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Um balanço historiográfico sobre os diferentes significados atribuídos às cidades na modernidade, com ênfase nos estudos sobre ruídos, marcas e caminhos na escrita moderna. O texto aborda a cidade como objeto de problematização, com a análise de práticas e discursos inseridos no espaço urbano, visando racionalizar e purificar a cidade dos resíduos toxicológicos. Além disso, o documento discute as estratégias de disciplinarização dos sujeitos que habitam a cartografia urbana, relacionadas às teorias de michel foucault.
O que você vai aprender
Tipologia: Resumos
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Faculdade Independente do Nordeste Arquitetura e Urbanismo Teoria do Espaço Urbano I – Daniel Matos Paes Aluna: Luana Rodrigues Araújo
Fichamento Comentado: Ruídos, marcas e caminhos na escrita moderna: apontamentos de um balanço historiográfico.
“Vários olhares visitaram e visitam a cidade. Homens e mulheres que entram pelas suas portas, adentram o cotidiano urbano, passam, olham, captam os sentidos e os sons, estudam seus personagens, sentem os odores e sabores que invadem ruas e becos, praças e coretos, estações de trens e transportes. Ruídos que marcam a escrita de diversos profissionais, dentre os quais geógrafos, urbanistas, arquitetos, sociólogos, historiadores que têm lançado olhares diversos sobre a cidade, principalmente a cidade no contexto da modernidade. Segundo Souza, “a cidade moderna adquire diversas fisionomias, entre elas, a cidade do capitalismo, do trabalho, a cidade do progresso, a cidade do lazer” (1). Também podemos acrescentar outras tipologias que atualmente tem sido atribuída à cidade, como a cidade bela, higiênica, desodorizada, arborizada, sentida pelo olfato, pelos olhos dos transeuntes.” Os diferentes significados atribuídos à cidades e diversos estudos no âmbito da historiografia, têm focalizado a cidade enquanto objeto de problematização. Com os desdobramentos da revolução industrial incorporam- se em seu cotidiano os elementos significativos da modernidade. “Neste tipo de historiografia, prevalece à análise de práticas e discursos inseridos no espaço urbano, cujo objetivo é racionalizar e purificar a cidade dos resíduos toxicológicos. É a limpeza através da “porta do monturo”, expelindo o feio, o sujo, o lixo que se acumula em ruas e casas, sanitarizando a cidade em nome do progresso e da saúde pública. Expelem-se, através da “porta do lixo”, os resíduos que agridem o olhar dos novos habitantes da cidade, principalmente a partir do final do século XIX, quando esta prática ganhou visibilidade em vários países, dentre estes o Brasil. A discussão presente na historiografia sobre esta temática destaca os procedimentos de disciplinarização dos sujeitos que habitam a cartografia urbana, evidenciando o diálogo com Michel Foucault e seu conceito de tecnologias disciplinares (7). Foucault destaca que na sociedade moderna as tecnologias de disciplinarização dos corpos representam o desejo de padronização dos comportamentos com vistas a uma racionalização do espaço. As estratégias de organização do espaço urbano, lançadas por sujeitos que se situam em um lugar de poder e saber, como médicos, engenheiros e arquitetos, difundem um conjunto de ações e discursos no intuito de ordenar a cidade de acordo com os padrões de civilidade exigidos pela sociedade capitalista.”
A eliminação dos elementos feios e infectados da cidade tem o intuito de sanitarizar e embeleza-la com vistas à adoção de uma fisionomia moderna. Em muitos discursos de intervenção, dispensar o feio era o modo de se enquadrar na perspectiva de cidade moderna que os organizadores do espaço almejavam construir. “Sarges argumenta que para imprimir o ideal de moralidade, limpeza e higiene associados aos pressupostos republicanos de ordem e progresso, ‘o poder publico impôs à cidade uma disciplinarização do espaço expressa na revisão do código de posturas, adequando-os aos novos métodos de modernidade’. Em ‘Belém: um outro olhar sobre a Paris dos trópicos (1897- 1911)’ põe em relevo as transformações ocorridas no espaço urbano da capital do Pará, em sua relação com a renovação material ocorrida na cidade de Paris em meados do século XIX. Segundo a autora, essas modificações do espaço urbano relacionam-se com a intenção de introduzir na cidade todo um princípio de racionalidade, ordenação, mobilidade do tráfego de pessoas e mercadorias, provocando ‘a regulação cotidiana da cidade que ia desde a fiscalização dos gêneros destinados ao consumo, passando pelo asseio das vias públicas, segregação dos pedintes, loucos e embriagados até a moral e os bons costumes’ (23).” Como medidas de prevenção às constantes epidemias que se faziam presentes nas grandes cidades, ocorreram mudanças nas cidades brasileiras que foram articulados aos ideários da civilização e progresso visando colocar a cidade no contexto da modernidade e adequá-la às exigências do capitalismo como medidas de higienização do espaço urbano. “Em ‘Uma outra cidade: O mundo dos excluídos no final do século XIX’, Sandra Jatahy Pesavento focaliza algumas representações elaboradas pela elite porto-alegrense sobre os sujeitos diferentes que habitavam a cidade de Porto Alegre no momento em que esta passava por transformações em sua materialidade. Segundo a autora, estes são definidos a partir dos lugares que ocupam na cidade, assim ‘constituem os lugares da cidade dos outros, designados pelo imaginário da exclusão (...). Aos lugares que definem a moradia, o lazer e a contravenção, acrescentam-se os lugares do ocultamento ou confinamento. São eles, o hospital, o hospício, o asilo, a cadeia’ (41). São sujeitos ‘condenados’ que representam cenas de um espaço marcado pela tragicidade, que encenam o teatro da vida cujo destino tem um final implacável.” Para as elites, a construção da cidade moderna, significava conferir ao espaço urbano uma limpeza social e física. Com vistas à racionalização, higienização, embelezamento da cidade, adotados pelo poder público municipal em ação conjunta com outros profissionais, evidencia-se que a cidade moderna é marcada por práticas intervencionistas.