Guia ilustrado de abelhas polinizadoras no Brasil, Notas de estudo de Engenharia de Telecomunicações

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Vera Lucia Imperatriz-Fonseca^ Breno Magalhães FreitasCláudia Inês da Silva^ Bruno Nunes-Silva^ Kátia Paula Aleixo

• Copyright 2014 by Claudia Inês da Silva, Kátia Paula Aleixo, Bruno Nunes-Silva, Breno Magalhães Freitas, São Paulo, Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo, 2014. Endereço: Rua Praça do Relógio, 109 –Bloco K – 5º andar – Cidade Universitária Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA-USP) E-mail: iea@usp.br | Telefones.: (11) 3091-3919 e 3091-3924 Caixa Postal 72.012 – 05508-970 – São Paulo-SP Guia Ilustrado de Abelhas Polinizadoras no Brasil Co-editor: Ministério do Meio Ambiente - Brasil Direitos em língua Portuguesa reservados ao Reprodução autorizada pelos autores Vera Lucia Imperatriz-Fonseca ISBN: 978-85-63007-07-

Sumário Conhecendo as abelhas Compreendendo as informações do Guia Abelhas ..............................................................................................................................................................24 Quem são as abelhas? Onde as abelhas controem seus ninhos? O que as abelhas utilizam para a construção de seus ninhos? O que as abelhas utilizam na sua alimentação? Como descobrir em quais plantas as abelhas coletam seu alimento? Que tipo de relação é estabelecida entre as abelhas e as plantas? Por que é importante preservar as abelhas? Como manejar e manter as abelhas próximas aos cultivos? A polinização do cajueiro Como atrair polinizadores para as plantações de caju Abelhas Sociais Apis mellifera Bombus (Fervidobombus) morio Bombus (Fervidobombus) pauloensis Melipona (Melikerria) fasciculata Melipona (Melipona) quadrifasciata Melipona (Melipona) subnitida Melipona (Michmelia) flavolineata Melipona (Michmelia) scutellaris Melipona (Michmelia) seminigra Nannotrigona testaceicornis ................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................................................................................................................................... ................................................................................................................................................................................................................................................................... .......................................................................................................................... ............................................................................................................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................... .................................................................................................................. ............................................................................................................... ........................................................................................................... ......................................................................................................... ........................................................................................................................................................................................................ ........................................................................................... ................................................................................. ........................................................................ .................................................................... ............................................................. ......................................................... 1113141416181820222525262728293031323334679

Referências Bibliográficas^ Tetragonisca angustula^ Trigona spinipes^ Abelhas Solitárias^ Centris (Centris) aenea^ Centris (Hemisiella) tarsata^ Centris (Heterocentris) analis^ Centris (Trachina) fuscata^ Epicharis (Epicharana) flava^ Eulaema (Apeulaema) mocsaryi^ Eulaema (Apeulaema) nigrita^ Xylocopa (Neoxylocopa) frontalis^ Xylocopa (Neoxylocopa) grisescens^ Xylocopa (Neoxylocopa) suspecta^ .............................................................................................................................................^ ..........................................................................................................................................^ ...................................................................................................................................^ ....................................................................................................................................................................................................................................................................^ ............................................................................................................................................................................................................................................................^ ...........................................................................................................................^ ..................................................................................................................................................................................................................................................^ .....................................................................................................................^ ...................................................................................................................^ .................................................................................................................^ ..............................................................................................................^3536373738394041424344454647

Conhecendo as abelhas

sociais, em que ocorrem muitos indivíduos no mesmo ninho desempenhando diferentes atividades ao longo de suas vidas (Figura 2). Nesse sistema organizacional, as abelhas se dividem em machos e fêmeas, e estas em duas castas, as operárias e a rainha (Figura 3). Cada casta apresenta uma atividade, ou conjunto de atividades, como por exemplo, a função da rainha é manter a postura dos ovos no ninho. Ela passa toda a sua vida botando ovos e garantindo o nascimento das operárias, de machos e de novas rainhas. Tudo ao seu tempo.^ As abelhas apresentam níveis de organização social diferentes. Há espécies classificadas como

Figura 3^ Figura 2 – Vista geral de ninho da abelha social^ A^ – Melipona quadrifasciata : A - Macho; B - Operária; C - Rainha.B^ Nannotrigona testaceicornis Fotos: A,B: Kátia Aleixo; C: Tom Wenseleers..^ Fotos: Kátia Aleixo.C

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Figura 4 - entrada do ninho; B - abelha com pólen nas escopas para aprovisionar as células de crias; C - abrindo o ninho; D - células de crias.^ A^ Fotos: Cláudia Inês da Silva. Fêmea da abelha solitáriaB^ Centris (Paracentris) burgdorfi C^ construindo seu ninho no solo. A - abelha perfurando aD 9

encontrar novas localidades para a construção de novos ninhos, construção dos potes de alimentos para guardar os grãos de pólen e o mel, são responsáveis pela coleta de recursos florais para a estocagem de alimento, construção das células de crias, exercem cuidados especiais com a rainha garantindo a sua sobrevivência, promovem a limpeza dos ninhos jogando o lixo para fora, dentre muitas outras atividades na colônia. As operárias têm vida curta (aproximadamente 45 dias), mas trabalham muito durante o tempo que vivem. de castas. Uma única fêmea constrói seu ninho sozinha sem dividir essa tarefa com outra abelha (Figura 4). Ela coleta o pólen, néctar ou óleos florais, coloca esses alimentos nas células de cria, bota os ovos e fecha as células deixando seus ninhos em seguida. As mães não entram em contato com as suas crias, ou seja, não há uma sobreposição entre as gerações. Quando as abelhas nascem elas já são adultas e podem coletar seus próprios recursos e construir os seus ninhos.^ Conhecendo as abelhas^ Já as operárias são produzidas constantemente no ninho, pois a elas são destinadas às tarefas de Além das espécies sociais, também existem as abelhas solitárias, as quais não apresentam divisão

Figura 6 - construído A-B: ninho de no solo. Fonte: A,B: Silva 2009; C,D: Silva in Augusto & Garófalo 2008. Xylocopa suspecta construído em tronco de madeira morta. C-D: ninho de Euglossa melanotricha 11 C^ A^ BD O que as abelhas utilizam para a construção de seus ninhos? de flores, óleos florais, resinas, etc. (Figura 7). Para a construção dos seus ninhos, as abelhas utilizam madeira morta, areia, barro, folhas, pétalas

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Figura 7 - coletoras de óleo, feitos com areia. B5: Isabel Alves dos Santos.^ A7 12 A: ninhos das abelhas cortadeiras Fotos: A1, A2, A3, A4, A5, B1, B2, B6: Cláudia Inês da Silva; A6, A7: Letícia Azambuja; B3, B4: Bruno Nunes; Megachile sp. Feitos com folhas e pétalas de flores. B: ninhos de abelhas

