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Este documento discute o surgimento do mercado verde e a importância da gestão ambiental em organizações, com ênfase na indústria de panificação. O estudo identifica práticas ambientais em panificadoras de joão pessoa, paraíba, e propõe questões relacionadas à gestão de resíduos e produção eficiente.
O que você vai aprender
Tipologia: Trabalhos
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Nas últimas décadas a questão ambiental vem sendo muito abordada, quer seja no meio acadêmico, ou no empresarial/organizacional, sendo uma bandeira levantada por diversos segmentos da população, constituindo-se num movimento mundial – o denominado “movimento ambientalista”, com a gestão ambiental ganhando importância dentro das organizações. Esse movimento passou, principalmente a partir da década de 70, a questionar o modelo produtivo até então estabelecido, baseado no uso recorrente de recursos naturais (BIAZIN; GODOY, 2000), pois as consequências ambientais e sociais do padrão de produção fordista eram visíveis. Após algumas décadas, esse modelo de produção tornou-se insustentável, com a escassez dos recursos naturais. Desta forma, os graves problemas ambientais ocorridos no planeta, associado ao processo de globalização iniciado após meados do Século XX, impulsionaram o surgimento de um novo tipo de mercado: o mercado verde ou ecomercado , ou seja, negócios baseados em uma consciência ecológica (ALCÂNTARA, 2005), sendo, portanto, fundamental que as organizações promovam a “gestão ambiental”. Sendo assim, é possível afirmar que a gestão ambiental se tornou tendência atualmente, por duas razões: o respaldo ecológico e a possibilidade de se obter um diferencial competitivo da gestão ambiental, explorando determinados nichos de mercado, como, por exemplo, clientes que preferem produtos que possuem certificação ambiental. Esse diferencial competitivo, pode ser explorado tanto por grandes corporações, que trabalham um marketing mais agressivo, relacionado à questão ambiental, como por micro e pequenas empresas, como as empresas do setor de panificação (padarias), empresas objeto de análise do presente estudo. Um exemplo são as padarias consideradas “verdes”, que, no seu processo produtivo, têm especificidades voltadas para as práticas de gerenciamento ambiental, embora algumas tenham apenas mudanças em seu cardápio ou matéria prima. Nesse ponto, melhorar o desempenho operacional torna-se uma das primeiras atitudes gerenciais para que uma empresa possa ser considerada “verde”, pois aproveitar ao máximo os recursos naturais de forma a reduzir o descarte final é um dos princípios de ecoeficiência. De acordo com o Instituto Tecnológico da Panificação e Confeitaria (ITPC) (2016), o número de empresas que compõem o setor de panificação no Brasil, era de 63,2 mil unidades em 2016. O segmento representava na época em torno de 818 mil empregos diretos e 1,8 milhão de forma indireta, demonstrando a importância dessas empresas no mercado. A Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria (2014) projetou que até 2023 no Brasil haveria apenas quatro tipos de panificadoras, sendo eles:
1ª) as padarias gourmet, caracterizadas por padarias com mais de 300 m² de loja ou casas completas – essas padarias permanecerão em destaque pela amplitude de serviços e produtos que oferecem ao mercado. Os momentos de consumo iniciam-se com o café da manhã a quilo, depois almoço, pizza e caldos à noite, além do amplo mix de pães e produtos panificados. Essas Padarias Gourmet são focadas no food- service e oferecem produtos de conveniência, vinhos, horti-fruti, cafeteria. A produção é própria e poderão também fabricar e fornecer para outras padarias da rede ou mesmo para o mercado em geral. 2ª) as padarias com espaço entre 100m² / 300m² de loja – essas lojas menores irão, ainda, oferecer produtos de conveniência, terão foco em food-service, comida a quilo ou mesmo prato do dia, e um amplo mix de pães. Terão conveniência e outros produtos, porém, com poucas opções de escolhas. Terão produção própria de poucos
tipos de pães e o grande mix de pães e confeitaria será comprado de centrais de produção e ou indústrias de congelados. 3ª) lojas com menos de 100m² – em função do alto custo de mão de obra e tributação brasileira, a grande mudança virá através deste terceiro modelo de padaria. Haverá abertura ou mesmo adequação de um grande número de padarias ao espaço menor que 100m², com forte tendência para padaria pequenas 40-50 m². Essas padarias não terão produção de pães e todo seu mix de produtos virá das fábricas de congelados. Nascerá´, desta forma, uma rede de padarias comércio, hoje não existente no Brasil. 4ª) boulangeries ou boutiques de pão – o mercado preservará também o surgimento de padarias boulangerie ou boutique de pão (pequenos negócios e pequenas lojas), que produzirão pães especiais com fermentação natural e um alto valor agregado, voltado para público diferenciado e especialmente exigente.
