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Estrategias de leitura analise e interpretação e textos na universidade da decodificação a leitura critica, Resumos de Língua Portuguesa

Ajuda estudantes a fazer analises e interpretações alem de de despertar o entendimento critico dos textos.

Tipologia: Resumos

2020

Compartilhado em 23/03/2020

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guilardo-son 🇧🇷

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ANAIS DO XV CONGRESSO NACIONAL DE LINGUÍSTICA E FILOLOGIA
p. 1721 Cadernos do CNLF, Vol. XV, Nº 5, t. 2. Rio de Janeiro: CiFEFiL, 2011
ESTRATÉGIAS DE LEITURA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO
DE TEXTOS NA UNIVERSIDADE:
DA DECODIFICAÇÃO À LEITURA CRÍTICA
Urbano Cavalcante Filho (UESC, UFBA, IFBA)
urbanocavalcante@yahoo.com.br
1. Introdução
Todos nós lemos a nós e ao mundo à nossa volta
para vislumbrar o que somos e onde estamos.
Lemos para compreender, ou para começar a
compreender. Não podemos deixar de ler.
(Alberto Manguel)
A leitura é uma habilidade indispensável à vida social. É através
dela que entendemos o mundo e interagimos com o outro, seja nos estu-
dos, na nossa comunicação, na forma de nos expressarmos, nos conheci-
mentos que ela nos proporciona. A necessidade pela leitura e pelo domí-
nio da linguagem escrita em nossa sociedade é cada vez mais intensa.
No mundo de hoje, são muitas as situações que exigem, cada vez
mais, indivíduos com habilidades diversas em comunicação, capacidade
leitora e interpretativa e boa desenvoltura redacional.
Dessa forma, este texto, se utilizando de uma linguagem marca-
damente didática, objetiva a apresentar e discutir os principais aspectos
relacionados ao processo de leitura, em especial da leitura informativa ou
de estudo, a fim de preparar o acadêmico enquanto leitor proficiente dos
mais variados gêneros textuais que circulam na universidade. Com isso,
o desenvolvimento dessa exposição perpassará os seguintes objetivos: i)
conceituar leitura; ii) identificar os diferentes tipos de leitura e as fases da
leitura de estudo; iii) reconhecer os níveis de leitura de um texto; iv) i-
dentificar os passos necessários para a garantia de uma leitura satisfatória
de diferentes textos; v) ler, analisar e interpretar textos. Tomamos como
alicerce teórico os postulados de Andrade (1999), Freire (1989), Medei-
ros (2004), Paulo et al. (2001), Severino (2002) e, principalmente, as re-
flexões apresentadas por Cavalcante Filho (2010).
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p. 1721 Cadernos do CNLF , Vol. XV, Nº 5, t. 2. Rio de Janeiro: CiFEFiL, 2011

ESTRATÉGIAS DE LEITURA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO

DE TEXTOS NA UNIVERSIDADE:

DA DECODIFICAÇÃO À LEITURA CRÍTICA

Urbano Cavalcante Filho (UESC, UFBA, IFBA) urbanocavalcante@yahoo.com.br

1. Introdução Todos nós lemos a nós e ao mundo à nossa volta para vislumbrar o que somos e onde estamos. Lemos para compreender, ou para começar a compreender. Não podemos deixar de ler. (Alberto Manguel) A leitura é uma habilidade indispensável à vida social. É através dela que entendemos o mundo e interagimos com o outro, seja nos estu- dos, na nossa comunicação, na forma de nos expressarmos, nos conheci- mentos que ela nos proporciona. A necessidade pela leitura e pelo domí- nio da linguagem escrita em nossa sociedade é cada vez mais intensa. No mundo de hoje, são muitas as situações que exigem, cada vez mais, indivíduos com habilidades diversas em comunicação, capacidade leitora e interpretativa e boa desenvoltura redacional. Dessa forma, este texto, se utilizando de uma linguagem marca- damente didática, objetiva a apresentar e discutir os principais aspectos relacionados ao processo de leitura, em especial da leitura informativa ou de estudo, a fim de preparar o acadêmico enquanto leitor proficiente dos mais variados gêneros textuais que circulam na universidade. Com isso, o desenvolvimento dessa exposição perpassará os seguintes objetivos: i) conceituar leitura; ii) identificar os diferentes tipos de leitura e as fases da leitura de estudo; iii) reconhecer os níveis de leitura de um texto; iv) i- dentificar os passos necessários para a garantia de uma leitura satisfatória de diferentes textos; v) ler, analisar e interpretar textos. Tomamos como alicerce teórico os postulados de Andrade (1999), Freire (1989), Medei- ros (2004), Paulo et al. (2001), Severino (2002) e, principalmente, as re- flexões apresentadas por Cavalcante Filho (2010).