A3 A5^ A1 A6 A4A2 B3B1 B5 B2^ Conhecendo as abelhasB4 B

florais coletados. Esse comportamento mais seletivo das abelhas faz com que elas sejam incluídas no grupo das espécies oligoléticas. Outras espécies de abelhas são mais generalistas na escolha das plantas utilizadas como fontes de recursos alimentares, sendo essas denominadas poliléticas. chuvas, às fisionomias vegetais e sua localização geográfica. Todas essas variáveis que atuam na floração, e consequentemente na disponibilidade de recursos florais, influenciam diretamente a dieta das abelhas que pode apresentar diferentes graus de especialização e generalização na escolha, coleta e utilização dos recursos florais. Como descobrir em quais plantas as abelhas coletam seu alimento? coleta de pólen, néctar e óleos florais. O primeiro deles é conhecido por busca ativa nas flores, onde são observadas as abelhas que pousam nas flores e quais os recursos que elas coletam. amostras de pólen das células de cria por meio do reconhecimento dos grãos de pólen de fezes dos adultos e das larvas (Figura 9).^ As abelhas podem apresentar uma dieta mais especializada, selecionando as plantas e os recursos No ambiente a floração pode ser correspondente às estações do ano, ao período de seca e de Podem-se utilizar dois métodos para descobrir quais são as plantas visitadas pelas abelhas para a O segundo método é coletar as abelhas e retirar os grãos de pólen de seus corpos ou dos potes de alimento. Outro método é identificar as plantas ou ainda coletar Que tipo de relação é estabelecida entre as abelhas e as plantas? um papel importante para o sistema reprodutivo das mesmas, a polinização. A polinização consiste na transferência dos grãos de pólen das estruturas masculinas (anteras) para as estruturas femininas da flor (estigma) em uma mesma planta (autopolinização) ou em plantas diferentes (polinização cruzada). As abelhas, ao visitarem e coletarem os recursos florais disponibilizados pelas plantas, desempenham

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Figura 9 - Método indireto para identificação das fontes de recursos florais: A,B: por meio da análise dos grãos de pólen amosrados no corpo; C,D: coletando nas células de cria; E, F: coletando amostras de fezes. G: imagem feita por microscópio de uma lâmina de polén coletado nas abelhas. Fotos: Cláudia Inês da Silva. 15 A C E^ Conhecendo as abelhas (^) D FB G

Figura 10 - Espécies de abelhas em plantas utilizadas em culturas agrícolas: A: Halictidae em flor de tomate; B: fasciculata E: Melipona scutellaris em flor de berinjela; C: em flor de pitanga. Melipona quadrifasciata Fotos A, B e C: Patrícia Nunes Silva; D e E: Cristiano Menezes. em flor de tomate; D: Bombus sp. em flor de pitanga; Melipona 17 A C^ Conhecendo as abelhas (^) DB E

Como manejar e manter as abelhas próximas aos cultivos? mais uniformes, maior número de sementes, mais polpa e consequentemente lucros. Atualmente, uma série de fatores tem levado à redução e desaparecimento de abelhas nos cultivos, ocasionando perdas de produtividade nas culturas. Dentre alguns fatores, podemos citar a destruição total ou parcial das áreas naturais próximas aos cultivos, que reduz drasticamente os locais adequados para nidificação e as fontes de recursos alimentares utilizadas pelas abelhas afetando diretamente as comunidades. Estudos mostram que o impacto na paisagem causa um declínio nas taxas de visitação dos polinizadores em espécies cultivadas. O aumento da distância entre as áreas naturais e cultivadas reflete o potencial da ameaça da destruição do hábitat. atrativas e a utilização de ninhos armadilhas que são utilizados pelas abelhas para a construção de seus ninhos. A polinização do cajueiro pelas abelhas na agricultura. Essa cultura representa anualmente U$ 146 milhões em exportações e Manter e manejar as abelhas próximas nas áreas de cultivo significa ter uma boa produção, frutos O cajueiro ( Algumas das propostas para manejo e conservação das abelhas são a manutenção de plantas Anacardium occidentale ) é um bom exemplo da importância da polinização realizada

emprego e renda para cerca de 280.000 pessoas no campo e outras 20.000 pessoas na indústria. Embora o Brasil seja o quinto maior produtor de caju do mundo, sua produtividade (cerca de 300kg/ equivale a apenas um terço da média mundial. Uma das principais causas disso é o grande déficit de polinização observado nos pomares brasileiros. Estudos conduzidos no Ceará, maior produtor nacional de caju, mostraram que os níveis de polinização obtidos equivaliam a apenas 66% do potencial produtivo do cajueiral. Isso ocorre porque o cajueiro possui requerimentos específicos para que a polinização de suas flores ocorra, sendo necessário um grande número de polinizadores que atendam essas necessidades para maximizar a produção da cultura. ha)

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