois dias. Joaquim Ferreira Dias, a vítima, não teve o direito nem de usar o banheiro ou de tomar um simples banho, reduzido à condição de animal, vivendo em meio a fezes e urina.
A polícia chegou, na quinta-feira de madrugada, a um bairro da zona sul de São Paulo para libertar o refém, que tinha as mãos presas a um botijão de gás e os pés amarrados. Encontrou e eliminou Leonardo, segurança do cativeiro -que não teve direito à maioridade na vida.
Gilberto Dimenstein
Os Editoriais Novamente , são opinativos, argumentativos e possuem aquela mesma estrutura. Todos os jornais e revistas têm esses editoriais. Os principais diários do país produzem três textos desse gênero. Geralmente um deles tratará de política; outro, de economia; um outro, de temas internacionais. A diferença em relação ao artigo é que o autor, o editorialista, não expressa sua opinião, apenas serve de intermediário para revelar o ponto de vista da instituição, da empresa, do órgão de comunicação. Muitas vezes, esses editoriais são produzidos por mais de um profissional. O editorialista é, quase sempre, antigo na casa e, obviamente, da confiança do dono da empresa de comunicação. Os temas, por evidente, são a pauta do momento, os assuntos da semana.
As Notícias Aqui temos outro gênero, bem diverso. As notícias são autorais, isto é, produzidas por um jornalista claramente identificado na matéria. Possuem uma estrutura bem fechada, na qual,
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com Literatura. Um texto sobre um assassinato, por exemplo, poderia começar assim: " Chovia muito, e raios luminosos atiravam-se à terra. Num desses clarões, uma faca surge das trevas..." Dá-se o nome de nariz de cera a essas matérias empoladas, muito comuns nos tempos heróicos do jornalismo.
Sobre a crônica, há alguns dados interessantes. Considerada por muito tempo como gênero menor da Literatura, nunca teve status ou maiores reconhecimentos por parte da crítica. Muitos autores famosos, romancistas, contistas ou poetas, produziram excelentes crônicas, mas não são conhecidos por isso. Carlos Drummond de Andrade é um belo exemplo. Pela grandeza de sua poesia, o grande cronista do cotidiano do Rio de Janeiro foi abafado. O mesmo pode-se falar de Olavo Bilac, que, no início do século passado, passou a produzir crônicas num jornal carioca, em substituição a outro grande escritor, Machado de Assis.
Essa divisão dos textos da imprensa é didática e objetiva esclarecer um pouco mais o vestibulando. No entanto, é importante assinalar que os autores modernos fundem essa divisão, fazendo um trabalho misto. É o caso de Luis Fernando Veríssimo, que ora trabalha uma crônica, com os personagens conversando em um bar, terminando por um artigo, no qual faz críticas ao poder central, por exemplo. Martha Medeiros, por seu turno, produz, muitas vezes, um artigo, revelando a alma feminina. Em outros momentos, faz uma crônica sobre o quotidiano.
Exemplo de Crônica A luta e a lição
Um brasileiro de 38 anos, Vítor Negrete, morreu no Tibete após escalar pela segunda vez o ponto culminante do planeta, o monte Everest. Da primeira, usou o reforço de um cilindro de oxigênio para suportar a altura. Na segunda (e última), dispensou o cilindro, devido ao seu estado geral, que era considerado ótimo.
As façanhas dele me emocionaram, a bem sucedida e a malograda. Aqui do meu canto, temendo e tremendo toda a vez que viajo no bondinho do Pão de Açúcar, fico meditando sobre os motivos que levam alguns heróis a se superarem. Vitor já havia vencido o cume mais alto do mundo. Quis provar mais, fazendo a escalada sem a ajuda do oxigênio suplementar. O que leva um ser humano bem sucedido a vencer desafios assim?
Ora, dirão os entendidos, é assim que caminha a humanidade. Se cada um repetisse meu exemplo, ficando solidamente instalado no chão, sem tentar a aventura, ainda estaríamos nas cavernas, lascando o fogo com pedras, comendo animais crus e puxando nossas mulheres pelos cabelos, como os trogloditas --se é que os trogloditas faziam isso. Somos o que somos hoje devido a heróis que trocam a vida pelo risco. Bem verdade que escalar montanhas, em si, não traz nada de prático ao resto da humanidade que prefere ficar na cômoda planície da segurança.