Nesse contexto de novas modalidades de panificadoras e novas exigências por parte dos consumidores, realizar estudos focados nas percepções ambientais por parte dos gestores das organizações podem mensurar o quanto de empenho existe pela mudança desta perspectiva ambiental e avaliar se as empresas estão buscando esse diferencial competitivo. Portanto , a partir do explanado até aqui, pode-se chegar à seguinte questão de pesquisa: Em que medida se observam práticas ambientais em panificadoras na cidade de João Pessoa, Paraíba? Desta forma, o objetivo do presente estudo é identificar como é feito o gerenciamento ambiental em panificadoras na cidade de João Pessoa. Segundo Jabbour e Jabbour (2013), as práticas ambientais de planejamento não reduzem por si só os impactos ambientais que as organizações causam ao meio ambiente. Essas práticas se tornam importantes por estabelecer procedimentos padrões, gerar condições necessárias e motivar os indivíduos dentro das organizações para que os objetivos de melhorias ambientais avancem e apresentem retorno de forma coordenada e continuada. Nesse sentido, este trabalho também almeja enriquecer o conhecimento relacionado à gestão ambiental no ramo de panificação. Para tal, o presente artigo está constituído, além de sua introdução, da fundamentação teórica, da metodologia, a apresentação dos resultados e das conclusões, além das referências bibliográficas. Segundo Jabbour e Jabbour (2013), essa importância da gestão ambiental dentro das organizações é resultado da evolução histórica da preocupação com o meio ambiente, com a qualidade e com a capacidade de suportar a vida humana.
2. Fundamentação Teórica
No sentido de dar suporte ao estudo, o presente capítulo está constituído das seguintes subseções: Gestão Ambiental; o processo de fabricação do pão e práticas verdes em panificadoras.
2.1 Gestão ambiental
A gestão ambiental fomenta as técnicas e as atividades administrativas realizadas por uma organização para gerar efeitos positivos sobre o meio ambiente, ou seja, para reduzir, eliminar ou compensar os problemas ambientais decorrentes da sua atividade e evitar que ocorram no futuro (BARBIERI, 2016). Já Jabbour e Jabbour (2013) definem que gestão ambiental nas organizações éa adoção de práticas administrativas de planejamento, de gestão operacional (no desenvolvimento de produtos e processos), que objetivam a melhoria da relação entre a organização e o meio ambiente, reduzindo impactos ambientais. Para esses mesmos autores, a importância da gestão ambiental dentro das organizações é resultado da evolução histórica da preocupação com o meio ambiente, com a qualidade e com a capacidade de suportar a vida humana.
Para os autores, o desenvolvimento de produtos com melhor desempenho ambiental requer a adoção de práticas especificas para a gestão dos chamados 3 Rs da gestão ambiental organizacional (JABBOUR; JABBOUR, 2013). São eles:
⮚ Primeiro, Reduzir o consumo de materiais e componentes; ⮚ Segundo, Reutilizar os materiais e componentes que ainda são úteis aos processos produtivos; ⮚ Terceiro, Reciclar os materiais e componentes que não tiveram seu consumo reduzido, nem reutilizado.
