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Guias e Dicas
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Floriano, E. P. Fitossociologia florestal, 1 ed. Sao Gabriel, 2014, Notas de estudo de Engenharia Florestal

Ecologia vegetal quantittiva de florestas

Tipologia: Notas de estudo

2014

Compartilhado em 22/10/2014

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EDUARDO PAGEL FLORIANO
FITOSSOCIOLOGIA FLORESTAL
São Gabriel
Edição do Autor
2014
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Baixe Floriano, E. P. Fitossociologia florestal, 1 ed. Sao Gabriel, 2014 e outras Notas de estudo em PDF para Engenharia Florestal, somente na Docsity!

EDUARDO PAGEL FLORIANO

FITOSSOCIOLOGIA FLORESTAL

São Gabriel Edição do Autor

EDUARDO PAGEL FLORIANO

FITOSSOCIOLOGIA FLORESTAL

1ª edição

São Gabriel Edição do Autor

PREFÁCIO

A escassez de textos didáticos sobre fitossociologia em língua portuguesa para o curso de Engenharia Florestal foi o maior motivador para a realização deste trabalho, escrito no intuito de servir como guia ao estudante. Não possui a abrangência global da disciplina, que é extremamente complexa e ampla, compondo somente uma breve introdução.

Embora já se tenha realizado estudos fitossociológicos sobre quase todas as comunidades vegetais existentes, esta é uma ciência nova, ainda em formação, tendo começado a tomar corpo durante o Século XX. Em conseqüência, existem muitas controvérsias sobre como devem ser coletados os dados, analisá-los, descrever e comparar as diferentes comunidades vegetais. Portanto, nem tudo o que é dito neste trabalho será aceito por todos os fitossociologistas. A abordagem que se fez neste compêndio tem como objetivo servir de subsídio para o manejo florestal, tendo-se procurado abranger o essencial das metodologias mais utilizadas.

São Gabriel, 26 de agosto de 2014.