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Mas o que há de louvável (e lamentável) na aventura de Vítor Negrete é a aspiração de ir mais longe, de superar marcas, de ir mais alto, desafiando os riscos. Não sei até que ponto ele foi temerário ao recusar o oxigênio suplementar. Mas seu exemplo --e seu sacrifício- é uma lição de luta, mesmo sendo uma luta perdida.
(Carlos Heitor Cony, Folha de S. Paulo)
A interpretação serve para Química!
Responda rápido a uma pergunta: O que há em comum entre os vestibulandos aprovados nos primeiros lugares? Será que possuem semelhanças? Sim, de fato, o que os identifica é a leitura e a curiosidade pelo mundo que os cerca. Eles lêem bastante, e lêem de tudo um pouco. As instituições de ensino superior não querem mais aquele aluno que decora regrinhas. Elas buscam o cidadão que possui leitura e conhecimento de mundo. Nesse aspecto, as questões, inclusive das provas de exatas, muitas vezes pedem criticidade e compreensão de enunciados. Quantas vezes você, caro vestibulando, não errou uma questão de Física ou de Biologia por não entender o que foi pedido. Pois estamos falando de interpretação de textos. A leitura e a interpretação tornam-se, dessa maneira, exigência de todas as disciplinas. E não pense que essa capacidade crítica de entender o texto escrito (e até falado) é exclusividade do vestibular. Quando você for buscar uma vaga no mercado de trabalho, a criticidade, a capacidade de comunicação e de compreensão do mundo serão atributos importantes nessa concorrência. Lembre-se disso na hora de planejar os estudos para os próximos vestibulares.
Instruções Gerais
Em primeiro lugar, você deve ter em mente que interpretação de textos em testes de múltipla escolha pressupõe armadilhas da banca. Isso significa dizer que as questões são montadas de modo a induzir o incauto e sofrido vestibulando ao erro. Nesse sentido, é importante observar os comandos da questão (de acordo com o texto, conforme o texto, segundo o autor...). Se forem esses os comandos, você deve-se limitar à realidade do texto. Muitas vezes, as alternativas extrapolam as verdades do texto; ou ainda diminuem essas mesmas verdades; ou fazem afirmações que nem de longe estão no texto.
Exemplo de Editorial
Dificilmente a Câmara dos Deputados conseguirá aprovar a curto prazo a Lei de Biossegurança que precisa votar por ter sido modificada no Senado.
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Tipologia textual.
1. texto Literário: expressa a opinião pessoal do autor que também é transmitida através de figuras, impregnado de subjetivismo. Ex: um romance, um conto, uma poesia... 2. texto não-literário: preocupa-se em transmitir uma mensagem da forma mais clara e objetiva possível. Ex: uma notícia de jornal, uma bula de medicamento.
Conotação Figurado, subjetivo Pessoal
Denotação Claro, objetivo Informativo
1. Descrição: descrever é representar verbalmente um objeto, uma pessoal, um lugar, mediante a indicação de aspectos característicos, de pormenores individualizantes. Requer observação cuidadosa, para tornar aquilo que vai ser descrito um modelo inconfundível. Não se trata de enumerar uma série de elementos, mas de captar os traços capazes de transmitir uma impressão autêntica. Descrever é mais que apontar, é muito mais que fotografar. É pintar, é criar. Por isso, impõe-se o uso de palavras específicas, exatas. 2. Narração: é um relato organizado de acontecimentos reais ou imaginários. São seus elementos constitutivos: personagens, circunstâncias, ação; o seu núcleo é o incidente, o episódio, e o que a distingue da descrição é a presença de personagens atuantes, que estão quase sempre em conflito.
A Narração envolve: I. Quem? Personagem; II. Quê? Fatos, enredo; III. Quando? A época em que ocorreram os acontecimentos; IV. Onde? O lugar da ocorrência;
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V. Como? O modo como se desenvolveram os acontecimentos; VI. Por quê? A causa dos acontecimentos;
3. Dissertação: dissertar é apresentar idéias, analisá-las, é estabelecer um ponto de vista baseado em argumentos lógicos; é estabelecer relações de causa e efeito. Aqui não basta expor, narrar ou descrever, é necessário explanar e explicar. O raciocínio é que deve imperar neste tipo de composição, e quanto maior a fundamentação argumentativa, mais brilhante será o desempenho.
A técnica de empregar a linguagem na forma de comunicação escrita é chamada de grafia.
O emprego da grafia correta é conhecido em nossa língua como ortografia. A ortografia ainda empregada no Brasil é a do Pequeno Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, 1943, que em 18 de dezembro de 1971, sofreu algumas alterações, no que tange às regras de acentuação gráfica das palavras.