Chega-se, assim, ao famoso e já popularizado conceito de Desenvolvimento Sustentável, ou seja, o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender às necessidades das futuras gerações. Essa definição surgiu na Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pelas Nações Unidas para discutir e propor meios de harmonizar dois objetivos: o desenvolvimento econômico e a conservação ambiental (ONU, 1983). Segundo Rensi e Schenini (2006), o desenvolvimento sustentável torna-se uma questão de empenho organizacional, porém sua aplicação no dia a dia exige mudanças na produção e no consumo e na forma de pensar e viver. O desenvolvimento sustentável trata de questões ambientais, sociais e econômicas. Seja numa realidade social desenvolvida quanto numa subdesenvolvida, cabem a noção do desenvolvimento e a busca por melhoria nas condições de vida. Dessa forma, enquanto existir algo que pode ser melhorado na organização resultará na hipótese do desenvolvimento. Rensi e Schenini (2006) enfocam que, na tentativa de colocar em uso um desenvolvimento industrial sustentável, as organizações vêm se adaptando às exigências da preservação pela utilização das técnicas que lançam mão racionalmente dos recursos e evitam a poluição, as denominadas tecnologias limpas.
Tecnologias limpas
Nesse contexto, estes autores destacam dois tipos de técnicas: as gerenciais , que são os processos de gestão, e as operacionais , que são os processos produtivos. As tecnologias limpas gerenciais englobam: planejamento estratégico sustentável, SGA (Sistema de gestão ambiental), ISO 14000, auditoria ambiental (ABNT), educação e comunicação ambiental, imagem e responsabilidade social corporativa (parcerias), marketing verde ou oportunidades ecológicas, contabilidade e finanças ambientais, projetos de recuperação e melhoria, suprimentos certificados (capacitação de fornecedores), riscos e doenças ocupacionais (CIPA), qualidade total ambiental, qualidade de vida (motivação ou saúde ocupacional), entre outras. Entre os exemplos citados de tecnologias limpas gerenciais, cabe ressaltar a ISO 14000, que, de acordo com o Portal de Normas Técnicas (2017), é um conjunto de normas voltadas para a gestão ambiental de empresas de qualquer nível, tamanho ou área. Essas normas têm o objetivo principal de criar na empresa um Sistema de Gestão Ambiental e com isso reduzir os danos causados ao meio ambiente. As normas ISO 14000 têm como principal foco minimizar o impacto causado ao meio ambiente. Seu objetivo não é tornar a empresa uma “empresa verde”, mas sim fazer com que ela tenha uma melhoria contínua na gestão ambiental e esteja de acordo com todas as políticas e leis ambientais. As tecnologias limpas operacionais englobam, necessariamente: estratégias básicas e balanços energéticos, antecipação e monitoramento, controle da poluição nos processos,
tecnologias de produtos, logística de suprimentos, tratamento e minimização, descarte e disposição.
Produção mais limpa (P+L)
Para Fonseca, Pessoa e Martins (2014), a produção mais limpa nasce com um intuito de contribuir para que as organizações evitem grandes desperdícios de materiais, gerando o mínimo possível de resíduos em seus processos ou, se possível, resíduo zero. Assim, é uma ferramenta que vem ganhando espaço nas discussões e práticas das organizações. De acordo com Pimenta e Gouvinhas (2007), a necessidade básica do processo de produção mais limpa é eliminar a poluição durante o processo produtivo, não no final. A razão é que todos os resíduos que a empresa gera custaram recursos, pois foram comprados a preço de matéria-prima.
