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Introdução- a-Semântica-Brincando-com-a-gramática-rodolfo IIlari, Notas de estudo de Literatura

Livro em pdf.

Tipologia: Notas de estudo

2018

Compartilhado em 13/04/2018

silvio-pereira
silvio-pereira 🇧🇷

4.7

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Introdução à semântica
BRINCANDO COM A GRAMÁTICA
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Introdução à semântica

BRINCANDO COM A GRAMÁTICA

Introdução à semântica

BRINCANDO COM A GRAMÁTICA

Rodolfo Ilari

Este livro é dedicado ao Milton do Nascimento e ao Marco Antônio de Oliveira, sem os quais, talvez eu não me animasse nunca a terminá-lo.

  • Sagacidade, argúcia e lupa Sumário
  • Explicação prévia
    1. Ambigüidade de segmentação
    1. Aspecto
    1. Atos de fala
    1. Comentários sobre um conteúdo
    1. Conotação
    1. Conteúdo descritivo demais e de menos
    1. Dêixis e anáfora
    1. Descrições definidas e indefinidas
    1. Elementos conceituais e afetivos do sentido
    1. Frases feitas
    1. Implícitos (I)............................................................................................
    1. Implícitos (II)
    1. Linguagem e metalinguagem
    1. Linguagem figurada: processos análogicos
    1. O(s) mundo(s) de que falamos
    1. A negação
    1. Papéis temáticos
    1. Mecanismos de paráfrase baseados no léxico
    1. Paráfrase: mecanismos sintáticos
    1. Perguntas e respostas
    1. Quantificadores
    1. Referência
    1. Tipos de relações
    1. Tempo
    1. Vagueza

10 Introdução à semântica – brincando com a gramática

das e sistematizadas a partir de um ponto de vista particular, aquele de que se apreen- de sobre a língua à medida que sobre ela se reflete. É nesse sentido que este livro é também um retrato de seu autor, ou, especi- ficando melhor, um retrato das posições que o autor tem tomado na discussões a respeito do ensino da língua. Já em 1973, em nota prévia à edição portuguesa de sua adaptação (somente a modéstia do autor registra como “tradução” o trabalho de adaptação que reali- zou) de Linguistique et enseignement du français, de Émile Genouvrier e Jean Peytard, para Lingüística e Ensino do Português (Livraria Almedina, Coimbra), Rodolfo Ilari registrava que há mais de trinta anos era duvidosa a legitimidade dos objetivos de acesso à expressão “correcta e castiça” através das técnicas de análise histórica e filológica de textos clássicos, em função da mudança dos sujeitos que passaram a freqüentar as salas de aula depois de uma generalização do acesso à alfabetização. Já então afirmava que “nossa geração assistiu à decadência progres- siva da análise, à revalorização da leitura e exposição oral, de tentativas por correlacionar o aprendizado da língua falada e escrita com a prática de processos comunicativos não-verbais”. Muita água correu sob a ponte depois dos anos 1970. Como conteúdos esco- lares, as práticas de leitura e de produção de textos sobrepuseram-se às análises gramaticais da língua. A discussão ferrenha entre aqueles que defendiam o ensino de gramática tradicional e aqueles que lhe opunham reflexões fundamentadas nas pesquisas lingüísticas muitas vezes escondia, sob o manto do ensino ou não-ensi- no da gramática, a questão mais ampla do preconceito lingüístico, da insuportável aceitação de variedades lingüísticas que “fugiam da norma”. Para este embate, Rodolfo Ilari contribuiu não só por seu magistério como professor e formador de lingüistas, mas também como autor constante de textos que circularam pelo Brasil

  • penso por exemplo em seu “Uma nota sobre a redação escolar”, posteriormente incluído em sua coletânea A lingüística e o ensino da língua portuguesa. Sua pre- sença nas discussões sobre o ensino importava tanto pelos temas e adequados tratamentos com que fecundava o debate, quanto por sua assinatura de pesquisa- dor reconhecido mostrando que o tema do ensino não era uma questão menor ou apenas o espaço de diletantes ou políticos militantes. Assentada a poeira dos anos 1980, reconhecidas as vantagens e desvanta- gens de um ensino de língua materna deslocado da ênfase na análise de textos clássicos ou na aprendizagem de conceitos com que falar sobre a língua, Rodolfo Ilari retorna com este livro exemplar, em que a reflexão sobre a linguagem em seu funcionamento mostra ao seu leitor os inúmeros caminhos do trabalho possível com os recursos lingüísticos disponíveis.

