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kathryn kuhlman - uma biografia autorizada - jamie buckingham
Tipologia: Notas de estudo
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Danprewan Editora
No final de sua vida, Kathryn Kuhlman percebendo que sua obra estava chegando ao fim e querendo que toda a sua história fosse contada, ela, sem hesitação, escolheu Jamie Buckingham para escrever sua biografia. Suas recomendações para ele foram muito simples: "Conte tudo, Jamie; conte tudo!". Jamie cumpriu os desejos de Kathryn, e, ao "contar tudo", fez com que este livro revelasse a natureza humana de Kathryn, junto com sua profunda espiritualidade.
Tive o privilégio de estar presente em vários cultos de milagres da senhorita Kuhlman. Toda vez que curas milagrosas aconteciam em suas reuniões, ela sempre tinha o cuidado de atribuir a glória a Deus. Ela percebia que seu chamado não estava baseado em suas próprias habilidades. Ela gostava de repetir: "Deus escolhe as coisas loucas deste mundo para confundir os sábios".
O Reverendo Hummel, um evangelista batista, estava em Concórdia para um encontro de avivamento de duas semanas na pequena igreja metodista. Kathryn, que havia acabado de fazer 14 anos, participara de todos os cultos daquela semana. Às vezes ela se sentava ao lado da mãe, mas, quase sempre, se sentava com um grupo de garotas risonhas de sua idade. Na manhã de domingo, ao lado da mãe no encerramento do culto, quando o pastor fez o convite, Kathryn começou a chorar. Foi só anos mais tarde, quando pôde avaliar aquela experiência pela perspectiva do tempo e de outras experiências, que ela pôde entender que havia sido tocada pelo Espírito Santo. Os soluços eram tão fortes que ela começou a tremer. Emma observava sua filha alta e magra de 14 anos, mas não podia dar-lhe nenhum tipo de encorajamento. Como muitos na igreja, seu relacionamento com Deus era um relacionamento social. Estava limitado a bazares, reuniões sociais com missionários, tardes de chá (quando estava adequadamente vestida, é claro) e reuniões da igreja. Mas nunca tinha havido qualquer ensino de como responder a um dinâmico encontro com o Espírito Santo. Kathryn colocou seu hinário na prateleira na parte de trás do banco envernizado da frente e foi cambaleando para o corredor. Suas colegas, duas fileiras à frente, olhavam, de olhos arregalados, enquanto ela descia correndo o corredor e caía no primeiro banco. Com as mãos na cabeça, ela soluçava tão alto que podia ser ouvida por toda a igreja.
movimento em sua própria defesa. Nervoso e frustrado, eu me levantei para protegê-la.
Compartilhei os dois sonhos com minha esposa e dois amigos próximos. Todos concordaram dizendo que Deus me havia dado os sonhos para que eu tivesse um componente completamente necessário para escrever e interpretar a vida de Kathryn Kuhlman: amor.
No final de sua vida, Kathryn Kuhlman, percebendo que sua obra estava chegando ao fim e querendo que toda a sua história fosse contada, escolheu, sem hesitação Jamie Buckingham para escrever sua biografia. Suas recomendações foram muito simples: "Conte tudo, Jamie; conte tudo!". Jamie cumpriu os desejos de Kathryn e, ao "contar tudo", fez com que este livro revelasse a natureza humana de Kathryn, junto com sua profunda espiritualidade.
Tive o privilégio de estar presente em vários cultos de milagres da senhorita Kuhlman. Toda vez que curas milagrosas aconteciam em suas reuniões, ela sempre tinha o cuidado de atribuir a glória a Deus. Percebia que seu chamado não estava baseado em suas próprias habilidades. Ela gostava de repetir: "Deus escolhe as coisas loucas deste mundo para confundir os sábios".
Antes de cada culto, ela orava: "Não retires o teu Santo Espírito de mim", e é esta abordagem que ajuda a explicar o fenômeno Kathryn Kuhlman e as maravilhas sobrenaturais que marcaram seu ministério. Ouvi-la falar, vê-la orar pelos enfermos e ministrar o amor de Deus a lei- gos e clérigos era perceber-se na presença de Deus. Na Convenção Internacional da ADHONEP (Associação dos Homens de Negócios do Evangelho Pleno), em Washington, D.C., no ano de 1969, por exemplo, vi quando Kathryn chamou à frente os pastores e sacerdotes que estavam presentes. Centenas de homens responderam ao seu chamado, representando muitas tradições religiosas: ministros protestantes, padres da Igreja Católica Romana, clérigos da Igreja Ortodoxa Grega e rabinos judeus. A senhorita Kuhlman foi até cada um deles, olhou bem dentro de seus olhos e disse: "Irmão, você tem fome de Deus". Enquanto Kathryn tocava na fronte desses homens e orava em seu favor, eles "caíam sob o poder", conscientes somente de Deus e de seu grande amor. A impressão que se tinha era que cada um deles voltaria para sua congregação com um zelo e um compromisso renovados.
