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Guias e Dicas
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historia da enfermagem, Notas de estudo de Enfermagem

primordios

Tipologia: Notas de estudo

2010

Compartilhado em 06/05/2010

paulo-rogerio-ribeiro-de-carvalho-9
paulo-rogerio-ribeiro-de-carvalho-9 🇧🇷

4.4

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Quais as raízes da Enfermagem pré-Nightingaleana nas diferentes épocas e culturas?
Paulo Rogério Ribeiro de Carvalho
Aluno da Faculdade AGES
O presente trabalho tem como finalidade mostrar as raízes da enfermagem pré-
Nigtingaleana. Portanto é de fundamental importância compreender o que é Enfermagem,
quem foi Florence Nightingale e o que ela proporcionou com sua inovadora forma de
pensar enfermagem.
Quando se fala ou pensa em enfermagem, vem de imediato à mente a questão da
saúde. De fato, a enfermagem está voltada para a saúde tanto física como psicológica,
entre outros. E não se resume a procedimentos técnicos, pois na atitude e no ato de ser
enfermagem está contida o amor, o carinho, a compaixão, enfim, o cuidado. Ela vai além
de regras pré-estabelecidas. Para Maria José de Lima em “O que é enfermagem”:
A enfermagem é uma ciência humana, de pessoas e de experiências, voltada ao
cuidado dos seres humanos, cujo campo de conhecimento, fundamentações e
práticas abrange desde o estado de saúde até os estados de doença e é medido
por transações pessoais, profissionais, científicas, estéticas, éticas e políticas.
(2006; p. 27)
É uma profissão que dar ênfase no cuidado da pessoa e não da doença. ou
deveria existir uma valorização do humano. Este que possui história, crenças, medos e
precisa ser visto como tal. Cada pessoa é um universo, que está dentro de outro, o planeta.
E para desvendá-lo é preciso atenção, comprometimento e enxergar além do visível e
palpável.
Nos dias de hoje, a enfermagem pode ser definida, enquanto ação social, como a
atividade realizada por pessoas que cuidam de outra, procurando manter a vida
social, evitar ou amenizar as doenças, proteger o meio ambiente e prepará-las
para o desenlace da vida perante a morte. (LIMA; 2006; p. 30)
Se a enfermagem é composta por pessoas que cuidam de pessoas, não porque
agir como máquinas eficientes que deixam o lado emocional de lado. É preciso manter
uma relação entre os dois para que você não fique ou como uma maquina ambulante ou
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Quais as raízes da Enfermagem pré-Nightingaleana nas diferentes épocas e culturas?

Paulo Rogério Ribeiro de Carvalho Aluno da Faculdade AGES

O presente trabalho tem como finalidade mostrar as raízes da enfermagem pré- Nigtingaleana. Portanto é de fundamental importância compreender o que é Enfermagem, quem foi Florence Nightingale e o que ela proporcionou com sua inovadora forma de pensar enfermagem.

Quando se fala ou pensa em enfermagem, vem de imediato à mente a questão da saúde. De fato, a enfermagem está voltada para a saúde tanto física como psicológica, entre outros. E não se resume a procedimentos técnicos, pois na atitude e no ato de ser enfermagem está contida o amor, o carinho, a compaixão, enfim, o cuidado. Ela vai além de regras pré-estabelecidas. Para Maria José de Lima em “O que é enfermagem”:

A enfermagem é uma ciência humana, de pessoas e de experiências, voltada ao cuidado dos seres humanos, cujo campo de conhecimento, fundamentações e práticas abrange desde o estado de saúde até os estados de doença e é medido por transações pessoais, profissionais, científicas, estéticas, éticas e políticas. (2006; p. 27) É uma profissão que dar ênfase no cuidado da pessoa e não da doença. Há ou deveria existir uma valorização do humano. Este que possui história, crenças, medos e precisa ser visto como tal. Cada pessoa é um universo, que está dentro de outro, o planeta. E para desvendá-lo é preciso atenção, comprometimento e enxergar além do visível e palpável.

