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Fatores associados à prática de exercícios físicos em homens voluntários adultos e idosos residentes na Grande São Paulo
Tipologia: Exercícios
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105 Rev. Bras. Epidemiol.Vol. 4, Nº 2, 2001
Trabalho realizado no Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo e no Hospital Heliópolis em São Paulo –SP.
Departamento de Epidemiologia Faculdade de Saúde Pública Universidade de São Paulo Endereço para correspondência: Rua Euclides Coelho, 101 03919-060 São Paulo, SP - Brasil E-mail: aflorind@usp.br
Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública Universidade de São Paulo
Departamento de Epidemiologia Faculdade de Saúde Pública Universidade de São Paulo
Departamento de Epidemiologia Faculdade de Saúde Pública Universidade de São Paulo
Hospital Heliópolis, São Paulo – SP
Resumo
O objetivo deste estudo foi verificar os fato- res associados à prática de exercícios físicos em homens adultos e idosos residentes na grande São Paulo. O estudo foi transversal e a população constou de 326 homens volun- tários, avaliados no Hospital Heliópolis em São Paulo. As variáveis de estudo foram a prática de exercícios físicos (PEF) dos últi- mos 12 meses (variável dependente), e ida- de, nível de escolaridade, prática de exercí- cios físicos no período de 10 a 30 anos, cor da pele, estado civil, tabagismo, ingestão de bebidas alcoólicas, ocupação e índice de massa corporal foram as variáveis indepen- dentes. A análise univariada foi realizada atra- vés do teste de χ^2 e regressão logística sim- ples e a análise conjunta através de regres- são logística múltipla. A variável que melhor explicou a PEF foi o nível de escolaridade. Depois do ajuste por tabagismo, idade e IMC, os homens com ensino fundamental e mé- dio completos mostraram maior chance de PEF (OR=4,56; IC 95 %=1,66-12,50), o mesmo acontecendo com homens com ensino su- perior (OR=8,39; IC 95 %=1,83-38,42), quando comparados com homens com escolarida- de até ensino fundamental incompleto. Es- tes resultados são importantes para as polí- ticas públicas de implantação e implemen- tação de programas de exercícios físicos, mostrando ser de fundamental importância programas que objetivem atingir a popula- ção masculina de adultos e idosos com bai- xa escolaridade na grande São Paulo.
Palavras-chave:Palavras-chave:Palavras-chave:Palavras-chave:Palavras-chave: Exercício Físico. Educação. Adulto. Idoso. Homens.
Rev. Bras. Epidemiol.Vol. 4, Nº 2, 2001 106 Fatores associados à prática de exercícios físicos Florindo, A.A. et al.
Introdução
As atividades físicas e os exercícios físi- cos são considerados importantes estratégi- as de promoção em saúde e prevenção de doenças 1,2. O sedentarismo é um problema de saúde pública em algumas regiões do Bra- sil, principalmente nas grandes capitais^3 e no município de São Paulo 4,5, em virtude da baixa prevalência de pessoas praticantes de exercícios físicos nestas regiões. Acredita-se que este fato seja decorrente de fatores es- truturais que influenciam a adesão da popu- lação à prática de exercícios físicos (PEF)^6. Já é conhecido, em países desenvolvidos, que a maior adesão à PEF está associada com maiores níveis de escolaridade e de renda7- (^11). Porém, estes fatores são pouco estuda- dos em países em desenvolvimento como o Brasil. Visto que a adesão a PEF é de extre- ma importância como parte do conjunto de programas direcionados à promoção em saúde, o objetivo do presente estudo foi ve- rificar os fatores associados à prática de exer- cícios físicos em homens adultos e idosos residentes na grande São Paulo, utilizando os dados da pesquisa “Determinantes da Densidade Mineral Óssea em Homens Adul- tos e Idosos”^12.
Material e Métodos
Este foi um estudo do tipo transversal. A população constou de 326 homens com ida- de igual ou superior a 50 anos que foram convidados para participar da pesquisa “Determinantes da Densidade Mineral Ós- sea em Homens Adultos e Idosos”, realizada no Hospital Heliópolis, localizado na região sul do município de São Paulo. A área de abrangência do Hospital inclui a região Sul e municípios vizinhos como São Caetano do Sul, São Bernardo do Campo, Santo André e Diadema. A divulgação da pesquisa foi realizada através de anúncio em jornal do bairro do Ipiranga e adjacências, convites para homens acompanhantes de mulheres em consulta periódica no Posto de Atendimento Médico do Hospital e convites para funcionários do
Abstract
The aim of the study was to analyze the factors associated to practicing physical exercise in adults and elderly men living in S. Paulo. It is a cross-sectional study that analyzes 326 volunteer men aged 50 years and older. The dependent variable was the practice of physical exercise (PPE) in the last 12 months and the independent variables were age, education, practice of physical exercise in the period from 10 to 30 years of age, race, marital status, smoking habits, ingestion of alcoholic drinks, occupation and body mass index (BMI). The analysis was done using the χ^2 test and simple logistic regression and multiple logistic regression. Education was associated to PPE, even after adjusting for smoking habits, age and BMI. Men with elementary school (OR= 4.56, 95CI%=1.66-12.50) and men with college education (OR= 8.39, 95CI%=1.83-38.42) practice more physical exercise than men that did not finish elementary school. These results show that education should be considered in the planning of physical exercise programs for adults and elderly men.
Keywords:Keywords:Keywords:Keywords:Keywords: Physical exercise. Education. Adult. Aged. Men.
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rante nove meses no ano (DP=2,7 meses). É interessante ressaltar que apenas cinco ho- mens (1,5%) relataram praticar uma segunda modalidade de exercício físico, sendo que, destas modalidades, a mais praticada foi o futebol (dois homens), seguido por treina- mento com pesos (um homem), caminhada (um homem) e corrida (um homem). A média de idade da população de estu- do foi de 62,5 anos (DP=7,9 anos), sendo a maioria com cor de pele branca (80%), casa- da (87%) e com nível de escolaridade até o ensino fundamental incompleto (74%). Com relação às medidas antropométricas, a mé- dia de peso foi de 73,1 Kg (DP=12,8 Kg), a média de estatura foi de 165,3 cm (DP=6, cm) e a média do IMC foi de 26,7 Kg/m 2 (DP=4,1 Kg/m 2 ). A maioria dos homens foi classificada com sobrepeso (42%) ou com algum grau de obesidade (22%) de acordo com a classificação da Organização Mundial da Saúde^14. A Tabela 1 apresenta os resultados de associação de cada variável independente com a variável dependente PEF e os respec- tivos valores deodds ratio (OR) bruto. Ob- serva-se que a única variável estatisticamente significativa foi o nível de escolaridade
(p=0,003) e decidiu-se avaliar o efeito da es- colaridade, ajustada por idade, tabagismo e IMC, através da análise múltipla. A Tabela 2 apresenta os OR’s de escolari- dade ajustados por idade, tabagismo e IMC. Verifica-se que esta variável esteve associa- da significativamente com a PEF dos últi- mos 12 meses, mesmo após a inclusão das outras variáveis no modelo. Quando ajusta- do pelas variáveis tabagismo, idade e IMC, os homens com ensino fundamental e ensi- no médio completos possuíram 4,56 vezes a chance de PEF, nos últimos 12 meses, em relação aos homens com ensino fundamen- tal incompleto. Para os homens com nível superior completo a chance subiu para 8, vezes.
Discussão
Este foi um estudo transversal para ava- liar quais características sócio-demográficas poderiam influenciar na PEF em homens adultos e idosos. A população de estudo não é amostra representativa da população brasileira, pois foi composta por homens voluntários, po- rém, considera-se que não houve viés de
Figura - Modalidades de PEF praticadas por homens adultos e idosos da região da grande São Paulo, Hospital Heliópolis, 1997. Figure - Modalities of PPE practised for adult and elderly men S.Paulo, Heliopolis Hospital, 1997.