O primeiro editor desta obra escreveu: "Este livro é uma história fiel e amorosa sobre a vida de Kathryn como nós a conhecíamos. Fala de uma mulher que foi ridicularizada por alguns, venerada de fato por outros e que, certamente, tem um lugar no Hall da Fama de Deus".
Embora proponha muitas perguntas, este relato biográfico também oferece respostas claras sobre a motivação e o poder que estavam por trás do ministério singularmente abençoado de Kathryn Kuhlman. Cremos que este livro ministrará à sua vida, ao mesmo tempo que lhe oferecerá novas percepções e informações objetivas sobre a vida e o ministério de Kathryn Kuhlman. Oramos para que a unção especial que
Na morte como na vida, Kathryn Kuhlman permaneceu envolvida em mistério. Aparecia nas telas de nossa televisão e em púlpitos distantes como uma figura imaginária — audaciosa em sua pregação, porém compassiva a ponto de chegar às lágrimas enquanto proclamava cura às multidões de enfermos. O mundo, desde o das modelos de moda da Quinta Avenida, em Nova York, passando pelo das estrelas de Hollywood, ao das mulheres de capacete que trabalhavam em fábricas em Pittsburgh, era inundado por seus cultos de milagres. Em um planeta assolado por enfermidades e trevas espirituais, ela representava aquele ingrediente único sem o qual a raça humana está condenada — a esperança. Muitos eram curados. Outros, ao vir nela a glória de Deus, entregavam a vida ao Cristo que ela proclamava. Em sua pregação e estilo de vida, parecia encarnar a saúde, o amor e a prosperidade do Deus a quem tão reverentemente servia. Para muitos, ela parecia quase imortal. Na realidade, Maggie Hartner, secretária pessoal e amiga íntima de Kathryn, certa vez me disse: "Kathryn Kuhlman jamais morrerá. Ela estará bem aqui até Jesus voltar".
No entanto, ela morreu em 20 de fevereiro de 1976, em um estranho hospital, em uma estranha cidade, cercada de pessoas que ela mal conhecia, tendo um homem, a quem certa vez desprezou, à espreita, pronto para pregar em seu funeral.
A mulher a quem uma revista chamou de "verdadeiro Santuário de Lourdes" morreu aos 68 anos de idade.
Quando ela morreu, havia mais de cinqüenta convites sobre sua mesa em Pittsburgh que lhe imploravam para realizar cultos de milagres em comunidades por todo o mundo. Um oficial do Exército dos Estados Unidos na Tailândia lhe havia escrito para convidá-la a visitar o Extremo Oriente. Ali estavam um convite da Nova Zelândia, dois da Austrália, cinco da Europa e inúmeros convites representando as principais cidades dos Estados Unidos. O mais comovente era o da primeira-dama de Wyoming, a senhora Ed Herscher — uma vítima de esclerose múltipla —, pedindo-lhe que fosse a Cheyenne.
A morte de Kathryn cancelou todos aqueles convites, mas aumentou o mistério e a intriga que cercaram sua vida.
Nem tudo estava bem. Por cerca de quatro meses, Kathryn fora quase prisioneira de dois hospitais, um em Los Angeles e outro emTulsa. D. B. "Tink" Wilkerson,um revendedor de carros de Tulsa e membro do
conselho da Universidade Oral Roberts, havia entrado misteriosamente em sua vida havia oito meses. Quase desconhecidos antes disso, ele e a esposa, Sue, abandonaram os negócios, a casa e a família para viajar constantemente com Kathryn. Em sua debilitada condição, ela não con- fiava em mais ninguém. Os Wilkersons cuidavam de todas as suas neces- sidades pessoais, incluindo suas finanças.