Na ortografia estudam-se, entre outros pontos:
O alfabeto da língua portuguesa é composto de 23 (vinte e três) letras, cinco vogais e dezoito consoantes.
Letras que compõem o alfabeto e seus respectivos nomes: a (á), b (bê), c (cê), d (dê), e (é), f (efe), g (gê), h (agá), i (i), j (jota), l (ele), m (eme), n (ene), o (ó), p (pê), q (quê), r (erre), s (esse), t (tê), u (u), v (vê), x (xis), z (zê).
LETRAS Enquanto os fonemas são unidades sonoras, as letras são sinais gráficos que representam os fonemas. Quanto à forma, as letras podem ser: maiúsculas e minúsculas. Observe: A, B, C, D, E
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Às vezes, o C e o Ç são confundidos com S ou SS. Algumas palavras com C: acender (iluminar), acento (tom de voz), alicerce, cacique, cear, cebola, cê-cedilha, cédula, célula, censo (recenseamento), penicilina, etc.
Algumas palavras com Ç: aço (ferro temperado), açúcar, alçapão, almoço, caiçara, coação, maçom, mordaça, ouriço, ruço (grisalho), traça, etc.
EMPREGO DO SS e RR Duplicam-se o S e o R em dois casos:
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Emprega-se:
EMPREGO DO X
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Semântica é o estudo do significado, isto é a ciência das significações, com os
problemas suscitados sobre o significado: Tudo tem significado? Significado é imagem
acústica, ou imagem visual? O homem sempre se preocupou com a origem das línguas e
com a relação entre as palavras e as coisas que elas significam, se há uma ligação natural
entre os nomes e as coisas nomeadas ou se essa associação é mero resultado de
convenção. Nesse estudo consideram-se também as mudanças de sentido, a escolha de
novas expressões, o nascimento e morte das locuções. A semântica como estudo das
alterações de significado prende-se a Michel Bréal e a Gaston Paris. Um tratamento
sincrônico descritivo dos fatos da linguagem e da visão da língua como estrutura e as
novas teorias do símbolo datam do século. XX.
As formas lingüísticas são símbolos e valem pelo que significam. São ruídos
bucais, mas ruídos significantes. É a constante referência mental de uma forma a
determinado significado que a eleva a elemento de uma língua. Não há nenhuma relação
entre o semantema (ou lexema ou morfema lexical – unidade léxica, que compõe o
léxico) cão e um certo animal doméstico a não ser o uso que se faz desse semantema
para referir-se a esse animal. Cada língua ―recorta‖ o mundo objetivo a seu modo, o que
Humboldt chama ―visão do mundo‖. Registre-se a existência da linguagem figurada, a
metáfora, uso de uma palavra por outra, subjazendo à segunda a significação da
primeira. Há que se levar em conta a denotação (significado mais restrito) e a conotação
(halo de emoção envolvendo o semantema – casa / lar).
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O estudo dos semantemas é difícil, pois são em número infinito e sua significação fluída, sujeita às variações sincrônica, sintópica etc. A polissemia faz da significação dos semantemas um conglomerado de elementos e não um elemento único: ele anda a passos largos / anda de carro / anda doente. Quanto à significação interna dos morfemas, (ou gramema ou morfema gramatical) ela se distribui nas categorias gramaticais que enquadram um dado semantema numa gama de categoria – gênero, número etc – para maior economia da linguagem.
Os elementos lexicais que fazem parte do acervo do falante de uma língua podem ser:
Nem todo lexema é, portanto, uma palavra, às vezes é um conjunto, em geral idiomático: favas contadas, nabos em saco etc. Nesse caso, falamos em sentido figurado, oposto a sentido literal.
Nas alterações sofridas nas relações entre as palavras estão as chamadas figuras de retórica clássica:
Metáfora – comparação abreviada
Metonímia – transferência do nome de um objeto a outro, com o qual guarda alguma relação de:
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linguagem figurada e linguagem literária. A tarefa do ouvinte é fazer uma seleção entre as significações alternativas, por meio do contexto em que se acha o signo. Diz-se serem os homônimos lexemas iguais e palavras diferentes, isto é, com conteúdo semântico diferente. Como os lexemas também podem se apresentar com mais de uma forma, a descrição de homonímia precisa ser refinada para se distinguir homonímia parcial de homonímia total, considerando-se aqui a não coincidência entre língua escrita e falada.