Fatores associados à prática de exercícios físicos Florindo, A.A. et al. 109 Rev. Bras. Epidemiol.Vol. 4, Nº 2, 2001
Tabela 1 - Distribuição dos participantes da pesquisa segundo as variáveis de estudo, Hospital Heliópolis, São Paulo, 1997 Table 1 - Distribution of the participants of according to variables of study, Heliopolis Hospital, S.Paulo, 1997
Variável Categoria Exercício físico Total % OR bruto p* Sim Não N° % N° %
Cor da pele Branca 18 7 243 93 100 2, Não branca 2 6 63 94 100 1 0,
PEF de 10 a 30 anos Praticou 12 7 160 93 100 1, Não praticou 8 5 146 95 100 1 0,
Tabagismo Fumante 1 2 64 98 100 5, Não fumante 19 7 242 93 100 1 0,
Consumo de álcool Não 13 5 230 95 100 0, Sim 7 8 76 92 100 1 0,
Estado civil Casado 19 7 264 93 100 3, Solteiro, viúvo, desquitado ou separado 1 2 42 98 100 1 0,
Escolaridade Ensino superior 3 20 12 80 100 7, Ensino fundamental completo até o ensino médio completo 9 13 62 87 100 4, Ensino fundamental Incompleto 8 3 232 97 100 1 0,
Idade 50 a 60 anos 7 5 130 95 100 0, Acima de 60 anos 13 7 176 93 100 1 0,
IMC Normal e desnutrição 6 5 107 95 100 0, Sobrepeso e obesidade 14 7 199 93 100 1 0,
Ocupação atual Aposentado 14 6 221 94 100 0, Trabalha 6 7 85 93 100 1 0, Total 20 306 100
*Nível descritivo de associação pelo teste de χ^2
seleção, tendo em vista que eles se apresen- taram para fazer exame de densitometria óssea e não avaliação da PEF. Na comparação da população do pre- sente estudo com dados da população bra- sileira, o levantamento de dados da pesquisa de padrão de vida (PPV)^3 , realizado pelo Ins- tituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou que 57% da população masculina de todas as idades das grandes
metrópoles do Brasil foram considerados como estando dentro do peso normal, con- tra 35% das pessoas deste estudo, o que mostra um percentual maior de obesos no presente estudo, provavelmente por se tra- balhar com homens com idade igual ou su- perior a 50 anos. Analisando-se a Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição (PNSN) 3 , realizada pelo IBGE em 1989, verifica-se que aumentou a proporção de obesos, sendo que
Fatores associados à prática de exercícios físicos Florindo, A.A. et al. 111 Rev. Bras. Epidemiol.Vol. 4, Nº 2, 2001
com idade igual ou superior a 50 anos. A PPV 3 indicou que 30% da população brasi- leira residente nas grandes capitais está engajada em algum tipo de PEF. Estudo epide- miológico recente no município de São Pau- lo^4 mostrou que de 1.000 indivíduos estuda- dos, 30% praticavam algum tipo de exercí- cio físico. Nunomura 21 cita um levantamen- to sobre atividades físicas realizado pelo Ins- tituto Datafolha, em 98 municípios do Brasil com 2.054 pessoas entre 18 a 60 anos de ida- de no ano de 1997. Os resultados mostraram que 40% da população praticavam algum tipo de exercício físico, sendo que, dos que prati- cavam, 38% praticavam todos os dias, 62% possuíam curso superior, 57% tinham renda superior a 20 salários mínimos, 50% eram homens, 47% residiam na região sul e 46% tinham idade entre 18 a 24 anos. Dos que não praticavam, 70% eram mulheres, 69% tinham escolaridade até o ensino fundamen- tal, 66% tinham idade entre 45 e 60 anos, 65% residiam na região Nordeste e 64% ti- nham renda até dez salários mínimos. Pes- quisa epidemiológica realizada em mulhe- res e homens adultos e idosos australianos^22 mostrou uma proporção inversa, com um índice de PEF em 70% da população contra 30% de não praticantes. No presente estudo, 94% não praticavam nenhum tipo de exercí- cio físico. Acredita-se que esta baixa pro- porção de PEF deve-se principalmente a fai- xa etária estudada, pois quanto maior a ida- de, menor a proporção de PEF como apon- tam as pesquisas em mulheres e homens norte-americanos 23 e australianos 22. O estudo de Nunomura^21 mostrou que os principais motivos de adesão a PEF estão relacionados a realização dos exercícios físi- cos em grupos, ao condicionamento físico, a saúde e a forma física ou estética respecti- vamente. Voltando a discutir o levantamen- to realizado pelo Datafolha^21 , os cinco prin- cipais motivos alegados para não se exerci- tar foram a falta de tempo (65%), não gostar de esporte (18%), ter preguiça (10%), falta de dinheiro (10%) e problemas de saúde (7%), respectivamente. Os principais motivos ale- gados para prática foram emagrecimento ou manutenção da forma física (53%), manu-