Cadernos do CNLF , Vol. XV, Nº 5, t. 2. Rio de Janeiro: CiFEFiL, 2011 p. 1722

2. Ler, leitura... O que é isso? O entendimento do conceito de leitura ultrapassa a concepção de decodificação do código escrito. Ou seja, a habilidade que se deve ter de leitura não é somente reconhecer e traduzir sílabas ou palavras (signos linguísticos), em sons, isoladamente (a decodificação), mas é atribuir significado àquilo que é lido. Buscando a definição do Dicionário Eletrônico Houaiss da Lín- gua Portuguesa, encontramos que leitura é: 1. ato de decifrar signos gráficos que traduzem a linguagem oral; arte de ler. 2. ação de tomar conhecimento do conteúdo de um texto escrito, para se distrair ou se informar. 3. maneira de compreender, de interpretar um texto, uma men- sagem, um acontecimento. 4. ato de decifrar qualquer notação; o resultado desse ato. No entanto, para compreendermos, de fato, o fenômeno da leitura, não basta o seu sentido dicionarizado. Por isso, vamos buscar a definição apresentada por Lajolo (1982, p. 59), que afirma: Ler não é decifrar, como num jogo de adivinhações, o sentido de um tex- to. É a partir do texto, ser capaz de atribuir-lhe significado, conseguir relacio- ná-lo a todos os outros textos significativos para cada um, reconhecer nele o tipo de leitura que seu autor pretendia e, dono da própria vontade, entregar-se a esta leitura, ou rebelar-se contra ela, propondo outra não prevista. Nesse sentido, segundo a autora, a leitura é um processo de inter- locução entre leitor/autor mediado pelo texto. É uma espécie de encontro com o autor, que está ausente, mas mediado pela palavra escrita. Paulino et al (2001, p. 11), ao discutirem o conceito de leitura, partem da etimologia da palavra ler, que vem do latim legere. Segundo os autores, na origem do vocábulo, encontram-se três significados: pri- meiro, ler significa soletrar, agrupar as letras em sílabas; segundo, ler es- tá relacionado ao ato de colher, a leitura passa a ser a busca de sentidos no interior do texto, nessa concepção os sentidos vivem no texto, basta que eles sejam retirados, colhidos como uvas no vinhedo; e, terceiro e úl- timo sentido apontado vincula o ler ao roubar, isto é, o leitor tem a possi- bilidade de tirar do texto sentidos que estavam ocultos, o leitor cria até significados que, em princípio, não tinha autorização para construir. Nes- ta última acepção, o sentido nasce das vontades do leitor - o autor escreve o texto, mas quem lhe confere vida é o leitor.