Eduardo Pagel Floriano

SUMÁRIO

  • INTRODUÇÃO
  • 1 EVOLUÇÃO DA FITOSSOCIOLOGIA
    • 1.1 Escolas de fitossociologia
      • 1.1.1 Escola de Uppsala
      • 1.1.2 Escola de Zurique-Montpellier
      • 1.1.3 Escola americana das comunidades seriais
      • 1.1.4 Escola de Toulouse
    • 1.2 Florística sistemática fitossociológica
    • 1.3 Classificação fitossociológica da vegetação
    • 1.4 Classificação fisionômica da vegetação
    • 1.5 Cartografia das vegetações
    • 1.6 Indicadores e grupos ecológicos
    • 1.7 Fitossociologia e dinâmica da vegetação
  • 2 ECOLOGIA E FITOSSOCIOLOGIA
    • 2.1 Ambiente
    • 2.2 População
    • 2.3 Comunidade
    • 2.4 Nicho ecológico
    • 2.5 Biocenose
    • 2.6 Fitocenose
    • 2.7 Ecossistema
    • 2.8 Paisagem
    • 2.9 Fisionomia
    • 2.10 Associação
    • 2.11 Formação
    • 2.12 Bioma
    • 2.13 Sinecologia
    • 2.14 Sinúsia
    • 2.15 Fitossociologia
    • 2.16 Elementos
    • 2.17 Processos
    • 2.18 Sistemas
  • 3 ESTUDOS DE VEGETAÇÃO
    • 3.1 Fatores de distribuição das plantas
      • 3.1.1 Princípios da limitação na distribuição de espécies
      • 3.1.2 Fatores limitantes na distribuição de espécies
    • 3.2 Escala de estudo
    • 3.3 Interações vegetais
      • 3.3.1 Competição (- / -)
      • 3.3.2 Coexistência (+ ou 0 / + ou 0)
      • 3.3.3 Sucessão e clímax
    • 3.4 Distribuição das comunidades vegetais
    • 3.5 Sistema de Classificação da Cobertura Terrestre (LCCS)
  • 4 COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA
    • 4.1 Diversidade de espécies
    • 4.2 Índices de diversidade α
      • 4.2.1 Riqueza de espécies
      • 4.2.2 Abundância relativa de espécies
      • 4.2.3 Índice de Berger-Parker
      • 4.2.4 Índice de Entropia de Rényi
      • 4.2.5 Índice de diversidade de Shannon-Wiener
      • 4.2.6 Índice de diversidade de Brillouin
      • 4.2.7 Quociente de mistura de Jentsch
      • 4.2.8 Índice de uniformidade de Pielou
      • 4.2.9 Índice de Simpson
    • 4.3 Índices de diversidade β
      • 4.3.1 Similaridade entre comunidades
      • 4.3.2 Índice de similaridade de Jaccard
      • 4.3.3 Índice de similaridade de Sørensen
      • 4.3.4 Índice de similaridade de Czekanowski
      • 4.3.5 Índice de Morisita-Horn
      • 4.3.6 Medida de Whittaker
      • 4.3.7 Diversidade por agrupamento
    • 4.4 Agregação das espécies
      • 4.4.1 Índice de agregação de MacGuinnes
      • 4.4.2 Índice de Fracker e Brischle
      • 4.4.3 Índice de Payandeh
    • 4.5 Índice de fidelidade
    • 4.6 Índice de eqüitatibilidade
  • 5 ESTRUTURA HORIZONTAL
    • 5.1 Densidade
    • 5.2 Freqüência
    • 5.3 Dominância
    • 5.4 Valor de Cobertura
    • 5.5 Índice de abundância
    • 5.6 Valor de Importância
  • 6 ESTRUTURA VERTICAL
    • 6.1 Posição Sociológica
    • 6.2 Regeneração Natural
  • 7 ESTRUTURA DIAMÉTRICA
  • 8 REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DA VEGETAÇÃO
  • 9 FRAGMENTAÇÃO
  • 10 MÉTODOS DE ESTUDOS FITOSSOCIOLOGICOS
    • 10.1 Variáveis em levantamentos fitossociológicos
    • 10.2 Tipos de unidades, tamanho e intensidade amostral
    • 10.3 Métodos amostrais usados em fitossociologia
    • 10.4 Sistema de amostragem em fitossociologia
    • 10.5 Métodos de inventário em fitossociologia
    • 10.6 Estimativas dos parâmetros fitossociológicos
      • 10.6.1 Método de área fixa
      • 10.6.2 Método de Bitterlich
      • 10.6.3 Método de Strand
      • 10.6.4 Método de Prodan
      • 10.6.5 Método dos quadrantes
      • 10.6.6 Método do vizinho mais próximo
      • 10.6.7 Método da árvore mais próxima
      • 10.6.8 Transectos
    • 10.7 Método de Braun-Blanquet
  • REFERÊNCIAS

das comunidades vegetais, procurando estabelecer relações sociais matemáticas e estatísticas entre espécies e comunidades e destas com o ambiente, determinando suas afinidades e forma de agrupamento.

Os métodos abstratos de estudo da vegetação foram configurados e desenvolvidos principalmente durante o Século XX, formando duas correntes: a européia e a norte-americana. Em 1974, Mueller-Dombois e Ellenberg publicaram a obra " Aims and methods of vegetation Ecology "^1 , em que procuram unir as metodologias dos dois continentes, criando uma nova sistemática de estudos da vegetação com objetivos e limites claros. Em sua concepção, os estudos da vegetação incluem a descrição das estruturas horizontal e vertical, da regeneração, das relações entre as espécies e a classificação da vegetação em função desses parâmetros; o que implica em determinar a organização, funcionamento e evolução de uma comunidade vegetal.

Os estudos fitossociológicos têm como objetivo a descrição das características quantitativas das comunidades vegetais naturais de maneira sistematizada, abrangendo a composição florística, a estrutura horizontal e vertical da vegetação, a regeneração natural, as associações e os relacionamentos entre espécies e sua distribuição e a distribuição e relacionamentos entre as associações ou grupos de espécies, a dinâmica populacional, a classificação e as relações das unidades de vegetação com o ambiente e sua evolução ao longo do tempo. Portanto, a fitossociologia deve ser definida como o estudo abstrato das comunidades vegetais nos ecossistemas.

(^1) Objetivos e métodos de ecologia vegetal.