Nos dias de hoje, a enfermagem pode ser definida, enquanto ação social, como a atividade realizada por pessoas que cuidam de outra, procurando manter a vida social, evitar ou amenizar as doenças, proteger o meio ambiente e prepará-las para o desenlace da vida perante a morte. (LIMA; 2006; p. 30) Se a enfermagem é composta por pessoas que cuidam de pessoas, não há porque agir como máquinas eficientes que deixam o lado emocional de lado. É preciso manter uma relação entre os dois para que você não fique ou como uma maquina ambulante ou

como uma pessoa emocionalmente frágil que impossibilite o cuidado. A eficiência e o amor pelo trabalho e pelo próximo devem andar juntos.

Enfermagem e cuidado estão intimamente ligado e que é difícil separá-los. Enfermagem é em sua essência cuidado, este que engloba o ser humano, capaz de cuidar e ser cuidado, portanto, cuidar é sinônimo de enfermagem. Uma atitude que se dar sem pretensões para com aquele que está sendo cuidado. A enfermagem cuida sem esperar do paciente algo em troca, seja material ou subjetivamente. Um profissional que não cuida não é considero enfermeiro.

O que diferencia do cuidado natural (de irmãos, de mãe, amigos) do cuidado da enfermagem, é que o cuidador deste último é um profissional que ganha para cuidar. Mas o cuidado não pode ser entendido como negócio. Ele é de dentro do Ser. È um cuidado ético.

Cuidar é ajudar o outro a se cuidar. É se reconhecer como gente capaz de estar no mundo. A enfermagem cuida não para deixar o paciente dependente, mas para deixá-lo livre e capaz de se cuidar (WALDOW; 2004). Muitas vezes o paciente não tem como se cuidar fisicamente por estar incapacitado, em situações em que o auto cuidado não pode ser concretizado. Mas a enfermeira pode ajudá-lo a se cuidar psicológica e/ou espiritualmente. Estar com o paciente não pode ser encarado como uma ação mecânica deve estar presente o humano.

Ao serem cuidados de forma competente e amável, pacientes se sentem seguros. Relaxam, sentem-se à vontade pelo clima ameno e pelo tratamento carinhoso, assim como pela confiança em estarem sendo cuidados por profissionais habilidosos e experientes (WALDOW; 2004; p. 102). Não é inquestionável que o cuidado proporciona um bem-estar espiritual, social, psicológico e também físico. Quando todo o corpo está em harmonia a pessoa sente-se feliz para se ajudar e ajudar o outro. A troca de carinho é algo engrandecedor e de muita importância. Ocorre muitas vezes de não ocorrer à troca tanto por um (ser cuidado) como por outro (o que cuida), mas é indispensável por parte de quem cuida. Em si o ato de carinho, de cuidar é engrandecedor e o enfermeiro só tem a ganhar.

Uma visão bastante interessante do cuidado e que concordo plenamente é colocada no livro de Leonardo Boff “Saber Cuidar” onde ele fala que nós “Não temos cuidado. Somos cuidado. Isto significa que o cuidado tem uma dimensão ontológica [...]”

lutam por lucros. Pessoas e mais pessoas sofrem em “campos de concentrações” invisíveis. Fomes, imprudências, injustiças, tudo isso acontece pelo não-cuidado.

O ser humano parece estar em constante conflito entre ter e ser e o ter associado ao poder no sentido de domínio força e controle. Dessa forma, para demonstrar seu poder, equivocadamente pensado como um atributo do ser , os homens buscam adquirir coisas, bens, dominam coisas e pessoas. Com isso, demonstram atitudes e sentimentos de não-cuidado, tais como ganância, violência, inveja, hostilidade, ódio e assim por diante. (WALDOW; 2007; p.61) Muito diferente do cuidado, que é o compromisso, desvelo, etc., o não-cuidado agride, explora, humilha, assim por diante. Cabe definir cuidado como um “[...] encontro interpessoal no qual existe entrega (confiança) por parte de um (ser cuidado) e entrega (envolvimento, responsabilidade e respeito) por parte do outro (cuidador).” (WALDOW; 2008; p.20). O comprometimento por parte da enfermeira é de extrema importância. Pois o paciente sente confiança, segurança, companheirismo e com isso vem a felicidade de estar com alguém que te ouve, que te acompanha, que te sente. Um trecho do diálogo entre a raposa e o pequeno príncipe do livro de Antoine de Saint-Exupéry é muito pertinente. Mostra a relação de paciente-enfermeiro, no que diz respeito à felicidade de estar acompanhado e de enxergar além do visível e palpável. Enfim, o comprometimento do profissional de enfermagem.

A raposa calou-se e observou por muito tempo o príncipe: _Por favor... Cativa-me! _ disse ela. _Eu até que gostaria _ disse o principezinho _, mas não tenho muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer. _A gente só conhece bem as coisas que cativou _ disse a raposa. _ Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo já pronto na loja. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cative-me! Que é preciso fazer? Perguntou o pequeno príncipe. É preciso ser paciente responde a raposa. _ Tu sentarás um pouco longe de mim, assim, na relva. Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas, cada dia, te sentará um pouco mais perto... No dia seguinte o príncipe voltou. Teria sido melhor se voltasse à mesma hora disse a raposa. _Se tu vem, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz! Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas, então,

estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vem a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar meu coração... É preciso que haja um ritual. (2006; p.69 a 70)

O ritual citado pela raposa pode ser entendido como as formas de a enfermeira cuidar, de como agir diante do paciente. Cada paciente é diferente e cada enfermeira também, então há várias maneiras de cuidar.

Os rituais de cuidado constitui os hábitos de saúde e de cuidado consigo, de higiene corporal, mental e englobam os valores pessoais e aqueles que fazem parte de sua historia, sua cultura, conhecê-los é importante para poder assegurar que o cuidado, no momento atual, seja significativo e personalizado. Quando possível respeitar os rituais de cuidado, tentando adaptá-los às rotinas da instituição, acarreta maior satisfação, confiança e reconhecimento. (WALDOW; 2007; p.123) Uma mulher que deu início a todo esse pensamento foi Florence Nightingale, ela revolucionou a forma de se pensar enfermagem. Seu olhar crítico, numa sociedade que inferiorizava a mulher, possibilitou a reforma, ou melhor, a construção de um modelo de tratamentos e cuidados para pessoas doentes.

O treinamento e a atividade de cuidar de feridos e doentes já existiam antes de Florence Nightingale, porém sua forte personalidade, a visão e a habilidade prática para a organização conseguiram dar à enfermagem os poderosos fundamentos, os princípios técnicos e educacionais e a elevada ética que impulsionaram a profissão e criaram oportunidades imprevisíveis anteriormente. (OGUISSO; 2007; p.66) Ela descrevia as atividades, e foi assim que percebeu que tinha vocação para documentar tudo que se passava nos hospitais, vendo as deficiências das enfermeiras e dos atendimentos aos doentes. Mas havia uma barreira para seguir a profissão, pois os hospitais da época não era lugar para moças de família, devido às mulheres recrutadas em prisões para cuidar dos doentes. Florence conheceu Sidney Herbert, foi por ele que ela foi para a guerra da Criméia. Conversou com ele sobre enfermagem e sobre seus planos de construir um abrigo para doentes. Essa idéia começou a interessá-lo e também à opinião publica. Com 31 anos foi estudar na instituição Kaiserswerth onde permaneceu por três meses, participando de aulas técnicas e práticas. Depois foi estudar com as Filhas de Caridade em Paris.

Seu trabalho habilidoso fez com que ela fosse trabalhar no famoso hospital Keng’s College. Mal começou trabalhar, foi chamada para atuar no auxilio aos doentes na

das doenças eram os demônios. A cura vinha dos deuses. Na China os doentes eram cuidados com plantas medicinais. Construíram casas de repouso e hospitais, conheciam a arte cirúrgica, tratavam a sífilis e varíola e anestesiavam com ópio, além de acupuntura e cauterização. Detentores de vastos saberes práticos de medicina da sua época, os egípcios, destacaram-se por seus ambulatórios gratuitos onde os necessitados eram hospitalizados e auxiliados. Interpretavam sonhos em busca da cura. E as receitas eram tomadas com recitações de fórmulas mágico-religiosas. Os Indianos eram verdadeiros mestres de cura. O budismo contribuiu para o desenvolvimento da enfermagem e da medicina. Construíram hospitais, valorizando a musicoterapia e a narração de histórias para distrair os enfermos. Realizavam trepanações, suturas, amputações e correções de fraturas. No Japão havia o uso de hidroterapia na cura de doenças e estimulava a eutanásia. O grego Hipócrates, conhecido como o pai da medicina, dissociou a crendice das práticas de saúde, dando uma versão mais científica à história da medicina. Os tratamentos utilizados eram os recursos da natureza, como banho de sol, ar puro, água pura, sangrias, massagens e dietas nos templos. Em Roma, o destaque é na questão da higiene e na saúde pública. Aliava religião, mágica e saber popular. Ver-se que a prática de cuidado aliou-se a crenças, ao senso comum, à espiritualidade e foram a cada época se transformando até chegar à ciência. Pode-se dizer que as várias transformações possibilitaram à enfermagem uma profissão que ao mesmo tempo em que é científica, também é humana. Onde leva em conta o ser como um todo, espiritual, psicológico, social, místico, psíquico. Enfim, o ser humano é holístico e complexo e deve ser entendido como tal. Antes mesmo da civilização, com os romanos, gregos, assírios, indianos, entre outros, o cuidado já existia como prática instintiva. A proteção materna instintiva é, sem dúvida, a primeira forma de manifestação do homem, no cuidado ao seu semelhante, pois, como nas épocas nômades, quando as crianças eram sacrificadas por atrapalharem as andanças dos grupos em busca de alimentos , muitas foram salvas pelos cuidados de suas mães. (GEOVANINI; 2010; p. 08) Com o passar do tempo a prática de cura foi vista como uma forma de poder, então o homem (masculino) se apropriou do conhecimento e aliou ao misticismo. A prática de saúde se associa à religião, onde os sacerdotes eram mediadores entre os homens

(feminino e masculino) e os deuses. Eram realizadas cerimônias e em rituais em busca da cura. Mas antes eram purificados e preparados com banhos. Quando a pessoa se curava dizia-se ser milagre dos deuses e quando morria era porque não era digna de cura. As diferentes camadas da sociedade recebiam tratamentos diferentes. Taka Oguisso fala que “O conhecimento dos meios de cura conferia poder no seio dos grupamentos humanos, o homem, aliando tal conhecimento ao misticismo, fortaleceu este poder e apropriou-se dele, transformando-se muitas vezes em figura mística ou religiosa para aplacar as forças do mal” (2207; p.11). O homem com isso ganha privilégios e faz com que a mulher torne-se inferior, o que fez com que a mulher hoje em dia seja tratada como sexo frágil e com remunerações de trabalho abaixo do que o homem ganha exercendo a mesma profissão. “Quanto à Enfermagem, as únicas referências concernentes à época em questão estão relacionadas com a prática domiciliar de partos e a atuação pouco clara de mulher de classe social elevada que dividiam as atividades dos templos com os sacerdotes.” (GEOVANINI; 2010; p.11)