tenção ou melhora da saúde (36%), hábito de vida (20%), recomendação médica (16%) e lazer (11%). Porém, em países como o Bra- sil, existem outros problemas estruturais 6 como a escassez e precariedade de instala- ções para a PEF, baixo nível socioeconômico da população e ausência de tempo^24 , os quais também são fatores associados a baixa pro- porção de PEF. Estudos de países desenvol- vidos têm indicado que maiores níveis de renda são importantes determinantes da PEF em mulheres e homens adultos norte-ame- ricanos 23 e australianos^22 , em idosos holan- deses 7 , em adultos e idosos canadenses^25 e dinamarqueses^26 ..... É interessante ressaltar os resultados do estudo de Monteiro et al.^27 re- alizado em policiais militares da cidade de Bauru no estado de São Paulo. Os homens com maior nível socioeconômico, incluindo rendaper capita maior que dois salários mí- nimos, casa própria, sem dependentes e sem uma segunda ocupação, estavam engajados em PEF regular e eram mais ativos que os homens com rendaper capita até um salá- rio mínimo, que não possuíam casa própria, que possuíam dependentes e que tinham maiores cargas de trabalho. Com relação aos níveis de escolaridade, no município de São Paulo, a menor preva- lência de PEF está concentrada nas classes sociais D e E, caracterizadas por classes com menores ganhos familiares, menor poder de compra e baixos níveis de escolaridade^4. No presente estudo, a única variável que explicou a PEF dos últimos 12 meses em homens adultos e idosos foi a escolaridade, mesmo depois de ajustada por tabagismo, idade e IMC. Estes resultados são semelhantes às pes- quisas realizadas em mulheres e homens adultos de países desenvolvidos como Aus- trália^22 , Inglaterra, Escócia e País de Gales8,9, Estados Unidos 10 , Canadá 25 e Dinamarca^26 , que mostraram que maiores níveis de esco- laridade são importantes determinantes para adesão a PEF e para maiores níveis de ativi- dades físicas. O tabagismo também está relacionado com baixa adesão a PEF e com maiores ní- veis de inatividade física em mulheres e ho-
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mens norte-americanos 23,26,28. Estudos em mulheres e homens adultos norte-america- nos 23 e australianos 22 , e em homens idosos holandeses^7 , mostraram que o nível de ativi- dades físicas está inversamente correla- cionado com a idade. Além disso, alguns tra- balhos mostraram que maiores níveis de IMC estão associados com menores níveis de atividades físicas e de adesão a PEF em mulheres e homens norte-americanos 23,10. Neste estudo não foi encontrada associação entre PEF e as variáveis tabagismo, idade e IMC. Argumenta-se que a associação não foi observada provavelmente pelo pequeno nú- mero de homens que relataram PEF. Porém, optou-se por deixar estas variáveis no mo- delo pela importância que representam na associação com a PEF 7,10,22,23,26,^. Considerando que o nível de escolarida- de é um fator determinante para a PEF, seja em homens adultos e idosos da região da grande São Paulo, como mostrou este estu- do, ou seja em populações de países desen- volvidos, como mostraram outras pesqui- sas 7-11^ , é importante que a implantação e implementação de programas de exercícios
físicos tenha enfoque maior nas pessoas com baixo nível de escolaridade, para poder con- tribuir para o aumento na adesão à PEF. Recomenda-se, também, priorizar questões relacionadas à infra-estrutura, caracteriza- das pelo aumento do número de clubes e parques públicos, além da melhoria dos já existentes, principalmente para a população de baixa renda, pois acredita-se que este fa- tor também poderia contribuir para aumen- tar a adesão a PEF de homens adultos e ido- sos residentes na grande São Paulo.
Agradecimentos
Agradecemos à Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) pelas bolsas de mestrado e doutorado con- cedidas a Alex Antonio Florindo; ao Conse- lho Nacional de Pesquisas (CNPq) pela bolsa de pesquisa concedida a Maria do Rosário Dias de Oliveira Latorre, e pela bolsa de dou- torado concedida a Tomoe Tanaka; à Coordenadoria de Aprimoramento Pessoal (CAPES) pela bolsa de doutorado concedida a Patrícia Constante Jaime.
Referências