Produto verde e manufatura enxuta (ME)
Segundo Alves e Freitas (2013), o produto “verde” deve causar menor impacto ambiental, utilizar menos recursos e energia e reduzir o uso de material tóxico, poluição e resíduos durante todo o ciclo de vida. Ou seja, um produto “ve rde” não é aquele produzido com impacto zero na natureza, mas sim o que causa menor ônus aos recursos naturais. Nesse contexto, cabe ressaltar que a definição de produto verde deve estar disseminada por toda a estrutura da organização; portanto, a manufatura enxuta torna-se uma ferramenta essencial para esse processo. Segundo Tubino (2015), como as práticas da ME (Manufatura Enxuta) são bastante simples, de fácil entendimento, e na maioria das vezes de fácil aplicação. Cabe ressaltar dois pontos quanto à ME, que fazem dela muito mais do que um pensamento a ser disseminado pela fábrica: ⮚ Primeiro, sua profundidade: por ser uma estratégia, começa com a definição da missão/visão do negócio em que a empresa está ou vai entrar, passa pela estratégia corporativa e competitiva e adentra na montagem da fábrica e sua operação; ⮚ Segundo, sua amplitude: é colocada em prática como uma estratégia competitiva, o que afeta as demais funções da empresa, como marketing e finanças, quebrando paradigmas na demanda e em custos e sem o entendimento e ajuda deles quanto à estratégia competitiva que se está buscando adotar (TUBINO, 2015).
2.2 O processo de fabricação do pão
O quadro 2 resume as etapas do processo de panificação, de acordo com Brandão e Lira (2011).
2.3 Práticas verdes em panificadoras
2.3.1 Uso eficiente de energia
Segundo Vallim e Teixeira (2016), um dos principais gastos operacionais nas padarias está no consumo de energia elétrica e de gás, em que algumas mudanças podem gerar um resultado positivo nas atividades dessas empresas, além de reduzir os impactos ambientais gerados pela atividade. Entre elas, pode-se elencar:
● Instalar bancos capacitores na rede elétrica, resultando em diminuição da multa cobrada pela concessionária de energia pelo impacto gerado pelas máquinas, além de reduzir o consumo, gerando assim uma menor emissão de gases de efeito estufa; ● Organizar a arquitetura da empresa de forma a gerar maior incidência de luz solar e diminuição da utilização de luz artificial, reduzindo o consumo de energia elétrica, além de beneficiar a localização dos fornos de forma que eles estejam em locais que provoquem um isolamento térmico para ampliar a durabilidade da temperatura gerada por seus combustíveis; ● Instalar sensores de movimentos nas lâmpadas, de forma a reduzir o consumo de energia, evitando o esquecimento de lâmpadas acesas em locais sem utilização; ● Instalar lâmpadas LED, de forma a reduzir o consumo de energia elétrica; ● Adquirir fornos que sejam mais eficientes, de modo que sua temperatura tenha maior durabilidade e menor oscilação de temperatura, gerando assim redução na utilização de combustíveis; ● Utilizar fornos compatíveis com o nível de produção, de modo a aperfeiçoar os custos e reduzir utilização de combustíveis; ● Realizar manutenções constantes nos fornos, máquinas e refrigeradores, de modo a manter a eficiência energética dos mesmos.
2.3.2 Gestão ambiental dos resíduos
Para Vallim e Teixeira (2016), a melhor forma de garantir uma gestão ambiental é produzir de acordo com a demanda e eliminar toda e qualquer forma de desperdício nas etapas e processos internos nas panificadoras; entre eles, destacam-se:
● Rever os processos internos de forma a reduzir os desperdícios de matéria-prima ao longo da cadeia produtiva; ● Gerenciar os fornecedores de modo a adquirir produtos com embalagens retornáveis ou biodegradáveis; ● Padronizar as receitas, de modo a dosar as quantidades certas de cada insumo; ● Utilizar pré-misturas de modo a reduzir os desperdícios nas receitas; ● Realizar manutenção periódica em equipamentos de forma a reduzir perdas no processo; ● Elaborar procedimentos operacionais padrão, para reduzir os desperdícios gerados por erros de novos colaboradores, além de realizar treinamentos e cursos periódicos para utilização de melhores técnicas produtivas; ● Gerenciar os descartes de resíduos para que os mesmos possam ser reciclados de maneira integral.