No final do século V e princípio do século IV a. C., o mundo grego sofre pequenas transformações morais e espirituais. As ruínas e os sofrimentos das guerras sagradas colocam em dúvida o supremo poder dos deuses. Os progressos da ciência e da filosofia desviam as elites das velhas crenças e o individualismo estende-se por toda a parte. (GEOVANINI; 2010; 11)

A prática de saúde agora começa a ter fundamentos baseados na experiência, no conhecimento da natureza, na racionalidade e na filosofia. É nesta época que Hipocrates dissocia a arte de cuidar dos preceitos místicos e sacerdotais, com observações cuidadosa do doente.“Não há caracterização nítida da prática de Enfermagem nessa época. Cuidar dos doentes era tarefa praticada por feiticeiros, sacerdotes e mulheres naturalmente dotadas de aptidão e que possuíam conhecimentos rudimentares sobre ervas e preparo de remédios.” (GEOVANINI; 2010; p.12).

O período cristão trouxe influência significativa para a prática do cuidado. Quando se refere à profissão de enfermagem tem que ser uma prática sem interesses, ou seja, não se pode esperar algo em troca com o cuidado. Cuida-se para que o doente se sinta bem e não se pode esperar que ele agradeça material ou psicologicamente. “O altruísmo e a compaixão são elementos que resultam do Cristianismo. Cristo forneceu o exemplo e seus seguidores através da caridade, provendo também cuidado aos pobres, velhos e doentes.” (WALDOW; 2007; p.65). As diaconisas, viúvas e virgens eram conhecidas pelas

Com a Renascença (XIV e XV) houve uma explosão no conhecimento e pensamento crítico. Ela acaba com o feudalismo e proporciona liberdade aos indivíduos e enfraquece o autoritarismo.

Com o humanismo da Renascença, as práticas de saúde avançam para a objetividade da observação e da experimentação, voltando-se mais para o cliente que para os ensinamentos literários. Dessa forma, priorizou-se o estudo do organismo humano, seu comportamento e suas doenças. Acompanhando as recentes descobertas anatômicas, a cirurgia também faz notáveis progressos. (GEOVANINI; 2010; p.18) Com isso a medicina conseguiu evoluir e ganhar notoriedade. Na enfermagem não aconteceu o mesmo. A revolução intelectual vinda da Renascença não constituiu fator de crescimento para a Enfermagem. Ela permaneceu empírica e desarticulada durante muito tempo, vindo a desagregar-se ainda mais com a Reforma Religiosa, como foi dito anteriormente.

A Reforma fez com que muitos hospitais fossem fechados e religiosas foram expulsas. O que levou muitas mulheres de baixo nível moral e social a cuidar dos doentes. O hospital passa a ser depósitos de doentes. A Enfermagem é confundida com serviços domésticos. Por as mulheres serem imorais a Enfermagem torna-se indigna e sem atrativos para a classe elevada. (GEOVANINI; 2010)

Com os avanços tecnológicos vindas da Revolução Industrial, a saúde se tornara não mais uma fonte de cuidado, mas de lucro. Com isso vários hospitais forma criados para tratar da doença e não do doente a fim de lucro. O capitalismo toma conta de todos os setores da sociedade. Quem possuía condições de pagar a um medico era atendido em suas residências. Com a reorganização dos hospitais começa a disciplinarização e os seus reflexos na Enfermagem. Logo quando ocorre a institucionalização da Enfermagem o enfermeiro fica responsável pela prática burocrática e se distancia do doente. Os ricos são tratados em CSA, enquanto os pobres servirão como experiências nos hospitais. É neste cenário que Florence começa a atuar.

