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Farmaco Basica e Clinica 13
Tipologia: Notas de estudo
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Ocorre insuficiência cardíaca quando o débito cardíaco é inadequa- do para suprir o oxigênio necessário ao corpo. Trata-se de uma con- dição altamente letal, cuja taxa de mortalidade de 5 anos é estimada, convencionalmente, em cerca de 50%. Nos Estados Unidos, a coro-
nariopatia constitui a causa mais comum de insuficiência cardíaca. Na insuficiência sistólica, ocorre redução da ação de bombeamento mecânico (contratilidade) e da fração de ejeção do coração. Na insu- ficiência diastólica, a rigidez e a perda do relaxamento adequado de- sempenham importante papel na redução do débito cardíaco, porém a fração de ejeção pode ser normal. Como outras condições cardio- vasculares estão sendo atualmente tratadas de modo mais eficiente
(particularmente o infarto do miocárdio), maior número de pacien- tes está sobrevivendo por um período suficiente para permitir o de- senvolvimento de insuficiência cardíaca, constituindo, assim, uma das condições cardiovasculares cuja prevalência está aumentando. Embora se acredite que o defeito primário na insuficiência car- díaca incipiente resida no mecanismo de acoplamento excitação- contração do coração, o distúrbio clínico também envolve muitos outros processos e órgãos, incluindo o reflexo barorreceptor, o sis- tema nervoso simpático, os rins, a angiotensina II e outros peptídi- os, bem como a morte das células cardíacas. O reconhecimento desses fatores propiciou um avanço numa variedade de estratégias de tratamento (Quadro 13.1). As pesquisas clínicas realizadas mostraram que a terapia direcio- nada para alvos não-cardíacos pode ser mais valiosa no tratamento a longo prazo da insuficiência cardíaca do que o uso de agentes inotrópicos positivos tradicionais (glicosídios cardíacos [digitálicos]). Por conseguinte, os fármacos que atuam sobre os rins (diuréticos) são considerados, há muito tempo, pelo menos tão importantes quanto os digitálicos. Estudos clínicos cuidadosos mostraram que os inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA), os l3-bloqueadores e a espironolactona (um diurético poupador de po- tássio) constituem os únicos agentes de uso atual que realmente prolongam a vida dos pacientes com insuficiência cardíaca crônica. Por outro lado, os agentes inotrópicos positivos podem ser muito úteis na insuficiência aguda. Além disso, reduzem os sintomas na insuficiência crônica.
O vigor da contração do músculo cardíaco é determinado por vári- os processos que levam ao movimento dos filamentos de actina e miosina no sarcômero cardíaco (F ig. 13.1). Em última análise, a contração decorre da interação do cálcio (durante a sístole) com o sistema de actina-troponina-tropomiosina, liberando, assim, a in- teração actina-miosina. Esse cálcio ativador é liberado do retÍculo sarcoplasmático (RS). A quantidade liberada depende da quanti- dade armazenada no RS e da quantidade de cálcio desencadeanteque penetra na célula durante o platô do potencial de ação.
A. SENSIBILIDADE DAS PROTEíNAS CONTRÁTEIS AO CÁLCIO
Os de terminantes da sensibilidade ao cálcio, isto é, a curva que re- laciona o encurtamento das miofibrilas cardíacas com a concentra- ção citoplasmática de cálcio, ainda não estão totalmente esclareci- dos; entretanto, foi constatado que vários tipos de drogas são capa- zes de afetá-Ios in vitro. O levosimendan é o exemplo mais recente de uma droga que aumenta a sensibilidade do cálcio (pode inibir também a fosfodiesterase) e reduz os sintomas em modelos de in- suficiência cardíaca.
B. QUANTIDADE DE CÁLCIO LIBERADA DO RETíCULO SARCOPLASMÁ TICO
A ocorrência de uma pequena elevação do cálcio citoplasmático li- vre, produzida pelo seu influxo durante o potencial de ação, desen- cadeia a abertura dos canais de cálcio na membrana do RS, bem como a rápida liberação de grande quantidade do íon no citoplas- ma, nas proximidades do complexo de actina-troponina-tropomi- osina. A quantidade liberada é proporcional à quantidade armaze- nada no RS e à quantidade de cálcio desencadeante que penetra na célula através da membrana celular. A rianodina é um potente al- calóide vegetal inotrópico negativo que interfere na liberação do cálcio através dos canais do RS. Não se dispõe de nenhuma droga capaz de aumentar a liberação de cálcio através desses canais.
C. QUANTIDADE DE CÁLCIO ARMAZENADA NO RETíCULO SARCOPLASMÁ TICO
A membrana do RS contém um transportador muito eficiente para captação do cálcio, que mantém o cálcio livre do citoplasma em níveis muito baixos durante a diástole, ao bombear o cálcio para o interior do RS. Por conseguinte, a quantidade de cálcio seqüestra- da no RS é determinada, em parte, pela quantidade acessível a esse transportador. Isso, por sua vez, depende do equilíbrio entre o in- fluxo de cálcio (primariamente através dos canais de cálcio da mem- brana regulados por voltagem) e seu efluxo, a quantidade de cálcio removida da célula (primariamente através do trocador de sódio- cálcio, um transportador presente na membrana celular).
D. QUANTIDADE DE CÁLCIO DESENCADEANTE
A quantidade de cálcio desencadeante que penetra na célula depende da disponibilidade de canais de cálcio (principalmente do tipo L) e da duração de sua abertura. Conforme descrito nos Caps. 6 e 9 os agentes simpaticomiméticos provocam aumento do influxo de cál- cio através de sua ação sobre esses canais. Por outro lado, os blo- queadores do canal de cálcio (ver Capo 12) reduzem esse influxo e diminuem a contratilidade.
Quadro 13.1 Grupos de fármacos comumente utilizados na insuficiência cardíaca
Inibidores da ECA Beta-bloqueadores Bloqueadores dos receptores de angiotensina Glicosídios cardíacos Vasodilatadores Agonistas beta, dopamina Bipiridinas ECA, enzima conversora de angiotensina.
.r~'-.> .r~'-.> Actina
Citoplasma (^) K Na
Miosina
~ ~ (^) AgonistasBloqueadorescanais de cálcio f3 dos
Cálcio "desencadeante"
~ "Sensibilizadores do cálcio"
~<~ c,~ ~ <. <: <;~
Fig. 13.1 Diagrama esquemático de um sarcômero de músculo cardíaco, com os locais de ação de várias drogas que alteram a contrati- lidade (estruturas numeradas). O local 1 é a Na+/K+ATPase, a bomba de sódio. O local 2 é o trocador de sódio/cálcio. O local 3 é o canal
o complexo de actina-troponina-tropomiosina, em que o cálcio ativador produz a interação contrátil da actina e miosina.
172 / FARMACOLOGIA
pela ativação do sistema de renina-angiotensina. A endotelina, um potente peptídio vasoconstritor, rambém pode estar envolvida. Esse processo proporciona base para o uso de fármacos capazes de redu- zir o tônus arteriolar na insuficiência cardíaca.
Apesar de os digitálicos serem raramente os primeiros agentes uti- lizados no tratamento da insuficiência cardíaca, iniciaremos nossa discussão com esse grupo de drogas, visto que os outros agentes são descritos de modo mais pormenorizado nos Caps. 11, 12 e 15.
DIGITÁLlCOS
Digitalis é o nome do gênero da família de plantas que fornecem a maioria dos glicosídios cardíacos de utilidade clínica, como a digo- xina. Essas plantas, conhecidas há milhares de anos, eram utiliza- das de maneira errática e com sucesso variável até 1785, quando William Withering, um médico e botânico inglês, publicou monografia descrevendo os efeitos clínicos de um extrato da planta dedaleira (Digitalis purpurea, uma importante fonte desses agentes).
As fontes dessas drogas incluem as dedaleiras branca e púrpura (Digitalis lanata e D. purpurea) e numerosas outras plantas tropi- cais e de zona temperada. Alguns sapos possuem glândulas cutâne- as capazes de elaborar bufadienolídios que diferem apenas levemente dos cardenolídios.
A. ABSORÇÃO E DISTRIBUiÇÃO Os cardenolídios variam na sua absorção, distribuição, metabolis- mo e excreção, como se percebe facilmente ao se compararem os três fármacos representativos: a digoxina, a digitoxina e a ouabaína (Quadro 13.2). Dessas três drogas, a digoxina é a única preparação utilizada nos Estados Unidos. A digoxina é razoavelmente bem absorvida após administração oral. Entretanto, cerca de 10% dos indivíduos abrigam bactérias entéricas que inativam a digoxina no intestino, reduzindo acentu- adamente a sua biodisponibilidade e tornando necessária a admi- nistração de doses de manutenção acima da média. O tratamento desses pacientes com antibióticos pode resultar em súbito aumento da biodisponibilidade e toxicidade digitálica. Como a margem de segurança dos glicosídios cardíacos é muito estreita, até mesmo variações mínimas na sua biodisponibilidade podem causar grave toxicidade ou perda de seu efeito. Uma vez absorvidos no sangue, todos os glicosídios cardíacos distribuem-se amplamente pelos tecidos, incluindo o sistema ner- voso central. Entretanto, seus volumes de distribuição diferem, dependendo de sua tendência a ligar-se às proteínas plasmáticas versus proteínas teciduais.
A digoxina não é extensamente metabolizada nos seres humanos; quase dois terços são excretados de modo inalterado pelos rins. Sua depuração renal é proporcional à depuração da creatinina. Dispõe- se de equações e nomogramas para o ajuste da dose de digo xi na em pacientes com comprometimento renal. A digitoxina é metabolizada no fígado e excretada no intestino através da bile. Os metabólitos cardioativos (que incluem a digoxi- na), bem como a digitoxina inalterada, podem ser então reabsorvi- dos do intestino, estabelecendo, assim, uma circulação êntero-he-
Todos os glicosídios cardíacos ou cardenolídios - dos quais a di- goxina é o protótipo - combinam um núcleo esteróide ligado a um anellactona na posição 17 e uma série de açúcares ligados ao carbono 3 do núcleo. Como carecem de um grupo facilmente io- nizável, a sua solubilidade não depende do pH.
Lipossolubilidade (coeficiente óleo/água) Disponibilidade oral (percentagem absorvida) Meia-vida no corpo (horas)
Ligação às proteínas plasmáticas (percentagem ligada) Percentagem ........................... metabolizada Volume de distribuição (Ukg)
Baixa
o
21
o
o 18
Média
75
Alta
168
0, IA ouabaína e a digitoxina não são mais utilizadas nos Estados Unidos.
FÁRMACOS UTILIZADOS NA INSUFICIÊNCIA CARDíACA / 173
teína consiste em subunidades a e 13. Os sítios de ligação do Na+,
bunidade a. Foram identificadas diferentes isoformas das subuni-
mentada em rodos os tecidos estudados. Éprovável que a ação ini-
A. EFEITOS CARDíACOS
Controle A^ Ouabaína 10-7 mollL 25 min
B 47 min
Contração 3 mg [ _J"-- __
I
II t.o{ .•••
m~ [ -50 J
ULmáxO [ ••••.
Luz detectora de cálcio
Potencial de membrana
100 ms
Fig. 13.4 Efeitos de um glicosídio cardíaco, a ouabaína, sobre o tecido cardíaco isolado. O traçado superior mostra potenciais de ação evocados durante o período de controle, no início da fase terapêutica e, posteriprmente, na presença de toxicidade. O traçado do meio mostra a luz (L) emitida pela proteína de detecção do cálcio, a aecorina (em relàção ao máximo possível, Lmáx), sendo aproximadamente proporcional à concentração intracelular de cálcio livre. O traçado inferior registra a tensão produzida pelos potenciais de ação. A fase inicial da ação da ouabaína (A) mostra um leve encurtamento do potencial de ação e um acentuado aumento na concentração intrace- lular de cálcio livre e na tensão contrátil. A fase tóxica (B) está associada à despolarização do potencial de repouso, a um acentuado encurtamento do potencial de ação e ao aparecimento de despolarização oscilatória, aumento do cálcio e contração (setas). (Dados não- publicados, gentilmente fornecidos por P Hess e H Gil Wier.)
