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O estudo analisa as estratégias utilizadas para enfrentamento das principais pandemias da história e fazer um comparativo com a pandemia que hoje estamos vivendo, a partir do levantamento de dados, acontecimentos e cenário das principais pandemias que assolaram o mundo, além das principais estratégias não farmacológicas e farmacológicas adotadas para o enfrentamento de cada uma delas.
Tipologia: Teses (TCC)
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**STRATEGIES FOR COPING WITH THE MAIN PANDEMICS OF HISTORY: A LITERATURE REVIEW
RESUMO** As pandemias que ocorreram ao longo da história têm muito a nos ensinar. Mesmo não tendo garantia de efetividade, as estratégias utilizadas em tragédias anteriores sempre serão úteis para as subsequentes. Apesar de sabermos quais medidas foram efetivas e mais avanço tecnológico, um novo vírus sempre causa momentos de insegurança e muitas dúvidas quanto as estratégias a serem utilizadas. É com essa incerteza que o mundo vive no momento. Em meio a pandemia com o novo Coronavírus, nomeado SARS-CoV-2, ainda não se sabe a resposta para muitas perguntas. Deste modo, o presente trabalho traz como tema as estratégias utilizadas para enfrentamento das principais pandemias da história, visando responder muitos questionamentos gerados enquanto a pandemia da COVID- transforma a vida de milhões de pessoas, gerando conflitos em torno das estratégias de enfrentamento. Com isso, surgiu o interesse e a oportunidade de se estudar mais sobre essas pandemias históricas, para conhecer melhor o cenário da época, os acontecimentos, os dados em geral, principalmente dados sobre as medidas utilizadas na época de cada acontecimento. OBJETIVOS: Analisar as estratégias utilizadas para enfrentamento das principais pandemias da história e fazer um comparativo com a pandemia que hoje estamos vivendo, a partir do levantamento de dados, acontecimentos e cenário das principais pandemias que assolaram o mundo, além das principais estratégias não farmacológicas e farmacológicas adotadas para o enfrentamento de cada uma delas. METODOLOGIA: O presente trabalho é uma revisão bibliográfica e foi desenvolvido segundo os preceitos do estudo exploratório, por meio de uma avaliação sistemática em estudos já publicados sobre o tema abordado. As buscas foram realizadas nas bases de dados bibliográficos ScieLO, Google Acadêmico e Pubmed, além de livros, periódicos online e revistas de caráter científico, utilizando palavras- chave como: pandemia, enfrentamento, COVID-19, peste negra e influenza. Optou-se por não limitar a data de publicação dos conteúdos, uma vez que alguns dados só estavam disponíveis em arquivos da época próxima a cada acontecimento. RESULTADO: Mesmo nas pandemias mais antigas, já havia um esforço em levantar estratégias para impedir a entrada da doença e combater o seu avanço sobre a população. Algumas das estratégias não surtiram efeitos, porém observar o ocorrido em pandemias anteriores é importante para se evitar erros que já foram cometidos. CENTRO UNIVERSITÁRIO APARÍCIO CARVALHO - FIMCA COORDENAÇÃO FARMÁCIA MOUTIN, Andressa Maduro Lopes^1 MARTINS, Tamara Silva^2 (^1) Graduando em CURSO DE FARMÁCIA do Centro Universitário Aparício Carvalho – FIMCA E-mail: dessinha_ml@hotmail.com (^2) Docente do Centro Universitário Aparício Carvalho – FIMCA. E-mail: tamara.martins@fimca.com.br
CONCLUSÃO: Uma nova pandemia não é previsível, porém pode ser evitada e controlada com medidas corretas. Estratégias como: medidas sanitárias, isolamentos, vacinação, dentre outras, só serão eficazes com a colaboração de todos, incluindo população, governo, mídia e ciência. A união entre eles é o caminho para se vencer uma pandemia sem muitos danos. Palavras-chave: Pandemia. Enfrentamento. COVID-19. Peste negra. Influenza. _________________________________________________________ ABSTRACT OBJECTIVES: Analyze the strategies used to face the main pandemics in history and make a comparison with the pandemic that we are living in today, from the data survey, events and scenario of the main pandemics that have plagued the world, in addition to the main non-pharmacological and pharmacological strategies adopted to face each of them. METHODS: The present work is a bibliographic review and was developed according to the precepts of the exploratory study, through a systematic evaluation in studies already published on the topic addressed. The searches were performed in the bibliographic databases ScieLO, Google Scholar and Pubmed, in addition to books, online journals and scientific magazines, using keywords such as: pandemic, coping, COVID-19, black plague and influenza. It was decided not to limit the date of publication of the contents, since some data were only available in archives of the time close to each event. RESULT: Even in the oldest pandemics, there was already an effort to devise strategies to prevent the disease from entering and to fight its advance on the population. Some of the strategies have had no effect, but observing what happened in previous pandemics is important to avoid mistakes that have already been made. CONCLUSION : A new pandemic is not predictable, but it can be prevented and controlled with the right measures. Strategies such as: sanitary measures, isolation, vaccination, among others, will only be effective with the collaboration of everyone, including the population, government, media and science. The union between them is the way to win a pandemic without much damage. KEYWORDS: Pandemic. Coping. COVID-19. Black Plague. Influenza.
1 INTRODUÇÃO Dentre as inúmeras doenças que assolaram a humanidade, algumas se destacaram por fazer um grande número de vítimas fatais. A tuberculose, cólera, varíola, febre amarela, HIV, entre outros, assolaram a humanidade por muitos anos, algumas até os dias de hoje, com vários surtos recorrentes em determinadas regiões e épocas e centenas de milhares de mortos. Algumas outras provocaram grandes
Antes de apresentar as principais pandemias da história precisamos entender o significado do termo pandemia. Quando retratamos o número crescente de casos de uma doença em um determinado local utilizamos os termos: surto, epidemia ou pandemia. A diferença entre eles é que o surto se refere a notificações crescentes de casos de uma certa doença concentrados em uma região específica. Quando os casos tem crescimento acima do esperado, tendo notificação em várias regiões, classifica-se como epidemia. Para se classificar uma doença como pandêmica, a doença deve ser epidêmica em vários países atingindo mais de um continente. Geralmente esse tipo de doença tem um local de partida definido e um tempo de duração (FREITAS, 2020). 3.1 AS PRINCIPAIS PANDEMIAS AO LONGO DA HISTÓRIA Da família dos Orthopoxvirus , a varíola apresentava-se com sintomas de febre alta, dores no corpo, mal estar, problemas gástricos e uma infinidade de bolhas cheias de pus por toda a pele que causavam dor e intensa coceira. Os infectados vinham a óbito geralmente por broncopneumonia ou outra doença oportunista porque a varíola também comprometia o sistema imune. A contaminação era por contato com pessoa infectada ou contato com objeto contaminado com saliva ou secreções da pessoa infectada (ARAGUAIA, 2020). A varíola é uma doença que causou não somente uma epidemia, porém várias. Entre os séculos XI e XV, atingiu toda a Europa com exceção da Rússia. O primeiro caso no continente americano se deu na ilha de Hispaniola (atual República Dominicana e Haiti). Na época, provavelmente trazida junto com o tráfico de escravos na colonização, a varíola foi responsável por dizimar metade da população residente naquela região. Outro surto se deu no ano de 1521 matando 1/3 da população Asteca, entre 1524 e 1525 dizimou grande parte da população Inca, inclusive seu imperador. Em 1555 foi a vez do Brasil, já colonizado, sofrer o primeiro surto de varíola atingindo duramente a população nativa da região (JUNIOR, 2005). Até 1588 praticamente toda a América do Sul tinha sido infectada, 30 a 50% dos nativos iam a óbito logo após os primeiros dias de contágio. A doença, apesar de muito letal, era facilmente identificada, permitindo rápido diagnóstico. Em 1980
