Docsity
Docsity

Prepare-se para as provas
Prepare-se para as provas

Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity


Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos para baixar

Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium


Guias e Dicas
Guias e Dicas

Guia Mind The HeadPhone - Leonardo Drummond, Manuais, Projetos, Pesquisas de Processamento de Som Digital

Guia para audiófolos e não-audiófolos sobre fones de ouvido e equipamentos de sons.

Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas

2019

Compartilhado em 08/08/2019

fernando.cruz
fernando.cruz 🇧🇷

4.6

(10)

16 documentos

1 / 66

Toggle sidebar

Esta página não é visível na pré-visualização

Não perca as partes importantes!

bg1
1
GUIA DEFINITIVO
w w w .mindtheheadphone.c o m .b r
youtube @ m i n d t h e h e a d p h o n e
pf3
pf4
pf5
pf8
pf9
pfa
pfd
pfe
pff
pf12
pf13
pf14
pf15
pf16
pf17
pf18
pf19
pf1a
pf1b
pf1c
pf1d
pf1e
pf1f
pf20
pf21
pf22
pf23
pf24
pf25
pf26
pf27
pf28
pf29
pf2a
pf2b
pf2c
pf2d
pf2e
pf2f
pf30
pf31
pf32
pf33
pf34
pf35
pf36
pf37
pf38
pf39
pf3a
pf3b
pf3c
pf3d
pf3e
pf3f
pf40
pf41
pf42

Pré-visualização parcial do texto

Baixe Guia Mind The HeadPhone - Leonardo Drummond e outras Manuais, Projetos, Pesquisas em PDF para Processamento de Som Digital, somente na Docsity!

G U I A D E F I N I T I V O

w w w. m i n d t h e h e a d p h o n e. c o m. b r

y o u t u b e @ m i n d t h e h e a d p h o n e

Minha ideia inicial com esse guia era disponibilizá-lo, gratuitamente, apenas em alguma plataforma para visualização on-line, sem permitir o download. O motivo para isso é simples: por estarmos falando de tecnologia, é natural que haja progresso, que novos equipamentos sejam introduzidos, que surjam novos formatos de arquivos e coisas do tipo. Por isso, quero que o guia seja um material vivo e constantemente atualizado – caso contrário, se tornaria obsoleto com relativa facilidade. Publicá-lo apenas on-line permite que eu faça isso sem a existência de versões conflitantes ou defasadas pela internet. Ou seja, quem quiser ler o guia, teria acesso a ele somente pela plataforma, que disponibilizaria apenas a última versão. No entanto, houve um grande número de leitores pedindo que eu disponibilizasse uma versão em PDF pela dificuldade de leitura no Issuu. Também notei que essa plataforma possui algumas limitações, como por exemplo a não-permissão de links no arquivo. Por isso, decidi lançar o PDF. A forma de acompanhar as versões será a seguinte: no final do guia, há um registro de versões e das alterações realizadas, assim como a versão atual. E ao invés de fazer pequenas alterações frequentes, vou lançá-las em pacotes de maiores mudanças conforme necessário. Entre os períodos sem alteração, é importante ter em mente que algumas informações (principalmente preços) podem estar desatualizados. É também possível que você, leitor, esteja vendo alguma versão defasada. Para garantir que esteja com a última, baixe o PDF neste link, que terá sempre a última versão.

I M P O R T A N T E : S O B R E A V E R S Ã O E M P D F

Parte I – O Fone

  • Componentes de um sistema
  • Estabelecendo seus objetivos - Comprando equipamentos - Visão geral - Tipos físicos de fones - Tipos de alto-falantes - Outras características - Fones para games - E agora? Qual escolher? - Recomendados - Cuidados com o fone - O burn-in - Especificações de fones - Próximas etapas - Visão Geral Parte II - A Fonte - S U M Á R I O Formatos de Arquivos - Streaming - Escolhendo um DAC - Recomendados - E o vinil? Ele é melhor mesmo? - Visão Geral Parte III - A Amplificação - Escolhendo um amplificador - Recomendados - Visão geral Audiofilia portátil - Player high-end ou sistema modular? - Recomendados - Cabos - Curiosidades: Fones Lendários - A busca à fidelidade total - Glossário de termos - Registro de Versões

C O M P O N E N T E S D E U M S I S T E M A

F O N T E - A M P L I F I C A D O R - T R A N S D U T O R

Todo sistema é composto por três componentes básicos:

A fonte é o equipamento responsável por gerar um sinal elétrico de acordo com uma mídia, que contém uma gravação. Por exemplo, na mídia que denominamos disco de vinil, os sinais elétricos são extraídos a partir do atrito entre a agulha do toca- -discos e as elevações nos sulcos do disco. Transdutor é o que transforma um tipo de energia em outra. No caso de sistemas de som, alto- -falantes (tanto de fones quanto de caixas de som) são transdutores porque transformam a energia elétrica proveniente do amplificador em energia mecânica, ou seja, vibrações que, através do ar, são percebidas por nós como som. O amplificador, por sua vez, é o equipamento que amplifica esse sinal elétrico de forma que ele tenha “força” suficiente para mover o transdutor, reproduzindo o conteúdo da mídia com volumes satisfatórios, dependendo das exigências do ouvinte e das limitações de seu equipamento.

C O M P R A N D O E Q U I P A M E N T O S

Não é surpresa que moramos num país desfavorável para a compra de produtos eletrônicos. E se considerarmos que aqui estamos falando de produtos de nicho, a situação piora consideravelmente. Existem poucas marcas de fones com representação oficial no Brasil (Sennheiser, Philips, AKG e FiiO são exemplos), e consequentemente, para hobbistas, a importação acaba sendo a melhor opção. Por isso, nos trechos em que falo sobre os equipamentos recomendados, muitos preços estão em dólar. Quando você faz alguma compra em um site , geralmente o pagamento é feito diretamente por cartão de crédito internacional ou, em vários casos, usando um serviço de pagamento terceirizado como o PayPal. Na sua fatura do cartão será cobrado o valor do produto utilizando uma taxa de conversão pelo valor do dólar de turismo, que é maior que o dólar comercial. Além disso, também será cobrado IOF, o Imposto sobre Operações Financeiras, que é de 6,38%. Prosseguimos então para o método de envio, que precisa ser escolhido com muita atenção. Observe que existem dois métodos básicos para o envio de encomendas: serviços públicos de postagem, como os Correios no Brasil ou o USPS nos Estados Unidos, ou transportadoras comerciais (também conhecidas como empresas de courrier ), como as nacionais Braspress e JadLog, ou internacionais, como FedEx, UPS ou DHL. O processo de envio é diferente entre os dois métodos, e como as transportadoras comerciais, apesar de mais confiáveis e simples, são mais caras, é mais comum que os envios sejam feitos pelos serviços públicos. Nesses serviços postais públicos, as coisas são um pouco complexas. O grande problema para quem mora no Brasil é o processo através da Receita Federal, que não hesita em cobrar impostos, atrasar meses na liberação das encomendas ou simplesmente extraviá- las. Por isso, é imprescindível que seja escolhido um método de envio que possua rastreio, como o Priority Express, por exemplo, no caso de uma encomenda enviada pela USPS. Geralmente, no ato da compra o site informa quais métodos têm rastreio. Caso contrário é possível entrar no site do serviço postal e verificar quais são os tipos e quais têm essa ferramenta. Note que o prazo de entrega estipulado pelo serviço (por exemplo, o Priority Express é de 3 a 5 dias) é para o item chegar ao país – o que acontece depois disso, como a fiscalização alfandegária, costuma demorar muito mais. Essas encomendas enviadas por serviços postais nacionais chegam ao Brasil e são encaminhadas diretamente a uma central para fiscalização da Receita Federal, que vai fiscalizar a encomenda tendo em vista o valor declarado. Quando uma loja ou uma pessoa envia algo, ela é obrigada a preencher um formulário destinado à Receita, no qual descreve

o conteúdo do pacote e o valor para que o objeto seja inspecionado. Uma questão, aí, é que nos últimos anos temos visto várias alterações com relação a como e se a tributação ocorrerá. Pela lei, encomendas de menos de 100 dólares não são passíveis de impostos; mas há uma portaria da Receita Federal que estabelece que apenas encomendas de pessoa física para pessoa física, de menos de 50 dólares, estão livres desses custos. Na prática, pelo que tenho visto, tem sido cada vez mais raro ser tributado em itens simples e baratos, ainda que eu não consiga precisar o valor. Recebo uma grande quantidade de itens para avaliação da GearBest, e fui tributado menos de 3 vezes. O ideal é que você acompanhe o código de rastreio de sua encomenda no site dos Correios para que saiba do andamento do processo - ela pode ser encaminhada sem tributação ou não. Caso a RF decida que o item é tributável, ela cobra 60% de impostos sobre o valor que está declarado no pacote e, normalmente, sobre o frete, que também vai discriminado nesse formulário. Existem alguns estados em que também é cobrado o ICMS, então neles a taxa de impostos fica próxima dos 100%. Uma novidade no Brasil é a taxa de R$15 que os Correios têm cobrado para o recebimento de compras internacionais. Também não é uma certeza, e recebo algumas encomendas sem essa cobrança, e outras com. Você também terá essa informação acompanhando o rastreio da sua compra. Caso haja qualquer cobrança, seja ela de impostos ou da taxa dos Correios, haverá os dizeres "Aguardando Pagamento" no rastreamento. Aí, basta clicar no link disponibilizado neste mesmo site e prosseguir para o pagamento. Uma observação: na maioria dos casos a Receita aceita o valor declarado mas, em outros, os fiscais abrem a encomenda e verificam se o produto é compatível com o valor que foi declarado. Se acharem que não é, estipulam um valor arbitrário e cobram em cima dele. Com as transportadoras, como FedEx, UPS e DHL, o processo é um pouco diferente: melhor agilidade e segurança, pior para o bolso. O processo de compra é o mesmo, mas os sites podem te dar a opção de fazer o envio por um serviço como esses, ao invés de serviços postais comuns do país. O que muda é que o envio é muito mais rápido, porque as encomendas não são enviadas à central da RF em São Paulo para enfrentar uma longa fila de fiscalização. O desembaraço alfandegário é feito no próprio aeroporto de chegada pela transportadora, como se eles estivessem trazendo um item de uma viagem, então tudo é resolvido na hora. Eles entregam a encomenda na sua porta, dentro do prazo contratado. Então, se for um serviço de 3 dias, vai chegar em 3 dias na porta da sua casa, e não em uma agência dos correios, se não houver contratempos. O problema: como se já não bastasse esses serviços serem muito mais caros (podendo ultrapassar facilmente os 150 dólares em itens pequenos), além dos impostos normais existem taxas como ICMS, taxa de desembaraço, Fundo de Combate à Pobreza e outras, então, no total, a taxa a se pagar chega a 100% do valor do produto ou mais. Mas muitas vezes vale a pena pela certeza de que você vai receber o item com segurança e em pouco tempo. Com serviços postais normais, é quase uma loteria. Vale observar, porém, que além de com transportadoras a taxação ser certa (a possibilidade de uma encomenda passar sem fiscalização é inexistente), ainda existe a chance de a Receita contestar o valor, apesar de ser mais raro. Quando isso ocorre, geralmente a transportadora entra em contato com você por e-mail e telefone, explica a situação e pede que você envie para eles por e-mail uma cópia do site em que comprou o produto e da fatura do cartão de crédito, assim como no caso dos serviços postais comuns. Mas aqui o processo também é mais rápido, e geralmente a liberação é feita no mesmo dia que você enviar esse e-mail (ao contrário dos 30 dias dos serviços postais comuns) e a encomenda segue novamente para você muito rapidamente. Veja, porém, que se a Receita contestar o valor e você não tiver como provar o que foi pago, ou então se admitir que o valor declarado é de fato menor que o que pagou, é caracterizado um crime passível de multa. Nesses casos, é frequente que a Receita cobre os 100% de impostos mais 100% de multa.

Além das tecnologias de transdutores diferentes, fones possuem os mais diversos formatos físicos. Alguns são muito grandes; outros, muito pequenos; uns são abertos; e outros, fechados. Por mais que alguns tipos geralmente permitam que um desempenho superior seja atingido com mais facilidade, é difícil dizer que um é melhor que o outro, porque o juiz final será você, com as suas necessidades e preferências próprias.

T I P O S F Í S I C O S D E F O N E S

C I R C U N A U R A I S

S U P R A - A U R A I S

São também conhecidos como over-ear ou around-the-ear. São os fones que cobrem totalmente a orelha, com almofadas que se posicionam ao redor delas. A grande maioria dos fones mais sofisticados do mercado é desse tipo, tanto pelo conforto quanto por permitir que um trabalho mais extenso de acústica seja realizado, com câmaras melhor calculadas e falantes angulados. O problema fica por conta da conveniência. Circunaurais são geralmente muito grandes para serem usados em ambientes externos, apesar de haver alguns modelos desse tipo com um tamanho relativamente reduzido – como o Ultrasone Edition 8, o B&W P7, o Parrot Zik e o Beats Studio, por exemplo. Não que eles sejam pequenos, mas são bem menores que fones como o Sennheiser HD800 e podem perfeitamente ser usados de maneira portátil. São também chamados de supra-auriculares ou, em inglês, de on-ear. São fones que ficam posicionados sobre as orelhas, e não em volta delas. A vantagem em relação aos circunaurais é o tamanho geralmente menor, o que favorece a portabilidade. Em compensação, não costumam ser tão confortáveis e, em grande parte dos casos, os falantes acabam ficando mais próximos dos ouvidos, o que pode prejudicar o palco sonoro

  • que, nos circunaurais, costuma ser melhor, apesar de haver excessões. Exemplos desse tipo de fones são os Grados das linhas Prestige e Reference, assim como a vasta maioria dos fones inclusos em discmans e toca-fitas das décadas de 1980 e 1990, antes da explosão dos auriculares.

A U R I C U L A R E S

I N T R A - A U R I C U L A R E S

Também chamados earbuds , são os tradicionais fones pequeninos inclusos em iPods e em grande parte dos mp3 players e celulares dos anos 2000, até a popularização dos intra- auriculares (ver abaixo). Além do tamanho extremamente reduzido, o que os difere de outros tipos de fone é o fato de eles repousarem na concha, na parte externa das orelhas. Isso significa que eles geralmente são confortáveis e convenientes, no entanto, não há qualquer isolamento de sons externos e o encaixe é superficial. A grande desvantagem desse tipo de fone é a qualidade do som. Fora algumas pouquíssimas exceções muito bem projetadas, normalmente o som deles é magro, estridente e sem graves – e quando eles existem, a extensão é muito ruim. Os intra-auriculares, ou IEMs ( In-Ear Monitors ), são também fones muito pequenos, mas o que os difere dos auriculares é o fato de, com uma borracha ou espuma na ponta, vedarem totalmente o canal auditivo. O resultado é uma qualidade de som geralmente muito superior à dos auriculares: mais cheia e autoritária e com graves mais presentes, além de um isolamento de ruídos externos geralmente muito eficaz. Com esse tipo de fone, é possível alcançar níveis extraordinários de qualidade de som. Os intra-auriculares personalizados, ou custom IEMs (CIEMs), por exemplo, levam essa vedação a um novo patamar por serem confeccionados a partir do molde da orelha do usuário – e também usam, normalmente, diversos alto-falantes, especializados em faixas de frequência específicas. Assim, há um nível altíssimo de isolamento de ruídos externos e a possibilidade de uma belíssima qualidade sonora. O ponto negativo é o conforto: algumas pessoas simplesmente não gostam da sensação de terem algo introduzido no canal auditivo.

A B E R T O S

F E C H A D O S

Os fones abertos, ou open-back ou, ainda, open-air , possuem a parte de trás do alto- falante aberta. Quando um alto-falante vibra, ele o faz tanto para frente quanto para trás. Quando ele vai para trás, também gera som. Num fone aberto, esse som vai para fora, e consequentemente, dizemos que os fones abertos “vazam” som. Ou seja: quem estiver do seu lado vai ouvir claramente o que você está ouvindo e não há isolamento de ruídos externos significativo. A vantagem desse tipo de fone é que as reflexões de gabinete, que geram distorções, são reduzidas drasticamente, e por isso, em teoria, o som é mais limpo e o palco sonoro é mais amplo. A vasta maioria dos melhores fones do mundo são desse tipo. No entanto, devido ao vazamento de som e à carência total de isolamento, fones abertos são mais indicados para o uso em ambientes domésticos mais silenciosos. Já os fones fechados, ou closed-back , possuem a parte de trás do alto-falante totalmente fechada. Consequentemente, não há vazamento de som e o isolamento contra ruídos externos é melhor. Outra vantagem é que é naturalmente mais fácil conseguir graves extensos e profundos num fone fechado (considerando os fones com falantes dinâmicos, nos planar- -magnéticos os abertos já apresentam graves fartos), apesar de eles, geralmente, não serem tão limpos, texturizados e naturais quanto nos abertos. Além disso, os fones fechados não costumam ser tão naturais quanto os abertos, devido às reflexões de gabinete, e o palco sonoro costuma ser menor.

D I N Â M I C O S

São os falantes mais comuns do mercado, indicados para a maior parte dos aparelhos reprodutores devido ao baixo custo, à capacidade de atingir níveis muito altos de qualidade sonora e à enorme variedade de tamanhos disponível (podem ir de 5 mm a 850 mm). Por esses motivos, é o tipo mais popular de alto-falante; consequentemente, a vasta maioria dos amplificadores, com os quais eles devem interagir, são compatíveis. Não existem aspectos negativos relevantes – talvez apenas a dificuldade de se conseguir uma boa extensão nos graves. O que pode ser dito é que alguns equipamentos, que têm como objetivo atingir níveis anormalmente fiéis de qualidade sonora, podem optar por outros tipos de alto-falantes, que são capazes de, em alguns aspectos, proporcionar uma qualidade ainda maior. Outra questão é o limite de tamanho – alguns equipamentos necessitam de opções ainda menores, como os de armadura balanceada. Em fones de ouvido full-size , em comparação aos que usam falantes eletrostáticos, eles possuem uma sonoridade mais autoritária, apesar de – fora pouquíssimas exceções, como Sennheiser HD800, Sony Qualia MDR-Q010 e SA5000 – perderem em transparência, velocidade e detalhamento. Já em relação aos planar-magnéticos, costumam apresentar uma sonoridade menos autoritária, com menor extensão nos graves, mas são mais desenvolvidos em termos de espacialidade e palco sonoro. Já em intra-auriculares, os falantes dinâmicos, quando comparados aos baseados em armaduras balanceadas mais simples, costumam apresentar uma personalidade mais espacial e coerente, com melhor extensão nos extremos, mas são menos transparentes e, frequentemente, menos equilibrados. Eles funcionam aplicando-se um sinal elétrico a uma bobina (azul), que fica imersa num campo magnético criado por um ímã (vermelho). Essa bobina é ligada a um cone (amarelo). A bobina, sob aplicação do sinal elétrico, se torna um eletroímã variável, que interage com o campo magnético do ímã no qual está imersa, fazendo com que ela se mova para frente e para trás – movendo, portanto, o cone ao qual está presa. Esse movimento causa uma perturbação no ar, que é percebida como som.

São geralmente referidas como BAs, sigla para balanced armatures. A vantagem em relação aos alto-falantes dinâmicos tradicionais é o tamanho muito reduzido. São geralmente usadas em pequenos fones de ouvido mais sofisticados e aparelhos auditivos. Naturalmente, porém, sua resposta de frequência é limitada nos extremos, o que é uma desvantagem – no entanto, essa característica é usada por fones intra- -auriculares sofisticados a seu favor: um conjunto de armaduras balanceadas pode ser regulado para uma resposta de frequência resultante mais refinada e ajustada ao gosto do desenvolvedor, com o uso de um crossover (componente eletrônico que divide as faixas de frequência de um sinal áudio e envia cada parte para um determinado alto--falante, otimizado para essa faixa) e de uma quantidade específica de armaduras otimizadas para determinadas faixas de frequência. Os problemas são o alto preço e, como já dito, a resposta de frequência limitada, principalmente além dos extremos do espectro audível – 20 Hz e 16 kHz. Quando comparados a intra-auriculares dinâmicos, os mais simples (com uma ou duas BAs) costumam apresentar uma sonoridade mais centrada nos médios, com menos graves e agudos, porém geralmente são mais equilibrados e naturais, além de apresentarem maior transparência e detalhamento. No entanto, são menos espaciais e têm um palco sonoro menos desenvolvido. A situação muda quando as armaduras balanceadas são implementadas em projetos mais pretensiosos, com múltiplas peças, como em muitos in-ears personalizados. Nesses casos, eles conseguem atingir níveis altíssimos de qualidade sem grandes defeitos.