João Wanderley Geraldi

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Explicação prévia

Uma das características que empobrecem o ensino médio da língua materna é a pouca atenção reservada ao estudo da significação. O tempo dedicado a esse tema é insignificante, comparado àquele que se gasta com “problemas” como a ortografia, a acentuação, a assimilação de regras gramaticais de concordância e regência, e tantos outros, que deveriam dar aos alunos um verniz de “usuário culto da língua”. Esse descompasso é problemático quando se pensa na importância que as questões da significação têm, desde sempre, para a vida de todos os dias, e no peso que lhe atribuem hoje, com razão, em alguns instrumentos de avaliação im- portantes, tais como o Exame Nacional do Ensino Médio, os vestibulares que exi- gem interpretação de textos e o Exame Nacional de Cursos. Alguns leitores dirão que o sentido está sempre presente quando se lê e se redige, e que nosso ensino pratica a leitura, a interpretação e a produção de textos. Mesmo assim, fico preocupado. Em primeiro lugar, porque há diferentes maneiras de trabalhar com o texto, e algumas das que prevalecem na prática pouco têm a ver com interpretação (pense-se no tipo de correção de redações mais usado, que con- siste em assinalar apenas os “erros” de ortografia, concordância e regência); em segundo lugar porque o trabalho sobre textos, tal como vem sendo praticado, dá mais atenção à interpretação a que se chega, do que ao enorme repertório de co- nhecimentos e à variedade dos processos que mobilizamos ao interpretar; e, final- mente porque o nosso ensino foi se reduzindo, de fato, a um conjunto muito limi- tado de atividades, em prejuízo de outras possíveis que não são sequer lembradas. Ao contrário do que acontece com a “gramática”, simplesmente não existe em nosso ensino a tradição de tratar do sentido através de exercícios específicos, e isso leva o professor da escola média a acreditar que, nessa área, não há nada de interessante a fazer. O propósito deste livro, que se destina aos alunos dos cursos de Letras e aos professores do ensino médio, é desfazer essa crença. Para isso, selecionei, aqui, 25 temas de semântica, propondo para cada um deles uma introdução teórica infor- mal, e um certo número de atividades diferenciadas. O que chamo aqui de “temas de semântica” são operações que realizamos o tempo todo, sem nos preocuparmos em teorizar, quando usamos a língua no dia-a-dia. A atividades podem ser “realizadas” com um mínimo de recursos (um cader- no e uma caneta geralmente bastam), e com um pouquinho de curiosidade. Entre

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Ambigüidades de segmentação

Objetivo

Chamar a atenção para casos em que a cadeia falada é passível de segmen- tações alternativas, orientando para a segmentação relevante em função do contexto.

Caracterização geral

Excetuadas algumas poucas situações (por exemplo, quando se dita um tex- to, ou quando se confere se foi esquecida alguma palavra numa cópia), as pessoas não costumam separar palavras, na fala. Separar palavras de um mesmo texto é um hábito que adquirimos com a escrita. Nesse caso, a escrita funciona como uma análise da fala, e facilita nossa leitura. Compare-se, por exemplo, a dificuldade com que lemos a mesma frase em (1), onde não foi feita a separação de palavras, e em (2) onde as palavras foram separadas, como é habitual: em (2) é imediato reconhecer a letra de uma das mais célebres (e mais bonitas) canções brasileiras. (1) Meucoraçãonãoseiporquêbatefelizquandotevêeosmeusolhosficamsorrindo... (2) Meu coração, não sei por quê, bate feliz quando te vê e os meus olhos ficam sorrindo...