Já a polissemia só ocorre com lexemas simples. É, por vezes, difícil distingui-la de homonímia. Um dos critérios é o etimológico, não relevante na linguagem estrutural. O principal, aqui, é haver relação entre significados. Permanece o problema do dicionário: deve haver uma ou mais de uma entrada lexical? Ex: pupila – parte do olho / menor de que se deve cuidar – têm a mesma etimologia. Mas deve-se considerar a relação sincrônica entre os Significados. O fato de a língua sofrer alterações dificulta o problema.
Quanto à sinonímia, os lexemas podem ser completamente sinônimos ou não, conforme sejam intercambiáveis em todos os contextos ou não. A sinonímia total é muito rara, só ocorre em termos científicos. A distinção é, por vezes, sutil, inclui o fator eufemismo. (vide anexo). Podemos dizer que um lexema se relaciona a outros pelo sentido e se relaciona com a realidade pela denotação. Sentido e denotação são interdependentes. Isomorfia total entre duas línguas é difícil, ocorre mais freqüentemente em empréstimos decorrentes de intercâmbios cultural (Ex. a palavra camisa, herdada pelos romanos aos iberos). A análise componencial coloca a tese de serem os lexemas de todas as línguas complexos de conceitos atomísticos universais como os fonemas são complexos de traços atomísticos universais (possivelmente). Assim o lexema mulher pode ser descrito pelos traços adulto, feminino, humano, em relação a homem que seria adulto, não-feminino, humano. Nem todo lexema é passível de análise componencial (a análise componencial ajuda a distinguir homonímia de polissemia).
Entre as relações pelo sentido, colocamos também a hiponímia e a antonímia. A antonímia inclui os casos de oposição de sentido (solteiro / casado; morto / vivo), ou, como dizem alguns autores, a incompatibilidade (vermelho / azul / branco seriam incompatíveis entre si).
As relações hiponímicas provêm do fato de um termo ser mais abrangente que outro: (Ex: flor > rosa, orquídea etc)
Um grande número de palavras aceita polissemia. Escapam os termos técnicos, palavras muito raras e palavras muito longas. O deslizar de sentido ocorre por muitas causas:
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Na evolução semântica, as palavras ganham conotação pejorativa (tratante – que faz um trato), ou valorativa (ministro – que serve os alimentos); ampliam o significado (trabalho– instrumento de tortura), ou restringem (anjo – mensageiro).
Fontes de renovação do léxico em suas acepções, são as gírias (falares grupais), aí incluídos os jargões profissionais ( chutar , no sentido de mentir; o doente fez uma hipoglicemia).
As siglas são outra fonte do léxico, dando até palavras derivadas (CLT → celetista).
O signo lingüístico quebra a convencionalidade no caso da derivação, que é um caso de motivação intra-lingüística e se prende à semântica gramatical (caju → cajueiro; pena de aveÕpena de caneta) e no caso das onomatopéias (sibilar). Há estudiosos defendendo a idéia de que, originalmente, seria tudo onomatopéia.
As onomatopéias são iconográficas; na poesia exploram-se as virtualidades da representação natural. (―Um fino apito estrídulo sibila / rangem as rodas num arranco perro‖ O trem de ferro – Batista Rebelo)
Na chamada linguagem figurada há várias ocorrências: elipse (bife com fritas); similaridade (chapéu-coco); sinestesia (cor berrante); contigüidade (beber Champanhe); perda de motivação (átomo); eufemismo (vida-fácil). Por vezes, o eufemismo provém de um tabu lingüístico mal dos peitos, doença ruim, malino < maligno etc. Esses fenômenos são grupais, acabam por convencionalizar-se.
Toda criação de palavras repousa, portanto, em associações, sendo a língua uma estrutura. O valor de uma palavra se estabelece em relação a outras e em relação ao sistema, é o centro de uma constelação associativa; toda mudança em um conceito resulta em mudança nos conceitos vizinhos (mulher / senhora ; sopa fria / água fria )
Em resumo, a significação lexical é a significação, no sentido de uma noção apropriada, experimentada em conexão com o uso da palavra em causa. A significação gramatical está ligada aos morfemas, sem se desligar da significação léxica; refere-se às propriedades e relações dos signos verbais dados e às propriedades e relações dos objetos reais que são refletidos na linguagem e no pensamento: gênero, número etc. A significação sintática é, por assim dizer, uma extensão da significação gramatical – lato-sensu , diz-se que a significação dos morfemas é um elemento da significação sintática; na significação sintática sempre se acrescenta um elemento qualquer à significação léxica; isso provém dos morfemas, das regras da ordem das palavras e das palavras funcionais. Quando o quadro de
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A compreensão dos significados das sentenças envolve os elementos lexicais isolados e o modo como eles se relacionam. A análise do significado das palavras requer o uso de regras semânticas. Menino implica macho, jovem, humano : são os traços pertinentes ou componentes semânticos, que se apontam na análise componencial. O significado da palavra é um complexo de componentes semânticos ligados por constantes lógicas. X bate em Y – implica – Y apanha de X; Caso Paulo venha, Pedro partirá. – implica – Caso Paulo não venha, Pedro não partirá. Pedro continua a beber – pressupõe – Pedro bebia antes. A pressuposição com a frase negativa continua a mesma: Pedro não toma bebida alcoólica – pressupõe – Pedro não gosta, ou está proibido pelo médico, ou por autoridade religiosa, de tomar bebida alcoólica.
