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Entre os relacionamentos saudável e abusivo, Slides de Literatura

Livros “Corte de espinhos e rosas” e “Corte de névoa e fúria” trazem os relacionamentos abusivo e saudável em seu conteúdo. Palavras-chave: Literatura.

Tipologia: Slides

2022

Compartilhado em 07/11/2022

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Osvaldo_86 🇧🇷

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA
PAOLA CITADIN LAURIANO
ENTRE OS RELACIONAMENTOS SAUDÁVEL E ABUSIVO:
UM OLHAR PARA AS OBRAS “CORTE DE ESPINHOS E ROSAS”
E “CORTE DE NÉVOA E FÚRIA” DE SARAH J. MAAS
Tubarão
2020
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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

PAOLA CITADIN LAURIANO

ENTRE OS RELACIONAMENTOS SAUDÁVEL E ABUSIVO:

UM OLHAR PARA AS OBRAS “CORTE DE ESPINHOS E ROSAS”

E “CORTE DE NÉVOA E FÚRIA” DE SARAH J. MAAS

Tubarão 2020

UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

PAOLA CITADIN LAURIANO

ENTRE OS RELACIONAMENTOS SAUDÁVEL E ABUSIVO:

UM OLHAR PARA AS OBRAS “CORTE DE ESPINHOS E ROSAS”

E “CORTE DE NÉVOA E FÚRIA” DE SARAH J. MAAS

Projeto de TCC apresentado ao Curso de Graduação em Letras – Língua Portuguesa da Universidade do Sul de Santa Catarina como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel/Licenciado em Letras – Língua Portuguesa. Profa. Esp. Daiane de Souza Alves Mauricio Tubarão 2020

Dedico esse trabalho a todas as pessoas que foram e ainda são enjauladas por parceiros destrutivos. Vocês são fortes e capazes de superar isso, mesmo que a recuperação seja lenta, não desistam e lutem por vocês.

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, primeiramente, por tudo que tem me proporcionado e por me capacitar para a conclusão de mais uma etapa. A meus pais que sempre estiveram ao meu lado, e por todo apoio que sempre me deram. A meu irmão, que com sua luz alivia meu estresse e alegra os meus dias. E a minha tia que com toda paciência me ouviu falar desse trabalho desde antes de começá-lo. Agradeço a minha madrinha, que por passar grandes dificuldades com um Tamlin em sua vida, inspirou parte dessa análise. Você é resistente, e quando sua recuperação terminar sei que se reerguerá mais forte que antes. A meus colegas e aos professores do curdo de Letras – Língua Portuguesa da Universidade do Sul de Santa Catarina, que com seus conhecimentos acrescentaram e foram parte fundamental dessa etapa em minha vida. A professora Daine de Souza Alves Mauricio, que caminhou comigo durante todo esse processo, compartilhando do seu conhecimento e me encorajando a continuar. E agradeço a meu Rhysand, que com sua chegada elevou o nível de tudo e me ensinou o que é ser verdadeiramente amada e respeitada, apoiada e incentivada dia após dia, você com certeza é a principal razão de eu ter escrito sobre esse tema, obrigada por só acrescentar coisas boas na minha vida e por todas as memórias doces que proporcionou ao longo da nossa amizade.

RESUMO

O presente trabalho busca trazer as características dos relacionamentos saudável e abusivo com objetivo de analisar a construção de ambos os relacionamentos nas obras “Corte de espinhos e rosas” e “Corte de névoa e fúria” da autora americana Sarah J. Maas. A problemática que norteará este trabalho é como se dá a construção desses relacionamentos nas obras que serão analisadas. Esta pesquisa classifica-se, metodologicamente, como qualitativa e bibliográfica, uma vez que as análises se deram por meio de livros e artigos que abordem o tema. Para análise, utilizou-se a análise de conteúdo, de Lauren Bardin. Trazendo o resultado de que - de fato - os Livros “Corte de espinhos e rosas” e “Corte de névoa e fúria” trazem os relacionamentos abusivo e saudável em seu conteúdo. Palavras-chave: Literatura. Relacionamentos. Abusivo. Saudável.

ABSTRACT

This work seeks to bring out the characteristics of both relationships in order to analyze and identify the construction of healthy and abusive relationships in the works “A court of thorns and roses” and “A court of mist and fury” by the American author Sarah J. Maas. The problem that will guide this work is how to build these relationships in the works that will be analyzed. This research is classified, methodologically, as qualitative and bibliographic, since the analyzes will take place through books and articles that address the theme. For analysis, content analysis by Lauren Bardin will be used. Hoping to bring the result that - in fact - the books “A court of thorns and roses” and “A court of mist and fury” bring abusive and healthy relationships in their content. Keywords: Literature. Relationships. Abusive. Healthy.