Segundo Paula Junior et al. (2012), todo o processo produtivo deve ser baseado nas entradas (insumos), processamento (material em transformação) e por fim obtêm-se as saídas (bens acabados). Depois de mapeadas as entradas e saídas dos processos de panificação, torna- se simples a identificação de possíveis resíduos e posteriormente uma ação corretiva para a não continuidade do problema, como mostra o Quadro 3.
Entradas e Saídas no Processo de Produção do Pão Etapa Entrada Processamento Saída Resíduo Ação Corretiva Pesagem e Separação
Farinha de Trigo, Água, Fermento, Reforçador, Açúcar e Sal.
Dosagem da matéria-prima
Matéria-prima dosada para a mexedeira
Embalagens das matérias- primas e resíduo de farinha
Resíduos das embalagens devem ser vendidos para Reciclagem
Mexedeira Matéria-Prima junta
Misturar a matéria- prima
Massa misturada e homogeneizada para o cilindro
Restos de massa na máquina
Reaproveitamento do resíduo no processo
Cilindro Matéria-Prima homogeneizada
Unificar a massa Massa pronta para o corte
Resíduos de massa e farinha na máquina
Reaproveitamento do resíduo não contaminado e o restante encaminhar para aterro sanitário Corte Massa homogeneizada
Corte da massa em pequenas porções que variam de acordo com o tipo do pão
Porções de massa com tamanho padronizado
Pequenas tiras de massa não aproveitada no corte
Reaproveitamento da massa retornando à etapa anterior
Modeladora Porções de massa com tamanhos padronizados
Adequar a massa ao seu formato de pão
Pão cru em seu formato característico
Restos de massa na máquina
Reaproveitamento da massa retomando a etapa 4 Armários Pão cru para ser fermentado
Fermentação do pão Pão cru completamente fermentado
Não se aplica Não se aplica
Forno Pão cru para ser assado
Assar o pão Pão assado, pronto para o balcão
Farelos e Pães com falhas.
Utilização em Farinha de Rosca
Balcão Pão assado e pronto para ser vendido
Ficar à mostra para clientes
Pão adquirido pelo cliente
Farelos e Sobras de Pães
Farelo vai para utilização em Farinha de Rosca e as sobras tornam-se comida de animais Quadro 3: Entradas e saídas no processo de produção do pão Fonte: Adaptado de Paula Junior et al. (2012, p. 8)
3. Procedimentos metodológicos
Quanto aos objetivos este trabalho, ele é descritivo, no sentido que descreve práticas para minimizar os impactos ambientais nas padarias estudadas. O presente estudo é qualitativo, o qual não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas. Inicialmente, foi realizada uma pesquisa bibliográfica sobre os temas estudados, tanto em meios impressos como digitais. Na sequência, se realizou uma pesquisa de campo para a coleta das informações necessárias. Para Vergara (2016), pesquisa de campo é investigação empírica realizada no local onde ocorre ou ocorreu um fenômeno ou que dispõe de elementos para explicá-lo, que, no presente trabalho, se dá em panificadoras de João Pessoa.
4.1 Quais os impactos visíveis gerados pela sua atividade produtiva?
Das 8 panificadoras estudadas, 5 trabalham com forno a gás e 3 com forno a lenha; 1 dessas 3 possui um filtro redutor de fuligem, o que reduz a emissão de fumaça, porém não minimiza as emissões de poluentes. As 5 panificadoras que trabalham com forno a gás se declaram idôneas em relação aos impactos gerados pela sua atividade produtiva; porém, não é o que se percebe de acordo com as observações realizadas, haja vista que as empresas continuam emitindo gases poluentes mesmo com a queima do gás como combustível. A presente questão teve como principal objetivo gerar uma autocrítica para os gestores das panificadoras, de forma que os mesmos observassem sua atividade produtiva e identificassem nela os principais impactos gerados. Essa reflexão poderia acarretar uma consciência ambiental, pois, como foi abordado por Barbieri (2016), a preocupação com o meio ambiente, antes restrita a um pequeno grupo da sociedade, ultrapassou para amplos setores da população. Porém, nesse setor do mercado, pouco se viu ou foi demonstrada preocupação com o meio ambiente. O que resulta dessa questão é que não existe conscientização dos impactos gerados ao meio ambiente por parte da maioria das panificadoras estudadas.