Enfim, o sentido das palavras não é transcendental nem produzido pelo contexto; é a resultante de contextos já produzidos. A relação entre significante e significado é flutuante, está sempre em aberto. Disso resultam os problemas lexicográficos. Mesmo aqui, usamos termos como palavra, vocábulo e outros sobre cujas acepções divergem os estudiosos, muito embora o seu fundo comum, do qual temos, inclusive os leigos, um conhecimento intuitivo.
Como dissemos, para alguns autores, o significado do enunciado extrapola o âmbito da Lingüística, entrando no terreno da Pragmática. Essa ciência pode, em brevíssimas palavras, ser definida como ―relações da linguagem com seus usuários.‖ Ou por outra, exame dos discursos formadores da e formados pela visão do mundo. Sendo a língua uma abstração, um agregado de dialetos, de socioletos, de idioletos, é a fala que tem existência real, merecedora de atenção por parte de todos que se interessam pelos fenômenos da linguagem. Quando se fala, faz-se mais que trocar informações. A fala é cooperação, mas é também conflito, persuasão, negociação. Todo ato de fala se realiza em determinadas condições psicológicas, dentro de um contexto sociocultural que, mais ou menos, as controlam. Para a real ocorrência, com sucesso, de um ato de fala são imprescindíveis os chamados fatores de textualidade:
Coesão Intencionalidade
Coerência Aceitabilidade
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Intertextualidade Informatividade
Situacionalidade
Esses fatores residem em competências do falante e do ouvinte, em um pacto social que começa no compartilhamento do mesmo idioma e que transforma a linguagem em discurso. Para AUSTIN dizer é sempre fazer. Além do simples fenômeno de emissão de sons bucais dotados de significação clara e permanente, coesos e coerentes, há necessidade de se situar a emissão, aceitar o emissor, perceber-lhe a intenção (ou, ao menos, a intenção frontal) para que ocorra a informação. Desse modo, podem os atos de fala, por si, mudar uma situação. Por exemplo, quando o juiz afirma ao casal de noivos – Eu os declaro marido e mulher – essas pessoas passam da condição de solteiros para a de casados. Muitos exemplos podem ser apresentados, inclusive o inicial de todos eles e de tudo mais– ―Faça- se a luz‖. As religiões, inclusive em suas cosmogonias, atribuem valor aos atos de fala, com recomendações de que sejam seguidos à risca para que surtam efeito.
Nos atos declarativos, há que se distinguir entre locutor e enunciador. Locutor será o autor das palavras, o que diz; enunciador será o indivíduo a quem o locutor atribui a responsabilidade do foi dito. Por exemplo, no enunciado ―O homem teria chegado ao Brasil há 45.800 anos‖ [1] o locutor é o jornalista que redige a notícia e o enunciador a arqueóloga que faz a afirmação. O uso do Futuro do Pretérito, muito usado no discurso jornalístico, exime o jornalista da responsabilidade quanto à veracidade das palavras.
A essa superposição de falas dá-se o nome de polifonia. O locutor dá voz a um ou vários enunciadores, cujos discursos ele difunde, organizando-os e não deixando de manifestar a própria posição. Se o enunciador não é reconhecido pelo ouvinte (caso das citações muito repetidas – ―Penso, logo existo‖) esse fato não impede a comunicação, logo não impede o sucesso do ato de fala.
O mesmo se pode dizer da ironia, da hipérbole, que, mesmo quando não de imediato percebidas, de alguma forma atingem os objetivos do falante.
Outra situação remarcável é dos tropos: desvio de um sentido literal, primitivo a um sentido implícito. O brasileiro, tido como povo afável, é farto em tropos: