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Estudo de caso - confusão aguda apos neurocirurgia - doc, Notas de estudo de Cultura

Estudo de caso - confusão aguda apos neurocirurgia - doc

Tipologia: Notas de estudo

2013

Compartilhado em 27/11/2013

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marina-komati-yoshida-de-almeida-9 🇧🇷

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ESTUDO DE CASO:
CONFUSÃO AGUDA APÓS NEUROCIRURGIA
Marina Komati Yoshida de Almeida
Paciente do sexo feminino, 46 anos, casada, do lar, reside em Porto Velho. Admitida
na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro após
microcirurgia de tumor intracraniano. História de etilismo, hepatite C, artrite reumatoide,
doença de refluxo gastresofágico, síndrome de Sjögren, alérgica a sulfa e dipirona.
nove meses teve início cefaleia constante, acompanhada de náuseas e vômitos,
com piora significativa nos últimos dois meses. Eventualmente, apresentava vertigens e visão
embaçada. Após investigação, exames mostraram uma lesão na região suprasselar do
encéfalo, sugestiva de craniofaringioma, com indicação cirúrgica de craniotomia.
No pré-operatório, segundo evoluções de enfermagens procedentes da Clínica
Cirúrgica, encontrava-se lúcida, orientada, eupneica, normotensa e afebril. Eliminações
fisiológicas espontâneas. Deambulava com auxílio, devido ao embaçamento na visão.
Após a cirurgia, no primeiro dia, foi encaminhada à UTI em sedação, apresentando
escore de Ramsay 5 (Sedada, respondendo lentamente a estímulo auditivo alto e toque), sinais
vitais estáveis, eupneica em ar ambiente.
Segundo dia de pós-operatório, sem sedação, se encontrava confusa, desorientada em
tempo e espaço; queria levantar-se da cama e ir para casa. Perguntava quem eram as pessoas
(profissionais) ao seu redor. Encontrava-se com sinais vitais estáveis (PA: 110/70, FC: 80, FR:
20, T:36,5° C), eupneica em ar ambiente (Saturação: 97%). Apresentava ferida operatória em
região frontopariental, com curativo em capacete e limpo externamente, recebia soroterapia
por acesso venoso central na jugular direita, sendo submetida à diurese por sonda vesical de
demora. As extremidades estavam aquecidas e perfundidas.
No terceiro dia, apresentou diabetes insípido, que ocasionou hipernatremia de difícil
controle (Sódio: 165), com início súbito de poliúria (Volume Urinário: 240 mL/hora,
densidade urinária: 1.000 g/mL). Permaneceu confusa, alternando períodos de letargia com
períodos de agitação psicomotora, sendo que, em alguns momentos, foi necessária a
realização de contenção mecânica. Com isso, apresentava dificuldade de compreensão das
orientações de enfermagem e/ou demonstrava entendimento distorcido das orientações.
Muitas vezes, mostrava-se agressiva com a equipe.
FACULDADE SÃO LUCAS
ESTUDO DE CASO: CONFUSÃO AGUDA APÓS NEUROCIRURGIA Marina Komati Yoshida de Almeida
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ESTUDO DE CASO:

CONFUSÃO AGUDA APÓS NEUROCIRURGIA

Marina Komati Yoshida de Almeida Paciente do sexo feminino, 46 anos, casada, do lar, reside em Porto Velho. Admitida na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro após microcirurgia de tumor intracraniano. História de etilismo, hepatite C, artrite reumatoide, doença de refluxo gastresofágico, síndrome de Sjögren, alérgica a sulfa e dipirona.

Há nove meses teve início cefaleia constante, acompanhada de náuseas e vômitos, com piora significativa nos últimos dois meses. Eventualmente, apresentava vertigens e visão embaçada. Após investigação, exames mostraram uma lesão na região suprasselar do encéfalo, sugestiva de craniofaringioma, com indicação cirúrgica de craniotomia.

No pré-operatório, segundo evoluções de enfermagens procedentes da Clínica Cirúrgica, encontrava-se lúcida, orientada, eupneica, normotensa e afebril. Eliminações fisiológicas espontâneas. Deambulava com auxílio, devido ao embaçamento na visão.

Após a cirurgia, no primeiro dia, foi encaminhada à UTI em sedação, apresentando escore de Ramsay 5 (Sedada, respondendo lentamente a estímulo auditivo alto e toque), sinais vitais estáveis, eupneica em ar ambiente.

Segundo dia de pós-operatório, sem sedação, se encontrava confusa, desorientada em tempo e espaço; queria levantar-se da cama e ir para casa. Perguntava quem eram as pessoas (profissionais) ao seu redor. Encontrava-se com sinais vitais estáveis (PA: 110/70, FC: 80, FR: 20, T:36,5° C), eupneica em ar ambiente (Saturação: 97%). Apresentava ferida operatória em região frontopariental, com curativo em capacete e limpo externamente, recebia soroterapia por acesso venoso central na jugular direita, sendo submetida à diurese por sonda vesical de demora. As extremidades estavam aquecidas e perfundidas.

