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Neste documento, oswaldo sala apresenta uma introdução à espectroscopia atômica, com ênfase no estudo do espectro do átomo de hidrogênio. Ele obtém a fórmula de balmer usando um método gráfico e deriva as expressões dos termos de energia, tornando claro os conceitos de autovalor e função de onda no contexto da equação de schrödinger.
Tipologia: Notas de estudo
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Quim. Nova, Vol. 30, No. 7, 1773-1775, 2007
*e-mail: oswsala@iq.usp.br
Oswaldo Sala Departamento de Química Fundamental, Universidade de São Paulo, CP 26077, 05599-970 São Paulo – SP, Brasil
Recebido em 1/9/06; aceito em 1/2/07; publicado na web em 29/8/
AN INTRODUCTION TO ATOMIC SPECTROSCOPY – THE HYDROGEN ATOM. The Balmer equation is obtained from the hydrogen spectrum in an empirical way, using a graphic method; from this equation the energy level terms are derived. Emphasis is given to concepts in order to make clear the meaning of quantum numbers, eigenvalues and eigenfunctions in the Schrödinger equation.
Keywords: spectrum; hydrogen; Balmer.
Os alunos de graduação geralmente encontram na disciplina de Físico-Química dificuldade em entender os conceitos envolvidos na espectroscopia e na química quântica, acabando por detestar estas matérias. Parte desta dificuldade se deve à nomenclatura com- pletamente nova com que o estudante se depara. Para memorizar e utilizar esta nomenclatura é importante que o aluno tenha os con- ceitos bem claros. O objetivo deste artigo é introduzir o aluno de graduação à espectroscopia, em particular à espectroscopia atômi- ca, dando ênfase aos conceitos envolvidos, sem utilizar formalismo matemático. Partindo do modelo de órbitas circulares e do espec- tro do átomo de hidrogênio, a fórmula de Balmer é aqui obtida usando somente um método gráfico. Desta equação obtém-se a expressão dos termos de energia, que permitem obter o diagrama dos níveis de energia deste átomo. Com a obtenção dos níveis de energia procura-se tornar claro os conceitos de autovalor e de fun- ção de onda.
MODELO PARA O ÁTOMO DE HIDROGÊNIO
O modelo mais simples que se pode supor para o átomo de hidrogênio seria o de um elétron movendo-se em órbita circular ao redor do núcleo1-4^. Classicamente surge um problema: a órbita cir- cular implica que haja uma aceleração e, pela teoria clássica do eletromagnetismo, uma carga acelerada emite radiação eletromag- nética. Portanto, haveria perda de energia e o elétron teria o raio de sua órbita decrescendo até cair no núcleo. Para que isto não ocorra, o modelo clássico não pode ser considerado e teremos de fazer uma hipótese. Vamos supor que o elétron descreva órbitas estacio- nárias, onde a energia seria sempre a mesma, não havendo emissão ou absorção de radiação eletromagnética enquanto ele permanecer na mesma órbita. Mas, surge uma pergunta: como observar o es- pectro de emissão do átomo de hidrogênio em um tubo de descarga elétrica contendo este gás em baixa pressão? A razão é que, en- quanto o elétron permanece em uma órbita estacionária não há emissão, mas se ele mudar de uma órbita para outra de menor ener- gia haverá emissão com energia igual à diferença entre as duas órbitas envolvidas. Para melhor compreensão seria conveniente numerar as órbitas, a partir da mais próxima ao núcleo (de menor raio), e examinar o espectro que se obtém para este átomo.
Examinando o espectro de emissão do átomo de hidrogênio, ob- serva-se na região do visível uma série de linhas, do vermelho (com- primento de onda longo) para o violeta (menor comprimento de onda), cujo espaçamento e intensidade diminuem à medida que se vai em direção ao violeta. A Figura 1 mostra um esquema deste espectro, indicando os números de onda e os comprimentos de onda.