conseguiu-se erradicá-la totalmente do planeta, tornando a primeira doença pandêmica totalmente erradicada. Isso só se deu devido a alguns fatores: transmissão de pessoa para pessoa; sem outro hospedeiro intermediário nem reservatório na natureza; isolamento do vírus por Edward Jenner; desenvolvimento de uma vacina; vacinação de toda a população; e campanhas como o “Programa Global de Erradicação da Varíola” (JUNIOR, 2005). A pandemia mais mortal da história é sem dúvida a Peste Negra do século XIV. Em uma pandemia é muito difícil afirmar com certeza o número de mortos, todavia estima-se que entre os anos de 1347 e 1352 o continente Europeu, o mais afetado, perdeu 1/3 de sua população, cerca de 25 milhões de óbitos (MARTINO, 2017). Acredita-se que a peste surgiu na Mongólia e através do transporte marítimo ela tenha se espalhado pela Europa. Naquela época não se fazia ideia de como a peste se espalhava. Depois de muito tempo foi descoberto que a peste era transmitida por ratos. Os navios atracavam nos portos, e os ratos trazidos pelos navios faziam migrar a doença de um território para outro (ALVES; FERNANDES, 2020). A peste advinha do rato que por sua vez tinha pulgas que levavam uma bactéria infectante do rato para o homem através de objetos, locais infectados entre outros. Após estudos, identificou-se que a doença apresentava três formas de manifestação: a forma pneumônica que atingia principalmente as vias aéreas, apresentando tosse, febre e exsudato infeccioso, fazendo com que infectado passasse a tossir sangue em estágios mais avançados; a forma bubônica se caracterizava pelo aparecimento de bolhas sobre a pele, chamadas de bubões, que eram causados por inchaço das glândulas linfáticas, ocasionando coma e posteriormente a morte; e a septicêmica, terceira e mais letal forma de manifestação. Nesses casos, a bactéria infecciosa atinge o sistema circulatório, ocasionando hemorragia cutânea que provocava manchas negras ou roxas no indivíduo infectado, atingindo todo o corpo e órgãos, inclusive os pulmões (NOGUEIRA, 2017). A peste negra não causou somente esse grande surto como outros ao longo da história. Em 1894 uma nova epidemia da peste surgiu em Hong Kong matando cerca de cem mil pessoas. E foi nesse mesmo ano que as primeiras descobertas científicas começaram a serem feitas. A bactéria foi enfim identificada e isolada pelos cientistas Alenxandre Yersin e Shibasaburo Kitasato., como a Pasteurella pestis, presente na pulga dos roedores (SILVA, 2010).
é conhecida como pandemia da gripe espanhola. Os primeiros casos que se tem registro foram em março de 1918 nos Estados Unidos e até junho já atingia toda a Europa (ANDRADE; FELISMINO, 2018). Em menos de cinco meses o vírus já tinha se alastrado no mundo todo, e o que impressionava era o quão letal ele era. Entre os meses de setembro e novembro, 1 em cada 20 habitantes de Gana (África Ocidental) morreu com a doença, e 38 mil habitantes da Oceania foram infectados, sendo que 7500 foram a óbito, praticamente 20% da população daquela região. Acredita-se que tamanha hecatombe deva ao fato da população estar em um período particularmente vulnerável, enfraquecidas com final da guerra, empobrecidas, com limitações nutricionais e de saneamento básico (MATOS, 2018). Os primeiros casos registrados da gripe espanhola no Brasil foram em agosto de