Cadernos do CNLF , Vol. XV, Nº 5, t. 2. Rio de Janeiro: CiFEFiL, 2011 p. 1724 tura de estudo , que visa à coleta de informações para determinado propó- sito, aquisição e ampliação de conhecimentos. De todos esses tipos de leitura, interessa-nos aprender como reali- zar uma leitura informativa ou de estudo, já que, a todo momento, no âmbito acadêmico nos deparamos com textos técnicos, teóricos, de cunho filosófico-científico Para isso, precisa dominar as fases e as estratégias necessárias para a realização de uma leitura adequada e satisfatória dos seus textos, principalmente daqueles que constituem seu material de es- tudo. 3.1. Fases da leitura informativa ou de estudo Como visto, a leitura informativa ou leitura de estudos tem como objetivo adquirir e ampliar nossos conhecimentos, coletar dados e infor- mações que serão utilizados na elaboração de um trabalho científico ou para responder questões específicas, sendo muito utilizada nas escolas, faculdades ou quando nos interessamos em conhecer algo novo. Por isso, além de conhecermos os aspectos para uma leitura proveitosa, é muito importante que conheçamos as fases da leitura informativa ou de estudo. Segundo Cervo & Bervian (1983, apud ANDRADE, 1999, p. 20- 21), as fases da leitura informativa ou de estudo são: i) leitura de reconhecimento ou pré-leitura : também classificada por outros autores como leitura prévia ou de contato, tem como finalidade dar uma vi- são global do assunto, ao mesmo tempo em que permite ao leitor verificar a existência ou não de informações úteis para o seu objetivo específico; trata- se de uma leitura rápida, “por alto”, apenas para permitir um primeiro conta- to com o texto; ii) leitura seletiva: o objetivo é a seleção de informações mais importantes e que interessam à elaboração do trabalho em perspectiva; iii) leitura crítica ou reflexiva : leitura de análise e avaliação das informações e das intenções do autor. A reflexão se dá por meio da análise, comparação e julgamento das ideias contidas no texto; iv) leitura interpretativa : é a mais completa, é o estudo aprofundado das ideias principais, onde se procura saber o que realmente o autor afirma, quais os dados e informações ele oferece, além de correlacionar as afirmações do au- tor com os problemas em questão. Feita a análise e o julgamento daquilo que foi lido, o leitor está apto agora para fazer a síntese de tudo o que leu, a integrar os dados des- cobertos durante a leitura ao seu cabedal de conhecimentos.

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4. Níveis de leitura: os degraus da escada Geralmente, no primeiro contato com qualquer tipo de texto, nor- malmente o leitor se depara com a dificuldade de encontrar unidade por trás de tantos significados que o texto apresenta em sua superfície. Por isso que, para realizarmos uma leitura proveitosa, é preciso que saibamos os níveis pelos quais devemos passar para alcançarmos nosso objetivo de leitor. Segundo Mortimer J. Adler e Charles Van Doren (1940 apud MEDEIROS, 2004, p. 35), os níveis de leitura de um texto são: i) elementar: leitura básica ou inicial. Ao leitor cabe reconhecer cada palavra de uma página. Leitor que dispõe de treinamento básico e adquiriu rudimentos da arte de ler; ii) inspecional: caracteriza-se pelo tempo estabelecido para a leitura. Arte de fo- lhear sistematicamente; iii) analítica: é minuciosa, completa, a melhor que o leitor é capaz de fazer. É ati- va em grau elevado. Tem em vista principalmente o entendimento; iv) sintópica: leitura comparativa de quem lê muitos livros, correlacionando-os entre si. Nível ativo e laborioso de leitura. 5. Tipos de análise de texto Para que nos tornemos um bom leitor, é preciso que saibamos a- nalisar os textos com os quais nos deparamos, realizando uma leitura significativa e proveitosa destes. Com base em Severino (2002, p. 51- 58), as etapas de análise de um texto são: i) análise textual : esta é a primeira abordagem do texto com vistas à preparação da leitura. Uma espécie de primeira leitura do texto, buscando uma visão pa- norâmica, o que permite ao leitor sentir o estilo de escrita do autor e a estrutu- ra do texto. Nessa etapa, é preciso que o leitor busque esclarecimentos para melhor compreensão do texto: a) dados a respeito do autor do texto (busca que fornecerá elementos úteis para uma elucidação das ideias expostas no texto); b) estudo do vocabulário (levantamento dos conceitos e dos termos fundamen- tais para a compreensão do texto); c) esquematização do texto (que permitirá apresentar uma visão do conjunto da unidade); e d) resumo do texto com as ideias mais relevantes; ii) análise temática : é a etapa em que se procura ouvir o autor, apreender, sem in- tervir nele, o conteúdo da mensagem. É aqui que fazemos uma série de per- guntas ao texto, como: de que fala o texto? como o texto está problematizado? qual dificuldade deve ser resolvida? qual problema a ser solucionado? como o autor responde à dificuldade, ao problema levantado? que ideias paralelas (se- cundárias) são apresentadas ao tema central?

