


























Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Prepare-se para as provas
Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Prepare-se para as provas com trabalhos de outros alunos como você, aqui na Docsity
Os melhores documentos à venda: Trabalhos de alunos formados
Prepare-se com as videoaulas e exercícios resolvidos criados a partir da grade da sua Universidade
Responda perguntas de provas passadas e avalie sua preparação.
Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Comunidade
Peça ajuda à comunidade e tire suas dúvidas relacionadas ao estudo
Descubra as melhores universidades em seu país de acordo com os usuários da Docsity
Guias grátis
Baixe gratuitamente nossos guias de estudo, métodos para diminuir a ansiedade, dicas de TCC preparadas pelos professores da Docsity
Conceitos iniciais, as 5 liberdades, tratado internacional de saúde animal e correntes filosóficas de pensamento
Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas
1 / 34
Esta página não é visível na pré-visualização
Não perca as partes importantes!
Sumário do conteúdo
Qual o grau de bem-estar dos seguintes gatos? Um gato de estimação tem uma ferida infectada – seus donos perceberam o problema duas semanas atrás, mas não levaram o gato ao veterinário. Um gato de estimação tem uma ferida infectada – o gato ficou desaparecido por duas semanas, mas quando voltou seus donos o levaram ao veterinário.
Há uma diferença no bem-estar desses dois gatos? Uma investigação científica (ex.: sensibilidade à dor, resposta inflamatória, perda de peso) do estado de bem-estar do animal não seria capaz de identificar uma diferença nos dois gatos, isto é, uma avaliação rigorosa de bem- estar não mostraria nenhuma diferença. Entretanto, a consideração/tratamento dedicados pelos seres humanos é pior para o primeiro gato, isto é, há uma diferença quanto às ações humanas e não uma diferença quanto ao bem-estar. Os donos do primeiro gato, mas não do segundo, poderiam ser acusados de causar “sofrimento desnecessário”.
Bem-estar dos animais versus assistência provida pelos humanos Ambos os gatos têm o mesmo estado de bem-estar A ciência bem-estar não mostra nenhuma diferença Diferença na assistência provida pelos donos
Os donos têm diferentes condutas morais Ética, não ciência
Ambos os gatos têm um estado de bem-estar similar quando o caso é visto a partir da perspectiva da ciência de bem-estar. Entretanto, eles foram submetidos a diferentes tipos de assistência pelos seres humanos. Essa diferença no comportamento humano refere-se à ética, não à ciência. Esse comportamento humano é relevante para a legislação, pois leis podem ser aprovadas para controlar comportamento cruel ou irresponsável.
Ciência, ética e lei
É importante reconhecer que o debate sobre bem-estar deve inevitavelmente incluir os três elementos. A ciência busca uma quantificação dos efeitos sobre os animais em termos de medidas fisiológicas, comportamentais, de sanidade, etc. A ética preocupa-se com as ações humanas, considerando a moral do comportamento humano. Ela engloba como tratamos os animais atualmente e como temos obrigação de tratá-los. A legislação é um resultado de ciência e ética, na medida em que reflete as normas que governam o uso e o tratamento de animais em uma sociedade.
Conceitos em Bem-Estar Animal: Ciência, ética e lei
Por exemplo, tumores ou infecções incipientes modestos podem levar a problemas físicos detectáveis no cão, sem que o mesmo apresente qualquer problema mental. De maneira semelhante, o medo e a ansiedade durante o manejo são estados mentais que um animal tentaria evitar. No entanto, esses sentimentos não estão necessariamente associados a alguma anormalidade física. Entretanto, a maioria das doenças e lesões clínicas induz tanto danos físicos ao organismo quanto algum grau de dor ou desconforto mental. É importante ressaltar que, em relação ao bem estar, o aspecto físico e o mental têm igual valor e que, muitas vezes, o mental tem um valor maior (como no caso da depressão). Vale lembrar que, muitas vezes, estaremos frente a um paciente terminal (estado físico muito ruim), porém com um aspecto mental até bom devido aos cuidados e carinho dos donos e da equipe que o trata.
Um terceiro conceito de bem-estar refere-se à “naturalidade”, invocando uma apreciação das condições que os animais teriam na natureza para se realizar de forma completa. Por exemplo, uma galinha alojada individualmente em uma gaiola pequena, tendo disponíveis alimentos, água, poleiro, substrato tipo areia para contato, etc., pode não apresentar qualquer problema mental ou físico. Entretanto, algumas pessoas diriam que isto não é “natural” e, por isso, constitui uma preocupação de bem-estar. Nestas condições a galinha pode não apresentar problemas físicos maiores, porém como não pode expressar todo seu potencial de comportamento, irá desenvolver problemas comportamentais. A naturalidade está relacionada com a expressão do comportamento natural. Desta forma, existem três conceitos de bem-estar animal, que podem ou não apresentar áreas sobrepostas.