vírus influenza A mais até então não se sabia ainda qual subtipo. No mesmo mês a OMS já alertou aos outros países sobre a nova epidemia. Semanas depois já se tinha aproximadamente 10 mil casos e 79 óbitos causados pelo novo vírus (GRECO; TUPINAMBAS; FONSECA, 2009). O vírus H1N1 de 2009 surgiu provavelmente trazido por aves migratórias que transmitiram o vírus de porcos da Europa e Ásia para porcos da América. Nos porcos da américa os vírus se recombinaram formando um vírus recombinante, com RNAs de vírus das 2 espécies de porcos, espécie do homem e espécie das aves. Depois de recombinados dentro dos porcos, o H1N1 recombinado saiu para infectar o homem. Uma das características do vírus H1N1 de 2009 foi que antes mesmo do paciente apresentar qualquer sintoma ele já era capaz de infectar outra pessoa. O vírus era mais letal em gestantes, obesos e pessoas com alguma comorbidade, os idosos não eram mais grupo de risco (UJVARI, 2011). A infecção pelo vírus influenza H1N1 no Brasil foi maior no Paraná e Santa Catarina. Acredita-se que os números foram maiores nesses dois estados pela sua proximidade com o Chile e Argentina, primeiros países a notificar casos de H1N1 na América do Sul (SILVA et al, 2016) (DUARTE et al , 2009). Esperava-se de 2 a 7 milhões de óbitos pela novo vírus, porém, felizmente, o número foi pouco mais de 18 mil. Em todo o mundo, os casos notificados eram na maioria em menores de 65 anos, talvez pelo fato de os idosos já terem imunidade parcial por algum contato com cepas parecidas anteriormente. No Brasil, entre abril de 2009 e janeiro de 2010 foram quase 49 mil casos confirmados de influenza e pouco mais de 2 mil óbitos. A taxa de mortalidade foi de 1,1/100.000 por habitantes (NETO, 2012). 3.2. MEDIDAS DE ENFRENTAMENTO DAS PRINCIPAIS PANDEMIAS DA HISTÓRIA 3.2.1 MEDIDAS NÃO FARMACOLÓGICAS As estratégias de enfrentamento foram surgindo à medida que novas pandemias apareciam no planeta. Podemos citar como medidas não farmacológicas mais antigas o isolamento e a quarentena das pessoas infectadas, onde a princípio eram criados cercos e cordões sanitários para isolar os doentes e os navios negreiros com os doentes a bordo por 40 dias, por esse motivo o nome quarentena. Porém essas
Em 1899, já prevendo a chegada da peste ao Brasil, o diretor geral da Saúde Pública propôs medidas para evitar a entrada do vírus no país e determinou a abertura do lazareto da Ilha Grande, estabelecendo a parada obrigatória das embarcações e a quarentena dos tripulantes. Porém as medidas foram tardias, outras embarcações já tinham desembarcado e espalhado o vírus para as principais cidades brasileiras (UJVARI, 2011). Outra medida utilizada para combater a doença foi a desinfecção das casas, navios e pertences dos doentes com diagnóstico confirmado e/ou suspeitos. Criou-se também um instituto Soroterápico Federal para produção de soro e vacina antipestosa. Porém as medidas não foram suficientes para erradicar a doença e novas medidas tiveram que ser tomadas (SILVA, 2010). Numa segunda tentativa de estratégias, o governo estabeleceu medidas centradas nos transmissores da peste, os roedores e as pulgas. Foram instituídos cerca de 50 ratoeiros que tinham como meta levar pelo menos 5 ratos por dia até os setores de vigilância. No início teve muito êxito essa estratégia, e o número de roedores começou a diminuir, porém, depois de um período, começou a surgir problemas: mercado negro de ratos, criação de ratos em currais, importação de ratos, corrupção, venda de ratos de papelão ou cera entre outros (NASCIMENTO; SILVA, 2013). Em 1904 a estratégia muda, e os ratos passam a serem exterminados com veneno e gases tóxicos. A desinfecção chegou aos lugares mais insalubres da cidade, como galerias subterrâneas de água e esgoto. A medida foi eficiente, quanto mais ratos eram exterminados, menor era o número de óbitos (SILVA, 2010). Em 2008 a secretaria de vigilância em saúde, através do Manual de vigilância e controle da peste mostra que mesmo sem casos em humanos a vigilância da atividade pestosa em roedores e outros pequenos mamíferos ainda é feita pelos órgãos de vigilância responsável (BRASIL, 2008). Na pandemia de Gripe em 1918, o diretor geral da saúde pública, prevendo a chegada do vírus no Brasil, determina como medida de enfrentamento a quarentena dos tripulantes. Porém, o controle das embarcações era complicado, a atenção estava sobre um navio de militares que vinha da África, porém o vírus entrou no território brasileiro pelo navio inglês Demeara, que atracou nos portos de Recife, Salvador e Rio de Janeiro infectando primeiramente toda aquela região, e dali, em poucos meses o restante do país (NETO, 2011).