1 INTRODUÇÃO

Ao longo dos anos, as mulheres vêm sofrendo com inúmeros atos de violência, seja no trabalho, na escola ou nas universidades, mas esse tipo de violência acontece principalmente em casa, com seus maridos e familiares. De acordo com Maia (2017, p.1), “a cultura do machismo há muitos anos vem influenciando na manutenção dos relacionamentos, em que os muitos tipos de violência que assolam mulheres de várias faixas-etárias, classes sociais e níveis culturais tornam-se cada vez mais gritantes.” Durante o período colonial, por exemplo, não havia nenhuma lei específica de proteção às mulheres; somente em 1932, elas começaram a ganhar o direito ao voto no Brasil, por meio do novo código eleitoral, Decreto nº 21.076, de 24 de fevereiro de 1932. No entanto, mesmo com conquistas no âmbito legislativo, durante anos, as mulheres continuaram - e continuam – sendo vítimas do machismo na sociedade, este, que implementa características de que o homem é dono da mulher e manda nela, e pensa que pode tratá-la como bem entender. Frente a esse cenário, é que se cristalizam os relacionamentos abusivos, que são cada vez mais vistos no corpo social, embora não sejam algo novo. Contudo, é importante salientar que, com a criação de mais leis que trazem a segurança da mulher como principal objetivo, e as mudanças que a sociedade vêm mostrando ao longo dos anos, a mulher passa a ganhar voz e expõe seus problemas para a comunidade por diversos meios. A literatura, por exemplo, é um deles. A abordagem de temas relacionados à mulher e aos seus direitos segue ganhando cada vez mais abertura. Apesar da exposição de relacionamentos abusivos em obras literárias ser, em muito, romantizado, sua análise é de grande ajuda para a sociedade, trazendo um bom apoio para a conscientização sobre problema. Assim como muitos outros autores, Sarah J. Maas traz esse problema para as suas obras Corte de espinhos de rosas e Corte de névoa e fúria , tornando interessante a análise destas. E é por isso que se dá o objetivo deste projeto: analisar e identificar a construção do relacionamento abusivo nas literaturas supracitadas. Os objetivos específicos são: reler as obras Corte de espinhos e rosas e Corte de névoa e fúria de Sarah J. Maas, analisar a construção dos relacionamentos abusivo e saudável e como eles se materializam nas obras supracitadas. A problemática que norteará a pesquisa será como Sarah J. Maas constrói os relacionamentos saudável e abusivo em suas obras? Os procedimentos desta pesquisa dar-se- ão em dois passos. O primeiro passo da pesquisa será reler as obras Corte de espinhos de rosas e Corte de névoa e fúria , da autora Sarah J. Maas. O segundo, será analisar, sob o ponto de vista

da Análise de Conteúdo, de Bardin, a construção do relacionamento abusivo em tais obras, como também em fundamentações teóricas relacionadas com os relacionamentos abusivos. Antes, é necessário entender a historicidade dos relacionamentos, o que será visto no próximo capítulo.

Na amizade, as pessoas buscam indivíduos que sejam confiáveis, respeitosos, que lhes tragam prazer na companhia e lhes ajudem quando preciso. Para isso, é necessário que eles tenham coisas em comum e coisas que os complementam, como características que faltam em um e têm no outro, e gostos semelhantes para filmes, livros, músicas etc. Segundo Fehr (1996, p.7), a amizade é “um relacionamento pessoal e voluntário, que propicia intimidade e ajuda, no qual as duas partes gostam uma da outra e da companhia uma da outra”. Assim, para que a amizade se fortaleça, é mais provável que os indivíduos precisem de uma certa familiaridade, pois é mais fácil pessoas se aproximarem daqueles que as cercam, por isso é muito comum pessoas fazerem amizades na escola e no trabalho, pois, ali, há uma certa convivência constante entre os sujeitos. No parentesco, encontra-se a família (pais, irmãos, primos etc). Nesse campo, as pessoas se conhecem há muito tempo, pois, aqui, eles não possuem só coisas em comum e uma convivência constante, como, também, um laço de sangue. Porém, nesse âmbito é muito mais comum haver conflitos, visto que, por serem parentes, os indivíduos estão propícios a ter de conviver, mesmo quando não se entendem. No relacionamento amoroso, os indivíduos tendem a buscar pessoas que os atraia fisicamente, os inspire, e os trate de forma especial. Além dessas características, os sujeitos esperam por alguém em quem possam confiar, que os respeitem e que correspondam os seus sentimentos. Nesse âmbito, as pessoas se atraem sexualmente pelo outro, e estão propícias a querer se relacionar de forma mais íntima e intensa com o outro. Nesse ponto, os laços se dão por interesses e sonhos em comum, ou seja, um ser complementa o outro. Dessa forma, o sentimento é mais forte que a amizade, mesmo que, no início, o relacionamento possa se caracterizar como uma. Nesse campo, as pessoas se amam e tendem a buscar constituir uma outra família com essa pessoa. Dentro desse âmbito existem vários tipos de relacionamento amorosos, no entanto é importante mencionar o heterossexual, em que duas pessoas de sexo opostos se atraem uma pela outra; o homossexual, em que duas pessoas do mesmo sexo se encantam uma pela outra; e o pansexual, em que três ou mais pessoas se atraem uma pela outra e entram em um relacionamento poligâmico. Independentemente do tipo de relacionamento amoroso, são encontrados relacionamentos ruins, os considerados abusivos, e relacionamentos bons, os saudáveis. Relacionamentos esses, que serão abordados a seguir.

2.1 RELACIONMENTOS SAUDÁVEIS

Os relacionamentos amorosos fazem parte do cotidiano humano, desde conversas informais a filmes, revistas, séries, livros e músicas abordam tal tema todos os dias, e junto a isso inúmeras teorias vêm sendo formadas ao longo dos anos. Teoricamente, o amor tende a se manifestar mediante o desenvolvimento de um sentimento amoroso (amor) por determinado indivíduo, sendo tal sentimento uma das mais intensas emoções humanas (STERBERG; GRAJEK, 1984) e um tipo específico de atração interpessoal (ALFERES, 2004), também considerado fundamental para uma relação amorosa de sucesso (CASSEPP-BORGES; TEODORO, 2007). O amor desde muito tempo é visto como o principal motivo para haver matrimônios e também como uma das maiores fontes de felicidade humana. No entanto, vale ressaltar que aquilo que pode trazer felicidade para alguns pode não trazer felicidade para outros. As pessoas são muito diferentes, e assim como elas os relacionamentos também são, desse modo os valores que durante muitos anos estiveram presente na sociedade para caracterizar relacionamentos saudáveis não existem mais, o que realmente existe são características que podem ser consideradas o oposto de saudável: abusivo, compulsivo, doentio etc. [...] é possível concluir que não há fórmulas mágicas para definir se uma relação é mais ou menos saudável que outra. O que há, sim, são limites para aquilo que pode ser considerado justamente o oposto de saudável: abusivo, compulsivo e doentio, por exemplo. (BROTTO, 2019 ). Diante disso, vamos dar exemplos de atitudes e características que se encaixariam no conceito mais comumente conhecido como relacionamento saudável, e abordaremos também o que é preciso fazer para construir esse tipo de relação. Em geral, um relacionamento saudável é aquele que possui respeito, autonomia, carinho, atenção e liberdade em doses equilibradas. É aquele que dá igualdade de oportunidades para ambos os envolvidos, gerando assim um ambiente harmônico. De acordo com Brotto (2019), é aquela relação “leve”, sem tantas pressões e cobranças desmedidas, que acabam consumindo a energia e tirando a vitalidade de quem sofre com elas. Muitos acham que para uma relação ser mantida é necessário fazer inúmeros sacrifícios, mas muitas vezes apenas um pouco de bom senso já é suficiente, além de um grande

