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FLORÍSTICA DA MATA CILIAR DO RIO MANDU
Resumo
Foi realizado o levantamento floristico arbóreo de 3 fragmentos de mata ciliar no rio mandú , nas
localidades do bairro Bogari , Sertãozinho e aterrado em Pouso alegre , próximo a desembocadura do rio
Sapucaí Mirim , Foram identificadas as espécies numa faixa de 20mts de largura por 500mts extenção , A
maior diversidade ocorreu no fragmento do bairro bogari ,pois existe pouca interferência do homem naquela
região, e em segundo no distrito do sertãozinho em Borda Da Mata,situada em uma parte rural localizada
paralelamente a rodovia MG 290 , e por fim no Bairro aterrado situado em Pouso Alegre.
1. INTRODUÇÃO
1.1 Considerações Iniciais
As matas ciliares são definidas, segundo Rodrigues (2001), como formações que ocorrem ao longo
de cursos d’água, com drenagem bem definida ou mesmo difusa. Segundo Berg & Oliveira-Filho (2000), a
presença de mosaicos vegetacionais em matas ciliares é determinada pelas condições locais de topografia,
clima, solo e regime hídrico dos rios e cursos d’água. A inter-relação com as matas adjacentes e a influência
do fluxo gênico vegetal e animal resultam em uma heterogeneidade característica dessas formações.
Salvador & Reichardt apud Dias et al ., 1998), ressaltam a importância da mata ciliar numa bacia
hidrográfica do ponto de vista hidrológico e ecológico. Segundo os autores, são: “a manutenção da
qualidade da água, a estabilidade do solo das áreas marginais, a regularização do regime hídrico através da
sua influência no lençol freático, funciona como filtro do escoamento superficial, protegendo os cursos
d’água de adubos e defensivos agrícolas, e fornece alimento para a fauna aquática e silvestre ribeirinha”.
Apesar de sua inquestionável importância ecológica, as matas ciliares Da região de sertãzinho e
aterrado vêm sendo destruídas ou encontram-se em sua maior parte degradadas, o que acarreta sérios
problemas para a manutenção da biodiversidade. Essas agressões normalmente são causadas pela
implantação de lavouras, pois estas atuam fortemente na economia da região Os estudos referentes à
florística e à estrutura fitossociológica dos remanescentes florestais da região sudeste do Estado de Minas
Gerais são muito escassos; destacam-se apenas os trabalhos de Stranghetti & Taroda Ranga (1998), sobre o
levantamento florístico das espécies vasculares de uma mata localizada na Estação Ecológica de Paulo de
Faria, Stranghetti et al. (2000; 2003
A situação crítica em que se encontram essas florestas deixa evidente a necessidade de estudos
sobre sua composição florística e a ecologia dos seus remanescentes, onde o conhecimento da vegetação
ciliar é imprescindível para a caracterização da vegetação adjacente, permitindo assim estabelecer, de forma
mais segura, as medidas mais adequadas de manejo e recuperação de áreas alteradas.
O desmatamento das matas ciliares resulta no assoreamento do rio. Como a mata ciliar tem por
principal função proteger o solo contra erosões, a ausência desta deixa o solo desprotegido, ficando sujeito a
erosões. Com a chuva, a terra é desgastada, indo para o rio, o qual fica assoreado, tendendo a ficar cada vez
mais raso. Isso também diminui a qualidade da água, afetando os ecossistemas que habitam o rio,
acarretando no desequilíbrio das relações ecológicas da região.
Neste panorama, as matas ciliares não escaparam da destruição; pelo contrário, foram alvo de todo
o tipo de degradação. Basta considerar que muitas cidades foram formadas às margens de rios, eliminando-
se todo tipo de vegetação ciliar; e muitas acabam pagando um preço alto por isto, através de inundações
constantes.
O novo Código Florestal (Lei n.° 4.777/65) desde 1965 inclui as matas ciliares na categoria de áreas
de preservação permanente. Assim toda a vegetação natural (arbórea ou não) presente ao longo das margens
dos rios e ao redor de nascentes e de reservatórios deve ser preservada.
De acordo com o artigo 2° desta lei, a largura da faixa de mata ciliar a ser preservada está
relacionada com a largura do curso d'água. A tabela apresenta as dimensões das faixas de mata ciliar em
relação à largura dos rios, lagos, etc.
As matas ciliares desempenham um papel importante no ambiente, pois funcionam como um filtro.
Além disso, servem de abrigo e fonte de alimento para a fauna silvestre e aquática.
Levantamentos florísticos são de extrema importância para o conhecimento preliminar das
formações vegetais, já que fornecem informações básicas e essenciais para a execução de estudos mais
detalhados sobre a vegetação, sendo um ponto crucial no processo de preservação. Nesse contexto, os
objetivos deste trabalho foram avaliar as variações florísticas e estruturais de fragmentos da mata ciliar do
Rio Mandú, no estado de Minas Gerais.