Dentre as medidas de enfrentamento da pandemia de 1918 podemos destacar as proibições de aglomerações, eventos como cinemas e as aulas nas escolas. Era proibido até mesmo ir aos cemitérios, pois havia risco de contaminação. O vírus letal chegou ao Brasil num momento que os serviços sanitários estavam sendo estruturados. Já se tinha uma “Liga Pró-Saneamento do Brasil” um movimento liderado por médicos, que pressionava para a melhoria dos serviços. Em janeiro de 1920, um ano após o término da pandemia surgia o Departamento Nacional de Saúde Pública, hoje Ministério da Saúde (COSTA E MERCHAN HAMANN, 2016). A verdade é que além da falta de conhecimento da doença, na época da gripe espanhola acreditava-se ser melhor ocultar ao máximo a publicização do que estava se passando para evitar interromper as atividades econômicas da época. Esse fato já não aconteceu em 2009. Assim que a OMS tomou conhecimento da epidemia no México, emitiu orientações a respeito da pandemia. No mês de abril, o governo mexicano relata o surto, e no mesmo mês a OMS já declara emergência de Saúde Pública de importância internacional, recomendando restrições de viagens e comércio. Em maio, 25 países já notificavam casos de influenza, incluindo o Brasil (KISHIDA, 2011). A pandemia no Brasil foi dividida em duas fases. O MS classificou como 1ª fase a fase de contenção (contato com os infectados que tinham viajado nos últimos 10 dias) e a 2ª fase a fase de mitigação (transmissão de pessoa a pessoa dentro do país). Casos de pacientes com febre, tosse, dificuldade em respirar ou morte eram para ser notificados e colocados em investigação laboratorial (CRUZ et al, 2017). Entre as medidas tomadas para o enfrentamento da pandemia no Brasil em 2009 estão: orientações no controle sanitário da influenza A nos aeroportos, portos, fronteiras e recintos alfandegados; rigor no monitoramento dos voos e dos viajantes que chegavam de países com suspeita da pandemia; distribuição de panfletos informativos (KISHIDA, 2011). 3.2.2 MEDIDAS FARMACOLÓGICAS Acredita-se que a varíola já existia até mesmo antes de Cristo, pois formulações que remontam a antiguidade já contavam com substâncias estranhas a fim de conter a moléstia. As receitas coloniais iam desde doses de excremento de cavalos até cálculos extraídos do sistema digestivo de animais, pois acreditava-se que, por vir de
ínguas. Médicos aconselhavam primeiramente a remover cadáveres infectados, tomar água potável e limpa, e uma preparação a base de rosa mosqueta (NOGUEIRA, 2017). Depois de vários séculos castigando o mundo a peste enfim foi controlada. Em 1894 se deu as primeiras pesquisas sobre a bactéria e sobre a doença. Nesse ano a bactéria foi identificada e isolada. Dois anos depois, Waldemar Hafkine desenvolveu uma vacina contra a peste e em 1898, Yersin, o cientista que identificou a bactéria, aplica os primeiros soros antipestosos em seres vivos. No mesmo ano Paul-Louis Simond comprovou que a doença chegava ao homem pela pulga do rato (SILVA, 2010). Mesmo sem casos registrados desde 2005, a vigilância sanitária emite boletins informativos para controle da peste no Brasil. Nele, além de informações sobre a peste, contém uma orientação de tratamento caso ocorra uma infecção. Orienta-se o uso de estreptomicina, o antibiótico mais eficaz na forma pneumônica. A gentamicina é outra opção podendo ser prescrita para crianças e gestantes. As tretaciclinas são eficazes nos casos mais leves. O Cloranfenicol, sulfonamidas e fluoroquinolonas podem servir como drogas de segunda linha (BRASIL, 2008). Quando a pandemia da gripe espanhola