4.2 A arquitetura da empresa foi desenvolvida de modo que sua disposição no ambiente gere eficiência energética?
Das 8 panificadoras estudadas, apenas 2 informaram ter projetado o ambiente empresarial de forma a garantir a eficiência energética. Porém, não é o que foi constatado pela observação, pois o ambiente encontrado não dispõe de iluminação natural, as máquinas não estão dispostas no ambiente de forma a favorecer o fluxo produtivo, as máquinas estão ultrapassadas e, em sua maioria, sem manutenção preventiva, o que gera menor eficiência produtiva. Não há um isolamento térmico no ambiente dos fornos, o que gera um desperdício energético. Ou seja, nenhuma das panificadoras entrevistadas foi projetada para garantir a eficiência energética. A presente questão foi embasada em um dos 3 Rs da gestão ambiental (JABBOUR; JABBOUR, 20 13), o R de reduzir o consumo. Para a redução do consumo é necessário que o ambiente empresarial tenha sido desenvolvido de modo a gerar eficiência, pois não adianta o colaborador ser eficiente, as máquinas serem eficientes e o ambiente interno não facilitar o trabalho do colaborador e dificultar a funcionalidade das máquinas. O resultado obtido dessa questão é que uma pequena parcela dos gestores imagina ter projetado sua produção da forma correta, porém o resultado da observação é que nenhuma das panificadoras estudadas produz de forma eficiente. O que foi observado foram máquinas dispostas de forma não sequencial, o que torna difícil a fluidez do trabalho, e pouca iluminação natural, o que gera improdutividade e custos adicionais com iluminação artificial.
4.3 O seu forno é compatível com seu nível de produção? E a temperatura oscila muito ou é constante durante a produção?
A questão 3 foi fundamentada pela teoria das tecnologias limpas, tratada no estudo de Rensi e Schenini (2006), que engloba entre outros conceitos o monitoramento, o controle e a minimização. Ou seja, a presente questão pretende identificar o comprometimento dos gestores com o controle e consequentemente com a minimização dos desperdícios. Das 8 empresas entrevistadas, apenas 2 informaram estar com a capacidade ociosa, uma por ter reinaugurado há poucos dias e a outra por estar em processo de encerramento das atividades. Ou seja, há uma preocupação das empresas em relação à redução da produtividade por parte da ociosidade dos equipamentos utilizados. Com relação ao tipo de forno, das 8
entrevistadas, 5 possuem forno turbo gás e apenas 3 o forno de lastro a lenha. Por se tratar de um forno mais econômico em termos de poder aquisitivo, o forno turbo a gás torna-se mais popular entre as panificadoras. Porém, o mesmo é de difícil controle de temperatura, ou seja, gera uma menor eficiência. Já os fornos de lastro permitem manter a temperatura constante por mais tempo. O que se conclui é que há uma preocupação em maximizar a utilização dos equipamentos; porém, essa preocupação é de caráter apenas financeiro e não ambiental. Além disso, foi observado que a maior parte das panificadoras utiliza forno turbo , o que eleva o custo produtivo gerado pela diminuição do calor durante a produção. Ou seja, mesmo que as empresas busquem aperfeiçoar seus recursos, as perdas produtivas serão inevitáveis, pois os equipamentos (forno) por natureza já são ineficientes.
4.4 Em relação às máquinas e equipamentos, com que frequência são feitas as manutenções? São feitas para corrigir defeitos ou para manter a eficiência?