No dia seguinte à sua morte, Wilkerson, sua esposa e o guarda- costas pessoal de Oral Roberts acompanharam seu corpo de Tulsa a Los Angeles. Às 10 horas, no domingo, os Wilkersons e o guarda-costas, sr. Johnson, chegaram ao cemitério de Forest Lawn com as roupas e o estojo de maquiagem de Kathryn. Deram ordens estritas para que "ninguém, absolutamente ninguém" visse o corpo. O Forest Lawn, cercando o fune- ral com uma "faixa vermelha", pôs o corpo de Kathryn no segundo andar, em uma sala com uma entrada e janelas que ficaram trancadas e interditadas. O sr. Johnson ficou sentado do lado de fora, no corredor, vigiando a entrada. Ninguém, nem mesmo Maggie Hartner ou outras amigas íntimas de Kathryn, pôde ver seu corpo. Somente os Wilkersons.
Após o funeral, foi revelado que, dois meses antes de morrer, Kathryn havia feito outro testamento. Embora tivesse deixado US$267.500 para serem divididos entre vinte funcionários e três parentes, o restante de seus mais de 2 milhões de dólares em bens pessoais deveria ficar com os Wilkersons. Reportagens na primeira página dos jornais por todo o país diziam: "Kathryn Kuhlman, a evangelista que solicitava de seus seguidores milhões de dólares em contribuições, não deixou nenhum de seus bens para sua fundação ou para a igreja".
Os seguidores de Kathryn ficaram magoados e irritados. Mas a mudança no testamento de Kathryn era só a ponta do iceberg. A cada dia que se passava depois de sua morte, fatos novos e inquietantes vinham à tona.Telefonei para Gene Martin, um ex-associado de Kathryn que havia expandido sua missão. Ele estava participando de uma convenção das Assembléias de Deus em San Diego, mas concordou em se encontrar comigo se eu viajasse de avião para a Califórnia. Nós nos encontraríamos no saguão do Hotel El Cortez, no dia 22 de abril, às 14h30. Quando cheguei, depois de um vôo que atravessou toda a Flórida e de haver alugado um carro para ir de Los Angeles a San Diego, o que encontrei foi só um recado na recepção do hotel. Martin havia mudado misteriosamente de idéia e agora se recusava a conversar.
Voltei de avião para Tulsa, onde a trama se complicou. Oral Roberts, que havia falado de modo tão admirável de Kathryn em seu funeral (organizado por Tink Wilkerson), não quis me ver. Vazara a notícia do Hillcrest Hospital, em Tulsa, de que todas aquelas notas divulgadas por Tink Wilkerson antes da morte de Kathryn, dizendo que o estado dela estava melhorando, eram falsas. As enfermeiras atestaram a gravidade de seu estado pós-cirúrgico no final de dezembro, como também disseram que ela quase morrera em três ocasiões. Agora,
As respostas para todas essas perguntas pareciam estar na própria Kathryn, e não naqueles que a cercavam. Para obter as respostas, eu sabia que teria de voltar ao início, às raízes de sua herança, e começar ali.
Nas terras do Missouri central, quando o inverno chicoteia as pradarias com tempestades de neve e granizo que uivam como lobos e fustigam como urtigas, dizem que a única coisa que separa Concórdia do Pólo Norte é uma cerca de arame farpado — e até isso chega a cair.
Os verões são igualmente difíceis, pois não há lugar em toda a terra tão quente quanto o Missouri em agosto — exceto o Kansas em julho. Mas, entre o inverno e o verão, quando a terra floresce vistosa e verde na primavera, os pés de milho impactam; e depois ficam cercados de abóboras amarelas no outono. Missouri pode ser o lugar mais lindo de toda a terra.
Kathryn nasceu ali, 8 quilômetros ao sul de Concórdia, em uma fazenda de 160 acres, em 9 de maio de 1907. Sua idade — até o dia de sua morte — foi um dos segredos mais bem guardados do mundo. Não inte- ressa a ninguém, só a mim", Kathryn dizia ao dr. Carl Zabia no St. John Hospital, em Los Angeles, quando ele entrou em seu quarto para per- guntar sua idade.
— Coloque aí "mais de 50". — Sinto muito — disse, sorrindo, o médico judeu —, mas preciso saber sua idade certa para prescrever a dosagem precisa do remédio.
— Ninguém — disse ela, num sussurro, examinando o médico de sua posição no leito —, ninguém sabe a minha idade. Mas, querido doutor, se o senhor me passar um pedacinho de papel, eu a escrevo. — E, dando uma risada, acrescentou: — Mas não ouse sussurrá-la a uma vivalma.