Exemplo de questões que afetam o bem-estar físico e mental e a naturalidade Restrição de suínos em gaiolas
Todos os três conceitos podem estar sobrepostos. Suínos em ambiente “extensivo/natural” gastam mais de 70% de seu tempo fuçando/exercendo comportamento oral e se envolvem em comportamentos sociais complexos. Entretanto, suínos confinados em sistemas de criação intensivos (sem condições de se virar nas gaiolas) geralmente desenvolvem estereotipias (comportamentos repetitivos sem um propósito definido) de mordedura das grades, provavelmente porque eles não podem realizar o comportamento oral normal. A repetida mordedura das grades pode levar a lesões físicas na boca, que também causarão dor (estado mental). Suínos confinados também vão apresentar lesões nos cascos e problemas musculares e articulares (por desuso e sobrecarga).
Três definições de bem-estar Estado físico (condição) Estado mental (sentimentos) “Naturalidade” ( telos )
Esses três conceitos de bem-estar podem ser traduzidos em três definições amplas de bem-estar. Os cientistas, trabalhando na área de bem- estar animal, tendem a refletir sua própria opinião a respeito de qual aspecto é importante nas suas definições de bem-estar. As próximas definições são exemplos de cada conceito.
Estado físico “O bem-estar define o estado do animal em suas tentativas de se adaptar ao meio-ambiente.” (Fraser & Broom, 1990)
Rollin reconhece que o estado mental (sofrimento & dor) é relevante, mas defende que a realização da natureza animal ( telos ) também é relevante ao bem-estar. Outros exemplos: (a) “Em princípio, não aprovamos um grau de confinamento de um animal que necessariamente frustre a maioria das atividades principais que constituem seu comportamento normal...” (Brambell, 1965) (b) “Se nós acreditamos na teoria da evolução das espécies… para se evitar sofrimento é necessário, dentro de um período de tempo, que o animal desempenhe todo o seu repertório comportamental, pois tudo tem sua função…” (Kiley-Worthington, 1989)
Relação entre os três conceitos Seja qual for a definição utilizada, existe uma ligação inegável entre os três conceitos. Sempre que houver um comprometimento significativo de um aspecto, existe uma tendência dos outros dois serem afetados. Desta forma, é de bom-senso adotar uma visão holística e considerar todos os três elementos.
Definição combinada
Outros exemplos: (a) “O bem-estar de um animal é determinado por sua capacidade de evitar sofrimento e manter a condição física.” (Webster, 1995) (b) “Os animais se desenvolvem (isto é, passam bem) quando suas necessidades fisiológicas e psicológicas são continuamente supridas e os fatores adversos são controlados ou estão ausentes.” (Seamer, 1993) (c) “O bem-estar de um animal está comprometido quando sua saúde fisiológica e/ou seu bem-estar psicológico, em relação à sua capacidade cognitiva, estão afetados negativamente.” (Morton, 2000)
O conceito de necessidade
O “suprimento de necessidades” é um termo utilizado freqüentemente em discussões sobre bem-estar, uma vez que as necessidades definirão quais recursos deveriam ser fornecidos aos animais. As necessidades podem incluir uma gama de provisões, tais como alimentos, água, conforto, prevenção de doenças infecciosas e enriquecimento ambiental. Para animais sob nossos cuidados, o suprimento das necessidades é uma responsabilidade ética do ser humano.
Convenção Européia para a Proteção de Animais Mantidos para Produção (1976) O conceito de necessidades é freqüentemente utilizado na legislação. Para se provar que alguém esteja violando este tipo de legislação mencionada acima, é necessária uma evidência que mostre uma relação entre a condição específica da criação de animais e um efeito fisiológico ou comportamental específico.
Bem-estar versus morte
O bem-estar é uma consideração de animais vivos, não mortos. A morte não é um problema de bem-estar propriamente dito (apesar de poder indicar bem-estar comprometido anteriormente). Os humanos, em geral, buscam evitar bem-estar (qualidade de vida) pobre, assim como redução de tempo de vida (quantidade). A preocupação com a vida não é bem-estar – é um tipo diferente de problema ético. A preocupação humana com a quantidade de vida pode, em alguns casos, afetar o bem-estar de um indivíduo. Seres vivos que, na natureza, não teriam condições de sobrevivência, são mantidos vivos por donos zelosos, apesar do sofrimento e da baixa qualidade de vida. É necessário que os médicos veterinários repensem a sua atitude diante da morte, que cada vez mais vem sendo subtraída do nosso cotidiano (poucos são aqueles que conseguem morrer em casa cercados pelas pessoas queridas) ao mesmo tempo em que é vulgarizada (exposição na mídia, condições de vida urbana, etc.). É necessário, por exemplo, que reflitam sobre a forma como estão sendo praticados o abate e a eutanásia, considerando o emprego do método mais eficiente, o manejo humanitário, a efetiva necessidade, a existência de alternativas, etc.