Material lingüístico

Há falas que se prestam a duas segmentações diferentes, resultando em sen- tidos diferentes: Deu uma surra na mulher que a deixou bastante machucada. Bateu com as mãos e com a pá nela Deu uma surra na mulher que a deixou bastante machucada. Bateu com as mãos e com a panela

Há falas que, mal segmentadas, deixam sobrar “restos” impossíveis de ana- lisar. As primeiras palavras do Hino Nacional “ouviram” e “do” são às vezes ana- lisadas como “O Virundum”, uma palavra que pegou, como nome jocoso do Hino Nacional, mas que não faz o menor sentido.

14 Introdução à semântica – brincando com a gramática

Ouviram do Ipiranga as margens plácidas De um povo heróico o brado retumbante

Atividades

  • Jogo: é proibido, por exemplo, pronunciar a seqüência “mão”. O jogo consiste em ver quem escapa mais vezes de pronunciar essa seqüência “mão” quando lhe são feitas perguntas como “Como se chama o fruto do mamoeiro?” ou “Ma- ria é minha irmã, o que sou dela?” etc. Pode-se combinar que as pessoas têm o direito de “passar”, ou que podem dar respostas diferentes, por exemplo, “papaia”, ou “filho dos mesmos pais”.
  • Veja esta história de má segmentação: a criação da palavra busilis por Felipe Segundo da Espanha. Conta-se que, ao deparar-se com a expressão “in die busillis” (naqueles dias), no meio de uma tradução latina, o futuro rei separou “in die busillis”. A partir dessa separação, ele conseguiu traduzir “in die” (no dia) mas ficou com o problema de traduzir “busillis” (que não significa nada). Até hoje, quando se quer apontar uma dificuldade, pode-se dizer, em espa- nhol: “aquí está el busílis”, “aqui está o nó da questão”.

Exercícios

  1. Comece um levantamento de jogos de palavras baseados em segmentações alternativas. Eis alguns exemplos:

a) Há uma conhecida letra de forró que fala do gato Tico. Ou será que fala de outra coisa? Tico mia na cama, Tico mia no quarto b) Há uma história sobre herança que é contada assim: Eles morreram, e eu fiquei como herdeiro. Por que será que esta não foi uma boa herança? c) A dirige a B o cumprimento que segue. B se irrita. Por quê? Meus respeitos ao senhô e a quem lhe fô da família.

  1. Qual é o nome do filme?

a) O chefe da obra esbarra com o traseiro num dos serventes que estão cami- nhando no andaime, 60 metros acima do nível do chão. O servente cai e morre. Qual o nome do filme? (A acusada de morte/A cuzada de morte). b) Uma chapa solta-se de um caminhão em alta velocidade e atinge um homem de cor, cortando-lhe as nádegas. Era uma vez o traseiro de um crioulo. Qual o nome do filme? (O escudo preto/O ex-cu do preto).

16 Introdução à semântica – brincando com a gramática

  1. Resolva este caça-palavra.

Caça-palavras, nº 50. Ediouro.

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  1. Nem todas as definições desta lista são igualmente bem-sucedidas. Por quê?

Abreviatura – ato de abrir um carro da polícia Açucareiro – revendedor de açúcar que vende acima da tabela Alopatia – dar um telefonema para a tia Amador – o mesmo que masoquista Armarinho – vento proveniente do mar Aspirado – carta de baralho completamente maluca Assaltante – um “A” que salta Barbicha – boteco para gays Barganhar – receber um botequim como herança Barracão – proíbe a entrada de caninos Bimestre – mestre em duas artes marciais Biscoito – fazer sexo duas vezes Ministério – aparelho de som de dimensões muito reduzidas Novamente – diz-se de indivíduos que renovam sua maneira de pensar Obscuro – OB na cor preta Pornográfico – o mesmo que colocar no desenho Presidiário – aquele que é preso diariamente Pressupor – colocar preço em alguma coisa Ratificar – transformar em rato Razão – lago muito extenso, porém pouco profundo Sexólogo – sexo apressado Simpatia – concordância com a irmã da mãe Sossega – mulher que tem os outros sentidos, mas é desprovida de visão Talento – anda devagar Tipica – o que o mosquito nos faz Trigal – cantora baiana elevada ao cubo Tripulante – especialista em salto triplo Unção – erro de concordância verbal. O certo seria “um é” Vatapá – ordem dada por prefeito de cidade esburacada Viaduto – local por onde circulam homossexuais Vidente – dentista falando sobre seu trabalho Violentamente – viu com lentidão Volátil – sobrinho avisando ao tio aonde vai Caçador – indivíduo que procura sentir dor Cálice – ordem para ficar calado Canguru – líder espiritual dos cachorros Catálogo – ato de apanhar as coisas rapidamente Cerveja – é o sonho de toda revista Cleptomaníaco – mania por Eric Clapton Compulsão – qualquer animal com pulso grande