Kathryn estava quase certa. Algumas pessoas sabiam sua idade. Maggie Hartner era uma delas. Mas, quando tentei arrancar a informação de Maggie, ela me lançou o mesmo olhar que Kathryn uma vez me lançara e disse:
— Ora, eu também não revelaria minha idade. Que mulher faria isso?
Incapaz de combater aquele tipo de vaidade feminina, decidi esperar até poder pôr as mãos no passaporte de Kathryn ou checar os registros em Concórdia.
Kathryn gostava de deixar as pessoas adivinharem. Ela disse ao jornalista canadense Alien Spraggett, em 1966, que tinha 84 anos — e, então, ficou indignada ao ver que ele havia feito menção dela em seu livro
uma charrete. Assim que amarrou as rédeas em um poste de madeira ao lado da casa de dois andares, que ficava no meio dos 40 acres ao norte da fazenda, ela subiu ao quarto onde Emma amamentava a recém-nascida. Gusty, que tinha quatro filhos, era uma mulher de fala mansa que nunca havia interferido nos assuntos de seu irmão, Joe. Mas, dessa vez, se o que havia ouvido de Fanita, sua filha de 12 anos, era verdade, achava que estava na hora de deitar o verbo.
— Emma, fiquei sabendo que você vai chamar a menina de Kathryn.
— É isso mesmo. Pouco antes de sua mãe morrer, Joe e eu conversamos com ela. Dissemos-lhe que colocaríamos o nome dela em nosso bebê, caso fosse uma menina — apenas vamos mudar a grafia. (Katherine Marie Borgstedt nascera na província de Westphalia, Alemanha, em 1827. Casara-se com Johannes Heinrich Kuhlman em 1851, e o jovem casal emigrara para os Estados Unidos dois anos depois, estabelecendo-se na comunidade de língua alemã de Concórdia, Missouri. Ela morreu aos 80 anos, três meses antes de sua nora dar à luz sua xará.)
— É um lindo nome alemão — Gusty disse em voz baixa —, mas você precisa se lembrar de que nenhuma das meninas de mamãe se chamou Katherine.
— Então chegou a hora de uma das netas levar o nome. — Você não entende? — continuou Gusty. — O nome não soa bem em Missouri. Toda mula no Estado se chama Kate. A mula que deu coices em Jason, filho de nossa irmã Mary Magdalana, até ele morrer, se chamava Kate. Um nome assim será uma desgraça para toda a família Kuhlman.
Emma ficou indignada. — Bem, o nome não será uma desgraça para a família Wallenhorst. Além disso, o nome dela não é Kate, mas Kathryn Johanna — Johanna conforme o nome de minha mãe. E ela também não será uma desgraça para os Kuhlmans. Isso eu prometo.
Foi uma promessa que, nos anos vindouros, Emma Kuhlman muitas vezes temeu não poder cumprir. Mas nada iria demovê-la de sua teimosa idéia alemã. Virando-se para Myrtle, com 15 anos, que estava em pé do outro lado do quarto, Emma disse:
— Kathryn Kuhlman. Acho que esse nome soa bem. Você não acha, Myrtle?
Myrtle balançou a cabeça com vigor, e encerrou-se a discussão. Gusty não disse mais nada. Afagou a pequena criança que estava acomodada novamente no seio de Emma e, então, se retirou, descendo as escadas em direção à charrete.
— Já vai ser terrível crescer de cabelo vermelho — disse para sua égua enquanto a desamarrava — e ainda ter de passar a vida com um nome como Kate é mais do que qualquer criança deveria suportar.
Dois anos haviam passado quando Joe Kuhlman, com sua fazenda paga e dinheiro no bolso, aproximou-se de William H. Petering, o carteiro local, e fechou um negócio adquirindo um grande terreno na St. Louis Street, em Concórdia. A compra foi feita em 23 de fevereiro de 1909, e o valor de 650 dólares foi devidamente registrado no Fórum do Condado de Lafayette. A construção começou no ano seguinte, mas foi só em 1911 que os Kuhlmans — Joe e Emma — e seus três filhos, Myrtle, Earl (que era chamado Kooley) e Kathryn, de 4 anos, se mudaram.