Quando a morte é relevante para o bem-estar?
Apesar da morte em si não ser um problema de bem-estar, a forma da morte é relevante. Por exemplo, o método de abate de animais de produção pode ou não causar morte instantânea ou dor/estresse anteriores à morte. Do mesmo modo, animais criados em sistemas inadequados estão mais sujeitos a contrair doenças e, potencialmente, à morte. Dessa forma, taxas de mortalidade altas podem ser um indicador das condições de bem-estar durante a vida, conseqüentemente, taxas de mortalidade são relevantes ao bem-estar.
Deveríamos designar atributos humanos aos animais?
No contexto da discussão sobre animais, antropomorfismo é a atribuição de características ou comportamento humano a um animal. Seres humanos são um tipo de animal e têm necessidades básicas muito similares a outros animais. Entretanto, como mencionado acima, diferentes tipos de animais têm diferentes necessidades comportamentais e devem ser tratados de acordo. Na tentativa de se avaliar o bem-estar, é sempre um ponto de partida útil pensar nas necessidades dos animais em termos de nossas próprias necessidades, ou seja, colocando-nos no lugar do animal e pensando no que necessitaríamos numa situação similar.
Introdução à ética do bem-estar animal Objetivos de aprendizagem
O que é ética?
Decisões éticas são muitas vezes tomadas sem pensar – a parte ética fica “oculta”. Isto porque a decisão talvez seja parte de uma rotina ou de uma prática amplamente aceita. As conseqüências éticas do que comemos, por exemplo, podem passar despercebidas no cotidiano. Mas o que comemos afeta outros – talvez as pessoas ou animais que produziram o alimento. Se não examinarmos a nossa vida ética, nossas decisões inconsistentes podem passar despercebidas e podemos perder oportunidades para progredir. Por exemplo, comendo menos ovos de galinhas mantidas em gaiolas e mais ovos de galinhas mantidas em sistemas ao ar livre, talvez possamos ajudar a melhorar a vida das galinhas poedeiras.
Ramos da ética
A ética é “apenas subjetiva”?
a perna muito ferida do cão para economizar os honorários” poderia ser eticamente justificado se acrescentado de “e para poupar o cão de mais sofrimento”.
Dilemas éticos
diminuir a importância das decisões éticas normais, cotidianas e não dramáticas. Por exemplo, a dor pós-operatória de cesárea em uma vaca deve ser aliviada com analgésicos? Muitos dilemas são mais práticos do que éticos. Quer dizer, razões morais competem com razões de ordem não moral. Um médico veterinário deve, por exemplo, apressar uma cirurgia para chegar em casa em tempo de ver um jogo de futebol na televisão? Literatura adicional ASCIONE, F. R. e ARKOW, P., 1999: Child abuse, Domestic Violence and Animal Abuse. Purdue University Press. West Lafayette. TANNEMBAUM, J. Veterinary Ethics – Animal Welfare, Client Relations, Competition and Collegiality. 2a. ed., Missouri: Mosby-Year Book, Inc., 1995. 625 p.
Por que médicos veterinários precisam de ética?
também considerada uma fonte valiosa de opinião em matérias de bem-estar animal. Conseqüentemente, é importante que os profissionais entendam as questões éticas ao menos tanto quanto qualquer outra pessoa. Isto pode ser particularmente o caso em países onde a profissão veterinária regulamenta sua própria conduta, caso haja interesse em manter esta autonomia.
O status moral de animais: possíveis posições
Possíveis posicionamentos a respeito do status moral dos animais incluem: -Animais não têm status moral, por isso não temos obrigações para com eles. Se este fosse o caso, espancar um cão até a morte por puro prazer não seria um problema. Poucas pessoas pensam assim, apesar de que certas classes de animais, como “animais daninhos” ou “pragas”, são tratadas como se esse fosse o caso.
Razões para dar valor moral intrínseco aos animais Se admitirmos que os animais têm algum status moral, então o que é que dá ao animal esse status? Por que um chimpanzé tem status moral, ao passo que, digamos, uma pedra não tem? Uma possibilidade é que o chimpanzé é útil para
o homem. Isto lhe daria valor “instrumental” (no sentido de “ter utilidade”) para os humanos. Mas o que lhe daria valor “intrínseco”? Muitos filósofos sugerem que, se um animal possui a capacidade de sentir, ele tem pelo menos alguns interesses básicos. Interesses são a matéria básica da ética – sistemas éticos em geral se propõem a promover ou proteger interesses. Assim, são os interesses que emanam da vida mental do chimpanzé que lhe dão o seu valor intrínseco. Se o chimpanzé pode sentir dor, ele tem um interesse correspondente de evitar a dor, que por definição é uma sensação negativa. Se, por outro lado, o chimpanzé não tem nenhuma vida mental, se é um robô sem consciência, ele não tem interesses e não haveria base para lhe conferir valor moral intrínseco.
A capacidade de sentir