A fitossociologia, por ser baseada em métodos quantitativos de avaliação e inferência, também é chamada de ecologia quantitativa de comunidades vegetais, ou ecologia vegetal quantitativa, sendo estreitamente relacionada com a climatologia e edafologia, a sintaxonomia, a taxonomia vegetal, a fitogeografia e demais ciências ambientais ligadas à biologia (Figura 1). Entre as principais aplicações da fitossociologia estão o embasamento científico para a recuperação de áreas degradadas, o manejo de áreas silvestres e unidades de conservação (UC), a conservação de recursos naturais e o manejo de florestas heterogêneas, tanto para a produção de madeira, quanto para uso múltiplo.

Figura 1 - Relacionamentos com outras disciplinas e as aplicações da fitossociologia.

A sintaxonomia é a ciência que trata da nomenclatura das unidades de vegetação, sendo uma ciência auxiliar da fitossociologia. As unidades sintaxonômicas são hierárquicas, partindo-se das menores e mais simples para as maiores e mais complexas. Um sistema sintaxonômico é uma representação abstrata da vegetação de um determinado território.

Os sistemas de classificação e denominação das unidades de vegetação e seus componentes têm evoluído, mas a despeito da necessidade de

probabilísticos como o de quadrantes, considerados empíricos, e os de parcelas únicas baseados em um só transector.

Este documento tem como objetivo servir de introdução às principais metodologias empregadas em estudos fitossociológicos.

1 EVOLUÇÃO DA FITOSSOCIOLOGIA

A fitossociologia tratava inicialmente da listagem florística detalhada das comunidades vegetais, posteriormente passou a abranger o estudo da sua estrutura, da relação entre as plantas de uma mesma espécie e entre as populações de diferentes espécies e dessas com o ambiente em que vivem, além de sua distribuição geográfica. Embora, a maioria dos estudos fitossociológicos se refira a uma situação temporal estática, um estudo fitossociológico completo na atualidade deve abranger a relação entre as plantas de uma comunidade considerando as dimensões espacial e temporal.

Os precursores da fitossociologia como Henri Lecocq, Charles Flahaut e Emile Castelo observaram que as diferentes espécies de plantas não são distribuídas de forma aleatória e muitas vezes uma mesma espécie é encontrada no mesmo tipo de ambiente em diferentes locais; assim, definiram as associações de espécies como unidades florístico-fisionômicas fundamentais da cobertura vegetal. Durante o Século XIX e início do Século XX, os primeiros

apresentado o rol das principais Escolas de Fitossociologia que se formaram, a partir de seus principais pesquisadores, ao longo do tempo (WIKIPEDIA/FR, 2009):

  • Escola sueca de associações (Rietz) - Uppsala.
  • Escola Inglesa de predominância (Smith / Tansley).
  • Escola norte-americana do clímax (Gaussen) - Toulouse.
  • Escola livre suíça sigmatista (Braun-Blanquet) - Zurich–Montpellier.
  • Escola suíça de sinúsias (Rubel / Gams).
  • Escola americana do continuum (Gleason).
  • Escola russa de fitocenoses (Sukachev).
  • Escola estônio unistrate (Lippmaa).
  • Escola belga dos grupos socioecologicos (Duvigneaud).
  • Escola francesa dos grupos ecológicos estatísticos (Gounot / Gadroon / Daget).
  • Escola francesa de fitossociologia sinusial integrada (Lippmaa / Gams / Braun-Blanquet);
  • Escola americana das comunidades seriais (Clements). Essas escolas diferem em seus conceitos, especialmente a cerca das unidades básicas (associações), escolhidos por uma abordagem sinusial fitocenótica ou, em função do peso atribuído à predominância, a constância e a fidelidade das espécies, a estratificação, a dinâmica dos agrupamentos vegetais, pelas suas técnicas de amostragem (quadrantes, de tamanho constante, amostragem aleatória, estratificada etc) e pelos seus métodos de síntese e de modelagem.

Entre as escolas mais importantes que consideram as formas de vegetação como equilibradas e aparentemente estáticas estão as de Uppsala e Zurique-Montpellier, enquanto que entre as que têm por base a dinâmica da vegetação estão a Escola das Comunidades Seriais e a Escola de Toulouse, descritas a seguir.