Por que Kathryn sempre sustentou que havia nascido no casarão branco de dois andares é mais um dos muitos mistérios que envolvem sua vida. Contudo, ela nunca abriu mão do mito. Em 1972, logo depois que Kathryn Kuhlman recebeu um título de doutorado honorário na Universidade Oral Roberts, em Tulsa, Oklahoma, Rudi Plaut, um fiel admirador dela em Concórdia, iniciou uma campanha local para que fosse erigido um marco histórico permanente em sua homenagem. O marco diria, em parte:
"O local de nascimento de Kathryn Kuhlman; ela foi membro da Igreja Batista, uma ministra ordenada da Evangelical Church Alliance, conhecida por sua fé no Espírito Santo."
A população não gostou da idéia. A cidade natal de Kathryn não partilhava do entusiasmo geral para com ela. Circulavam boatos de que Kathryn Kuhlman era muito rica. Parece que muitas das ligações tele- fônicas de Kathryn para a mãe, enquanto Emma ainda era viva, foram monitoradas pela telefonista local. Quando Kathryn alardeava para a mãe o volume de uma oferta específica ou o número de pessoas que compa- reciam à reunião, isso imediatamente se tornava público na pequena cidade. Uma vez que grande parte das pessoas em Concórdia pertencia a um grupo de renda média e baixa, havia uma opinião geral de que alguém que estivesse além disso, principalmente caso se tratasse de pessoa envolvida com religião, deveria ser desprezado. Alguns dos membros da igreja batista local achavam que Kathryn deveria tê-los ajudado em seu programa de construção, uma vez que ela nunca se tornou membro de outra igreja. Havia outros fatores que levavam a pequena comunidade conservadora a não considerar com tanta amabilidade sua mais famosa cidadã: sabia-se que se associava aos pentecostais. Ela praticava a cura divina e se recusou uma vez a dar uma audiência a um velho amigo de escola quando veio para a cidade de Kansas para um culto de milagres. Tudo isso serviu para levantar suspeita por parte de alguns cidadãos. Então, quando um pequeno grupo, liderado por Rudi Plaut, propôs o marco histórico, afirmando que Kathryn havia nascido em Concórdia (quando todos os moradores mais antigos sabiam que ela havia nascido na fazenda do Condado de Johnson), isso foi a gota d'água.
desajustada que afetaria a personalidade de Kathryn pelo resto de sua vida.
Quando, aos 16 anos, Kooley (a quem a família Kuhlman chamava de "Garoto") teve uma crise de apendicite enquanto a família estava reunida na casa do vovô Walkenhorst para a ceia de Natal, Joe quase perdeu a cabeça por causa da ansiedade. A mãe de Emma morrera muito nova por causa de uma apendicite, o que era considerado algo quase fatal no início do século 20. Joe transformou um dos cômodos do casarão na St. Louis Street em um quarto hospitalar, trouxe um médico e duas enfer- meiras da cidade de Kansas e gastou uma pequena fortuna para restabe- lecer a saúde do Garoto. Em uma tarde, ele fez as duas enfermeiras levan- tarem o Garoto da cama e o ajudarem a ir até a janela para que pudesse ver o novo brinquedo que lhe havia comprado. Era um Dusenberg, um carro de corrida de alta velocidade novinho em folha — o mesmo tipo que estava sendo usado nas pistas de Indianápolis. Após a recuperação de Kooley, o pai também lhe comprou um avião, que ele aprendeu a pilotar, viajando por todo o Meio-Oeste fazendo acrobacias. Quando não estava voando, ele estava correndo com seu carro em feiras do condado. A mãe não aprovava a idéia, mas o coração do pai era mole e generoso. Kooley tinha tudo o que pedia. De acordo com aqueles que o conheciam, ele era "travesso". Um relato diz que ele pertencia à "Midnight Tire Company", um grupo de homens que perambulavam pelo campo à noite, roubando pneus para revenda. Mais tarde, ele se casou com Agnes Wharton, a quem o povo de Concórdia descreveu como uma "mulher maravilhosa", que contribuiu para dar um jeito em seu modo mimado. Ele foi trabalhar para Heinie Walkenhorst (que não tinha nenhum parentesco com sua mãe) como mecânico de automóveis.