Ambigüidades de segmentação

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Aspecto

Objetivo

Explorar, intuitivamente, os valores aspectuais dos chamados “tempos do verbo” e dos adjuntos.

Caracterização geral

As formas do verbo, em português, exprimem simultaneamente tempo, modo e aspecto. Aspecto é uma questão de fases. Dizemos que o verbo do português exprime aspecto porque ele nos dá a possibilidade de representar o mesmo fato, ora como um todo indivisível, ora como composto por diferentes “fases”, uma das quais é posta em foco. A necessidade de falar de “fases” aparece claramente quan- do analisamos segmentos narrativos como este: Quando esteve preso no Rio de Janeiro, Graciliano Ramos estava escreven- do Angústia.

Temos, aí, o que os lingüistas chamam de “esquema de incidência”, por meio do qual são colocados em relação dois fatos: a prisão de Graciliano Ramos, repre- sentada como um todo indivisível e localizado, e a redação do romance, represen- tada como uma ação que inicia antes do encarceramento do escritor, e se conclui depois de sua soltura. Uma boa representação para o esquema de incidência pode- ria ser esta:

(Note que o modo de representar as duas ações resultaria invertido se a frase fosse “Quando Graciliano estava preso no Rio de Janeiro, escreveu Angústia ).

Prisão de Graciliano

Graciliano escreve Angústia

20 Introdução à semântica – brincando com a gramática

Material Lingüístico

Segundo as principais autoridades no assunto, a série de escolhas aspectuais compreende em português um aspecto perfectivo (que não reconhece fases, e se subdivide em pontual e resultativo) e um aspecto imperfectivo (que reconhece fases, e se subdivide em inceptivo, cursivo e terminativo).

Todos esses “aspectos” podem eventualmente combinar-se com a idéia de repetição (ex. A criança dormia às sete, João vivia arrumando a mala). Além disso, os especialistas alertam que a interpretação aspectual de qual- quer frase sofre o efeito de outros fatores: a flexão, a presença de certos auxiliares, a quantificação do sujeito e dos complementos e a natureza da ação descrita (algu- mas ações têm um completamento natural, por exemplo, “correr os cem metros”; outras não, como “correr”).

Atividade

  • Quando dizemos que alguém trocou um pneu furado, queremos normalmente dizer que esse alguém realizou uma série de operações, tais como retirar as calotas das rodas, tirar o estepe do porta-malas, erguer o carro com o maca- co etc. Imagine que você tem um robô, e quer programá-lo para que ele troque os pneus de seu carro, obedecendo a um comando seu. A primeira coisa a fa- zer, nessa programação, é enumerar as diferentes operações em que consis- te uma troca de pneus, ou seja, fazer uma lista completa das operações que o robô deverá realizar, sucessivamente. Faça essa lista e explique-a em segui- da, utilizando a noção de “fase”.

Exercícios

  1. Um dos problemas de analisar os “tempos do verbo” de um ponto de vista semântico é que eles exprimem tempo, modo e aspecto simultaneamente. Confi-

pontual À noite, João arrumou a mala. resultativo Às oito, a mala estava arrumada. inceptivo A criança adormeceu às sete. cursivo João estava arrumando a mala. terminativo João terminava de arrumar a mala.

perfectivo

imperfectivo

22 Introdução à semântica – brincando com a gramática

ordenou a liberação de “todos os documentos que evidenciam viola- ções dos direitos humanos, terrorismo e outros atos de violência políti- ca durante e antes da era Pinochet no Chile”. Alguns desses papéis deixam bem claro, pela primeira vez, que o Departamento de Estado havia concluído desde o princípio que o Governo Pinochet tinha mata- do Charles Horman, de 31 anos, e Frank Teruggi, de 24. Além disso, os investigadores especularam que os chilenos não teriam feito isso sem o tácito consentimento dos serviços secretos dos EUA. “O serviço de inteligência dos EUA pode ter desempenhado um papel infeliz na morte de Horman”, diz um dos documentos recentemente liberados a público. ( O Estado de S. Paulo , 14.2.2000)