1.2 Objetivo
Comparar a flora de três fragmentos diferentes.uma na cabeceira do bairro do Bogari em Borda da
Mata ,outra no médio,no distrito do sertãozinho em Borda Da mata , e baixo mandú, localizado no bairro do
aterrado em Pouso Alegre
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1 Área de estudo
O trabalho foi desenvolvido nas matas ciliares do Rio Mandu no período de Agosto a Setembro de
2010. O termo Mandu deriva da corruptela de “Mandi-Yu, que quer dizer: peixe amarelo”. O rio Mandu é
um importante componente na história e no ecossistema da região, além de abastecer as cidades de Borda da
Mata e Pouso Alegre.
O Rio Mandu nasce no Bairro Francisco Sá, no município de Ouro Fino, passado por Borda da
Mata e Pouso Alegre. Sua altura é de 1.060 metros, em relação ao nível do Mar. Sua extensão é de
aproximadamente 50 km e sua profundidade varia de 0,30 m a 4 metros. Deságua no rio Sapucaí - Mirim..
tomando o rumo NE, atravessa parte da bacia do Sapucaí, lançando-se no Sapucaí-Mirim, o rio Mandu se
divide em três tipos matas: Bogari, Sertãozinho e Aterrado,
O relevo da região varia de plano suave a ondulado. A região e caracterizada por apresentar solos
rasos, pedregosos e quase sempre descobertos. Na região, muito da vegetação nativa já foi devastada e em
alguns pontos os processos erosivos são evidentes. A ocupação da área deu-se de forma desordenada e hoje
existem apenas fragmentos residuais de vegetação apresentando sua cobertura vegetacional como um
mosaico em diferentes estágios sucessionais..
2.2. metodologia
A amostragem florística das espécies foi realizada através de caminhadas ao longo da mata ciliar,
num total de 1,5 km percorridos. Esta lista foi enriquecida pelas espécies amostradas no levantamento
estrutural. foram as espécies cujo representante, apresentava no mínimo uma CAP (circunferência a altura
do peito )de 15,7cm .Foram coletadas amostras para dados específicos para posterior comparação com dados
da literatura.
Foi feito analise e pesquisa nos três níveis de matas existentes do Rio Mandu.
Bogari: Mata secundaria preservada ,madeira em rio pedregoso com cava funda marginal
Sertãozinho : Mata secundaria pertubada em várzea , com o dreno do rio bom , pelo tamanho da
cava e pela profundidade sendo raras as inundações marginais.
São Geraldo: Mata pertubada ,secundaria , com trechos conservados sendo toda área sujeita inundações de verão.
FAMILIA ESPECIES NOME
POPULAR
BOGARI SERTAÕZINHO SÃO
GERALDO
Myrtaceae
Eugenioa sp eugênia / x x
Eugenia hyemalis. eugênia / x x
Eugenia widgrenii eugênia / x x
Eugenia dodoneifolia cambuí / / /
Eugenia florida Eugenia x x /
Myrcia multiflora. cambuí / x x
Myrcia splendens. carvaozino / x
Myrcia laruotteana cambui / x /
Myrciaria tenella guamirim / x /
Myrcia laruotteana cambui / x x
Solanaceae
Solanum bullatum / x x
Solanum pseudoquina jurubeb-de-árvore / x x
Salanum granulosum capoeira-branca x / x
Salanum pseudoquina jurubeba-de-árvore x / x
Fabaceae
Erythrina falcata moxoco /
Machaerium nyctitans bico-de-pato / x x
Fabaceae Mimosoideae / x x
Acacia polyphylla monjoleiro / x x
Inga vulpina ingá-rosa / x x
Fabaceae Caesalpinoideae / x x
Hymenaea corbaryl jatobá / x x
Bauhinia forficata pata-de-vaca / x x
Copaifera langsdorffii copaíba / x x
Erythrina crista-gallis corticeira-rosa x / x
Lanchocarpus acutratus embira-de-sapo x / x
Lonchocarpus guilleminianum embira-de-sapo x / x
Machaerium acutifolium jacarandazinho /
Machaerium vestitum marmelinho x / x
Salicaceae
Casearia lasiophylla fruta-de-galo / x x
Casearia sylvestris guassatonga / x /
Xilosma ciliatifolia espinho-de-judeu x x /
Meliaceae
Cedrela fissilis cedro / x x
Guarea macrophylla peloteira / x x
Cabrales canjerana canjarana x / x
Guarea guidoni peloteira x / X
Guarea Kunthiana peloteira x x /
Araucariaceae
Araucaria angustifolia araucária / x^ x
Boraginaceae