Também baseado no estudo de Rensi e Schenini (2006), mais especificamente as tecnologias limpas operacionais, a questão 4 gera nos gestores das panificadoras uma autocrítica, no sentido de se vale a pena não investir em manutenção preventiva e assim ocasionar em desperdícios na produção. Das 8 entrevistadas, 5 afirmaram fazer manutenções nos equipamentos com frequência para manter a eficiência e apenas 3 afirmaram que as manutenções são apenas quando as máquinas quebram. Porém, durante a observação, foi constatado que 2 dessas 5 não realizam manutenções com frequência, pois os equipamentos encontravam-se em situações precárias de trabalho. A falta de manutenção das máquinas gera uma redução na produção e ineficiência energética. Esse item demonstrou que não há preocupação, por parte dos entrevistados, com a manutenção da eficiência de seus equipamentos. Portanto, o que se conclui desse quesito é que a maior parte das panificadoras estudadas não se preocupa com os desperdícios gerados pela ineficiência de seus equipamentos, ocasionando assim prejuízos financeiros e ambientais.
4.5 Suas receitas são padronizadas? Nelas utiliza-se de pré-misturas?
O quesito 5 foi elaborado baseando-se no estudo de Vallim e Teixeira (2016) e retrata que a melhor forma de garantir uma gestão ambiental é produzir de acordo com a demanda e eliminar toda e qualquer forma de desperdício nas etapas e processos internos. E padronizar as receitas, de modo a dosar as quantidades certas de cada insumo, elimina os desperdícios, como também a utilização de pré-misturas (receitas prontas). Apenas 3 do total de 8 afirmam panificadoras não ter suas receitas padronizadas; porém, na observação foi constatado um número maior, chegando a 50% dos entrevistados. A padronização das receitas, além de evitar desperdícios, mantém o padrão dos produtos. Em relação à pré-mistura, 50% das entrevistadas afirmaram trabalhar com esses produtos em pelo menos um dos itens fabricados na produção. A pré-mistura, além de facilitar a produção, garante um padrão único e evita desperdícios de matéria-prima. O que se conclui desse quesito é que há uma crescente conscientização em relação à padronização dos produtos; porém, a motivação para isso é exclusivamente de retorno financeiro e não de respaldo ambiental, haja vista nenhum gestor ter citado o meio ambiente na resposta desse quesito.
percebido no decorrer do diálogo em cada panificadora. Percebia-se que eles não têm o entendimento correto dos conceitos. Além da falta de conhecimento sobre o assunto, existe notoriamente uma falta de motivação dos gestores em seguir o mínimo de requisitos, no que tange o trato com o meio ambiente, a não ser os que são obrigatórios por lei, para obtenção de alvarás públicos, como o da SEMAM (Secretaria de Meio Ambiente). Nas panificadoras de menor porte, onde não são exigidos os alvarás públicos, são deixados de lado esses requisitos mínimos anteriormente mencionados, e levados em consideração apenas os que geram resultados econômicos, como, por exemplo, o de eficiência das máquinas e o da minimização dos desperdícios. As principais percepções obtidas são que: i) Não há conhecimento por parte dos gestores das panificadoras em relação ao conceito de gestão ambiental; ii) Não há uma ampla divulgação sobre o que é uma gestão ambiental por parte das instituições competentes de apoio ao empreendedor; iii) Não há motivação por parte dos gestores das panificadoras em trabalhar de forma a seguir os conceitos da gestão ambiental e; iv) Não há políticas públicas que motivem a gestão ambiental em panificadoras. Com relação às dificuldades encontradas durante as pesquisas, cabe ressaltar a dificuldade de encontrar panificadoras de menor porte de acordo com a classificação da ABIP, pois em João Pessoa existe um pequeno número de panificadoras menores que 100m², que tenham uma produção apenas artesanal. Outra dificuldade foi a de encontrar os gestores nas panificadoras de maior porte, pois, mesmo com data e horário agendados anteriormente, o gestor não comparecia na empresa – o fato ocorreu inúmeras vezes quando se tratava das panificadoras acima de 300m². E, por fim, dificuldade de interpretação dos respondentes, haja vista o nível de instrução dos gestores das panificadoras de menor porte; para que houvesse o entendimento das questões, elas tinham que ser modificadas e explicadas de uma forma que gerasse o entendimento na vivência prática de cada um.
Referências
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