No terceiro dia, apresentou diabetes insípido, que ocasionou hipernatremia de difícil controle (Sódio: 165), com início súbito de poliúria (Volume Urinário: 240 mL/hora, densidade urinária: 1.000 g/mL). Permaneceu confusa, alternando períodos de letargia com períodos de agitação psicomotora, sendo que, em alguns momentos, foi necessária a realização de contenção mecânica. Com isso, apresentava dificuldade de compreensão das orientações de enfermagem e/ou demonstrava entendimento distorcido das orientações. Muitas vezes, mostrava-se agressiva com a equipe.

FACULDADE SÃO LUCAS

INFORMAÇÕES RELEVANTES

O craniofaringioma é um tumor da região selar (sela túrcica ou turca). Está classificado pela Organização Mundial da Saúde como Grau I, caracterizado como tumor com baixo ou incerto potencial de malignização, ou malignidade limítrofe. Representa cerca de 3% dos tumores intracranianos, e sua incidência é maior em crianças. No adulto, geralmente se manifesta na faixa etária entre 40 e 45 anos (ZANTUT-WITTMANN, 2007). A sela turca é a região do encéfalo onde está localizada a hipófise. Muito próximo encontram-se o quiasma óptico e as artérias carótidas que irrigam o encéfalo. Logo acima está o hipotálamo, responsável pelo controle da hipófise e também relacionado a alguns aspectos da memória e do comportamento. Assim, apesar de sua natureza benigna, o craniofaringioma é responsável por um conjunto de sinais e sintomas que envolvem, predominantemente, aspectos endócrino, visuais e do sistema nervoso central, visto que seu crescimento interfere no funcionamento do último. O principal sintoma em adultos é a cefaleia intensa, seguida de alterações visuais, como redução da acuidade, déficit do campo visual, nistagmo e diplopia. Outras manifestações incluem obstrução nasal, vômitos, alteração da memória, sede excessiva e apatia. O diagnóstico é confirmado por meio de tomografia computadorizada e/ou ressonância magnética. O tratamento tende a ser cirúrgico, sendo que a abordagem pode ser realizada por via transnasoesfenoidal ou por craniotomia clássica. As principais complicações no pós- operatório são diabetes insípido transitório ou permanente e fístula liquórica nasal (MAKARIUS, 2006). O diabetes insípido é um distúrbio caracterizado pela excreção de grande volume de urina diluída, que pode levar a complicações graves, como desidratação e hipernatremia (MAKARIUS, 2006). O paciente com hipernatremia pode apresentar confusão mental, delírios, alterações do comportamento, fraqueza, algias musculares, letargia e coma. O manejo do diabetes insípido inclui reposição hídrica e uso de desmopressina, vasopressina sintética. Síndrome de Sjögren ou síndrome de Goujerot-Sjögren é uma desordem autoimune na qual as células imunes atacam e destroem as glândulas exócrinas que produzem lágrimas e saliva.

Com base nos fatores de risco, sinais e sintomas, foram identificados dois diagnósticos prioritários para o caso, os quais são apresentados, conforme as Necessidades Humanas Básicas de Horta, em cada um dos seus grupos e subgrupo e conforme os domínios e as classes da Taxonomia II da NANDA-I.

Diagnósticos de Enfermagem: CONFUSÃO AGUDA – Início abrupto de distúrbios reversíveis de consciência, atenção, cognição e percepção que ocorrem durante um breve período de tempo. Necessidades Humanas Básicas de Horta: Grupo: Necessidades Psicobiológicas Subgrupo: Regulação Neurológica Domínios da NANDA-I: Domínio: Percepção/Cognição Classe: Cognição

RISCO DE INFECÇÃO – Risco aumentado de ser invadido por organismos patogênicos. Necessidades Humanas Básicas de Horta: Grupo: Necessidades Psicobiológicas Subgrupo: Segurança Física e Meio Ambiente Domínios da NANDA-I: Domínio: Segurança e Proteção Classe: Infecção

Para os dois diagnósticos de enfermagem estabelecidos são apresentadas as etiologias, os fatores de risco e os sinais e sintomas evidenciados.

Os cuidados de enfermagem para cada um dos diagnósticos estão descritos de acordo com as intervenções e atividades de enfermagem segundo a Classificação das Intervenções de Enfermagem (NIC).

CONFUSÃO AGUDA relacionada a distúrbios hidroeletrolíticos, metabólicos e neurológicos, evidenciada por agitação aumentada, flutuação na atividade psicomotora, flutuação no nível de consciência, inquietação aumentada, percepções errôneas, agressividade, desorientação, sódio aumentado, débito urinário aumentado, densidade urinaria diminuída. Etiologia 1: Distúrbios hidroeletrolíticos e metabólicos definidos como fatores fisiopatológicos relacionados a hipoxia cerebral e/ou distúrbios no metabolismo cerebral secundários a distúrbios hidroeletrolíticos, deficiências nutricionais, distúrbios cardiovasculares, distúrbios respiratórios,, infecções, distúrbios metabólicos e endócrinos, distúrbios do sistema nervoso central, doença colagenosa e reumatoide. Etiologia 2: Distúrbio neurológico definido como condições isoladas ou de todo o sistema que resultam de comprometimento estrutural ou metabólico do cérebro e de seu ambiente.