A R M A D U R A S

B A L A N C E A D A S

As armaduras balanceadas são, basicamente, um falante dinâmico organizado de maneira diferente. Uma armadura (basicamente é uma vara de metal envolta por uma bobina) posicionada no meio de um ímã permanente, presa por um pivô, e conectada a um diafragma. A armadura é magnetizada com a aplicação de um sinal elétrico (como a bobina do alto-falante dinâmico), fazendo com que ela interaja com o campo magnético do ímã e rotacione levemente no pivô, movimentando o diafragma – que é como o cone do falante dinâmico e, ao se movimentar, movimenta o ar, gerando som.

Também são chamados de ortodinâmicos ou isodinâmicos. Trata-se de um tipo de alto- -falante que foi popular nas décadas de 1970 e 1980, e voltou com força ao mercado audiófilo nos anos 2000 com os modelos da HiFiMAN e da Audez’e. Eles são como um meio termo entre os dinâmicos e os eletrostáticos: possuem a organização destes com os princípios de funcionamento daqueles. O objetivo é aliar os pontos positivos de ambas as tecnologias – e, até certo ponto, ele é alcançado. O problema é que, devido à necessidade de um grande número de ímãs, os fones com essa tecnologia costumam ser consideravelmente pesados (alguns chegam a pesar mais de meio quilo), o que prejudica o conforto. Além disso, os fones atuais que utilizam essa tecnologia costumam ser caros. Os planar-magnéticos apresentam o “corpo” dos dinâmicos, porém com mais peso, extensão e autoridade nos graves – visto que, assim como os eletrostáticos, movem um filme por toda sua área – e uma transparência e capacidade de resolução mais próxima dos eletrostáticos. Contudo, esse tipo de fone costuma não ser particularmente compentente em termos de espacialidade. Nesse quesito, alguns dinâmicos proporcionam um resultado mais convincente.

P L A N A R - M A G N É T I C O S

Pode-se dizer que os transdutores planar-magnéticos utilizam o arranjo dos eletrostáticos com os princípios magnéticos dos dinâmicos. Ao invés de eletrodos, eles possuem faixas de ímãs, que criam um campo magnético isodinâmico, e ao invés de filmes revestidos com material condutivo, apresentam um diafragma (filme) atrelado a serpentinas de condutores elétricos. O sinal elétrico de áudio é passado pelos condutores, criando um campo magnético que interage com o campo magnético isodinâmico criado pelos ímas. Dessa forma, o filme se movimenta para frente e para trás, movimentando o ar.