FÁRMACOS UTILIZADOS NA INSUFICIÊNCIA CARDíACA / 175
OUTROS FÁRMACOS INOTRÓPICOS
POSITIVOS UTILIZADOS NA
INSUFICIÊNCIA CARDíACA
BIPIRIDINAS
ESTIMULANTES DOS RECEPTORES BETA-ADRENÉRGICOS
FÁRMACOS SEM EFEITOS
INOTRÓPICOS POSITIVOS
UTILIZADOS NA INSUFICIÊNCIA
CARDíACA
DIURÉTICOS
INIBI DORES DA ENZIMA CONVERSORA DE ANGIOTENSINA, ANTAGONISTAS DOS RECEPTORES DE ANGIOTENSINA E FÁRMACOS RELACIONADOS
V ASODILA TADORES
BLOQUEADORES DOS RECEPTORES BETA-ADRENÉRG ICOS
TRATAMENTO DA INSUFICIÊNCIA
CARDíACA CRÔNICA
REMOÇÃO DO SÓDIO
1 Essesvalores são apropriados para adultos com funções renal e hepática normais.
Toxicidade
Quadro 13.5 Uso clínico da digoxina'
Concentração plasmática tóxica > 2 ng/mL
Digoxina
0,5-1,5 ng/mL
0,5-0,75 mg a cada 8 horas para três doses
Concentração plasmática terapêutica
Dose de digitalização rápida (raramente utilizada)
Dose diária (dose de ataque lenta ou de 0,25 (0,125-0,5) mg manutenção)
melhorando, assim, o enchimento ventricular e aumentando o dé- bito cardíaco. Os digitálicos também têm sido utilizados no con- trole da taquicardia atrial paroxística e do nó atrioventricular. Na atualidade, prefere-se o uso de bloqueadores dos canais de cálcio e da adenosina para essa aplicação. Os digitálicos devem ser evitados na terapia das arritmias asso-
a probabilidade de condução de impulsos atriais arrítmicos através da via atrioventricular alternativa de condução rápida. Seu uso é explicitamente contra-indicado para pacientes com síndrome de Wolff-Parkinson-White e fibrilação atrial (ver Capo 14).
A despeito de seus riscos reconhecidos, os digitálicos são intensa- mente utilizados e é comum a ocorrência de toxicidade. A terapia da toxicidade, que se manifesta na forma de alterações visuais ou distúrbios gastrintestinais, geralmente não exige mais do que a re- dução da dose do fármaco. Se houver arritmia cardíaca passível de ser definitivamente atribuída ao digitálico, pode ser necessária uma terapia mais vigorosa. Os níveis séricosdo digitálico e de potássio e o ECG devem ser monitorizados durante a terapia para toxicidade digitálica significativa. O estado dos eletrólitos deve ser corrigido se estiver anormal (ver anteriormente). Para pacientes que não res- pondem prontamente (dentro de uma a duas meias-vidas) é neces- sário avaliar os níveis de cálcio e de magnésio, bem como de potás- sio. Em caso de despolarizações ventriculares prematuras ocasionais ou breves episódios de bigeminismo, a suplementação de potássio oral e a retirada do glicosídio podem ser suficientes. Se a arritmia for mais grave, pode ser necessária a administração de potássio pa- renteral e agentes antiarrítmicos. A lidocaína é o fármaco preferido entre os agentes antiarrítmicos disponíveis. Na intoxicação digitálica grave (que habitualmente envolve cri- anças de pouca idade ou superdosagem suicida), o nível sérico de potássio já está elevado no momento do diagnóstico (devido à per- da de potássio do compartimento intracelular do músculo esque- lético e de outros tecidos). Além disso, a automaticidade está habi- tualmente deprimida e a administração de agentes antiarrítmicos nesse contexto pode levar a uma parada cardíaca. O melhor trata- mento para esses pacientes consiste na inserção de um cateter mar- ca-passo cardíaco temporário e na administração de anticorpos
duzidos em carneiros; embora sejam formados contra a digoxina, reconhecem também a digitoxina e outros glicosídios cardíacos de muitas outras plantas. São extremamente úteis para reverter a into- xicação grave causada pela maioria dos glicosídios. As arritmias induzidas por digitálicos são freqüentemente agra- vadas por cardioversão; essa terapia deve ser reservada para a fibri- lação ventricular, se a arritmia for induzida por glicosídios.
Administração e Posologia
direta, reajustando a sensibilidade dos barorreceptores) elimina os estímulos que desencadeiam uma descarga simpática aumentada e tanto a freqüência cardíaca quanto o tônus vascular diminuem. Com a redução da tensão da fibra no final da diástole (em conse- qüência do aumento da ejeção sistólica e diminuição da pressão de enchimento), o tamanho do coração e as demandas de oxigê- nio diminuem. Por fim, o aumento do fluxo sangüíneo renal melhora a filtração glomerular e reduz a reabsorção de sódio esti- mulada pela aldosterona. Por conseguinte, o líquido do edema pode ser excretado, reduzindo ainda mais a pré-carga ventricular e o risco de edema pulmonar. Embora os digitálicos tenham um efeito neutro sobre a taxa de mortalidade (Digitalis lnvestigation Group, 1997), eles reduziram tanto a hospitalização quanto a mortalidade da insuficiência cardíaca progressiva, ao custo de um aumento na ocorrência de morte súbita. É importante assinalar que houve redução da taxa de mortalidade em pacientes com con-
foi constatado um aumento naqueles que apresentaram níveis superiores a 1,5 ng/ mL.
Interações
Um tratamento a longo prazo com digoxina exige cuidadosa aten- ção para a farmacocinética, devido à sua meia-vida prolongada. De acordo com as regras estabelecidas no Capo 3, são necessárias 3 a 4 meias-vidas para atingir-se uma carga corporal total em estado de equilíbrio dinâmico, quando o fármaco é administrado em taxa constante, isto é, cerca de uma semana para a digoxina. O Quadro 13.5 fornece as doses típicas utilizadas em adulto. Dispõe-se de uma preparação parenteral de digoxina, que não é utilizada para obter um início mais rápido dos efeitos, visto que o tempo levado para alcançar o efeito máximo é determinado principalmente por altera- ções iônicas dependentes do tempo no tecido. Por conseguinte, a reparação parenteral só é apropriada para pacientes que não podem tomar medicamentos por via oral.