assolou o mundo em 1918, a população estava frágil, com limitações nutricionais e problemas socioeconômicos e as recomendações eram apenas “cama, dieta, tisanas e médico”. Recomendava-se repouso em casa, e hospitalização só para os casos mais graves, além de uma alimentação equilibrada para fortalecer o sistema imunológico, embora a maioria não pudesse se adequar aquelas recomendações, já que grande parte da população estava em extrema pobreza (ANDRADE; FELISMINO, 2018). Tudo estava sendo testado para ajudar no caos que tinha sido instaurado, cogitaram que a vacina da varíola pudesse ajudar na prevenção, mas não se mostrou nada eficaz. A população foi orientada a fazer higiene bucal, na garganta e nariz para evitar a doença, porém na época não havia a preocupação com a higiene das mãos que temos hoje. As pessoas buscavam tratamento a partir do conhecimento da época, por ervas, chás, banhos quentes, massagens, até mesmo lavagem intestinal e sangrias. Evitava-se ir a hospitais, buscavam ajuda nas benzedeiras, curandeiras e alunos de medicina ou farmácia (UJVARI, 2011). Na pandemia da gripe influenza de 2009, os estudos sobre o vírus já eram mais avançados do que o da pandemia de 1918. Desde 1947 o monitoramento
epidemiológico do vírus influenza é feito por 110 Laboratórios Nacionais de Influenza em 80 países diferentes. As cepas do vírus são coletadas, classificadas e catalogadas. Duas vezes por ano, se reúnem para junto com a OMS definir as cepas que irão compor a vacina daquele ano. Desde o ano de 1998 é ofertada a vacina contra gripe influenza no Brasil (PAULA; RIBAS, 2015). Todavia, mesmo com todo conhecimento sobre o influenza e a monitoração das cepas, não se pode prever a pandemia de 2009, que veio com um vírus influenza com mutação genética, fazendo as vacinas não serem eficazes a ele. Isso porque a vacina fabricada para gripe de um ano, não serve para gripe do próximo ano, visto que o vírus sofre mutações de um ano para o outro. Portanto, teve-se que apelar para as medidas de prevenção (identificação e isolamento dos doentes) até que a nova vacina ficasse pronta para então imunizar a população contra o novo vírus. Além da vacina, o medicamento Oseltamivir foi licenciado no país para tratamento de infecção por influenza (PAULA; RIBAS, 2015) (NOGUEIRA; PONCE, 2019). A identificação dos infectados foi feita por meio de teste rápido e imunofluorescência indireta nos Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacen) e por PCR em tempo real nos Laboratórios de Virologia do Instituto Evandro Chagas – PA, de Vírus Respiratório do IAL–SP, e Fundação Oswaldo Cruz–RJ. A identificação rápida do vírus ajudou para uma rápida implantação de vigilância nacional (COSTA E MERCHAN HAMANN, 2016). 3.3 MEDIDAS DE ENFRENTAMENTO DA PANDEMIA COVID- Conforme os dados do boletim epidemiológico especial, emitido pelo Ministério da Saúde e Secretaria de Vigilância em Saúde disponibilizado em 23 de maio de 2020 (BRASIL, 2020a), a COVID-19 já tinha feito pouco mais de 338 mil vítimas em todo o mundo, sendo 22.013 no Brasil, e infelizmente, os números não param de subir. Menos de um mês após a publicação desse boletim epidemiológico, segundo o portal WORLDOMETER, em 13 de junho de 2020 os óbitos já chegavam a 430.179 no mundo, sendo 41.828 óbitos no Brasil conforme dados do portal do COVID/Brasil (WORLDOMETER, 2020). A mais nova pandemia teve início em dezembro de 2019 na cidade de Wuhan na China, e foi declarada pandemia pela OMS dia 11 de março de 2020. Conforme classificação taxonômica do vírus, podemos observar que o vírus foi nomeado como