O U T R A S C A R A C T E R Í S T I C A S

CANCELAMENTO ATIVO DE RUÍDOS

São os tradicionais fones com active noise-cancelling (ANC). Alto-falantes se movem tanto para frente quanto para trás. Quando se movem para frente, é um som em fase; para trás, fora de fase. É o mesmo som, mas com fases opostas. É a partir daí que o cancelamento ativo de ruídos funciona: ele possui um microfone que capta os sons externos e, com um circuito interno, gera os mesmos sons, mas com fase invertida. Os que se recordam das aulas de física do ensino médio vão se lembrar que isso se chama interferência destrutiva de ondas: elas se cancelam, e o que resta é o silêncio. Em alguns aspectos, esse cancelamento é muito bom: ele de fato proporciona maior isolamento de sons externos, mas existem problemas. Primeiramente, não é possível, por questões técnicas, fazer com que o cancelamento funcione com todas as frequências – ele é mais efetivo com as baixas, como barulhos de avião, ônibus ou trem –, ou seja, ele funciona bem em algumas situações, mas não tanto em outras. O maior problema, porém, é que a existência desse circuito ativo, com amplificação própria e geração de sinal, traz distorções e a qualidade de som é comprometida. Geralmente, existem outros fones sem esse cancelamento ativo na mesma faixa de preço que possuem melhor qualidade sonora. Entretanto, nos últimos anos, essa tecnologia passou por grandes avanços. Hoje, existe um número significativo de fones de ouvido com essa funcionalidade que são capazes de proporcionar uma excelente qualidade de som e um cancelamento de ruídos externos altamente eficaz. Fones com ANC ainda trarão comprometimentos em termos de qualidade sonora, mas se mostram opções excepcionalmente convenientes para os que buscam ouvir música em ambientes barulhentos. SEM FIO É uma característica auto-explicativa: os cabos são substituídos por algum tipo de transmissão de sinal sem fio, que pode ser bluetooth , radiofrequência ou infravermelho. Fones deste tipo são extremamente convenientes e, assim como o que ocorre com os fones noise-cancelling , os últimos anos trouxeram grandes avanços nessa tecnologia com o Bluetooth 5.0, o codec aptX, o LDAC da Sony e outras tecnologias. Contudo, essa conveniência tem um preço: sempre haverá, necessariamente, algum prejuízo em qualidade de som por conta dessa tecnologia, principalmente quando comparamos fones sem fio a opções cabeadas na mesma faixa de preço. Por isso, é necessário definir suas prioridades. Caso seu objetivo primário for a melhor qualidade de som possível, fones com cabos permanecem como a melhor opção. Mas, se quiser algo que também traga bastante conveniência, os bluetooth já atingem níveis muito altos de desempenho, capazes de satisfazer usuários mais exigentes. MULTICANAL Fones multicanal prometem trazer maior imersão no áudio, e uma sensação parecida com a proporcionada por sistemas surround de caixas de som. A meu ver, porém, isso é desnecessário em fones de ouvido, e se trata muito mais de uma jogada de marketing do que de algo projetado para trazer benefícios reais aos consumidores. A questão principal é que o multicanal é um mecanismo desenvolvido para sistemas de caixa de som, onde quantidades específicas de caixas são distribuídas em posições determinadas em relação a uma pessoa em uma sala. O objetivo é fazer com que sons venham de direções diferentes, imergindo o ouvinte na experiência auditiva. O problema é que, como forma de ouvir música, fones de ouvido são completamente diferentes de caixas de som - e, a meu ver, o multicanal "real", com múltiplos falantes desempenhando a função de cada canal, simplesmente não faz sentido em fones de ouvido. Isto porque fones apresentam um espaço minúsculo onde falantes podem ser posicionados, e esse espaço simplesmente não é suficiente para permitir uma diferenciação significativa entre a direção de cada som - o que é, justamente, o objetivo e o diferencial do multicanal. em relação a um sistema estéreo. Para que a ilusão possa ser convincente, é necessário introduzir, por software , uma série de modulações (reverberações, atrasos, alterações de fase, etc.) no sinal para simular o resultado que teríamos com um sistema de caixas de som numa sala. E a questão crucial é que isso sermpre será uma simulação que independe do fone de ouvido. Qualquer fone comum, estéreo, será capaz de reproduzir esse " surround virtual". Consequentemente, a adição de múltiplos falantes é não somente desnecessária, mas também algo que trará problemas de integração entre cada um deles, sendo assim difícil atingir uma sonoridade coerente.