Um relacionamento saudável também possui a capacidade de resolver problemas, para isso precisa-se de compreensão, empatia, habilidades de comunicação adequadas, não se concentrar apenas em um aspecto, mas ver tanto o lado positivo como o lado negativo da relação, propor ideias para solucionar os problemas e bom senso de humor. Segundo Sabater (2019), o senso de humor é aquele que relativa todas as situações e ao mesmo tempo facilita as coisas. O quarto e último ponto, capacidade de reconstrução, consiste em saber assumir seus erros e vontade de adaptação. Segundo Sabater (2019), cometer um erro é uma grande oportunidade de aprendizado e conhecimento. Enquanto existir um casal os conflitos serão necessários para o alinhamento uma vez que cada um deve ter suas próprias vontades e gostos. Agora, se você realmente ama alguém, você certamente buscará meios para administrar essas diferenças. Após os problemas, a reconstrução da relação sempre deverá ser baseada no interesse dos dois, ora adaptando-se mais para um lado, ora mais para o outro, de maneira que haja progresso dos parceiros sem anulação de nenhum. (SABATER, 2019 ). Diante disso pode-se compreender que os relacionamentos saudáveis não possuem uma forma exata, pois o que pode ser bom para alguns pode não ser bom para outros, o que existe é aquilo que é o contrário de saudável, ou seja, abusivo. Para assimilar relacionamentos abusivos será falado, antes, sobre a história do machismo, para compreender sua influência nos relacionamentos abusivos. 2.2 A MASCULINIDADE EM CRISE Durante dois milênios, o termo one-sex-model ou monismo sexual, que via a mulher como um homem invertido, defeituoso, e criava a ideia de que a perfeição estava na anatomia do homem, dominou a sociedade. A relação entre reprodução, sexo e orgasmo, tudo seguia o ideal de perfeição masculina, como descreve Silva: O modelo de perfeição estava representado na anatomia masculina, onde a regra fálica, distinguia perfeitamente o domínio de superioridade e inferioridade masculina e feminina respectivamente. Concebida como um homem invertido e inferior, a mulher será um sujeito menos desenvolvido na escala da perfeição metafísica. (SILVA, 2020).

No entanto, no final do século XVIII e durante o século XIX, o conceito de two- sex-model surgiu. Se anteriormente o que diferenciava os homens das mulheres era a anatomia, com o surgimento desse novo conceito, as diferenças passaram a ser político-ideológicas, carregando sentidos que trouxeram consigo o preconceito sobre as mulheres. “Justificando e impondo diferenças morais aos comportamentos femininos e masculinos, de acordo com as exigências da sociedade burguesa, capitalista, individualista, nacionalista, imperialista e colonialista implantada nos países europeus.” (COSTA 1995, p. 110 - 111). De homem invertido, a mulher passa a ser o inverso do homem, ou, sua forma complementar. Apesar disto, as consequências morais dela advinda, manteriam ainda a inferioridade da mulher no conflito entre as esferas pública e privada, no conceito neoplatônico científico e religioso do mundo e na importância da nova ordem político- econômica do novo estado burguês (COSTA 1995). As atividades masculinas estavam sempre voltadas para o ambiente externo social, ligadas principalmente à economia e à política, enquanto as mulheres eram aquelas que ficavam em casa cuidando da família e dos serviços domésticos, foi justamente nesse período que a ideia de que desde a era paleolítica eram os homens que saiam para caçar e não as mulheres, como uma consequência do culto ao masculino, que se elevou no século XIX, e vai se voltar principalmente para a concepção política, econômica e social do homem, segundo Laqueur (1991, citado por COSTA, 1995, citado por SILVA, 2020). Primeiro veio a reprodução das desigualdades sociais e políticas entre homens e mulheres, justificada pela norma natural do sexo. Em seguida, o que era efeito tornou- se causa. A diferença dos sexos passou a fundar a diferença de gêneros masculino e feminino. (SILVA, 2020). Foi a partir do século XIX, com as diferenças morais e políticas, que começaram a ser apontados os estudos de gênero, trazendo consigo o feminino e o masculino. Corroborando essa ideia, Silva (2020), expõe que “A discussão sobre gêneros perpassou o campo fisiológico e chegou aos ditames das regras e papéis sócio e culturalmente estabelecidos pela sociedade burguesa do século XIX”. A Revolução Francesa primeiramente, que apregoava os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade, e posteriormente a Revolução Industrial e as consequentes guerras mundiais que se sucederam, trouxeram uma desordem no papel do homem burguês, que tentava se reconstruir, fazendo com que se consolidasse uma masculinidade e uma virilidade hegemônica comum a todos os homens. (GAY, 1995; MOSSE, 1998; BADINTER, 1993; ALMEIDA, 1995).