Os hospitais só foram organizados com ênfase no doente a partir de Florence Nightingale, com a fundação de uma escola de enfermagem. Ela fez com que as pessoas começassem a pensar em uma forma de cuidar do doente sem que deixasse o ser humano de fora. Florence: “Considerou que o conhecimento e as ações de Enfermagem são diferentes das ações e dos conhecimentos médicos, uma vez que o interesse da Enfermagem está centrado no ser humano sadio ou doente e não na doença e na saúde

propriamente dita.” (GEOVANINI; 2010; p. 26). Assim a Enfermagem com o modelo de Florence se difundiu por todo o mundo, o cuidado baseado na ética, no compromisso, na organização, na higiene e que valorizasse e visse o ser como gente, e não como fonte de lucro e de experiências. Para que o doente se recupere é preciso que se tenha um ambiente agradável. O ambiente é fundamental no processo do cuidado. Quando o ambiente não é bom, sem dúvida o não-cuidado está presente. Quando se fala em ambiente quer dizer ele em vários aspectos, físicos, psicológicos (as pessoas que nele trabalham), a organização, a forma como se encontra limpo/sujo, silencio/barulho... é o que diz Vera Regina em “Cuidar” (2007)

Toda e qualquer pessoa para sobreviver precisa do cuidado, sem ele com certeza a pessoa apenas vegetará, sem nenhum sentimento de pertença para com o planeta. Se a pessoa não recebe cuidado ele fará o mesmo, ou seja, ele não cuidará. “Ao cuidar, o Ser é enaltecido, pois ele é interativo, é uma ação sensível, reconhecendo o sujeito como alguém, um ser que necessita de ajuda e está sofrendo, seja física ou psicologicamente” (WALDOW; 2008; p.75). Quando a pessoa sente o cuidado dentro de si, ele passa para o outro.

O cuidado é fundamental para a sobrevivência, diz Waldow: “Parece inegável, atualmente, compreender que o cuidado, em seu sentido pleno, é integral, é universal, é existencial e relacional. O cuidado é uma condição para a sobrevivência humana; através do cuidado de si resulta a condição que possibilita cuidar de outrem.” (WALDOW; 2004; p.130) Para que eu cuide de alguém eu também tenho que me cuidar, este ato de se cuidar possibilitara o cuidado do outro e conseguinte o outro também se cuida para cuidar. É como uma corrente, um se firma no outro para conseguir o um bem maior e coletivo.

Vimos que em todas as épocas e culturas o cuidado esteve presente, seja na mãe que cuida dos filhos, da freira que cuida dos doentes e pobres, seja das feiticeiras que procuravam a cura espiritual. Cada época o cuidado teve dimensões diferentes, e principalmente no seio materno o cuidado se consolidou. Hoje em dia a Enfermagem, em que sua grande maioria é exercida por mulheres, tem em sua essência o cuidado. Uma atitude humanizada, pois prioriza a pessoa holística que somos.

LIMA, Maria José de. O que é Enfermagem. 3. ed. São Paulo: Brasiliense, 2006.

MORIN, Edgar. Os Sete Saberes necessários à Educação do Futuro. 12. ed. São Paulo: Cortez, 2007.

OGUISSO, Taka. Trajetória histórica legal da Enfermagem. 2. Ed. Barueri, SP: Manoele,

SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. O Pequeno Príncipe. 48. Ed. Rio de Janeiro: Agir, 2006.

WALDOW, Vera Regina. Bases e Princípios do Conhecimento e da Arte da Enfermagem. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.

WALDOW, Vera Regina. Cuidar: Expressão humanizadora da enfermagem. 2. Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007.

WALDOW, Vera Regina. O cuidado na saúde: As relações entre o eu, o outro e o cosmos.

  1. Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004.

AGES

FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS

BACHARELADO EM ENFERMAGEM

PAULO ROGÉRIO RIBEIRO DE ARVALHO

QUAIS AS RAÍZES DA ENFERMAGEM PRÉ

NIGHTINGALEANA NAS DIFERENTES ÉPOCAS E

CULTURAS?

Trabalho apresentado no curso de Enfermagem da Faculdade AGES como um dos pré-requisitos para a obtenção da nota parcial da disciplina Bases para o Cuidado e História da Enfermagem no 1° período, sob orientação do professor Ernande.

Paripiranga

Abril de 2010