Depende. Agora, você já deve saber o que será mais apropriado no que diz respeito ao tipo físico do fone. Se quer algo portátil, é melhor optar por algum intra-auricular ou um bom supra-aural fechado. Para ouvir em casa e ter um desempenho mais interessante, sem ter que se preocupar com isolamento ou em incomodar alguém, geralmente os circunaurais abertos são a melhor escolha. Se você procura uma sonoridade mais energética e com graves fortes, normalmente os fones fechados são mais indicados, mas se quiser algo mais espacial e arejado, vá num aberto. Mas essas não são regras absolutas, e existem situações, embora raras, em que fones fogem dos estereótipos. Por exemplo, o Sony MDR-R10, um dos melhores fones já feitos, é um circunaural fechado; o Grado HP1000, detentor do mesmo título, é um pequeno supra- aural; e os intra-auriculares personalizados muitas vezes têm os predicados para rivalizar com os melhores headphones em diversos aspectos. Quanto à tecnologia dos alto-falantes, a situação é parecida. Apesar de haver algumas exceções, há características comuns em cada tipo. Em headphones até os quinhentos dólares os falantes dinâmicos são quase sempre a única opção, mas nas categorias superiores é possível nortear a escolha de acordo com a sonoridade que se quer tendo em vista o tipo de transdutor. Para transparência extrema, arejamento e uma sonoridade rápida e precisa, os eletrostáticos geralmente são a melhor opção, como toda a linha Stax ou o Koss ESP950. Mas se o objetivo é uma apresentação com mais pegada ou mais divertida, com mais peso e autoridade, os planar-magnéticos devem ser considerados, como os Audez’e e os Hifiman. Já os melhores dinâmicos, como o Sennheiser HD800S, não têm a mesma autoridade dos planar-magnéticos ou a transparência dos eletrostáticos, mas conquistam pela espacialidade mais desenvolvida e pelo posicionamento impecável dos instrumentos num amplo palco sonoro. No mundo dos intra-auriculares, se o objetivo for desempenho a qualquer custo, os personalizados com armaduras balanceadas são a escolha óbvia. Em faixas de preço menos pretensiosas, nos fones universais, pode-se escolher entre o peso, a diversão e a espacialidade dos dinâmicos ou a precisão e a naturalidade das armaduras.

E A G O R A? Q U A L E S C O L H E R?

Não tenho como listar todas as boas opções disponíveis no mundo dos fones de ouvido, tanto por falta de espaço quanto pelo fato de que não ouvi todos. Nesta seção, vou listar alguns poucos fones consagrados por suas qualidades, de diversos tipos e faixas de preço, mas tenha em mente que existem muitos outros excelentes fones. Outra questão a ser observada é que alguns dos fones listados infelizmente não são vendidos oficialmente no Brasil. Como já dito anteriormente, a importação é uma realidade comum para nós hobbistas.

R E C O M E N D A D O S

Arcano SHP80 - R$179, Supra-aural dinâmico aberto: para casa e para gamers O Arcano SHP80 é um dos favoritos do público gamer. Sua sonoridade é bastante aberta e detalhada, e lembra muito a dos Superluxes acima. Mas, de alguma forma, ela é um pouquinho menos coerente. Em compensação, ele é muito mais confortável e a construção é melhor. Entre os Superluxes e o Arcano, vai de gosto. AKG K240 MKII - R$500, Circunaural dinâmico aberto: para casa O K240 MKII não é um fone incrivelmente neutro, mas é musical, razoavelmente equilibrado e robusto. Além disso, pode ser encontrado no Brasil com relativa facilidade, por preços que giram em torno dos R$500. A oferta no MercadoLivre é ampla, só tenha cuidado e escolha vendedores com boa reputação. Superlux HD681 e HD668B - de R$190,00 a R$330, Circunaural dinâmico aberto: para casa e para gamers Dois fones que me impressionaram pelo ótimo desempenho a um baixíssimo preço. Não é para todos, devido aos agudos excessivos, mas apresentam uma personalidade muito divertida e um ótimo palco sonoro. Outra questão é que não há bom isolamento e o conforto não é dos melhores, mas pelo preço, não dá para reclamar. Edifier H840 – R$180, Supra-aural dinâmico fechado: para casa e para uso portátil O Edifier H840 é um pequeno circunaural bastante discreto e barato, mas me surpreendeu muito positivamente pelo equilíbrio e naturalidade – é mais neutro, inclusive, que seu irmão mais sofisticado, o H850. Para os que buscam um fone natural sem gastar muito, o H840 é uma escolha óbvia. Grado SR80/i/e – US$99, Circunaural dinâmico aberto: para casa A Grado é uma marca familiar reverenciada por entusiastas, e seus fones são frequentemente vistos como os melhores para rock, além de jazz e gêneros acústicos. São fones com uma personalidade nua e crua, energética e altamente musical. O SR80 e suas variações i ou e são uma belíssima introdução à marca.