Os pacientes correm risco de desenvolver graves arritmias cardía- cas induzidas por digitálicos se houver desenvolvimento de hipo- calemia, como no caso da terapia com diuréticos ou de diarréia. Além disso, os pacientes em uso de digoxina correm risco ao re- ceberem quinidina, um fármaco que desloca digoxina dos sítios de ligação nos tecidos (efeito secundário) e diminui a depuração renal da digoxina (efeito principal). O nível plasmático do glico- sídio pode duplicar dentro de poucos dias após o início da terapia com quinidina, podendo surgir efeitos tóxicos. Conforme assina- lado anteriormente, os antibióticos que alteram a flora gastrintes- tinal podem aumentar a biodisponibilidade da digoxina em cerca de 10% dos pacientes. Por fim, os agentes que liberam cate cola- minas podem sensibilizar o miocárdio a arritmias induzidas por digitálicos.
Outros Usos Clínicos dos Digitálicos
Os digitálicos mostram-se úteis no tratamento das arritmias atriais, em virtude de seus efeitos parassimpaticomiméticos cardiosseleti-
dução atrioventricular ajuda a controlar uma freqüência ventricu- lar excessivamente alta. Os efeitos desses fármacos sobre a muscu-
ainda maior da freqüência ventricular. Na fibrilação atrial, a mes- tna ação vasomimética ajuda a controlar a freqüência ventricular,
Subgrupo
Pressão Arterial Sistólica (mm Hg)
Pressão de Enchimento Ventricular Esquerdo (mm Hg)
(ndice Cardíaco (Uminlm2) Terapia
< 10
20
< 2,
2,
Reposição de volume Diuréticos
Fornecer uma reposição de volume para a PEVE, fármacos inotrópicos. Evitar o uso de diuréticos
Vasodilatadores, agentes inotrópicos, assistência circulatória, cirurgia 'Os valores numéricos têm por objetivo fornecer uma diretriz geral e não representam pontos terminais absolutos. As pressões arteriais aplicam-se a pacientes anteriormente normotensos e devem ser ajustadas para cima para pacientes anteriormente hipertensos. (PEVD e PEVE = pressão de enchimento do ventriculo direito e ventriculo esquerdo.)
TRATAMENTO DA INSUFICIÊNCIA
CARDíACA AGUDA
Com freqüência, ocorre insuficiência cardíaca aguda em pacientes com insuficiência crônica. Em geral, esses episódios estão associa- dos a um aumento do esforço físico, a emoções, excesso de sal na dieta, não-obediência do paciente ao tratamento clínico ou aumento das demandas metabólicas em decorrência de febre, anemia ete. O infarto agudo do miocárdio constitui uma causa particularmente comum e importante de insuficiência aguda - com ou sem insu- ficiência crônica.
O melhor tratamento para pacientes com infarto agudo do mi- ocárdio consiste em revascularização de emergência, com angioplas- tia coronariana e stent ou um agente trombolítico. Nesses pacien- tes, pode-se verificar o desenvolvimento de insuficiência aguda até mesmo com revascularização. Muitos dos sinais e sintomas da in-
suficiência aguda e crônica são idênticos, porém a sua terapia di- verge, em virtude da necessidade de uma resposta mais rápida e da freqüência e gravidade relativamente maiores da congestão vascu- lar pulmonar na forma aguda. As medidas da pressão arterial, débito cardíaco, índice de traba- lho sistólico e pressão capilar pulmonar em cunha são particular- mente úteis em pacientes com infarto agudo do miocárdio e insu- ficiência cardíaca aguda. Esses pacientes podem ser convenientemen- te caracterizados com base em três medidas hemodinâmicas: pres- são arterial, pressão de enchimento ventricular e índice cardíaco. O Quadro 13.6 apresenta uma dessas classificações, bem como as terapias que demonstraram ser mais eficazes. Quando a pressão de enchimento é superior a 15 mm Hg e o índice de trabalho sistólico é inferior a 20 g_m/m2, a taxa de mortalidade apresenta-se elevada (Fig. 13.3). Os níveis intermediários dessas duas variáveis indicam um prognóstico muito mais satisfatório.
FÁRMACOS UTILIZADOS NA INSUFICIÊNCIA CARDíACA / 181
INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CRÔNICA
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