1.1.1 Escola de Uppsala

A escola de fitossociologia de Uppsala, iniciada em 1921, foi desenvolvida por uma equipe de fitossociologistas liderados por G. E. du Rietz, consistindo de um conjunto de métodos com a finalidade principal de classificação das comunidades vegetais. A escola de Uppsala usava a classificação com ênfase nas espécies preferenciais de alta constância ou dominância (ENCYCLOPEDIA, 2009).

Segundo a escola de Uppsala, a associação é baseada no princípio da constância-dominância, constituindo uma fitocenose estável, de composição florística homogênea, em que cada estrato é caracterizado por espécies constantes dominantes. As formações representam o nível mais alto de classificação, sendo compostas pelas diferentes associações da fisionomia considerada. As formações, portanto são definidas com base na fisionomia e as associações na composição florística.

A nomenclatura das associações é determinada pelo nome científico do gênero botânico da espécie dominante ou característica, acrescida do sufixo etum , seguido do nome da espécie; por exemplo, para representar uma associação em que o Espinilho ( Acacia caven (Mol.) Mol.) é dominante, tem-se a seguinte denominação: Associação Acaci etum caven.

1.1.2 Escola de Zurique-Montpellier

A escola de fitossociologia de Zurich–Montpellier foi formada por um grupo de fitossociologistas liderados por Josias Braun-Blanquet que, a partir de 1927,

base da classificação natural dos agrupamentos vegetais no seu sistema, baseado no desenvolvimento da vegetação, que é separado em estágios temporais característicos denominados de série (ou sere) (WIKIPEDIA/FR, 2009).

As séries podem ser secas ou úmidas, recebendo as denominações de xerosérie e hidrosérie, respectivamente.

O sistema considera dois tipos de sucessão, que recebem as denominações a seguir:

  • prisere – é uma sucessão primária, terminando em clímax ideal (clímax propriamente dito);
  • subsérie – é uma sucessão secundária, terminando no clímax potencial. Os estágios seqüenciais de sucessão da vegetação podem acabar em dois tipos de clímax, desenvolvidos a partir de duas situações:
  • clímax verdadeiro - desenvolvido a partir de solo nu;
  • clímax potencial – é o clímax que pode se desenvolver a partir de uma sucessão secundária, aproximando-se do clímax verdadeiro. Há casos especiais em que a vegetação passa por fases distintas denominadas de subclímax e disclímax, descritos a seguir:
  • Subclímax – estágio anterior ao clímax que se mantém por muito tempo (sucessão lenta); exemplo: sucessão após incêndios.
  • Disclímax – modificações da flora primitiva, pela introdução de espécies exóticas, que se adaptam facilmente. No sistema de Clements a unidade da vegetação que corresponde ao clímax geral de uma área é a formação.

Exemplo de classificação para associações existentes nos EUA: Formação de Quercus-Fagus: florestas de folhas caducas das planícies.

Associação de subunidades devido ao clima regional: a) Quercus - Castanea dentula; b) Fagus - Acer saccharum; c) Quercus – Carya.

1.1.4 Escola de Toulouse

Henry Marcel Gaussen é considerado o fundador da fitogeografia e desenvolveu várias técnicas para mapeamento da vegetação. Gaussen também é um dos cientistas que desenvolveram o conceito de fases sucessionais da vegetação, além das bases para o entendimento da xerotermia e ombrotermia.

O sistema fitossociológico de Gaussen foi desenvolvido em regiões temperadas (Pirineus) em sucessões secundárias que conduzem ao clímax potencial (plesioclímax) e se estabeleceram após a ação humana (SMITH, 2007; WIKIPEDIA/FR, 2009). Nesse sistema existem dois tipos de séries:

  • Regressiva: sob ação do homem (floresta → charneca → prado → cultura);
  • Progressiva: sob ação da natureza (cultura abandonada → prado → charneca → floresta). Os diversos estágios de uma série progressiva (ou phyllum ) correspondem a formações em escala crescente de 0 a 10, quanto ao porte das espécies dominantes, iniciando-se com o solo nu e finalizando em floresta, como segue:
  • 1 e 2 – prados ou estepes;
  • 3, 4 e 5 - subarbustos (charnecas...)
  • 7 – moitas;
  • 9 – arbustos;
  • 10 – floresta clímax. Estas formações são sinécias: agrupamentos de fisionomia determinada, visíveis sobre o terreno. As sinécias, que formam os diversos estágios de uma