Kathryn idolatrava o pai. Ele ficava sentado em silêncio, enquanto ela penteava seus cabelos cacheados ou passava o pente em seu bigode espesso. Muitas vezes, mesmo após ter-se tornado uma adolescente com pernas compridas, ele a colocava no colo e a deixava reclinar sua cabeça em seu ombro."Papai viveu e morreu sem nunca ter me castigado uma única vez", ela me disse."Ele nunca pôs as mãos em mim. Nunca. Era mamãe quem me castigava. Eu descia para o porão a fim de que os vizinhos não me ouvissem gritar. Então, quando papai chegava em casa, eu corria para os braços dele, sentava-me no seu colo, e ele levava embora toda a dor.
"Não me lembro, quando era criança, de mamãe ter demonstrado alguma afeição por mim. Nunca. Mamãe era uma disciplinadora perfeita. Ela nunca disse que sentia orgulho de mim nem que eu me saía bem. Jamais. Era papai que me dava amor e afeição." Depois que Kathryn ficou famosa, costumava pegar o telefone à noite, ligar para a mãe em Concórdia, conversando por horas a fio. De acordo com a telefonista, Kathryn estava sempre tentando provar para a mãe que havia alcançado o sucesso."Ela dava risadinhas sem parar", disse-me a ex-telefonista, "e, é claro que ficávamos ouvindo-as e rindo também. Depois, ela contava para
a mãe tudo o que havia conseguido. 'Mamãe, montei a maior árvore de natal da cidade. É muito alta e tem mais de 5 mil lâmpadas.' Falava sobre o volume de ofertas em seus cultos de milagres como se estivesse tentando convencer a mãe de que ela era um sucesso".
Parece que há uma ampla evidência de que Kathryn merecia todas as surras que levava quando criança. Quando visitou o vovô Walkenhorst em sua fazenda, ele lhe mostrou seu pomar de melancias, explicando que, mesmo que estivessem verdes do lado de fora, as melancias eram sempre vermelhas por dentro. Kathryn, até o dia em que morreu, não gostava de acreditar no que os outros diziam. Sua natureza curiosa exigia que ela mesma conferisse tudo. Assim, depois que o vovô Walkenhorst voltou para casa, Kathryn, com 9 anos, pegou uma faca de açougueiro e cortou todas as melancias do pomar — mais de cem delas — só para ter certeza de que eram todas vermelhas por dentro. Quando Kathryn chegou em casa, a mãe já esperava por ela no primeiro degrau do porão.
O aniversário de sua mãe era no dia 28 de agosto. Quando Kathryn tinha 9 anos, coincidentemente ele caiu em uma segunda-feira. Esse era o dia de Emma Kuhlman lavar roupa. Era, como Kathryn disse mais tarde, "parte de sua teologia". Ela lavava roupa na segunda e a passava na terça — assim como ia à igreja no domingo. Kathryn achou que a coisa mais simpática que poderia fazer para a mãe, que sempre a surrava, era preparar-lhe uma festa surpresa de aniversário. Sabia como a mãe gostava de receber visitas. Ela adorava usar seu vestido longo de gola alta, mangas compridas e laços nos punhos, arrumar os cabelos puxando-os bem para trás, usar seu chapéu com um veuzinho e servir chá para aos metodistas da classe da Escola Bíblica Dominical ou aos membros do "King's Herald" — uma organização missionária da igreja. Ninguém, ao que parece, havia visto jamais a senhora Kuhlman em trajes informais ou com bóbis no cabelo. Kathryn, mais tarde, disse: "Não me lembro de ter visto minha mãe sentada à mesa do café da manhã usando um roupão. Quando mamãe descia para tomar café, sempre estava totalmente vestida. Ela queria estar preparada, caso chegasse uma visita em casa".
Mas o dia de lavar roupa era diferente. Nesse dia, mamãe trancava a porta e passava o dia trabalhando e suando sobre banheiras de água quente. Usando uma tábua de lavar roupa reforçada, ela pegava as roupas e esfregava, enxaguava em uma banheira galvanizada, passava pela centrífuga manual que ficava presa do lado de outra banheira e, por fim, as pendurava no varal atrás da casa. Como disse Kathryn, lavar roupas na segunda-feira fazia parte da teologia de sua mãe. Mesmo naqueles dias escaldantes de agosto, quando os girassóis ao longo da cerca desfaleciam ao sol, Emma Kuhlman se inclinava sobre as tinas cheias de vapor, esfre- gando roupas.
A pequena Kathryn não levou isso em consideração ao se preparar, na semana anterior, para surpreender a mãe no seu aniversário de 60 anos. Ela saiu de casa em casa pela comunidade e convidou 30 das