da doença. Na tabela 1, podemos observar, dentre as medidas de enfrentamento levantadas com essa pesquisa, as mais relevantes medidas farmacológicas e não farmacológicas que foram utilizadas em cada uma das pandemias aqui estudada, fazendo um comparativo entre elas e a pandemia do COVID-19. Tabela 1: Medidas de enfrentamento PANDEMIA MEDIDAS NÃO FARMACOLÓGICAS MEDIDAS FARMACOLÓGICAS Varíola Tratamento vermelho Receitas coloniais (excrementos de cavalos) Variolação Vacina Peste negra (séc. XIV) Isolamento Quarentena Incendiar os infectados Uso de máscaras e roupas de proteção Remédios à base de ouro e pérolas Queima de madeiras aromáticas e ervas Dietas especiais Sangria Colocar rãs ou sanguessugas nas ínguas Tomar água potável e limpa Remédio a base de rosa mosqueta Peste negra ( Brasil) Desinfecção das casas Extermínio do roedor Soro Vacina Medicamentos como: estreptomicina, tretaciclinas, cloranfenicol, sulfonamidas e fluoroquinolonas. Influenza (1918) Quarentena Isolamento social Alimentação equilibrada e repouso Vacina da varíola (não eficaz) Higiene bucal, garganta e nariz (não eficaz) Medicamentos à base de ervas, chás, banhos quentes e massagens Lavagem intestinal Sangrias Influenza (2009) Orientações Fiscalizações e restrições de viagens e comércios entre países Identificação e isolamento dos infectados e das pessoas que tiveram contato com o doente. Vacina Medicamento oseltamivir Testes rápidos COVID- Distanciamento social Quarentena Higienização das mãos e objetos Uso de máscaras Hidroxicloroquina Difosfato de cloroquina Azitromicina (entre outros que estão sendo testados ainda)
Diante do estudo realizado por meio desse levantamento bibliográfico, é possível observar que algumas das estratégias utilizadas para conter as doenças não surtiram efeitos por diversos motivos, como o desconhecimento do comportamento do microrganismo, sendo esse comportamento importante na elaboração das estratégias de enfrentamento pandêmico. Analisar pandemias anteriores é importante para se evitar erros que já foram cometidos, mas analisar o cenário atual e as características do novo agente é primordial para tomadas de decisões. Uma nova pandemia não é previsível, porém pode ser evitada e controlada com medidas corretas. Estratégias como: medidas sanitárias, isolamentos, vacinação, dentre outras, só serão eficazes com a colaboração de todos, incluindo população, governo, mídia e ciência. A união entre eles é o caminho para se vencer uma pandemia sem muitos danos. Além disso, é importante salientar que outro ponto importante é a valorização e investimento em pesquisas, com equipes de vigilância, para continuar a investigar o surgimento de novos microrganismos e o comportamento deles. AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus, a todos os meus familiares e amigos. Ao meu esposo e filhas pelo apoio na realização deste estudo. Agradeço imensamente a professora Tamara Silva Martins pelas orientações dispensadas a mim e por todo suporte durante a elaboração deste trabalho. REFERÊNCIAS ALVES, G. V. S; FERNANDES, F. P. F. Impacto da peste negra na Europa. 12p. disponível em: https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/80/o/TCEM2014-Historia- GabrielVieiraSilvaAlves.pdf > acesso em: 01 mai, 2020. ANDRADE, H. R; FELISMINO, D. A pandemia de gripe de 1918-1919: um desafio à ciência médica no princípio do século XX. LER História. v. 73, p 67-92. 2018. ARAGUAIA, M. "Varíola"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/doencas/variola.htm. > Acesso em: 10 jun, 2020.
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