2.3 RELACIONAMENTO ABUSIVO: ORIGEM MACHISTA E SOCIAL

Ao longo dos anos, inúmeras mulheres vêm sofrendo atos de violência, seja física, psicológica, mental, moral, dentre outras formas. Mesmo que consigamos ver muitos desses atos em ambientes de trabalho, ou na rua, esse tipo de violência é muito mais comum no ambiente doméstico, onde se torna muito mais fácil deixar o assunto “invisível”. Assim, segundo Neal (2018, p. 17), “Os padrões de qualquer tipo de abuso são semelhantes. [...] Nunca vi um relacionamento fisicamente abusivo que também não o fosse verbal, emocional e psicologicamente”. Não existe o perfil de um abusador. O abuso é prevalente em todas as raças, etnias, faixas etárias, religiões origens socioeconômicas e familiares. (COLORADO COALITION AGAINST DOMESTIC VIOLENCE apud NEAL, 2018, P.17). “O que existe são padrões, que inicialmente são sutis, de violência. São pelos padrões sutis clássicos de um abusador que podemos realmente obter a maior visão do relacionamento e a diferenciação de poder entre o abusador e sua parceira.” (NEAL, 2018, P.18). Corroborando essa ideia, Maia (2017, p.1) diz que “a cultura do machismo há muitos anos vem influenciando na manutenção dos relacionamentos, em que os muitos tipos de violência que assolam mulheres de várias faixas-etárias, classes sociais e níveis culturais, tornam-se cada vez mais gritantes. De acordo com Maia (2017, p.2), durante o período colonial, no Brasil, não havia nenhuma lei que assegurava a segurança e os direitos das mulheres, e apenas em 1932 elas começaram a ter o direito ao voto, pelo novo Código Eleitoral, Decreto nº 21.076, de 24 de fevereiro de 1932, que indicava no artigo 2º que o cidadão maior de 21 anos, sem distinção de sexo, teria direito de voto. Porém, é importante salientar que, mesmo após décadas de batalha para conquistar defesa política a favor das mulheres e, finalmente, conquistando-a, as ações ocorreram de forma lenta, pois os debates políticos levaram muito tempo para se tornarem norma. Um bom exemplo disso é a Lei 11.340, de 7 de agosto de 2006, conhecida como Lei Maria da Penha, que criou o mecanismo para controlar e impedir a violência doméstica e familiar contra as mulheres da seguinte forma: 8o do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de

Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências (BRASIL, 2006). Mesmo que tenha sido alcançado muitos avanços com a lei supracitada, de acordo com o Concelho Nacional de Justiça - CNJ (2020), o Brasil terminou o ano de 2019 com mais de um milhão de processos de violência doméstica e 5,1 mil processos de feminicídio em tramitação na justiça. “O fato é que os homens são, em geral, fisicamente maiores e mais fortes que as mulheres. Isso automaticamente estabelece uma diferenciação de poder, e as mulheres muitas vezes se sentem intimidadas em algum nível, mesmo que de maneira inconsciente. Sociologicamente falando, as mulheres tem sido dominadas pelos homens ao longo da história, muitas vezes alvo de atos violentos que as forçam a se submeter.” (NEAL, 2018, p. 20). Desse modo, a cultura brasileira ainda tem grande influência machista, criando uma ideia quase geral de que os homens são quem mandam na casa, na família e em suas mulheres, sendo assim, muitas vezes, elas ainda devem obedecê-lo, respeitá-lo e fazer tudo o que ele quiser, cristalizando a ideia de que o sexo masculino possui domínio sobre a mulher. E, caso ela lhe desrespeite ou desobedeça, ele pode puni-la como bem entender, gerando, dessa forma, relacionamentos abusivos. Frente a isso, é importante salientar que existem diferentes tipos de abuso. Segundo Avery Neal, na obra “Relações destrutivas: se ele é tão bom assim, por que me sinto tão mal?” (2018), o abuso normalmente tende a acontecer de forma sutil e gradual, o que muitas vezes impossibilita a vítima notar o comportamento abusivo do parceiro. Ademais, o abusador possui um único objetivo: ganhar, fazendo de um tudo para que consiga isso e, quando percebe alguma fraqueza da parceira, a ataca sem piedade. Este se sente mais à vontade na ofensiva e quando percebe que está perdendo sua posição de poder é rápido para contra-atacar. O parceiro abusivo não agirá de forma explícita, pois sabe que, se for completamente explícito nas suas atitudes agressivas, mostrará sua verdadeira face. Ele quer que seus abusos fiquem escondidos para que possa continuar sendo essa “pessoa legal” e, ao mesmo tempo, manipular, intimidar e ameaçar a vítima, para que essa faça o que ele mandar. Frente a isso, Neal (2018, p. 36), colabora dizendo que “O abusador usa todo tipo de tática sutil para conseguir o que quer, desde o humor até a manipulação velada. Ele sabe como baixar sua guarda usando sedução, carisma, lógica ou conquistando simpatia, enquanto habilmente vai ganhando vantagem.”. O parceiro abusivo tende a manipular as circunstâncias para que a vítima pense que a culpa é toda dela, que ela está exagerando e que tudo é coisa de sua cabeça. Quando percebe