( É interessante mencionar que o espectro da descarga elétrica em um tubo com hidrogênio a baixa pressão apresenta linhas de espectro molecular do H 2 , que atrapalham a identificação das li- nhas menos intensas do espectro atômico. A presença de vapor de água no tubo reduz drasticamente o espectro molecular, inclusive, o tubo de descarga pode ser cheio somente com vapor de água em pressão da ordem de 5 mm/Hg, que na descarga dá origem ao hi- drogênio atômico ). No modelo que estamos considerando as órbitas são estacioná- rias, havendo emissão somente quando ocorrer mudança de uma órbita para outra de menor raio. Na Figura 2 estão numeradas as órbitas, partindo de 1 (a mais interna) e são mostradas algumas possibilidades de transições, de órbitas mais externas para a órbita de n=1, de n=2, de n=3 etc. A diminuição do espaçamento entre as linhas do espectro, como se observa na Figura 1, não segue uma seqüência linear. Se nume- rarmos as linhas, do vermelho para o violeta, com n=1, n=2, n=3,··· podemos procurar uma expressão matemática que represente este decaimento. Poderíamos pensar em uma dependência quadrática, variando com n^2 , porém, como as linhas estão se aproximando se- ria mais razoável uma dependência com 1/n^2. É interessante, por- tanto, fazer um gráfico do número de onda em função de 1/n^2 ; se a hipótese feita for correta obteremos uma reta. O número de onda corresponde a quantos comprimentos de onda estão contidos em 1
Figura 1. Esquema do espectro de hidrogênio mostrando as seis primeiras linhas da série de Balmer, estando indicado na parte superior o número de onda (cm -1) e na parte inferior o comprimento de onda (nm)
1774 Sala Quim. Nova
cm. Seu valor é igual à freqüência da radiação dividida pela veloci- dade da luz sendo, portanto, proporcional à energia do fóton. No nosso modelo, examinando o esquema da Figura 2, uma série de linhas teria um termo final comum com o inicial variando com a numeração das diferentes órbitas. Poderíamos construir grá- ficos partindo de diferentes valores iniciais de n. Na Figura 3 são mostrados os gráficos obtidos com n a partir de 2, 3 e 4; percebe-se que somente o gráfico com n a partir de 3 fornece uma reta. Como interpretar este fato? No gráfico, n é uma variável e este número deve representar as várias órbitas iniciais. Para as transições tendo como estado final a menor órbita (n=1) os valores de n no gráfico seriam a partir de 2. Para transições tendo como órbita final a de n=2, no gráfico os valores de n seriam a partir de 3 e assim por diante. O gráfico linear que se obtém com n a partir de 3 indica que as transições são das órbitas a partir de n=3 para a órbita com n=2.
Na Figura 4, o gráfico obtido com n a partir de 3 é mostrado juntamente com sua regressão linear, que apresenta perfeita coinci- dência com os pontos experimentais. Isto confirma que a série espectral obtida no visível resulta de transições do elétron em órbi- tas com n igual ou maior que 3 para a órbita com n=2. Esta série, uma vez que foi identificada, será examinada procurando-se obter maiores informações sobre a estrutura do átomo de hidrogênio. Examinando o espectro da Figura 1, vamos procurar uma equa- ção que forneça o número de onda de cada linha em função de n, que por enquanto é um número sem significado preciso. Para isto é mais conveniente construir um gráfico como o anterior, mas, trocando as coordenadas, isto é, usando na ordenada o número de onda de cada linha observada e na abscissa o valor correspondente de 1/n 2. Na Figura 5a são mostrados estes gráficos para n a partir de 2, 3 e 4;
somente com n a partir de 3 o gráfico mostra uma relação linear. A Figura 5b contém a regressão linear obtida para a curva com n a partir de 3, estando indicados os coeficientes linear e angular.
Com os valores dos coeficientes obtidos (Figura 5b) a equação da regressão linear pode ser escrita:
Nota-se que o valor do coeficiente linear é ¼ do valor do coe- ficiente angular; como a transição que fornece o número de onda ν (da Equação 1) deve envolver o valor de n da órbita inicial e da
Figura 2. Órbitas circulares com numeração arbitrária a partir de 1 para a mais interna; são indicadas algumas transições possíveis para determinadas órbitas fixadas
Figura 3. Gráficos do número de onda (cm-1) em função de 1/n^2 com n a partir dos valores indicados. O gráfico com n a partir de 3 mostra uma relação linear
Figura 4. Curva de número de onda em função de 1/n^2 , para n a partir de 3; sua regressão linear mostra concordância com os pontos experimentais
Figura 5a. Curvas obtidas para n a partir de 2, 3 e 4, mostrando que para n a partir de 3 há uma relação linear
Figura 5b. Curva para n a partir de 3 e sua regressão linear, sendo indicados os valores do coeficiente linear e do angular