Intervenções/atividades de enfermagem segundo a NIC:

Controle do Delírio e Prevenção de Quedas

Domínio: Segurança

Classe: Controle de Risco

  • Informar o paciente sobre pessoa, lugar e tempo, se necessário;
  • Providenciar cuidadores com quem o paciente esteja familiarizado;
  • Encorajar visitas de pessoas significativas, conforme apropriado;
  • Comunicar-se com enunciados simples, diretos e descritivos;
  • Monitorar a movimentação do paciente;
  • Manter grades no leito;
  • Realizar banho no leito. Controle acidobásico Domínio: Fisiológico: Complexo Classe: Controle Eletrolítico e Acidobásico
  • Monitorar condição neurológica (p. ex., nível de consciência e confusão);
  • Monitorar padrão respiratório;
  • Monitorar gasometria arterial e níveis de eletrólitos séricos e urinários, conforme apropriado;
  • Orientar paciente e/ou familiares sobre as ações instituídas para tratar o desequilíbrio acidobásico;
  • Ensinar adequada lavagem de mãos aos profissionais de saúde;
  • Lavar as mãos antes e após cada atividade de cuidado ao paciente;
  • Instituir precauções universais;
  • Promover ingestão nutricional adequada;
  • (^) Assegurar o manuseio asséptico de todas as linhas endovenosas;
  • Observar sinais de Celso;
  • Implementar cuidados no manuseio de cateter venoso central;
  • Implementar cuidados com a troca de curativos. Cuidados com Lesões Domínio: Fisiológico: Complexo Classe: Controle de Pele/Feridas
  • Monitorar as características da lesão, inclusive drenagem, cor tamanho e odor;
  • Aplicar curativo adequado ao tipo de lesão;
  • Avaliar aspecto da ferida operatória;
  • Observar condições de suturas. Cuidados com Sondas: Urinário Domínio: Fisiológico: Básico Classe: Controle da Eliminação
  • Manter a desobstrução do sistema do cateter urinário;
  • Registrara as características da drenagem urinaria;
  • Esvaziar o sistema de drenagem urinária a intervalos específicos;
  • Limpar a área de pele circunjacente, a intervalos regulares;
  • (^) Limpar externamente a sonda urinária a intervalos regulares;
  • Avaliar a possibilidade de retirada da sonda vesical;
  • Realizar higiene perineal;
  • Manter um sistema fechado de drenagem.

EVOLUÇÃO

Os diagnósticos de enfermagem Confusão Aguda e Risco de Infecção são capazes de nortear a equipe cuidadora sobre os aspectos mais importantes a serem observados e as condutas a serem implementadas, a fim de prevenir possíveis complicações e promover a recuperação da paciente a partir do quadro clinico apresentado. Destaca-se a importância dos cuidados com o sensório da paciente, uma vez que a maioria dos sintomas esteve ligada às necessidades de cuidados neurológicos.

A orientação cognitiva da paciente se apresentava, inicialmente, muito comprometida e evoluiu para levemente comprometida; quanto a obediência a comandos, a paciente se encontrava muito comprometida e evoluiu para não comprometida; em relação ao sódio sérico e à densidade específica urinária, evoluiu de desvio grave da variação normal para nenhum desvio da variação normal; quanto ao controle de quedas, a indicação de colocação de barreiras para prevenção e o uso de procedimento seguros de transferência atingiram o objetivo pela persistência da equipe e constante supervisão.

No momento da alta, a paciente se encontrava em boas condições clínicas e cirúrgicas, porem ainda em recuperação da condição neurológica referente à cognição.

REFERÊNCIAS

  1. BENEDET, A.S.; BUB, M.B.C. Manual de diagnostico de enfermagem: uma abordagem baseada na teoria de necessidades humanas básicas e na classificação diagnostica da NANDA. 2. Ed. Florianópolis: Bernuncia,
  2. BULECHEK, G.M.; BUTCHER, H.K.; DOCHTERMAN, J.M. Classificação das intervenções de enfermagem (NIC). 5. Ed. Rio de Janeiro: Elsevier,
  3. HORTA, W.A. Processo de enfermagem. São Paulo: EPU, 1979.
  4. MAKARIUS, N.A.; MCFARLANE, S.L. Diabetes insipidus: diagnosis and treatment of a complex disease. Cleve Clin J Med. 2006;73(1):65-71. Disponível em: < http://www.ccjm.org/content/73/1/65.full.pdf>. Acesso em: dezembro-2012.
  5. NANDA International. Diagnósticos de enfermagem da NANDA: definições e classificação 2009-2011. Porto Alegre: Artmed, 2010.