Cordia magnoliifolia Cham. café-de-bugre / x /
Cordia superba baba-de-moça x x /
Melastomataceae
Miconia jaracatião / x x
Miconia cinerascens jaracatião /
Annonaceae
Rollinia emarginata araticuzinho / x x
Rolinea sylvatica araticum x /
Lythraceae
Lafoensia pacari dedaleira /^ x^ x
Burseraceae
Protium spruceanum almaçagueiro / / x
Nyctaginaceae
Guapira opposita maria-mole /^ x^ x
Moraceae
Ficus enormis mata-pau / x x
Ficus insipida Willd. figueira-branca / / x
Morus nigra amoreira x x /
Maclura tinctoria taiuveira x x /
Rubiaceae
Psychotria vellosiana Benth. cafezinho / x x
Guettarda uruguensis veludo / x x
Amayoua sp x / x
Rudgea jasminoides cafezinho x x /
Randia sp veludo x x /
Arecaceae
Syagrus romanzoffiana jerivá /^ x^ x
Aquifoliaceae
Ilex paraguariensis A.St.-Hil. Erva-mate / x x
Annacardiaceae
Schinus terebinthifolius pimenteira / x /
Lythraea molleoides aroeira x / x
Celastraceae
Maytenus robusta espinheira-santa x x /
Maytenus evonymoides espinheira-santa x x /
Pycramaceae
Pycramia selowi Sem nome x x /
Asteraceae
Vernonia phosphoria assa-peixe x / x
Vernonia discolor assa-peixão x / x
Piptocarpha macropóda vassourão-preto x / x
Sapindaceae
Matayba guianensis cambutá x / /
Erythroxilacea
Erythroxilum deciduum pimentinha x^ /^ x
Urticaceae
Boheria caldata falsa-urtiga x / x
Cecropia glaziovi embaúba x / x
Lamiaceae
Aegyphila selowiana tamanqueira x /
Vitex megapotamica tarumã x / /
No Bairro bogari encontramos 57 especies de arvores dividida em 24 familias, sendo 4 espécies dominantes
nessa área :
Bauhinia forficata ::Pata de vaca
Matayba guianensis: Mataiba
Schinus terebinthifolius : Aroeira mansa
Calyptranthes grandifolia: Cambuí
No Bairro Sertaozinho encontramos 52 especies divididas em 24 familias, sendo 5 espécies dominantes
nessa área :
Eugênia dodoneifolia:Cambuí
Croton urucurana: Sangra d´gua
Sebastiania commersoniana: Capixaba
Casearia sylvestris: Guaçatonga
Nectandra nitidula: canelinha
No Bairro SÃO GERALDO encontramos 18 espécies divididas em 18 familias , sendo 6 espécies
dominantes nessa área :
Inga vera :Iingá dório
Pycramia selowiana: s/n
Sebastyiania commersoniana: Capixaba
Guarea Kunthiana: peloteira
Casearia sylvestris: Guaçatonga
Matayba guianensis: Guambutá
Acredita-se que essa variação de espécie em matas diferente, deve-se ao baixo índice de
diversidade fato de que muitas espécies podem apresentar populações naturalmente dispersas e raras, ou
seja, os indivíduos sempre se encontram distantes uns dos outros, de forma que a área amostral
incluiu mais de um indivíduo da mesma espécie
4. CONCLUSÃO
As matas mais conservadas apresentam diversidades de espécies florestais .As matas aluviais (de
inundações ) apresentam menor numero de espécies e as matas sem inundações apresentam maior
similaridade que as conservadas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BERG, E. D.; OLIVEIRA-FILHO, A. T. Composição florística e estrutura fitossociológica de uma floresta
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http://www.ifs.ifsuldeminas.edu.br/pesquisas/TCC/TCC_2009/TCC_Fabiana.pdf; Acesso em 04 de
Setembro
DAVIDE, A. C.; SILVA,E. A. A. DA. Produção de sementes e mudas de espécies florestais. 1. ed. Lavras-
MG: Ed. UFLA, 2008. 175 p. Disponível em:
http://www.ifs.ifsuldeminas.edu.br/pesquisas/TCC/TCC_2009/TCC_Fabiana.pdf; Acesso em 04 de
Setembro
FERREIRA, Daniel Assumpção Costa; DIAS, Herly Carlos Teixeira. Situação atual da mata ciliar do
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Disponível em: http://www.cptl.ufms.br/revista-geo/Artigo5_M.Rizzo.pdf: Acesso em 04 de Setembro de
GRELA FILHO, Antônio Rodrigues; RIZZO, Marçal Rogério; SANTOS, Bruno José; Corredores
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RODRIGUES, R. R. Uma discussão nomenclatura das formações ciliares. In: RODRIGUES, R. R.;
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