  1. Todas as frases a seguir aludem a uma ação que tem necessariamente uma dura- ção interna, mas algumas focalizam apenas o início dessa ação (uso “ingressivo” do pretérito perfeito). Explique, a propósito de cada frase, qual é a ação que tem necessariamente uma duração. Nas frases que focalizam apenas o início da ação, aponte a expressão que leva a considerar apenas esse início. Exemplo: João dormiu às quatro da manhã [dormiu = adormeceu] ação que dura: dormir expressão que nos leva a considerar apenas o começo da ação: às quatro da manhã.

a) Villa-Lobos viajou para a França no dia 13.8.1949, num navoi do Lloid Bra- sileiro. b) O meia-armador Didi jogou no Real Madrid por dois anos, depois da Copa do Mundo de 1958. c) O candidato soube que tinha ganho quando começaram a ser abertas as urnas da periferia. d) Tom Jobim morou nos Estados Unidos por vários anos.

  1. Ao lado das frases abaixo, foram escritos dois “adjuntos de tempo”. Um deles não serve para a frase. Aponte-o e tente explicar o que o torna inadequado. a) A polícia descobriu o esconderijo de Prestes (em seis meses/por seis meses). b) A polícia conhece o paradeiro dos principais chefes do narcotráfico (por seis meses/ há seis meses). c) O meteorito chocou-se com a superfície da Terra (às 4h 45min de uma quar- ta-feira/por cinco horas). d) A polícia técnica desarmou a bomba (30 segundos antes da explosão/a cada 30 segundos).

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  1. Nesta quadrinha, citada pelo lingüista português Manuel de Paiva Boléo, ocorre duas vezes o passado composto. Segundo a análise daquele mesmo lingüista, uma indica repetição; a outra representa um uso em que o passado composto indica duração. Identifique essas duas ocorrências. Reescreva em seguida a quadra no pretérito perfeito, e procure avaliar as conseqüências dessa mudança.

À sombra do lindo céu Jurei, tenho jurado Não ter outros amores Só a ti tenho amado

  1. Que diferenças você consegue estabelecer entre estas frases? a) Você é bobo./Você está sendo bobo. b) Você fuma?/Você está fumando? c) O motor do Escort faz barulho./O motor do Escort está fazendo barulho. d) A mesinha de canto é aqui./A mesinha de canto está aqui. e) A reunião dos condôminos é no salão de festas./... está sendo no salão de festas. f) A baleia amamenta./A baleia está amamentando. g) O Joãozinho é careca./O Joãozinho está careca. h) Quem paga é meu irmão./Quem está pagando é meu irmão.
  2. Imagine-se na seguinte situação: você é um escritor e escreve biografias com base em pesquisas históricas. Está estudando atualmente a personagem P , que vi- veu no início do século XX. Durante a investigação, você teve acesso a um diário pessoal, em que P escreveu a seguinte página:

Silveiras, 2 de agosto de 1920

... Tenho tirado o maior proveito deste descanso forçado, na Fazenda da Barra. Levanto cedo, e geralmente acompanho os peões em suas tarefas matinais com o gado. Não serei encontrado na fazenda à tardinha: pelo pôr-do-sol estou caçando lebres, pescando ou simplesmente andando a cavalo. Vou com freqüência à vila, onde troco dois dedos de prosa com os sitiantes que, como eu, recorrem ao comércio local em busca de gê- neros e de assunto. Um dia desses, enquanto eu estava passando de charrete pela capela de Nossa Senhora da Bocaina, cruzei com os topógrafos do governo, que está abrindo uma estrada para São José. É a vida que há muito tempo eu pedia a Deus. Mas o melhor de tudo não é a paz e a falta de atropelo: é que estou me envolvendo cada vez mais com com a cunhada de um fazendeiro vizinho, à qual, por discrição, chama-

Aspecto