p. 1727 Cadernos do CNLF , Vol. XV, Nº 5, t. 2. Rio de Janeiro: CiFEFiL, 2011 4º PASSO : Elaborar uma síntese do texto - Nesse passo, será exi- gido que o leitor faça uma seleção e uma organização dos elementos mais importantes do texto, estabelecendo um critério de relevância (o que é mais importante? o que é menos importante?) 5º PASSO: Organizar as próprias ideias com relação aos elemen- tos relevantes - Nesse ponto, é preciso um posicionamento do leitor que decorrerá da avaliação do que foi dito com base nos critérios que se re- solveu adotar para a elaboração da síntese. É importante verificar os co- nhecimentos prévios que se já possui sobre o tema. Com base nesses co- nhecimentos, adota-se uma posição em relação às novas informações: concorda com elas? discorda delas? por quê? 6º PASSO: Demonstrar capacidade para interpretar dados e fa- tos apresentados - Agora, a partir das relações estabelecidas, o leitor de- verá construir uma resposta para a seguinte pergunta: que sentido faz o que eu acabei de ler? 7º PASSO: Elaborar hipóteses explicativas para fundamentar sua análise das questões tematizadas no texto - O leitor deve procurar uma explicação para a razão de elas serem o que são. A elaboração das hipó- teses explicativas para o conjunto de informações obtidas pela leitura do texto vai além do que foi dito pelo autor e permite que se construa um novo conhecimento acerca da questão tematizada. Estamos, pois, diante da conclusão do processo de leitura e construção de sentido do texto, isto é, a apropriação do texto lido pelo leitor. Todos esses passos sugeridos para a garantia de uma boa leitura podem ser sintetizados nos cinco elementos que todo leitor deve identifi- car num texto. Ei-los: i) TEMA – ideia central ou assunto tratado pelo autor, o fenômeno que se discu- te no decorrer do texto; ii) PROBLEMA – aquilo que “provocou” o autor, isto é, pode ser visto como o questionamento de motivação do autor; iii) TESE: a ideia de afirmação do autor a respeito do assunto. O que o autor fala sobre esse tema? Que posição assume, que ideia defende? O que quer demons- trar? iv) OBJETIVO – a finalidade que o autor busca atingir. O objetivo pode estar im- plícito ou explícito no texto; v) IDEIAS CENTRAIS – ideias principais do texto. A cada parágrafo podemos selecionar ideias centrais ou secundárias.

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7. Considerações finais Nesse texto, vimos que a leitura é parte essencial na vida em soci- edade. É através dela que nos comunicamos, interagimos com o outro, adquirimos conhecimento etc. Por isso, ler é muito mais do que decifra- ção do código escrito, é muito mais do que o reconhecimento das letras, das palavras... Ler é, antes de tudo, atribuição de sentido ao que se lê. Realizamos a leitura por diversas finalidades: para adquirirmos conheci- mento, para distrairmos, para nos mantermos informados etc. Para cada finalidade de leitura, há um tipo específico de leitura; Para finalizar, para a garantia de um nível desejável de leitura, é preciso que se obedeça a alguns passos, como a identificação de elemen- tos básicos do texto, como: tema, problema, tese, objetivos, ideias cen- trais. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA ABAURRE, Maria Luiza; PONTARA, Marcela Nogueira; FADEL, Ta- tiana_. Português_ : língua e literatura. 2. ed. São Paulo: Moderna, 2002. ANDRADE, Maria Margarida de. Introdução à metodologia do trabalho científico. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1999. FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler : em três artigos que se com- pletam. 23. ed. São Paulo: Autores Associados: Cortez, 1989. MEDEIROS, João Bosco. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas. São Paulo: Atlas, 2004. PAULINO, Graça et al. Tipos de texto, modos de leitura. Belo Horizonte: Formato, 2001. SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 22. ed. rev. e ampl. de acordo com a ABNT. São Paulo: Cortez, 2002.